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terça-feira, 6 de julho de 2010

Aumentam críticas à OMS por gestão da gripe suína


Em 11 de junho de 2009, a Organização Mundial de Saúde (OMS), sediada em Genebra, declarava a pandemia mundial de gripe A(H1N1), conhecida inicialmente como gripe suína.

"O mundo encontra-se diante do início de uma gripe pandêmica." Essas palavras, pronunciadas há um ano pela diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, eram alarmistas. Ao mesmo, o nível de alerta foi elevado ao máximo (6) pela OMS, pela primeira vez nos últimos 41 anos.

Um ano depois do que poderia ter sido, segundo alguns especialistas, uma gripe ainda mais mortal do que a gripe espanhola de 1918, que causou 18.156 mortes em todo o mundo. Para comparar, a gripe sazonal provoca, em média, 250 mil a 500 mil mortes por ano.

Nas últimas semanas, a atuação da OMS vem sendo muito criticada. Uma enquete publicada pelo British Medical Journal revelou as relações entre certos membros da comissão de especialistas da OMS e a indústria farmacêutica. A Comissão de Saúde da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa publicou em junho um relatório, submetido ao plenário em 24 de junho, criticando a falta de transparência da OMS.

Na entrevista a seguir, a senadora suíça Liliane Maury Pasquier, membro da Comissão de Saúde do Conselho da Europa, fala sobre o assunto.

swissinfo.ch: Quando da apresentação se seu relatório, o relator Paul Flynn declarou que a pandemia "jamais ocorreu realmente." O que permitiu chegar a essa conclusão?

Liliane Maury Pasquier: Nós não afirmamos que a pandemia nunca existiu, mas que se a definição não tivesse sido modificada, não haveria declaração de pandemia. As definições precedentes incluíam sempre a noção de gravidade. Desde maio de 2009, depois do surgimento dos primeiros casos no México, a OMS modificou a definição, confundindo a noção de pandemia.

A OMS constesta e afirma que jamais modificou a definição de pandemia. Portanto, ao ler as respostas fornecidas, parece que não falamos a mesma língua. Tanto na definição de 1999 como na de 2005, essa noção de gravidade está presente.

Questionar as causas dessa mudança não é irrelevante, sabendo que é precisamente a elevação para o nível 6 que dispara o alerta pandêmico, ou seja, a mudança de prioridade na política de saúde pública da indústria farmacêutica para a produção de vacinas.

A dúvida também é alimentada pelo fato de que não se conhece a identidade dos membros do comitê de especialistas da OMS. Acrescenta-se ainda que a organização tinha conhecimento da gravidade relativa do vírus.

swissinfo.ch:
Poderíamos dizer que é precisamente graças às medidas preconizadas pela OMS e adotadas por muitos países que a pandemia pode ser evitada? E que um ano atrás havia dúvidas científicas?

L.M.P.: É evidente que os vírus gripais têm um forte potencial de mutação e devem ser alvo de muita vigilância. Mas também é evidente que as medidas tomadas pela OMS não tiveram papel nenhum nesse sentido.

Quando se examina as políticas adotadas por diversos governos, constata-se que alguns países fizeram uma campanha de vacinação em grande escala, enquanto outros tiveram uma taxa de vacinação muito baixa. No entanto, os resultados foram praticamente idênticos nos dois casos.

swissinfo.ch: A senhora acha necessário redefinir o princípio de precaução que justificou essas medidas excepcionais?

L.M.P.: Não se pode reagir da mesma maneira quando se trata de uma infecção grave ou não. Muitos especialistas defendem vacinar em grande escala e pronto. Mas muitos países não podem fazer isso, principalmente a logo prazo. Portanto, é preciso fixar prioridades.

Em termos de saúde pública, adotar esse tipo de estratégia significa investir somas importantes para lutar contra uma infecção precisa. Isso significa ainda que certos recursos não podem ser consagrados ao combate a outras doenças.

swissinfo.ch: Especialistas da OMS ligados à indústria farmacêutica, falta de transparência, medicamentos antivirais de origem duvidosa e efeitos secundários pouco conhecidos. Lendo o relatório do Conselho da Europa e a enquete do British Medical Jornal, têm-se a impressão que essa gripe foi sobretudo uma magnífica operação de marketing da indústria farmacêutica. Qual é a opinião da senhora?

