terça-feira, 30 de junho de 2009

Confiança industrial brasileira é a maior desde outubro

Olho de tucano (bem aberto):

SÃO PAULO (Reuters) - A confiança da indústria brasileira aumentou para o maior patamar desde outubro passado, refletindo melhoras nas expectativas e na visão da situação atual em meio à volta à normalidade dos estoques, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira.

O índice da Fundação Getúlio Vargas (FGV) subiu 4,8 por cento em junho em relação ao mês anterior, para 93,8 pontos, com ajuste sazonal.

O indicador está 5,3 pontos abaixo de sua média histórica, mas 19,1 pontos acima do recorde de baixa alcançado em dezembro de 2008.

"Entre os quesitos integrantes do índice de confiança que retratam o momento atual, destaca-se o retorno à normalidade do nível de estoques industriais", informa a FGV em nota.

O componente de situação atual aumentou 4,4 por cento, para 97,2 pontos, aproximado-se de média histórica de 99,9 pontos, enquanto o de Expectativas avançou 5,2 por cento, para 90,3 pontos.

(Por Vanessa Stelzer)

FESTAS DA GRIPE SUÍNA


Nick Triggle
Da BBC News

Especialistas em saúde pública na Grã-Bretanha estão condenando as chamadas "festas da gripe suína", eventos que estariam sendo promovidos para promover deliberadamente o contágio da doença.

Há relatos de que pessoas estão intencionalmente convivendo com amigos que contraíram a gripe, para tentar adquirir imunidade contra o vírus agora, enquanto ele ainda é pouco agressivo,

Entretanto, um especialista em saúde pública britânico, Richard Jarvis, disse que tal comportamento pode minar os esforços de profissionais de saúde na luta contra a gripe.

Ele também enfatizou que, embora a gripe seja leve, essas pessoas podem estar colocando sua saúde e a de suas crianças em risco.

Jarvis, presidente do comitê de saúde pública da British Medical Association, vem fazendo testes, diagnósticos e tratamentos de pacientes com gripe suína.

"Ouvi relatos de que pessoas estão organizando festas da gripe suína".

"Não acho que seja uma boa ideia. O vírus não é muito agressivo, mas ainda assim as pessoas são infectadas e há risco de morte".

Serviços de Saúde

O médico admitiu que adquirir o vírus agora pode dar imunidade à pessoa, mesmo que o vírus sofra algum tipo de mutação e se torne mais agressivo.

Mas ele acrescentou que se as pessoas intencionalmente procurarem o contágio, os serviços de saúde podem não ser capazes de agir como estão agindo agora.

"Buscar intencionalmente o contágio apenas contribuirá para seu alastramento".

A estratégia inicial das autoridades britânicas tem sido tentar conter o alastramento do vírus. Isso envolve monitorar pacientes com gripe e dar remédios a pessoas próximas para evitar que elas desenvolvam a doença.

"Se chegarmos a um ponto em que a contenção não é mais possível, não vamos ser capazes de monitorar os casos ou administrar os antivirais com tanta rapidez. Será que então vamos considerá-lo um vírus não muito agressivo?"

"A resposta até agora tem sido ótima. Estamos contendo (o alastramento do vírus) melhor do que esperávamos e isso nos deu tempo. Estamos chegando perto de uma vacina e queremos que isso continue".

Carneava cães e vendia como ovelhas


CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 30 DE JUNHO DE 2009

A Delegada de Polícia de Caçapava do Sul, Fabiana Bittencourt, quer ouvir até amanhã a mãe e a irmã de um suspeito de ter matado dez cães e vendido a carne para vizinhos como se fosse de ovelha. O suspeito de 28 anos seria usuário de crack e estaria, desde quinta-feira passada, internado em uma clínica de recuperação na cidade de Pelotas.
A denúncia sobre a suspeita da venda de carne de cachorro foi feita por moradores da Vila Promorar, donos dos animais, ao Ministério Público. Segundo a Delegada Fabiana, os pedaços de carne teriam sido vendidos como carne de ovelha e por um preço bem acessível. As pessoas que compraram a carne estão sendo ouvidas pela Polícia. O rapaz já era conhecido na DP, em virtude da tentativa da família, de interná-lo em virtude da dependência da droga.

Unicef ataca absolvição de quem fez sexo com menores


CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 30 DE JUNHO DE 2009

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) criticou a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de manter a decisão do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul que absolveu dois homens que fizeram sexo com menores. Segundo nota do Unicef, os absolvidos são o ex-atleta Zequinha Barbosa e seu assessor Luiz Otávio da Anunciação. Para o STJ, não é crime pagar por sexo com menores que se prostituem. 'O fato gera um precedente perigoso: o de que a exploração sexual é aceitável quando remunerada, como se as crianças estivessem à venda no mercado perverso de poder dos adultos', afirma a nota do Unicef.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Honduras, aislada del mundo


El gobierno de Roberto Micheletti ha quedado totalmente aislado de la comunidad internacional. Juramentó como presidente en medio de una unánime repulsa mundial. Nunca un dirigente latinoamericano había suscitado tantas condenas por parte de gobiernos y organizaciones con gran representatividad: Naciones Unidas, Grupo de Río, países centroamericanos, Unión Europea, Estados Unidos, etc. Los países de la Alianza Bolivariana (ALCA) decidieron retirar sus embajadores de Tegucigalpa. Incluso un gobierno conservador como el de Felipe Calderón mostró la máxima solidaridad a Patricia I. Rodas, ministra de Exteriores de Zelaya, a su paso por México. El golpe de Estado ha convertido a un político populista y mediocre como Manuel Zelaya en un héroe de la democracia americana.

El presidente de la Asamblea General de Naciones Unidas, Miguel D'Escoto, invitó a Manuel Zelaya a dirigirse a la asamblea general "lo más pronto posible". El presidente de Costa Rica, Oscar Arias, pidió a la comunidad internacional "aislar" al gobierno de Micheletti.

Ante esta avalancha de condenas, todas las instituciones del Estado hondureño, los partidos (a excepción del PUD), Fuerzas Armadas, organizaciones empresariales y la mayoría de los medios informativos han cerrado filas para sostener a un gobierno que está totalmente aislado del exterior.

El rechazo internacional ha unificado a las fuerzas vivas del país, a las que horroriza la perspectiva de que Zelaya pudiera volver a la presidencia, tal como pide la comunidad internacional. Aunque Micheletti ha emprendido una intensa ofensiva diplomática para convencer a los países americanos de que en Honduras no hubo golpe de Estado sino una sucesión constitucional, Zelaya tiene ganada de antemano la batalla internacional por la actuación violenta de los militares.

Atendiendo la convocatoria del venezolano Hugo Chávez y del nicaragüense Daniel Ortega, en Managua se reunieron los países bolivarianos con los gobernantes centroamericanos. Al encuentro se unieron el presidente mexicano Felipe Calderón y representantes de los 23 países que conforman el Grupo de Río.

Estaba previsto que de este cónclave saliera una dura condena en contra del golpe en Honduras. Incluso se especulaba que se podría aprobar que Nicaragua, El Salvador y Guatemala cierren sus fronteras con Honduras. Esta medida sería devastadora para este país. El embajador de los Estados Unidos, Hugo Llorens dijo que su país no reconocerá a otro gobierno que no sea el de Zelaya y que apoyará los esfuerzos para que se restablezca el orden constitucional.

“El único presidente que Washington reconoce en Honduras, es el presidente Zelaya, quiero que todo mundo lo tenga claro”, manifestó Llorens. Con esto se despejaron las dudas cuando Zelaya manifestó: “Quiero escuchar la posición del embajador Hugo Llorens”. La secretaria de Estado Hillary Clinton exigió ayer desde Washington que “el imperio de la ley regrese a Honduras”.

La secretaria de Estado dijo que todos tienen que dar un paso atrás “para restablecer la democracia”. En todo caso, la presión contra el gobierno de Micheletti procede más del frente exterior que del interior. En Honduras las protestas impulsadas por pequeños grupos de izquierda han sido minoritarias, apenas de unos centenares de personas.

La poca asistencia de militantes de organizaciones sociales hace pensar que a la población no le importa demasiado el golpe contra Zelaya. La mayoría de los hondureños pareció reaccionar con indiferencia y hasta con simpatía frente al golpe, calificado por las nuevas autoridades como un "proceso absolutamente legal". El domingo, las calles vacías de Tegucigalpa nos recordaban a las avenidas de la capital mexicana en plena epidemia de la gripe A. Al igual que en el Distrito Federal, los vecinos se quedaron en sus casas.

Tan sólo delante de la casa presidencial unas 600 personas protestaron durante todo el día sin ser molestados por los militares que vigilaban la zona. Ayer se repitió la historia. El poderoso sindicato de enseñantes convocó huelgas y cortes de carretera para protestar contra el golpe. Sin embargo, la respuesta no fue muy nutrida. Unas mil personas, la mayoría trabajadores y profesores de la Universidad Nacional Autónoma (UNAH), volvieron a concentrarse ante la casa presidencial. Inconformidad. En varios puntos del país se produjeron algunos cortes de carreteras por parte del Bloque Popular. Temiendo disturbios, el Ejército reforzó con soldados y tanquetas la vigilancia de la sede del Gobierno. Los militares, que el domingo estuvieron en actitud pasiva ante los insultos y lanzamiento de botellas y basura, ayer intervinieron con lanzamiento de gases a los manifestantes cuando Micheletti juramentaba al nuevo gobierno.

Los militares ocuparon Hondutel, la central telefónica del país. Los soldados echaron con contundencia a los trabajadores y asumieron el control de las comunicaciones. Eso explicaría que en Honduras no hay manera de efectuar una llamada telefónica. De momento, sólo funcionan los móviles con salida internacional. De momento, no se han afectado las comunicaciones por internet. En una de las trifulcas con los militares delante de Hondutel, un manifestante fue atropellado por un vehículo del Ejército, lo que encrespó más los ánimos.

