Vista de Teerã, capital do Irã:
Nota do BLOG: O artigo abaixo é da Deutsche Welle, agência oficial(osa) alemã, portanto reflete, em determinada medida, o posicionamento do governo alemão. Interessante perceber as divergências entre as "grandes potências" a respeito dos acontecimentos recentes no Irã.
Suspeitas de fraude na eleição presidencial iranianas levam milhares de pessoas às ruas em protesto contra o chefe de governo reeleito. O apoio explícito aos manifestantes é um erro de cálculo, opina Peter Philipp.
Em comparação com certos políticos europeus, o presidente norte-americano, Barack Obama, parece ter mais sensibilidade. Ao menos ele não se dispôs até agora – diante dos últimos acontecimentos no Irã – a tomar partido dos manifestantes, evitando assim acirrar ainda mais o conflito.
E ao se justificar com a constatação de que tanto o presidente Ahmadinejad como seu concorrente Mousavi, derrotado nas eleições, mostram animosidade contra os EUA, não devem pairar dúvidas sobre qual dos dois ele preferiria ver no comando do governo iraniano. Só que são duas coisas bem diferentes querer algo e fazer algo – neste caso apoiar publicamente os adeptos de Mousavi.
Ao mesmo tempo, os políticos europeus se apressam em dizer aos governantes iranianos o que eles devem fazer ou deixar de fazer. Apelos pela suspensão das restrições impostas à mídia iraniana e estrangeira e pelo respeito aos direitos humanos ainda são bem-vindos, mas exigir novas eleições ou mesmo a correção da apuração significa adotar os argumentos dos adeptos de Mousavi sem ter qualquer prova de que eles são verdadeiros.
A situação se torna especialmente crítica quando se começa, como agora, a apelar por sanções contra o Irã – como se represálias tivessem alguma vez surtido algum efeito no mundo, como se até agora Teerã tivesse amansado por causa das sanções a seu programa nuclear. Na atual situação, sanções provocariam justamente o contrário do que se quer atingir.
É claro que, na Europa e na Alemanha, os corações batem mais forte pelos iranianos esperançosos de uma mudança e agora frustrados com a vitória eleitoral de seu candidato favorito. Mas um apoio demasiadamente explícito deixa essas pessoas em dificuldades ainda maiores, pois elas já são acusadas pelo regime de serem marionetes do exterior e estarem a serviço de "poderes sombrios". E Ahmadinejad sabe perfeitamente vender a imagem de quem está disposto a combater tais poderes.
Os manifestantes iranianos não saem às ruas por causa de algum mandante estrangeiro. Eles reivindicam seus direitos e exigem mais liberdade, algo que impressiona os iranianos que inicialmente preferiram se manter à parte.
E por mais que muitas dessas pessoas possivelmente sonhem com uma forma de vida ocidental, uma coisa é certa: elas rejeitam qualquer intromissão estrangeira. Nada mais equivocado, portanto, do que ameaçar justamente isso neste momento.
Além de os europeus não disporem de meios para pressionar Teerã, eles ficaram do lado de George W. Bush no conflito em torno do programa nuclear. Mas não perceberam que Washington mantém há 30 anos sanções contra o Irã, enquanto a Alemanha – por exemplo – só fez prejudicar sua própria economia com isso, sem conseguir absolutamente nada em Teerã.
E o que também parece ter passado completamente despercebido foi a mudança de poder e de rumo nos EUA. Pelo menos no tocante ao Irã.
Autor: Peter Philipp
Revisão: Alexandre Schossler
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