L.M.P.: As respostas fornecidas pela OMS infelizmente não dissiparam essas dúvidas. Percebemos um reflexo de autoproteção e de medo de eventuais consequências ulteriores. Além disso, surgiram casos suspeitos de influência exercida dentro da OMS pela indústria farmacêutica já há vários anos.

swissinfo.ch: A senhora questiona o papel de certos especialistas "independentes" e sua influência sobre as decisões tomadas. Mas como melhorar essa situação sabendo que são os mesmos especialistas são contratados para desenvolver novos medicamentos?

L.M.P.: É evidente que se dispomos de competências, temos de utilizá-las. Mas é primordial conhecer a origem das opiniões emitidas. Se tal ou tal especialista está ligado à indústria farmacêutica, essa pessoa não pode ter qualquer poder de decisão. A transparência deve ser absoluta, o que não é o caso atualmente.

swissinfo.ch: Que margem de manobra os governos e as diferentes instituições sanitárias nacionais ainda têm nesse contexto?

L.M.P.: Certamente ainda têm. Aliás, todos os Estados não reagiram da mesma maneira. Veja o exemplo da Polônia. Ela se recusou a fechar contratos para a entrega da vacinas, alegando que os contratos estipulavam claramente que as vacinas seriam distribuídas sob a responsabilidade do governo e que, em caso de complicações, o governo deveria assumir as responsabilidades. Tratava-se, portanto, de um caso exemplar de privatização dos lucros enquanto os riscos incumbiam à coletividade.

swissinfo.ch: Agora é preciso restabelecer a confiança. Quais são as recomendações da comissão de saúde que a senhora preside?

L.M.P.: A OMS tem um papel importante. Para que essa instituição funcione melhor, é preciso que haja confiança. É por essa razão que considero necessário publicar a lista de membros dos grupos de especialistas, seus interesses e evitar que erros se repitam. Os Estados-membros também são responsáveis e podem certamente ditar condições, sem ameaçar um centavo de contribuição dada à organização, evidentemente.

Eu acho ainda que é necessário redefinir a noção de pandemia e prever planos de ação segundo a gravidade da situação. Ao nível dos Estados, é importante que o setor de pesquisa e de especialistas sejam realmente independentes. Mas, evidentemente, tudo isso tem um custo.

Daniele Mariani, swissinfo.ch
(Adaptação: Claudinê Gonçalves)

terça-feira, 30 de março de 2010

OMS exagerou em alerta sobre a gripe suína


Quase um ano após os primeiros sinais do vírus H1N1, o Conselho da Europa conclui que a Organização Mundial da Saúde (OMS) exagerou no alerta em relação à pandemia de gripe suína. Em Genebra, a agência de saúde da ONU anunciou que iniciará um processo de revisão de seus trabalhos, inclusive sobre o uso da palavra "pandemia" em futuras crises. Apesar da polêmica, a OMS insistiu que o Brasil mantenha seu programa de vacinação.

Deputados no Conselho da Europa chegaram à conclusão de que a OMS colocou em risco a credibilidade de entidades internacionais ao exagerar em seu alerta sobre a gripe suína. O relatório, elaborado após três meses de investigações, aponta que essa perda de credibilidade põe em risco milhares de vidas.

O documento foi redigido pelo deputado trabalhista britânico Paul Flynn, vice-presidente do comitê de saúde do conselho. "Quando a próxima pandemia aparecer, muitos não darão credibilidade às recomendações da OMS. Eles se recusarão a ser vacinados e colocarão suas vidas e de outros a risco", diz o texto.

O relatório lembra que a estimativa oficial era de até 65 mil mortes apenas na Grã-Bretanha. Um ano depois, foram apenas 360. No mundo, 17 mil morreram pela gripe em um ano.

O documento também acusa a OMS de falta de transparência em relação à decisão de decretar a pandemia e alerta que os especialistas que tomaram a decisão poderiam estar sob influência das empresas de medicamentos.

DEFESA

Nesta segunda-feira (29), o chefe da divisão de influenza da OMS, Keiji Fukuda, voltou a defender a decisão da entidade de decretar a pandemia. Ele também anunciou que a revisão das regras para futuras declarações de pandemia começa a ser revista a partir da semana que vem.

Uma das possibilidade será a de incluir nos critérios novos itens, antes de decretar uma pandemia. Na OMS, o único critério é o de que um vírus tenha uma disseminação em mais de dois continentes de forma sustentável. Esse foi o caso do H1N1. O que ninguém previa é que o vírus não seria tão severo. O resultado foi centenas de milhares de doses de vacinas encalhadas.

Fukuda admite até mesmo rever o uso da palavra "pandemia" em próximos casos de vírus.