René Andino, presidente del sindicato Sitraunah, que reúne a los 5.600 trabajadores y docentes de la Universidas Autónoma, dijo a este diario que no reconocen a Roberto Micheletti como presidente de Honduras: “Es un usurpador, el Congreso violentó la Constitución con su nombramiento, vamos a protestar hasta restablecer la legalidad”.

Al preguntar a Andino su opinión sobre Hugo Chávez, contestó en forma categórica: “Chávez es la bandera de todos los pueblos oprimidos en América Latina”.

Micheletti: “No tengo miedo a Chávez, el Ejército está preparado para una agresión"
Roberto Micheletti, un oscuro político del partido liberal, que perdió las primarias del Partido Liberal, ostenta una banda presidencial que fuera de Honduras nadie reconoce y que dentro del país cuestionan varios sectores populares. Aunque insiste en que no hubo golpe de Estado en Honduras, y reafirma que llegó a la jefatura del Estado por vía constitucional, algunos lo consideran como un gobernante de facto. Micheletti, quien hasta el domingo fue presidente del Congreso, insiste en la legalidad de la acción de los militares y su posterior nombramiento.

En un encuentro con un grupo de periodistas, Micheletti respondió a las descalificaciones y advertencias de intervención formuladas por el presidente venezolano Hugo Chávez. “Nadie tiene derecho a amenazar a otro país. Chávez es un irrespetuoso. No tenemos miedo a Chávez, que no nos amenace con derrocarnos, el Ejército de Honduras está preparado para una agresión. Veo con preocupación lo que dice Chávez sin siquiera una reflexión (...), que no venga este caballero a amenazarnos", indicó. Chávez afirmó hoy que si nombraban a Micheletti en sustitución de Zelaya lo iban a "derrocar".

Sin dar más detalles, Micheletti dijo: "Tenemos entendido que en Venezuela están preparando algunos equipos, batallones, para venir aquí, pero yo estoy totalmente seguro de nuestro Ejército si acaso eso pudiera suceder". Micheletti insistió una y otra vez en que no se había producido un golpe en Honduras sino un cambio constitucional previsto por las leyes. “Aquí hemos trabajado dentro del marco de la Constitución. Nada al margen de la ley. Los militares intervinieron cumpliendo un mandato judicial para impedir más atropellos a la Carta Magna. No llegamos a la presidencia con intención de revanchas, hay que buscar la unión de los hondureños, terminar con la división entre ricos y pobres que impulsaba Zelaya.”, manifestó Micheletti.

A preguntas de este corresponsal admitió que le preocupaba la condena internacional al derrocamiento de Zelaya pero señaló que “la verdad está de nuestra parte. Hago un llamamiento a los países de América Latina a que entiendan bien y tengan consideración con lo que ha pasado en Honduras. Nosotros no hemos golpeado la Constitución. Aquí no se derramó una gota de sangre", afirmó.

Los cinco diputados del Partido de Unificación Democrática (PUD) boicotearon la sesión del Congreso en la que se eligió y juramentó a Micheletti como presidente interino. Tomás Andino, diputado del PUD, un partido de inspiración izquierdista, declaró a'“La Vanguardia” que los parlamentarios de su grupo no acudieron al Congreso porque “era un acto de traición a la patria, no queríamos avalar un golpe de Estado que no creo que pueda consolidarse”. “Pese a que Zelaya cometió errores y en muchas cosas lo criticábamos, no se le puede sacar del poder y echarlo del país como si fuera un delincuente. Es tonto afirmar que no hubo golpe de Estado, todos vimos que se produjo un derrocamiento militar”, subrayó el diputado.

Andino comentó que algunos dirigentes de su partido han pasado a la clandestinidad porque temen por su vida. “El diputado César David Ham está desaparecido, no sabemos de su paradero, fue la policía a su casa a detenerlo a las seis de la mañana. Y desde entonces no hemos tenido noticias suyas”.

Así silenciaron los militares Radio Globo

Las nuevas autoridades mantienen el bozal informativo a la mayoría de los canales de televisión y de las emisoras de radio. Luis Galdamez, periodista de Radio Globo, que junto con Canal 36 es de los pocos medios independientes de Honduras, explicó a 'La Vanguardia' cómo silenciaron su emisora. “El domingo entraron a las cinco de la mañana.

Nos dijeron que cortáramos la emisión, amenazaron con detenernos a todos si no obedecíamos. Seguimos informando. Nos conectaban muchas emisoras del exterior porque nadie decía lo que ocurría en el país. Nos llamó el fiscal general Luis Alberto Rubí para amedrentarnos. Al seguir en antena, volvieron los soldados. Mientras golpeaban los portones, escapamos escalando un muro de atrás de la emisora. Los soldados, rompieron y destrozaron las instalaciones. Golpearon a David Romero, pero pudo huir. Detuvieron dos horas al personal administrativo. La emisora ahora está cerrada”.

La Vanguardia

Du Pont do Brasil


O Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul e a empresa Du Pont do Brasil S/A – Divisão Pioneer Sementes firmaram acordo e fixaram as obrigações da companhia, estabelecidas na Ação Civil Pública ajuizada pelo MPT/RS. A empresa, que atua em mais de 50 países, compromete-se a regularizar as condições de higiene, saúde e segurança dos trabalhadores nas suas unidades em todo o Estado.

Em fiscalização na zona rural das Missões, o MPT/RS constatou irregularidades no registro de jornada dos trabalhadores, ausência de instalações sanitárias em condições adequadas, inexistência de local próprio para refeição, além da falta de acesso à vacinação dos trabalhadores contra surtos endêmicos – à época, a região estava em alerta para a incidência da febre amarela. A Ação Civil Pública contra a Du Pont recebeu liminar favorável da Vara do Trabalho de Santa Rosa (RS) em fevereiro.

Segundo o acordo firmado pelas partes, a empresa deverá disponibilizar imediatamente áreas de vivência com condições adequadas de conservação, asseio e higiene em cada frente de trabalho. Os locais deverão ter instalações sanitárias fixas ou móveis compostas de assentos sanitários e lavatórios, na proporção de um conjunto para cada grupo de 40 trabalhadores. Também deverá haver áreas para refeição que tenham abrigos, fixos ou móveis, que protejam os trabalhadores em caso de chuva ou vento e durante as refeições.

Os agricultores também deverão ter acesso à vacinação e prevenção contra doenças endêmicas. A Du Pont terá que garantir pausas para descanso e outras medidas que preservem a saúde dos trabalhadores.

Também deverá ser fornecido o transporte coletivo dos servidores. É necessário que as condições de segurança dos veículos estejam adequadas. Além disso, a empresa terá que disponibilizar gratuitamente os Equipamentos de Proteção Individual (EPI's). Eles deve estar adequados ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento.

Os trabalhadores devem ter acesso gratuito a água potável e fresca em quantidade suficiente nos locais de trabalho. A empresa também deverá garantir a cada contratação utensílios para armazenar as refeições.

A companhia se compromete a assegurar o registro da jornada de trabalho. Ela também deve disponibilizar o treinamento em primeiros socorros para no mínimo um trabalhador a cada turma de no máximo 40.

A Ação Civil Pública também previa que a companhia prestasse uma reparação por dano moral coletivo. A empresa se compromete a elaborar seis mil cartilhas sobre normas de segurança e saúde no trabalho rural e distribui-las nas próximas três safras.

Além da empresa se comprometer a respeitar as normas de saúde e segurança do trabalhador, também assegurou não utilizar mão-de-obra por meio cooperativas para a prestação de quaisquer serviços.

Como forma de pagar pela multa, a Du Pont deverá doar uma camionete de aproximadamente R$ 90 mil à Gerência Regional do Trabalho e Emprego em Santo Ângelo (RS). A companhia se comprometeu ainda a doar uma mesa elétrica de cirurgias para o Hospital de Caridade de Três Passos, no valor aproximado de R$ 26 mil. Outros R$14 mil deverão ser pagos ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Em caso de descumprimento do acordo, a empresa terá que pagar multa de R$ 10 mil por cláusula descumprida, além de 30% do salário do piso da categoria para cada trabalhador prejudicado. Se as multas forem aplicadas, os valores poderão ser revertidos ao FAT.

Os grifos são deste blog.

Pacote é ineficaz no sistema financeiro


CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 29 DE JUNHO DE 2009

Basileia — O mundo já gastou 5% do seu PIB para enfrentar a pior crise nos últimos 60 anos. As autoridades, porém, alertam: os pacotes de recuperação não estão dando resultados esperados, não se sabe quando a recuperação irá ocorrer e os governos estão sendo lentos na reforma do sistema bancário.
Nove meses depois da eclosão da crise, os mesmos reguladores que deveriam ter fiscalizado o mercado continuam perplexos e reconhecem que não entendem como é que o sistema financeiro, que 'parecia perfeito', entrou em colapso. Esses são alguns dos resultados do relatório anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS), que conclui hoje sua assembleia anual com todos os BCs do mundo, apelando para que o trabalho de corrigir as falhas no sistema seja acelerado. O BIS avalia que de nada adiantam trilhões de dólares para manter a economia em funcionamento se o sistema financeiro não for reformado.

domingo, 28 de junho de 2009

Lula ao lado de Peter Sunde, do The Pirate Bay: “Lei Azeredo é censura”


Foto: Mariel Zasso

O presidente Lula esteve no 10º Fórum Internacional de Software Livre (FISL), em Porto Alegre (RS), se encontrou e conversou com Peter Sunde, do The Pirate Bay, e afirmou que considera a Lei Azeredo (projeto do senador Eduardo Azeredo, do PSDB-MG) uma forma de censura — se colocando, portanto, totalmente contra a ela, da mesma forma que nós somos.

Lula defende a liberdade na rede e a importância da colaboração: “A internet deve continuar livre. [...] No meu governo, é proibido proibir. O que fazemos é discutir e fortalecer a democracia. [...] A liberdade é a fonte da criatividade.” — falou e disse. :-)

O presidente explica que a melhor forma de resolver o problema dos cybercrimes é responsabilizar e conscientizar a população, ao invés de proibir e/ou condenar. Ele acha um absurdo uma lei que permita que se entre na casa das pessoas e “sequestre-se” computadores.

