quarta-feira, 21 de outubro de 2020

ARROZ: A FÁBULA E A REALIDADE

 

 


 

A FÁBULA

Pantanal queimando. Animais fogem desesperados. De repente percebem um passarinho que vai em direção ao fogo e se afasta, vai e volta. – Que está fazendo, pequeno pássaro, pergunta a onça? – Estou indo até o rio, encho meu bico de água, volto e jogo no fogo. – Mas desta forma não vai conseguir apagar o fogo! – Eu sei, porém ficarei com minha consciência tranquila.



A REALIDADE

Milhares de “passarinhos” desligam a água na pia enquanto escovam os dentes e ficam com a consciência tranquila. Enquanto isso, para suprir a necessidade de água do arroz, estima-se que venha sendo utilizado, atualmente, um volume de água médio de 8 a 10 mil m3 /ha (vazão de 1,0 a 1,4 L/s. POR HECTARE!), para um período médio de irrigação de 80 a 100 dias (GONÇALVES, 2010). É muita água! E, na maioria das vezes, essa água retorna para os rios e lagos com significativo volume de pesticidas (veneno), principal estratégia no campo para o combate e a prevenção de pragas.



ESSA HISTÓRIA TEM MORAL?

Os produtores de arroz utilizam intensamente nossa água, devolvem ela envenenada, depois vendem o arroz para países ricos. "Oh, a taxa de câmbio está favorável"! Enquanto isso os preços do arroz nos supermercados brasileiros aumentam, chegando a valores exorbitantes, inacessíveis para pessoas pobres. E o Governo Federal o que faz atualmente sobre isso? Apela para um hipotético “patriotismo” dos donos de supermercados, vários deles com matriz em outros países. Os donos de supermercados, claro, fazem de conta que não é com eles.


- FIM -

Omar, em outubro de 2020.

sábado, 3 de outubro de 2020

A CLASSE MÉDIA ESTÁ DE PARTIDA

 


por Zuggi Almeida

A classe média afivelou as malas. Vai fazer uma longa viagem e não sabe se volta (isso, se puder retornar!)

Ela parte deixando para trás a ilusão que pertencia a elite e que imitando hábitos e trejeitos de uma casta superior poderia posar de rica.

Se despede do apartamento de três quartos financiado na zona nobre da cidade. Na garagem fica o carro bacana com as prestações atrasadas. Adeus ao sonho de ver o filho formado fazer uma pós-graduação no exterior.

Ela embarca com a incerteza de adquirir a aposentadoria e sem saber se vai continuar a pagar o plano de saúde da família.

Esse momento exige desapego dos mimos das grifes importadas, dos jantares creditados nos cartões, das viagens internacionais.

A viagem de agora é pra ‘não sei pra onde’.

A classe média tem um semblante de esposa traída, bem pior, o ex-marido já mantinha um casamento oficial, anterior ao dela. Muito duro. Difícil de acreditar.

A classe média perdeu a voz, o ímpeto, a arrogância. Hoje anda disfarçada e correndo das câmaras de TV, das postagens indignadas nas redes sociais. Sumiu das ruas e das sacadas.

A classe média se despede levando apenas duas coisas na mala: uma camiseta da seleção brasileira e uma panela.

Good bye!

 

Em tempo: texto publicado em 12 de outubro de 2016. Mais que atual! 

Fonte da Imagem:  https://www.pikist.com/free-photo-shbdf