GAZ

Nota do Blog: A OMS se transformou na grande defensora dos lucros dos fabricantes de vacina. Por que será?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A MERCADORIA ENCALHOU


Europa tenta se livrar da vacina contra gripe A

Vários países europeus, entre eles a Suíça, tentam se livrar do excesso de vacinas contra a gripe A(H1N1), a chamada gripe suína, que não foi tão forte quanto previsto.


Berna comprou 13 milhões de doses. Agora uma parte deverá ser doada ou vendida ao exterior, a outra será mantida em estoque para uma eventual próxima pandemia.

Em meio a uma polêmica sobre sua cara campanha de vacinação contra a gripe suína, a França anunciou na última segunda-feira que cancelaria a compra de 50 milhões das 94 milhões de doses que havia encomendado.

Inicialmente, o país tinha previsto gastar 869 milhões de euros com 94 milhões de doses da vacina, estimando que cada cidadão receberia duas doses. Mas apenas 5 milhões dos 65 milhões de franceses se vacinaram, e as autoridades europeias de saúde disseram que uma dose é suficiente.

Paris seguiu decisões semelhantes tomadas no mês passado pela Suíça, Espanha, Alemanha e Holanda de reavaliar as encomendas de vacinas que haviam feito no início da pandemia.

A Suíça, que tem uma população de 7,7 milhões de habitantes, encomendou 13 milhões de doses de vacina da britânica GlaxoSmithKline (GSK) e da empresa nacional Novartis, no valor de 84 milhões de francos, sem contar os custos de estocagem.

Apenas 3 milhões de doses foram enviadas aos estados. A Secretaria Federal de Saúde (SFS) ainda não sabe quantas foram usadas. Algumas autoridades estaduais falam de índices de vacinação entre 15 e 30% da população (no cantão de Berna, por exemplo, 13 a 15%).

Em dezembro, o governo disse que planejava doar à Organização Mundial da Saúde (OMS) ou vender a outros países cerca de 4,5 milhões de doses excedentes da vacina contra a gripe suína, devido à pouca procura pela população.

"Estão em curso negociações com vistas à venda ou doação de nossos estoques", disse o porta-voz da SFS, Jean-Louis Zurcher, à swissinfo.ch.

Zurcher não revelou quais países estariam interessados e não confirmou se a Suíça, como a França e a Alemanha, negocia com empresas farmacêuticas o cancelamento de pedidos ou a devolução das vacinas excedentes.

"Muito dinheiro foi investido nas vacinas, mas a situação de pandemia poderia ter sido muito pior", acrescentou.

Cancelamentos

A Alemanha também está tentando se livrar dos excedentes e renegociar as encomendas feitas durante a fase inicial da onda de gripe A(H1N1). Na quinta-feira (7/1), Berlim começou a negociar com a GSK um corte de metade das 50 milhões de doses da vacina Pandemrix encomendadas.

A Holanda anunciou em novembro de 2009 que iria vender 19 milhões das 34 milhões de doses encomendadas.

A Espanha tenta devolver vacinas não utilizadas, argumentando que seus contratos com a Novartis (22 milhões de doses), a GSK (14,7 milhões) e a Sanofi-Aventis (400 mil) incluem cláusulas que permitem a devolução de excedentes.

Um porta-voz do Ministério da Saúde britânico disse à agência France Presse, no domingo, que seu país também considera a possibilidade de vender vacina não utilizada.

Mina de ouro

Diante disso, os analistas estão cada vez mais pessimistas quanto à receita dos fabricantes de vacinas e as perspectivas de lucros com a pandemia da gripe A(H1N1), que já era considerada uma mina de ouro do setor.

Analistas do Morgan Stanley disseram que os últimos cortes franceses sublinham a diminuição da demanda por vacinas contra o vírus A(H1N1) e representam um "modesto risco de curto prazo para os resultados" da GSK, Novartis e Sanofi.

"A longo prazo, o excesso de capacidade evidente da produção da vacina conta o H1N1 deve limitar o aumento da receita associada à gripe pandêmica", acrescentaram.

As vendas de vacinas contra o vírus H1N1 tem sido uma bênção para as empresas farmacêuticas. A GSK poderá ser a maior beneficiária, com vendas previstas no valor 3,7 bilhões de francos até o final do primeiro trimestre de 2010, segundo analistas. A Sanofi e a Novartis previram lucros estimados em 1,1 bilhão e 628 milhões de francos, respectivamente.

Os últimos cancelamentos de pedidos na Europa podem reduzir esses números. Mas um porta-voz da Sanofi disse que sua empresa deverá compensar a queda de vendas na França com encomendas de outras partes do mundo.