O FISL deste ano ainda conta com a participação de grandes nomes como Richard Stallman, Marcelo Branco, Mad Dog, Mario Teza, Sergio Amadeu, Marcos Mazoni, Marcelo Tossati, Bruno Souza, entre outros.

MM

sábado, 27 de junho de 2009

HOMENAGEM

Uma singela homenagem à Governadora e sua Assessoria Direta, por suas brilhantes técnicas de abordagem do movimento de massas:

A Historia de Sir Robin (Legendado)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

OCDE vê retomada do Brasil no 2o semestre mas retração no ano

Olho de Tucano (bem aberto):

SÃO PAULO (Reuters) - A economia brasileira vai se recuperar no segundo semestre, apoiada pela demanda doméstica, avalia a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Ainda assim, o Produto Interno Bruto (PIB) deve encerrar este ano com uma retração de 0,8 por cento.

Para 2010, a projeção da OCDE é de expansão de 4,0 por cento.

"Após uma desaceleração no primeiro trimestre, a economia parece agora estar se recuperando. A produção industrial está se expandindo... e as vendas do varejo têm sido particularmente resistentes", apontou o organismo em relatório divulgado nesta quarta-feira, em que ponderou que o ambiente global continua incerto.

Para a OCDE, a demanda doméstica vai ganhar mais força nos próximos meses, apesar de um possível aumento no desemprego.

"Melhora nas condições de crédito, liquidez abundante e ganhos reais de renda por conta da desinflação e de um aumento nas transferências do governo às famílias devem escorar uma recuperação do consumo privado."

O organismo lembrou os cortes acumulados de 4,5 pontos percentuais do juro básico brasileiro, para 9,25 por cento ao ano, e avaliou que há algum espaço para reduções adicionais, "embora menores", nos próximos meses. Isso se dá por conta da perspectiva benigna para a inflação.

A OCDE projeta inflação ao consumidor no país de 4,2 por cento neste e no próximo ano --abaixo do centro da meta de 4,5 por cento fixado para o IPCA.

O relaxamento da política fiscal, de forma anticíclica, também é apropriado, mas a OCDE chamou atenção para a trajetória da dívida pública.

"Um superávit primário consolidado na faixa de 2,0 a 2,5 por cento do PIB seria consistente com a manutenção da relação dívida/PIB abaixo --mas perto-- de 40 por cento. Mas um aumento no déficit fiscal além disso... e as medidas discricionárias já anunciadas colocariam pressão adicional sobre os mercados financeiros", alertou.

(Por Daniela Machado)

Entenda a MP 458, prestes a ser sancionada pelo presidente Lula


Fabrícia Peixoto
Da BBC Brasil em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve sancionar, nos próximos dias, a Medida Provisória 458, que prevê a regularização de terras na Amazônia Legal.

A expectativa do governo é de que, com a regulamentação das posses, os órgãos de fiscalização tenham maior facilidade para identificar e punir eventuais crimes ambientais na região.

O tema tem sido motivo de polêmica. Os ambientalistas veem falhas na MP e pediram ao presidente Lula que vete alguns pontos do texto, que foram incluídos pelos deputados.

Entenda o que está por trás da MP 458.

O que é a Medida Provisória 458?

A Medida Provisória 458 trata da regularização de terras na Amazônia Legal, abrindo a possibilidade de que os posseiros formalizem juridicamente seu direito a essas propriedades.

As propriedades de terra com até um quilômetro quadrado (100 hectares), que representam 55% do total dos lotes, serão doadas aos posseiros. Quem tiver até 4 quilômetros quadrados (400 hectares) terá de pagar um valor simbólico, e os proprietários com até 15 quilômetros quadrados (1,5 mil hectares) pagam preço de mercado.

Os posseiros interessados em adquirir as terras precisam ainda atender a algumas condições, entre elas, ter na propriedade sua principal fonte econômica e ter obtido sua posse de forma pacífica até dezembro de 2004.

Após a transferência, o proprietário terá ainda de cumprir certas obrigações, como por exemplo, recuperar áreas que tenham sido degradadas. Pelo Código Ambiental, pelo menos 80% de cada propriedade na Amazônia deve ser preservada.

Qual o objetivo do governo com a MP?

O principal argumento em torno da Medida Provisória 458 é de que a regularização fundiária tornará mais fácil o trabalho de fiscalização e punição a eventuais desmatadores.

O governo diz que as ações de concessão de terras na Amazônia Legal estão interrompidas desde os anos 1980, “o que intensifica um ambiente de instabilidade jurídica, propiciando a grilagem, o acirramento de conflitos agrários e o avanço do desmatamento”.

O argumento é de que, ao transferir definitivamente essas propriedades aos posseiros, os órgãos de fiscalização poderão identificar e responsabilizar essas pessoas, caso seja constatado algum crime ao meio ambiente.

De acordo com as estimativas do governo, há 67 milhões de hectares de terras da União sob tutela de pessoas que não têm a documentação desses imóveis. Essa área representa 13,4% da Amazônia Legal e corresponde a pouco mais do que os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro juntos.

Estima-se ainda que 300 mil famílias, em 172 municípios, possam ser beneficiadas com a Medida Provisória.

Quais são os pontos polêmicos da Medida?

Alguns pontos do texto original da MP 458 já vinham sendo alvo de críticas dos ambientalistas. No entanto, foram as mudanças inseridas pelos deputados, durante a tramitação do tema na Câmara, que levantaram maiores polêmicas.

Um dos pontos incluídos prevê a transferência da posse não apenas a pessoas físicas, mas também a empresas.

Além disso, a Câmara aprovou a ampliação do direito de posse a pessoas que não vivem na propriedade. Ou seja, pessoas que têm a posse, mas que exploram a terra por meio de prepostos (terceirizados ou empregados).

Os deputados entenderam também que era necessário dar maior flexibilidade ao direito de revenda dessas propriedades.

Pelo texto original, os novos donos poderiam vender as terras somente após 10 anos da regulamentação. Os deputados, porém, incluíram uma emenda, permitindo que as propriedades acima de 400 hectares sejam vendidas após três anos.

Quais são os argumentos favoráveis a esses pontos?

De acordo com o deputado Asdrubal Bentes (PMDB-PA), relator da matéria, se a transferência de posse não fosse estendida à exploração indireta e às empresas, “a regularização da maior parte dos imóveis rurais estaria inviabilizada”.

“Além disso, seria injusto e preconceituoso incluir o posseiro pessoa física e deixar de fora uma pequena propriedade ao lado, apenas porque é administrada por uma empresa”.

O deputado diz ainda que as pessoas jurídicas também terão de cumprir as pré-condições previstas na MP. “A empresa que tiver a posse de outra terra não poderá ser beneficiada”, diz.

Na avaliação de Bentes, a concessão a pessoas que não vivem na região atende a uma condição “histórica” do país.

“Muita gente foi para a região na década de 1970, com incentivos do governo. Não é porque deixaram um preposto lá tomando conta que devem ser penalizadas”, diz.

Quanto à redução do prazo para revenda dos imóveis maiores, o deputado diz que essas propriedades serão vendidas a preço de mercado. “Nesse caso, o valor será significativo. É justo que a pessoa possa revender a propriedade em um prazo menor”, diz.

Quais são os argumentos contrários a esses pontos?

Os ambientalistas argumentam que as modificações promovidas pelos deputados ferem o princípio “básico” da medida, que é a de considerar a “função social da terra”.

Um dos argumentos é de que a venda das terras após três anos da titulação irá atrair especuladores.

A senadora Marina Silva (PT-AC) diz que a possibilidade de titulação em nome de pessoas que não vivem na região representa a “legalização da grilagem”. Segundo ela, esquemas de falsificação de documentos com a utilização de prepostos têm sido comuns na região.

Além disso, de acordo com a senadora, a MP deixa brechas para titulações acima de 2,5 mil hectares. “Poderá haver titulação de 1,5 mil hectares a uma empresa e de outros 1,5 mil hectares ao sócio dessa mesma empresa”, diz Marina.

A senadora, que chorou durante a discussão da MP no Senado, enviou uma carta aberta ao presidente Lula pedindo que as modificações feitas pelos deputados sejam vetadas.

Um grupo de 37 procuradores da República que atua na região também engrossou o coro contrário à Medida Provisória.

Em documento enviado ao presidente Lula, eles alertam para os “problemas jurídicos e conflitos sociais que podem ser agravados em caso de sanção integral do texto”.

A medida terá algum impacto ambiental?

A MP 458 trata da regularização fundiária, mas um dos principais objetivos do governo com as novas regras é permitir maior controle sobre essas propriedades e, em consequência, sobre o desmatamento.

O governo espera que, com a regularização da posse, os órgãos responsáveis possam melhor identificar eventuais crimes ambientais. Dentre outras obrigações, os proprietários terão de cumprir a legislação ambiental, preservando 80% de suas terras.

No entanto, o pesquisador Paulo Barreto, da ONG Imazon, diz que a regularização fundiária – da forma como proposta pelo governo – pode ter um efeito contrário.

Barreto diz que a transferência das terras a preço abaixo do valor de mercado ou até de graça, como no caso das terras de até 100 hectares, significa um “estímulo” para novas invasões e a devastação no futuro.

“A medida pode até resolver um problema prático, de curto prazo, mas cria estímulos que são negativos. Fica a mensagem de que a invasão de terras e o desmatamento sempre serão anistiados”, diz.

Segundo ele, essa não é a primeira vez que o governo faz concessão de terras. “Ou seja, é um procedimento que vem se repetindo e que acaba estimulando as derrubadas e a impunidade”, diz.

O que acontece caso alguns pontos sejam vetados pelo presidente?

Como qualquer Medida Provisória, o texto original (de autoria do Executivo) já está valendo desde que foi publicado no Diário Oficial – nesse caso, desde fevereiro.

Já os itens vetados pelo presidente Lula voltam para o Congresso, para serem novamente apreciada pelos parlamentares.

Em tese, o Congresso pode derrubar o veto presidencial e, assim, fazer valer sua vontade. Na prática, porém, dificilmente os vetos são derrubados. Muitas vezes não chegam nem a ser apreciados – seja pela baixa prioridade da matéria diante de outras tantas ou mesmo por questões políticas.

Portanto, é bastante provável que o texto final da Medida Provisória 458 seja o sancionado pelo presidente Lula.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

El poder del pueblo, un arma devastadora

Vista da Cordilheira Elbruz, Irã:

Por Robert Fisk *

Ahora que el líder supremo iraní, el ayatolá Alí Jamenei, se ubicó codo a codo con su nuevo presidente oficialmente electo, Mahmud Ahmadinejad, la existencia misma del régimen islámico podría verse abiertamente cuestionada en una nación que está dividida como nunca antes entre reformistas y quienes insisten en mantener la integridad de la revolución de 1979.

Si Jamenei hubiera elegido mantenerse en un justo medio y hacer pequeñas concesiones a los incontables millones que se opusieron a Ahmadinejad en la elección y quienes sienten que no fueron tomados en cuenta, el ayatolá aún sería una figura paterna neutral.

Mir Hussein Mussavi y sus seguidores se habrían negado religiosamente –en el sentido más literal de la palabra– a criticar tanto al líder supremo como a la existencia de la república islámica durante las manifestaciones de los últimos días.

Pero al reaccionar como todos los revolucionarios lo hacen aún décadas después de llegar al poder –porque el espectro de una contrarrevolución los persigue hasta la muerte–, Jamenei eligió retratar a los opositores políticos de Ahmadinejad como mercenarios potenciales, espías y agentes de los poderes extranjeros. La traición a la república islámica, desde luego, es castigada con la muerte. Pero la alianza política de Jamenei con este extraño y alucinado presidente pudo haber surgido del miedo y la ira, en partes iguales.

Durante el rezo de los viernes en la Universidad de Teherán, el líder supremo mencionó los peligros de una revolución de terciopelo. Está claro que el régimen tiene profunda preocupación ante el derrocamiento de gobiernos en el este europeo y el occidente asiático desde la caída de la Unión Soviética. El poder del pueblo, el mismo que le dio el triunfo a la revolución de 1979, es un arma devastadora. Podría decirse que la única, en el arsenal de una oposición política seria y sin armamento.

En lo que siguió al triunfo de Ahmadinejad en las urnas, sus simpatizantes conservadores se han dado a la tarea de repartir panfletos en los cuales se condenan las revoluciones laicas de Europa del Este y su contenido habla mucho de los temores del liderazgo clerical iraní. Uno de esos pasquines se titula “El sistema al intentar derrocar una república islámica con una ‘revolución de terciopelo’”. En éste se describe la manera en que Polonia, Checoslovaquia, Ucrania y otras naciones ganaron su libertad.

“Las ‘revoluciones de terciopelo’ o ‘coloridas’ son métodos de intercambio de poder en tiempos de descontento social. Las revoluciones coloridas siempre han comenzado durante una elección y los métodos que siguen son:

- “Existe una completa desesperación en la gente cuando tiene la certeza de que perderá la votación.

- “Se elige un color particular, con el único fin de que los medios occidentales identifiquen (para su público o lectores) a los opositores. Mussavi usó el verde como color de campaña y sus partidarios aún utilizan este color en sus pulseras y pañuelos.

- “Se anuncia que con anticipación se arregló la elección y este mensaje se repite sin cesar, lo cual permite que los medios occidentales, sobre todo los estadounidenses, exageren los hechos.

- “Se escriben cartas a funcionarios del gobierno para denunciar un fraude electoral. Es interesante notar que en estos proyectos ‘coloridos’, por ejemplo en Georgia, Ucrania y Kirguistán, los movimientos apoyados por Occidente han advertido del fraude antes de las elecciones en cartas escritas a los gobiernos involucrados. En el Irán islámico estas cartas fueron dirigidas al líder supremo.”

Otro volante cita un estudio –evidentemente hecho por asesores de Jamenei, y muy poco riguroso– que vaticinó que el fraude electoral se denunciaría el mismo día de la elección, que la oposición anunciaría su victoria horas antes de que concluyera el recuento y se difundiera su derrota.

Por ello los resultados electorales tendrán ya desde el principio un contexto de fraude, según el documento.

“En las etapas finales del proceso, los opositores se reúnen frente a las oficinas gubernamentales; llevan banderas coloridas en protesta por el fraude en el conteo. Esta fase de la manifestación –continúa el panfleto– está a cargo de los medios extranjeros, que se alían con el movimiento opositor con el fin de sacar buenas fotografías y engañar a la opinión pública internacional.”

Todo esto demuestra que existe una singular y obsesiva preocupación entre los discípulos del líder supremo ante la popularidad que ha cobrado la campaña poselectoral de Mussavi. La suspensión de todas las comunicaciones móviles y satelitales –lo que en una sociedad tan desarrollada como Irán debe haber costado millones de dólares– no impidió que se convocara a marchas que siempre se celebraron a la misma hora y en el mismo lugar.

Lo que ahora vemos es un régimen que está mucho más preocupado de lo que sugirió el líder supremo cuando el viernes amenazó tan descaradamente a la oposición. Tras haber rechazado cualquier diálogo político con Mussavi y sus correligionarios –unos cuantos recuentos de votos en algunos distritos no tendrán efecto en los resultados–, lo que tenemos es un régimen iraní encabezado por un líder supremo que está asustado y un presidente que habla como un niño. Esta autoridad está ahora a cargo de controlar las batallas en las calles de Irán.

Se trata de un conflicto que necesitará un milagro para resolverse. Uno de esos milagros con los que Jamenei y Ahmadinejad creen que se podrá evitar la violencia.

* De The Independent de Gran Bretaña. Especial para Página/12.

País cria empregos formais pelo 4o mês seguido

Olho de Tucano (bem aberto):

BRASÍLIA (Reuters) - A economia brasileira abriu 131.557 postos de trabalho com carteira assinada em maio, o quarto mês seguido de alta, mostraram dados do Ministério do Trabalho nesta segunda-feira.

O número, que representa uma alta de 0,41 por cento sobre abril, segundo o Cadastro Geral de Emprego (Caged), foi alavancado principalmente pelo crescimento do emprego na agricultura.

Pela primeira vez no ano, contudo, todos os setores da economia e todas as regiões do país apresentaram alta de emprego.

"Estamos olhando a crise pelo retrovisor", afirmou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a jornalistas.

"Espero uma grande virada para o segundo semestre, liderada por uma recuperação da indústria da transformação e da construção civil."

A agricultura foi responsável pela criação de 52.927 empregos em maio, dado impactado pelo cultivo sazonal de cana e café no centro-sul do país. Em seguida, vieram os setores de serviços (+44.029 postos) e da construção civil (+17.407 postos).

A indústria de transformação criou apenas 700 postos de trabalho, afetada por um desempenho negativo dos setores de metalurgia e de mecânica, mas Lupi previu uma retomada mais expressiva a partir do segundo semestre.

No mês passado, um total de 1.348.575 trabalhadores foram admitidos e 1.217.018 foram demitidos na economia formal no país.

Com esse resultado, o número de vagas formais criadas no ano até maio soma 180.011. De janeiro a maio de 2008, as vagas criadas totalizavam 1,051 milhão.

Lupi afirmou que o desempenho do emprego em junho "certamente" será mais favorável do que o de maio. Ele acrescentou que o número acumulado no primeiro semestre de criação de vagas chegará a algo entre 350 mil e 400 mil no final de junho --o que implica a abertura de 170 mil a 220 mil vagas este mês.

Para garantir a sustentabilidade da retomada, Lupi defendeu a continuidade da queda dos juros e a renovação da desoneração tributária para o setor automotivo, programada para terminar no final deste mês.

O ministro do Trabalho anunciou, ainda, que está sendo negociado com o Banco do Brasil uma "diminuição forte na taxa final" dos empréstimos oferecidos com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador.

"Não estou imaginando que estamos com o jogo ganho", afirmou Lupi ao comentar o desempenho do emprego.

(Reportagem de Isabel Versiani)

domingo, 21 de junho de 2009

Beethoven's Fifth Symphony



Asagohan: Café da Manhã

Notícias do Rio Grande do Sul

JORNAL NOROESTE
SANTA ROSA, SEXTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2009

Roubo de Gaita

CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 17 DE JUNHO DE 2009

Assaltantes roubam até o ‘pala velho’

Os gaúchos estão sendo vítimas de ladrões em São Borja. Primeiro, os larápios deixaram um tradicionalista sem botas e guaiaca. Ontem, no rigor do inverno fronteiriço, um homem de 54 anos perdeu o pala e o cavalo para para dois assaltantes na rua Borges de Medeiros. Um deles, derrubou a vítima dos arreios e levou o cavalo, enquanto o comparsa arrancou o pala. O gaúcho ficou sem o pingo e o pala, que, como diz a famosa milonga de Noel Guarany, 'era o forro das crianças'.

sábado, 20 de junho de 2009

Milho transgênico: 86 entidades pedem fim de plantio e comércio


Em carta enviada à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, presidente do Conselho Nacional de Biossegurança, 86 entidades solicitaram suspensão do plantio e da comercialização de milho transgênico porque a coexistência não é possível.

De acordo com o documento assinado pelas entidades, o governo Lula prometeu espaço para todos os tipos de agricultura no país. Eles lembram que o compromisso público foi reiterado em 2006 perante a comunidade internacional na COP 8 em Curitiba e não vem sendo cumprido.

Segundo a carta, entidades já haviam alertado o governo anteriormente sobre o descontrole e as consequências da contaminação de transgênicos. As denúncias, afirma o documento, vêm se confirmando.

A contaminação não pode ser evitada porque, diz a carta, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), “liberou o milho transgênico sem antes definir normas de coexistência, entre outras.”

Com isso, o direito dos agricultores é desafiado e os consumidores também são desrespeitados porque é impossível rastrear a produção e cumprir a lei de rotulagem em vigor.

A carta acusa o Conselho Nacional de Biossegurança de estar inerte. O orgão presidido pela ministra Dilma é responsável por revisões nas decisões da CTNBio.

Os signatários pedem a suspensão do plantio e da comercialização do milho transgênico até que sejam tomadas medidas eficazes para evitar a contaminação das lavouras orgânicas e convencionais e se definam as condições de segregação na cadeia produtiva. Exigem ainda a rastreabilidade e rotulagem dos alimentos conforme decreto 4.680/03 e rigorosa fiscalização dos órgãos competentes.

Agência Pulsar/EcoAgência

Inverno começa domingo anunciando frio intenso

Geada em Caxias do Sul:

CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, SÁBADO, 20 DE JUNHO DE 2009

As baixas temperaturas enfrentadas pelos gaúchos nas últimas semanas são uma prévia do inverno que começará neste domingo. A entrada da nova estação será às 2h45min de domingo, acompanhada do solstício do inverno no Hemisfério Sul, quando ocorre a noite mais longa do ano. Ao contrário do clima ameno dos últimos anos, a estação volta a ser rigorosa e poderá ter recordes nos termômetros. A estação já mostra sua cara na segunda-feira, com a chegada de uma frente de ar polar da Argentina.
Segundo a MetSul Meteorologia, serão muitos os dias de frio em julho, agosto e setembro. Desta vez, com pouco descanso para as roupas pesadas. O clima será severo e constante, caracterizado pelos longos períodos ininterruptos de frio, como os registrados no Estado desde o final de maio. A incidência de nevoeiros e ciclones extratropicais também deverá ser maior este ano.
As previsões mostram que os gaúchos devem se preparar para uma variabilidade acentuada nos termômetros. As mudanças bruscas poderão ocorrer em três dias, substituindo o calor e trazendo muito frio, geadas e até a sempre aguardada neve. A ocorrência desse tipo de fenômeno irá ainda facilitar a formação de tempestades e tornados.
Mas a previsão consegue agradar, ao menos um pouco, aos saudosos do verão. 'As pessoas não devem se surpreender com dias de temperatura elevada no inverno porque é normal e faz parte do nosso ritmo climático', explicou o diretor-geral da MetSul, Eugenio Hackbart.
Para a agricultura e as regiões que enfrentam dificuldades no abastecimento de água, a boa notícia é o retorno da normalidade das chuvas. 'Entraremos em um período de transição do La Niña, com retorno das precipitações para os padrões normais', avisou o meteorologista do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe) Christopher Cunningham.
Antes de a sensação térmica baixar, os gaúchos poderão se despedir do outono com um final de semana de calor. Uma exceção em um mês de junho cotado para entrar na lista dos mais frios dos últimos 30 anos e o mais rigoroso da última década. 'É senso comum tratar junho como outono, mas o mês tem médias climatológicas de temperatura quase idênticas às observadas em julho, que é o mais frio', observa Luiz Fernando Nachtigall, da MetSul.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Opinião: O apoio externo aos manifestantes iranianos apenas os prejudica

Vista de Teerã, capital do Irã:

Nota do BLOG: O artigo abaixo é da Deutsche Welle, agência oficial(osa) alemã, portanto reflete, em determinada medida, o posicionamento do governo alemão. Interessante perceber as divergências entre as "grandes potências" a respeito dos acontecimentos recentes no Irã.

Suspeitas de fraude na eleição presidencial iranianas levam milhares de pessoas às ruas em protesto contra o chefe de governo reeleito. O apoio explícito aos manifestantes é um erro de cálculo, opina Peter Philipp.

Em comparação com certos políticos europeus, o presidente norte-americano, Barack Obama, parece ter mais sensibilidade. Ao menos ele não se dispôs até agora – diante dos últimos acontecimentos no Irã – a tomar partido dos manifestantes, evitando assim acirrar ainda mais o conflito.

E ao se justificar com a constatação de que tanto o presidente Ahmadinejad como seu concorrente Mousavi, derrotado nas eleições, mostram animosidade contra os EUA, não devem pairar dúvidas sobre qual dos dois ele preferiria ver no comando do governo iraniano. Só que são duas coisas bem diferentes querer algo e fazer algo – neste caso apoiar publicamente os adeptos de Mousavi.

Ao mesmo tempo, os políticos europeus se apressam em dizer aos governantes iranianos o que eles devem fazer ou deixar de fazer. Apelos pela suspensão das restrições impostas à mídia iraniana e estrangeira e pelo respeito aos direitos humanos ainda são bem-vindos, mas exigir novas eleições ou mesmo a correção da apuração significa adotar os argumentos dos adeptos de Mousavi sem ter qualquer prova de que eles são verdadeiros.

A situação se torna especialmente crítica quando se começa, como agora, a apelar por sanções contra o Irã – como se represálias tivessem alguma vez surtido algum efeito no mundo, como se até agora Teerã tivesse amansado por causa das sanções a seu programa nuclear. Na atual situação, sanções provocariam justamente o contrário do que se quer atingir.

É claro que, na Europa e na Alemanha, os corações batem mais forte pelos iranianos esperançosos de uma mudança e agora frustrados com a vitória eleitoral de seu candidato favorito. Mas um apoio demasiadamente explícito deixa essas pessoas em dificuldades ainda maiores, pois elas já são acusadas pelo regime de serem marionetes do exterior e estarem a serviço de "poderes sombrios". E Ahmadinejad sabe perfeitamente vender a imagem de quem está disposto a combater tais poderes.

Os manifestantes iranianos não saem às ruas por causa de algum mandante estrangeiro. Eles reivindicam seus direitos e exigem mais liberdade, algo que impressiona os iranianos que inicialmente preferiram se manter à parte.

E por mais que muitas dessas pessoas possivelmente sonhem com uma forma de vida ocidental, uma coisa é certa: elas rejeitam qualquer intromissão estrangeira. Nada mais equivocado, portanto, do que ameaçar justamente isso neste momento.

Além de os europeus não disporem de meios para pressionar Teerã, eles ficaram do lado de George W. Bush no conflito em torno do programa nuclear. Mas não perceberam que Washington mantém há 30 anos sanções contra o Irã, enquanto a Alemanha – por exemplo – só fez prejudicar sua própria economia com isso, sem conseguir absolutamente nada em Teerã.

E o que também parece ter passado completamente despercebido foi a mudança de poder e de rumo nos EUA. Pelo menos no tocante ao Irã.

Autor: Peter Philipp
Revisão: Alexandre Schossler

Policiais israelenses exibem na internet vídeo de abuso a palestino


Jerusalém, 19 jun (EFE).- Policiais israelenses exibiram um vídeo no YouTube no qual mostram imagens de vários de seus companheiros abusando de e humilhando um jovem palestino, a quem obrigam a repetir insistentemente a frase "Eu amo a Polícia de Fronteiras".

A existência do vídeo, de 44 segundos e colocado no portal há cerca de um ano, vazou hoje em uma informação do jornal "Haaretz" sobre o fenômeno de agentes desse corpo de segurança israelense que gravam imagens de humilhações a palestinos para depois compartilhá-las.

Os agentes também falam repetidamente que se dê tapas cada vez mais fortes no palestino, até que aos 40 segundos permitem que ele siga seu caminho.

O jornal denuncia que se trata de um fenômeno preocupante entre os membros da Polícia de Fronteiras, uma corporação que atua nas zonas fronteiriças e integrado majoritariamente por jovens marginalizados.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

¿Un mundo tripolar?


Por Juan Gelman, para Página/12

Sí que pasan cosas en el mundo. La revuelta juvenil en Irán que cuestiona la reelección del presidente Ahmadinejad; la propuesta inviable del primer ministro israelí que, quizá por primera vez, dice “Estado palestino”; las sanciones de la ONU a Corea del Norte por sus ensayos nucleares y otros estrépitos asordinan los movimientos destinados a crear polos de poder económico alternativos al de EE.UU. Por ejemplo, las dos reuniones que tuvieron lugar esta semana al pie de los Urales en Ekaterimburgo. Se llamó Sverdlosk bajo el régimen soviético y no es cualquier ciudad: allí fueron fusilados el zar y su familia en una fría madrugada de julio de 1918 y allí cayó abatido en mayo de 1960 el U2 espía que piloteaba Gary Powers. Hoy la historia es otra.

Los líderes de los seis países que integran la Organización de Cooperación de Shanghai (OCS) –China, Rusia, Uzbekistán, Kirguistán, Tadjikistán y Kazajstán– examinaron las posibilidades de mutuo intercambio al margen de la esfera estadounidense. El martes 16, el anfitrión, Dimitri Medvedev, inauguró el encuentro –al que asistieron Irán, India, Pakistán y Mongolia en calidad de observadores– y urgió a la Organización a emplear las respectivas monedas nacionales en los pagos recíprocos del comercio intra-OCS y tal vez una divisa supranacional en el futuro. Dólares no.

El presidente Medvedev lo dejó neto en sus declaraciones en la conferencia de abril del G-20 y en el Foro Económico Internacional del 5 de junio último: calificó de artificial el sistema unipolar, basado en “un gran centro de consumo financiado por un déficit cada vez mayor y por deudas cada vez mayores, sin las reservas de divisas que antes poseía y con un régimen dominante de evaluación de bienes y riesgos” (Johnson’s Russia List, 8-6-09). Dicho de otra manera: Rusia no quiere seguir subsidiando el presupuesto estadounidense que, entre otras cosas, alimenta el cerco militar de Eurasia, las guerras en Medio Oriente y un escudo antimisiles a dos pasos de Moscú.

El nudo de la cuestión para la OCS es la capacidad de EE.UU. de imprimir cantidades ilimitadas de dólares que pagan sus importaciones, compran empresas y bienes inmuebles en otros países, mantienen más de 750 bases militares en todo el planeta y terminan en los bancos centrales extranjeros creándoles una disyuntiva de hierro: o subordinación al dólar de la moneda nacional, con las consecuencias por todos conocidas, o “reinversión” en bonos del Tesoro de EE.UU. de bajo interés. Hay cuatro millones de millones de estos bonos entre las reservas de divisas de bancos centrales de todo el mundo. El contribuyente norteamericano no es, desde hace décadas, quien financia al Pentágono y amengua una buena parte del déficit presupuestario de EE.UU. sino las obligadas inversiones foráneas en bonos del Tesoro.

Los países de la OCS desean utilizar sus monedas nacionales –así se beneficiarían de los créditos mutuos– y aplicar el método con otras naciones. China pactó acuerdos comerciales con Brasil y Malasia en yuanes renminbi (Wall Street Journal, 6-09). Zhou Xiaochuan, gobernador del Banco Popular de China, declaró oficialmente que su cometido es crear una reserva de divisas “independiente de cualquier nación individual” (Financial Times, 19-5-09). EE.UU. es el mayor deudor del concierto internacional, pero no parece dispuesto a autoimponerse las reglas de austeridad que el FMI propina a los demás.

El mismo martes 16 nació el BRIC, acrónimo de Brasil, Rusia, India y China, y también en Ekaterimburgo, donde mantuvo su primera reunión. Tal vez sea el único bloque multilateral inventado por un analista de inversiones bancarias, Jim O’Neill, de Goldman Sachs, que en 2001 creó la sigla y explicó que esos cuatro países dominarán la economía mundial en el próximo medio siglo. La declaración final que éstos emitieron dice textualmente: “Creemos muy necesario tener un sistema de divisas estable, de fácil pronóstico y más diversificado” (Wall Street Journal, 16-6-09). Igualito que la OCS y una nueva presión contra el dólar.

El crecimiento económico de los integrantes de BRIC es evidente. En una década duplicaron su participación en el producto mundial: pasó de 7,5 por ciento en los ’90 a más del 15 por ciento en 2008 (Financial Times, 15-6-09). Se acentúa el contraste entre la declinación de las economías superdesarrolladas del G-7 y la emergente de grandes países latinoamericanos y euroasiáticos. Los perfiles de la deuda pública de los unos y los otros así lo muestran: la de EE.UU. asciende al 80 por ciento del PBI, la de Italia a más del 100 por ciento, la de Japón al 199. Del otro lado de la mesa se encuentran, entre otros, Brasil, 45 por ciento, Indonesia 34, Corea del Sur 28, China 18 y Rusia apenas 6 (Global Research, 10-6-09). ¿El monoimperio tendrá entonces que achicarse?

Jorge Furtado e o caso Ford-RBS (IV)


RS URGENTE:
Em maio de 1999, Jorge Furtado publicou um artigo na revista Não (n° 62), intitulado “A Voz do Dono. Fabricando o consenso: o caso Ford-RBS”. O texto trata da campanha midiática promovida pela RBS contra o governo Olívio Dutra em torno do caso Ford e analisa, em particular, uma curiosa pesquisa encomendada pelo grupo. Furtado escreve:

“Não tem precedentes a campanha movida pela RBS para que o governo do estado entregue o máximo de dinheiro público possível para a Ford. Há uma guerra na Europa, duas CPIs no senado, banqueiros e juizes apanhados saqueando cofres públicos e a Zero Hora, nos primeiros quinze dias de abril, deu dez manchetes de capa sobre o assunto, todas com o mesmo sentido: enfraquecer o governo do estado do Rio Grande do Sul na queda de braço com a Ford pela instalação da fábrica no estado”.

“Por incrível que pareça, a RBS e a oposição estão se revelando mais capitalistas que a Ford. Todos os dias, nos vários programas das várias rádios e tevês da rede, Buzzato, Proença e companhia esbravejam que os contratos são inegociáveis, que se não dermos tudo que prometemos para a Ford eles irão embora correndo para Santa Catarina ou para a Bahia e nós voltaremos para a pré-história. Só que a própria Ford admitiu que aceita renegociar os contratos. Claro que só ficou sabendo disso (”Ford admite renegociar contratos”) quem leu o Correio do Povo. A Ford admite receber menos do que estava no contrato, mas a RBS e a oposição não querem deixar o governo do estado economizar o nosso dinheiro”.

“O novo lance da fabricação do consenso foi a pesquisa que virou manchete no dia 16 de abril, em ZH: 69,3% APÓIAM CUMPRIMENTO DE CONTRATOS COM GM E FORD. A pesquisa, mal feita pela Universidade Federal e bem paga pela RBS, foi realizada nos dias 8 e 9 de abril. Que tal, para começar, dar uma olhada nas capas de Zero Hora naqueles dias? Dia 8: GM ameaça adiar produção e Ford dá prazo ao governo. Dia 9: Ford diz que tem outras opções para instalar fábrica. Agora vamos ver as perguntas da pesquisa”. (Siga lendo o artigo aqui e aproveite para descobrir outros textos sobre o caso também publicados pela Não. Entre outros, há um ótimo de Luís Fernando Veríssimo, publicao na revista Bundas.)

As mensagens tóxicas de Wall Street


Um dos legados desta crise será uma batalha de alcance global em torno de idéias. Ou melhor, em torno de que tipo de sistema econômico será capaz de trazer o máximo de benefício para a maior quantidade de pessoas. É possível que a crise atual não tenha ganhadores. Mas sem dúvida produziu perdedores e, entre esses, os defensores do tipo de capitalismo praticado nos EUA ocupam lugar de destaque. A análise é de Joseph Stiglitz.

Joseph Stiglitz - SinPermiso - Carta Maior

Toda crise tem um fim, e ainda que hoje as coisas pareçam obscuras, esta crise econômica também passará. O certo em todo caso é que nenhuma crise, e muito menos uma tão grave como a atual vai-se sem deixar um legado. Um dos legados desta crise será uma batalha de alcance global em torno de idéias. Ou melhor, em torno de que tipo de sistema econômico será capaz de trazer o máximo de benefício para a maior quantidade de pessoas. Em lugar algum essa batalha é mais inflamada do que no chamado Terceiro Mundo. Algo como 80% da população mundial vive na Ásia, na América Latina e na África. Dentre esses, uns 1,4 bilhões subsistem com menos de 1,25 dólares por dia. Nos Estados Unidos, chamar alguém de socialista pode não ser mais que uma desqualificação exagerada. Em boa parte do mundo, contudo, a batalha entre capitalismo e socialismo – ou ao menos entre o que muitos estadunidenses consideram socialismo – segue na ordem do dia. É possível que a crise atual não tenha ganhadores. Mas sem dúvida produziu perdedores e, entre esses, os defensores do tipo de capitalismo praticado nos EUA ocupam lugar de destaque. No futuro, de fato, viveremos as consequências dessa constatação.

A queda do Muro de Berlim em 1989 marcou o fim do comunismo como uma idéia viável. Certamente, o comunismo se arrastava com problemas manifestos há décadas. Porém, depois de 1989 tornou-se muito difícil sair em sua defesa de maneira convincente. Durante um certo período parecia que a derrota do comunismo supunha a vitória segura do capitalismo, particularmente do capitalismo de tipo estadunidense. Francis Fukuyama chegou a proclamar “o fim da história”, definiu o capitalismo de mercado democrático como a última etapa de desenvolvimento social e declarou que a humanidade toda avançaria nessa direção. A rigor, os historiadores registrarão os 20 anos seguintes a 1989 como o breve período do triunfalismo estadunidense. O colapso dos grandes bancos e das entidades financeiras, o descontrole econômico subsequente e terminou com as tentativas caóticas de resgate. E também com o debate acerca do “fundamentalismo de mercado”, com a idéia de que os mercados, sem qualquer controle e restrição, podem por si sós assegurar prosperidade econômica e crescimento. Hoje, só o auto-engano poderia levar alguém a afirmar que os mercados podem auto-regular-se, ou que basta confiar no auto-interesse dos participantes no mercado para garantir que as coisas funcionem corretamente e de forma honesta.

O debate econômico é especialmente intenso no mundo em vias de desenvolvimento. Mesmo que no Ocidente tenhamos a tendência a esquecê-lo, há 190 anos um terço do produto bruto mundial se gerava na China. Depois, e de uma maneira um tanto repentina, a exploração colonial e os injustos acordos comerciais, combinados com uma revolução tecnológica nos Estados Unidos e na Europa condenaram os países em desenvolvimento ao atraso. Como resultado disso, até 1950 a economia chinesa representava menos de 5% do produto bruto mundial. Em meados do século XIX, na realidade, o Reino Unido e a França tiveram de empreender uma guerra para abrir a China ao comércio global. Esta foi a “segunda guerra do ópio”, assim chamada porque os países ocidentais tinham muito pouco que vender a China, com exceção dessas drogas, que rapidamente invadiram seus mercados e geraram uma ampla dependência entre a população. Com esta guerra o ocidente ensaiava uma nova via de correção da balança de pagamentos.

O colonialismo deixou uma herança complexa no mundo em desenvolvimento. Entra a maioria da população, contudo, a visão dominante era que tinham sido cruelmente explorados. Para muitos líderes novos a teoria marxista oferecia uma interpretação que sugeria essa experiência, visto que sustentava que a exploração era na realidade o moto do sistema capitalista. Por isso, a independência política que as colônias conquistaram depois da Segunda Guerra Mundial não significou o fim do colonialismo econômico. Em algumas regiões, como a África, a exploração – a extração de recursos naturais e a devastação ambiental em troca de algumas migalhas – era evidente. Em outros lugares foi mais sutil.

Em diferentes regiões do mundo, instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional ou o Banco Mundial passaram a ser vistas como instrumentos de controle pós-colonial. Essas instituições fomentaram o fundamentalismo de mercado (ou “neoliberalismo”, como foi chamado amiúde), uma categoria idealizada pelos estadunidenses como “mercados livres e irrestritos”. Também pressionaram pela desregulação do setor financeiro, das privatizações e da liberalização do comércio.

O Banco Mundial e o FMI asseguravam que tudo o que faziam era para o bem dos países em desenvolvimento. Sua atuação era respaldada por equipes de economistas partidários do livre mercado, muitos dos quais provenientes da catedral da economia de livre mercado, a Universidade de Chicago. Ao final, os programas dos “Chicago boys” não trouxeram os resultados prometidos. As rendas estancaram. Onde houve crescimento a riqueza foi parar nos estratos mais altos. A crise econômica no interior dos países se tornaram cada vez mais frequentes. Só nos últimos 30 anos, de fato, produziram-se mais de cem de gravidade considerável...

Nesse contexto, não surpreende que as populações dos países em desenvolvimento creiam cada vez menos nas motivações altruístas do Ocidente. Suspeitavam que a retórica da economia de livre mercado – o que brevemente se conheceu como “o Consenso de Washington” - era só a proteção dos interesses comerciais de sempre. Essas suspeitas viram-se reforçadas pela própria hipocrisia dos países ocidentais. Europa e Estados Unidos não abriram seus próprios mercados à agricultura produzida no Terceiro Mundo, que com frequência era tudo o que esses países poderiam oferecer. Ao contrário, forçaram-os a eliminar subsídios necessários à criação de novas indústrias, ao passo que concediam subsídios a seus próprios agricultores...

A ideologia do livre mercado resultou como uma desculpa para se cometer novas formas de exploração. “Privatizar” queria dizer que os estrangeiros podiam comprar minas e campos de petróleo a preço baixo nos países em desenvolvimento. Supunha que podiam extrair lucros consideráveis de atividades monopólicas e semi-monopólicas, como as telecomunicações. “Liberalizar”, por sua vez, queria dizer que podiam obter créditos com facilidade. E se as coisas iam mal, o FMI forçava a socialização das perdas com o que os esforços de pagar aos bancos recaía sobre a população em seu conjunto. Também confortava que as empresas estrangeiras podiam arrasar com as indústrias emergentes, bloqueando o desenvolvimento do talento empresarial local. O capital fluía livremente, mas o trabalho, não, salvo no caso dos indivíduos melhor dotados, que podiam encontrar um emprego no mercado global.

Obviamente que esses não são mais que rabiscos de um quadro mais complexo. Na Ásia, por exemplo, sempre houve resistência ao Consenso de Washington, e inclusive restrições à livre circulação de capital. Os gigantes asiáticos – China e Índia – conduziram a economia a sua maneira e obtiveram índices inéditos de crescimento. Porém, em geral, e sobretudo naqueles países em que o Banco Mundial e o FMI controlaram as rendas, as coisas não foram tão bem.

Para os críticos do capitalismo estadunidense no Terceiro Mundo o modo como os EUA tem respondido à crise constitui a gota d'água. Durante a crise do sudeste asiático, há apenas uma década, os Estados Unidos e o FMI exigiram que os países afetados reduzissem o déficit através de cortes os gastos sociais. Pouco importou que em países como a Tailândia essas medidas tenham contribuído para o ressurgimento da epidemia de AIDS, ou que em outros, como a Indonésia, houvesse corte de subsídios para a alimentação dos famintos. Estados Unidos e FMI forçaram esses países a aumentarem os tipos de lucros, em alguns casos a mais de 50%. Exigiram que a Indonésia fosse dura com os bancos e, dos governos, que não acudissem no resgate daqueles. Que precedente perigoso! - disseram -; que tremenda intervenção no delicado mecanismo de relógio do livre mercado!

O contraste entre a reação exibida diante da crise asiática e da estadunidense é notório e não passou desapercebido. Para tirar os EUA do fundo do poço somos testemunhos de incrementos massivos no gasto e no déficit, assim como das taxas de juros, que foram praticamente reduzidas a zero. As ajudas aos bancos fluem à direita e à esquerda. Alguns dos funcionários de Washington que tiveram de lidar com a crise asiática agora estão encarregados de dar respostas à crise estadunidense. Por que os Estados Unidos – perguntam-se as pessoas do Terceiro Mundo – prescrevem uma medicina diferente quando se trata de si mesmos?

Nos países em desenvolvimento, muitos são os que padecem com os efeitos do sermão recebido nos últimos anos: adote instituições como as dos Estados Unidos; siga as nossas políticas; comprometam-se com a desregulação; se querem aprender “boas” práticas bancárias, abram seus mercados aos bancos estadunidenses; e vendam (não casualmente) vossas empresas e bancos aos Estados Unidos, especialmente a preço de banana nas épocas de crise. Sim, reconhecia Washington, pode ser doloroso, mas ao final estarão melhor. Os Estados Unidos enviaram seus Secretários do Tesouro (de ambos os partidos) ao redor do mundo a anunciarem a boa nova. Aos olhos de muitos, a porta giratória que permite aos líderes financeiros passarem comodamente de Wall Street a Washington e de Washington a Wall Street os outorgava então mais credibilidade: pareciam combinar perfeitamente o poder do dinheiro e o da política. Os líderes financeiros norte-americanos tinham razão em pensar que o melhor para os Estados Unidos ou o mundo, era bom para os mercados financeiros. Porém, o contrário não era certo: nem tudo o que era bom para Wall Street era bom para os Estados Unidos e para o mundo.

Não é um simples gesto de Schadenfreude, de alegria com a desgraça alheia, o que motiva o juízo severo que os países em desenvolvimento fazem sobre o fracasso econômico dos Estados Unidos. Também está em jogo a necessidade de discernir qual é o sistema econômico que pode funcionar melhor no futuro. Indubitavelmente, esses países têm todo interesse do mundo em ver uma rápida recuperação dos Estados Unidos.

Sabem que, por si sós, não poderiam afrontar o que os Estados Unidos têm feito para tentar reviver sua economia. Sabem que nem sequer o elevado nível de gasto realizado está funcionando rápido o suficiente. Sabem que, em consequência do colapso econômico estadunidense, 200 milhões de pessoas a mais caíram na pobreza nos curso dos últimos anos. Mas estão convencidos, cada vez mais, de que qualquer ideal econômico propugnado pelos Estados Unidos é um ideal de que seguramente haveriam de fugir.

Por que a desilusão do mundo com o modelo de capitalismo estadunidense deveria nos preocupar? A ideologia que promovemos todos esses anos deixou de funcionar, mas talvez seja bom que não possa ser reparada. Seria por acaso possível – inclusive também até agora – sobreviver se ninguém aderisse ao modo de vida estadunidense?

Seguramente nossa influência diminuirá, já que é pouco provável que se nos considerem um modelo a seguir. Em todo caso, é o que já estava ocorrendo de fato. Os Estados Unidos iriam desempenhar sozinhos um papel crucial no capital global, já que todos pensavam que tínhamos um talento especial para lidar com o risco e para lidar com recursos financeiros.

Hoje ninguém pensa algo assim e a Ásia – de onde procedem boa parte dos ganhos do mundo – já está desenvolvendo seus próprios centros financeiros. Temos deixado de ser a fonte central de capital. Os três bancos mais importantes do mundo são agora chineses. O principal banco norte-americano caiu para o quinto lugar.

O dólar foi durante muito tempo moeda de reserva. Os países tinham o dólar como referência para determinar a confiança em suas próprias moedas e governos. Contudo, progressivamente, vem-se impondo nos bancos centrais de diferentes partes do mundo a idéia de que o dólar pode não ser um referente de valor. Seu valor, de fato, tem oscilado e caído. O enorme incremento da dívida estadunidense na atual crise, combinado com os empréstimos indiscriminados do Federal Reserve dispararam as especulações em torno do futuro do dólar. Os chineses sugeriram de maneira aberta a possibilidade de inventar algum novo tipo de moeda para substituí-lo.

Enquanto isso, o custo de lidar com a crise está transbordando nossas necessidades. Nunca fomos generosos em nossas ajudas aos pobres. Mas as coisas estão piorando. Nos últimos anos, os investimentos chineses na África têm sido superiores aos do Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento juntos; muito distantes das realizadas pelos Estados Unidos. Para enfrentar a crise, os países africanos pedem socorro a Pequim, em busca de ajuda, e não a Washington.

Minha preocupação aqui, em todo caso, tem a ver com o âmbito das idéias. Preocupa-me que, à medida que sejam vistas com maior nitidez as falhas do sistema econômico e social estadunidense, as pessoas dos países em desenvolvimento venham a extrair conclusões errôneas. Apenas uns poucos países – e talvez os próprios Estados Unidos – aprenderão corretamente a lição. Dar-se-ão conta de que para seguir adiante é necessário um regime em que a distribuição dos papéis entre governo e o mercado seja equilibrada, e no qual haja um estado forte, capaz de administrar formas efetivas de regulação. Dar-se-ão conta de que o poder dos interesses privados deve ser limitado.

Outros países, porém, tirarão conclusões mais confusas e profundamente trágicas. Depois do fracasso de seus sistemas do pós-guerra, a maioria dos países ex-comunistas retornaram ao capitalismo de mercado e exaltaram Milton Friedman no lugar de Karl Marx como novo Deus. Com a nova religião, contudo, as coisas não vão indo bem. Muitos países podem pensar, em consequência, que não só o capitalismo ilimitado, de tipo estadounidense, fracassou, mas que o próprio conceito de economia de mercado é que faliu e se tornou inútil para qualquer circunstância. O velho comunismo não regressará, mas sim diversas formas excessivas de intervir no mercado. E fracassarão. Os pobres sofrem com o fundamentalismo de mercado, que gera um efeito derrame, mas de baixo para cima, e não de cima para baixo. Mas os pobres seguirão sofrendo com esses regimes, uma vez que não geram crescimento. Sem crescimento não pode haver redução sustentável da pobreza. Jamais houve economia exitosa que não tenha repousado fortemente nos mercados. A pobreza estimula a desafeição. Os inevitáveis fracassos conduzirão a pobreza ainda maior e serão difíceis de gestionar, sobretudo por parte de governos que chegaram ao poder com o propósito de combater o capitalismo de tipo norte-americano. As consequências para a estabilidade global e para a própria segurança dos Estados Unidos são evidentes.

Até agora, existia uma percepção de valores compartilhados entre os Estados Unidos e as elites de todo mundo lá educadas. A crise econômica erodiu a credibilidade dessas elites. Temos alimentado os críticos com a forma depravada de capitalismo praticada nos Estados Unidos, poderosa munição para contraatacar com o sermao de uma filosofia antimercado mais ampla. E seguimos lhes proporcionando mais e mais munição. Enquanto na recente cúpula do G20 nos comprometíamos a não apoiar o protecionismo, estabelecíamos uma previsão de “compra estadunidense” no nosso próprio pacote de estímulos. Depois, para abrandar a oposição de nossos aliados europeus, modificávamos a norma, sob todos os aspectos discriminatória em relação aos países pobres. A globalização nos tornou mais interdependentes; o que ocorre numa parte do mundo afeta a outra, um fato provado pelo contágio dos outros de nossas dificuldades econômicas.

Para resolver problemas globais, é fundamental que exista um sentido de cooperação e confiança, assim como um certo sentido de valores compartilhados. Essa confiança nunca foi sólida, e não fez senão debilitar-se nos últimos tempos.

A fé na democracia é outra das vítimas. No mundo em desenvolvimento, as pessoas olham para Washington e vêem o sistema de governo que permitiu a Wall Street prescrever uma série de regras que puseram a economia global em risco e que, quando é o caso de assumir as consequências, volta a recorrer a Wall Street para gestionar sua recuperação. Vêem permanentes redistribuições de riqueza para o topo da pirâmide, claramente às custas dos cidadãos comuns. Vêem, em suma, um problema básico de falta de controle no sistema democrático estadunidense. E depois que se tenha visto tudo isso é preciso apenas um pequeno passo para concluir que há algo que funciona inevitavelmente mal com a própria democracia.

A economia estadunidense e, até certo ponto, nosso prestígio no exterior vão eventualmente se recuperar. Durante muito tempo os Estados Unidos foram o país mais admirado do mundo, e ainda é o mais rico. Goste-se ou não, nossas ações estão sujeitas a permanentes exames. Nossos êxitos são emulados. Porém, nossos fracassos são criticados com escárnio. Tudo isso me devolve a Francis Fukuyama. Fukuyama estava equivocado ao pensar que as forças da democracia liberal e da economia de mercado triunfariam de modo inevitável e que não havia volta atrás. Não estava equivocado, contudo, em crer que a democracia e as forças de mercado são esenciais para ter um mundo justo e próspero. A crise econômica, em boa medida desencadeada pelo comportamento dos Estados Unidos, causou mais danos a esses valores fundamentais que qualquer regime totalitário o fez em tempos recentes. Talvez seja verdade que o mundo se encaminha para o fim da história, mas agora se trata é de navegar contra o vento e de sermos capazes de definir o custo das coisas.

Joseph Stiglitz é professor de teoria econômica na Universidade Columbia, foi Presidente do Council of Economic Advisers entre 1995 e 1997, ganhou o Nobel de Economia em 2001. Atualmente preside a comissão de especialistas nomeada pelo presidente da Assembléia Geral da ONU para o estudo de reformas no sistema monetário e financeiro internacional.

Tradução: Katarina Peixoto

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Kayser visita o Irã



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Fatos, argumentos e ‘ranço ideológico’(III)

Hupper, o Sátiro:

RS URGENTE
Carlos Maia reproduziu aqui, no espaço dos comentários, os principais argumentos que acusam o governo Olívio Dutra (PT) de ter mandado a Ford embora do Estado. Segundo ele, são, na verdade, “fatos objetivos” aos quais não caberiam contestação. Vejamos, um a um, esses “fatos objetivos” (as posições de Maia estão em negrito):

“Olívio sempre se recusou a receber os executivos da Ford e disse que “nenhum dinheiro do erário será destinado às multinacionais”.

Esse “fato objetivo” é, na verdade, uma inverdade. O ex-secretário de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais, Zeca Moraes, falecido recentemente, relatou, em uma entrevista ao jornal Extra-Classe, em junho de 1999, como se deram as conversas com o negociador da Ford e a proposta feita pelo governo do Estado para a instalação da montadora:

“No primeiro encontro com a Ford, o negociador designado (Waldemar Mussi, diretor-jurídico da companhia) já chegou dizendo que não estava autorizado e não tinha delegação para conversar. Isso na primeira reunião. Ele estava autorizado única e exclusivamente a escutar o que tínhamos a colocar. E a cada proposta que apresentávamos não se instituía um diálogo em relação ao contrato. A proposta final, que não recebeu resposta formal por parte da companhia, não contestava os incentivos fiscais concedidos e propunha que o estado buscasse junto ao governo federal e à prefeitura de Guaíba os recursos (cerca de R$ 100 milhões) para viabilizar determinadas obras que estavam sob responsabilidade estadual. Propomos até um financiamento à prefeitura de Guaíba para viabilizar as obras, que seria pago somente a partir do retorno obtido na arrecadação do município. Tudo para viabilizar o investimento. O estado mantinha outros R$ 70 milhões em recursos e mais R$ 85 milhões em obras, o que dá R$ 255 milhões. Com mais R$ 75 milhões das obras no porto de Rio Grande, o custo da Ford seria de R$ 110 milhões, que além disso poderiam ser colocados no financiamento do BNDES. Isso é 10% do investimento total”.

O problema, disse Zeca Moraes, é que a Ford queria a fábrica de graça (o que acabou conseguindo, na Bahia, graças à intervenção do governo federal).

“Foi por isso (“nenhum dinheiro para multinacionais”) que a Ford decidiu não construir mais a fábrica. A MP da Ford só ocorreu depois que a empresa tinha desistido do RS.

A Ford foi para a Bahia porque descobriu que podia ganhar a fábrica de graça. O professor Nilton Vasconcelos, da Universidade Federal da Bahia, analisou em uma tese sobre Políticas Públicas e Emprego na Indústria Automativa Brasileira, o custo (público) da ida da empresa para a Bahia. Um resumo desse estudo foi publicado pela revista Fórum. Vejamos alguns dados desse estudo, divulgados pela revista:

“O que se sabe é que do BNDES, banco do governo federal, foram emprestados cerca de 700 milhões de reais a juros subsidiados. O governo do Estado deu isenção total de ICMS e comprometeu-se a financiar até 12% do faturamento bruto da empresa como capital de giro. O prazo do financiamento é mais que camarada, quinze anos, com carência de dez para começar a pagar, e amortização em doze anos. E com desconto de 98% nas primeiras 72 parcelas. Mas os incentivos não param por aí. O governo baiano se encarregou de financiar investimentos fixos e despesas com implantação do projeto pelo prazo de quinze anos (com taxa de juros de 6% ao ano, sem atualização monetária) e despesas com pesquisa e desenvolvimento de produtos.

Há outro detalhe que chama a atenção. Na lei editada para a Ford, e aprovada pela Assembléia Legislativa, determina-se que cabe ao Estado “…assegurar a substituição das mesmas condições, em caso de mudança decorrente de reforma do sistema tributário ou impossibilidade jurídica de adotar o tratamento dispensado na referida lei…”. Traduzindo, em caso de uma reforma tributária que acabasse, por exemplo, com a isenção de ICMS, o governo baiano teria de utilizar recursos próprios para cobrir a diferença. Não receberia impostos e ainda teria de pagar.

“A Ford é uma grande estatal”, resumiu o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia, Aurino Nascimento Filho, que sempre foi favorável à instalação de uma indústria de ponta na Bahia, mas ele logo acrescenta: “Se eu fosse a Ford, com essas condições, também montaria uma fábrica aqui. Com esse dinheiro investido, cerca de 3 bilhões de reais durante o período dos incentivos, poderiam ser desenvolvidos outros setores da economia”, afirma.

A matéria informa ainda:

“O maior salário da indústria automobilística vem sendo pago na Bahia. Não acredita? Faça as contas. Cerca de 3 bilhões de reais estão sendo usados para abrir vagas para 2 mil empregados. O que dá 1,5 milhão de reais por emprego. É esse o valor que os governos estadual e federal estão dando em incentivos, renúncias fiscais, investimento e empréstimos para a instalação da fábrica da Ford em Camaçari”.

“A Ford foi para a Bahia por causa do ranço anticapitalista do PT”

Como os números citados acima indicam, o “capitalismo”, em questão é do tipo que só faz empreendimentos se for maximamente financiado pelo Estado. O governo Olívio Dutra foi “rançoso”, “ideológico” e “anticapitalista” por que julgou o contrato com a Ford, nos termos que havia sido firmado pelo governo Antonio Britto (PMDB), lesivo ao interesse público. Foi “anticapitalista” por que não quis dar uma fábrica praticamente de graça para a Ford. E a Ford, coitada, não pode praticar o “capitalismo” (bancado pelo dinheiro público) no Rio Grande do Sul. Esse é, aliás, um dos esportes preferidos dos capitalistas que denunciam o “ranço ideológico” de quem defende o interesse público: enriquecer usando o dinheiro público e, em caso de prejuízo, fazer com que o Estado e o público paguem a conta (a recente quebra do sistema financeiro internacional mostra isso de forma exemplar).

Greg Palast, em “A melhor democracia que o dinheiro pode comprar”, revela um aspecto macabro desse esporte: um processo judicial a favor de trabalhadores escravos que perderam seus filhos em “creches” assassinas administradas pelas montadoras Volkswagen, Ford e Daimler, entre outras, no período da Alemanha nazista. Esse processo trouxe à tona uma carta assinada por Hitler concordando com um pedido da Volkswagen por mais trabalhadores escravos dos campos de concentração (o fac-símile da carta está publicado na página 246). Se Hitler tivesse sido capturado, ironiza Palast, ele poderia ter alegado em sua defesa: “Eu estava apenas cumprindo ordens….da Volkswagen”. Mas deixemos isso pra lá. Deve ser puro ranço ideológico…