A Glaxo recusou-se a comentar o eventual impacto comercial das últimas decisões, mas um porta-voz disse que o grupo britânico estava discutindo as encomendas com os governos.

"A Novartis irá avaliar caso a caso os pedidos do governo, no âmbito dos acordos contratuais que consideramos vinculativos", disse Eric Althoff, diretor de relações com a mídia da gigante farmacêutica suíça.

"Fiasco extravagante"

A decisão do governo francês veio depois de fortes críticas de políticos e cientistas. O Partido Socialista, de oposição, descreveu a campanha nacional francesa como um fiasco "extravagante" e exigiu uma investigação parlamentar.

Países-membros do Conselho da Europa avaliam a possibilidade de criar uma comissão de inquérito para analisar a influência das empresas farmacêuticas sobre a campanha global da gripe suína.

A campanha da "falsa pandemia" da gripe, encenada pela Organização Mundial da Saúde e outros institutos em benefício da indústria farmacêutica, foi "um dos maiores escândalos da medicina no século", disse o médico alemão Wolfgang Wodarg, presidente da Comissão de Saúde Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, que apresentou a proposta a ser debatida em 25 de janeiro.

Simon Bradley, swissinfo.ch e agências
(Adaptação: Geraldo Hoffmann)

NOTA DO BLOG: Provavelmente tentarão vender para os países do hemisfério sul no próximo inverno.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

RESOLVIDO O PROBLEMA DA GRIPE "SUÍNA"

SALARYMEN:

Empresa no Japão inventa terno anti-H1N1

Uma companhia japonesa garante que desenvolveu um terno que protege a pessoa do vírus da gripe suína

por Redação Made in Japan

Uma companhia japonesa garante que desenvolveu um terno que protege o usuário do vírus da gripe suína.

A empresa Haruyama Trading produziu 50 mil peças e as colocará à venda no Japão a partir desta quinta-feira 8, pelo equivalente a 1.143 reais.

Conforme explicou o porta-voz da empresa, Junko Hirohata, ao site Telegraph, o terno é revestido de dióxido de titânio, que mata o vírus. O composto é um ingrediente comum em cremes dentais e cosméticos.

Aparentemente, os ternos não apresentam diferença em relação aos usados pelos trabalhadores de escritório no Japão, conhecidos como “salarymen”. A roupa ainda está disponível nas cores cinza, carvão, azul-marinho e cinza risca-de-giz.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Gripe suína (2)


José Saramago

Continuemos. No ano passado, uma comissão convocada pelo Pew Research Center publicou um relatório sobre a “produção animal em granjas industriais, onde se chamava a atenção para o grave perigo de que a contínua circulação de vírus, característica das enormes varas ou rebanhos, aumentasse as possibilidades de aparecimento de novos vírus por processos de mutação ou de recombinação que poderiam gerar vírus mais eficientes na transmissão entre humanos”. A comissão alertou também para o facto de que o uso promíscuo de antibióticos nas fábricas porcinas – mais barato que em ambientes humanos – estava proporcionando o auge de infecções estafilocócicas resistentes, ao mesmo tempo que as descargas residuais geravam manifestações de escherichia coli e de pfiesteria (o protozoário que matou milhares de peixes nos estuários da Carolina do Norte e contagiou dezenas de pescadores).

Qualquer melhoria na ecologia deste novo agente patogénico teria que enfrentar-se ao monstruoso poder dos grandes conglomerados empresariais avícolas e ganadeiros, como Smithfield Farms (suíno e vacum) e Tyson (frangos). A comissão falou de uma obstrução sistemática das suas investigações por parte das grandes empresas, incluídas umas nada recatadas ameaças de suprimir o financiamento dos investigadores que cooperaram com a comissão. Trata-se de uma indústria muito globalizada e com influências políticas. Assim como o gigante avícola Charoen Pokphand, radicado em Bangkok, foi capaz de desbaratar as investigações sobre o seu papel na propagação da gripe aviária no Sudeste asiático, o mais provável é que a epidemiologia forense do surto da gripe suína esbarre contra a pétrea muralha da indústria do porco. Isso não quer dizer que não venha a encontrar-se nunca um dedo acusador: já corre na imprensa mexicana o rumor de um epicentro da gripe situado numa gigantesca filial de Smithfield no estado de Veracruz. Mas o mais importante é o bosque, não as árvores: a fracassada estratégia antipandémica da Organização Mundial de Saúde, o progressivo deterioramento da saúde pública mundial, a mordaça aplicada pelas grandes transnacionais farmacêuticas a medicamentos vitais e a catástrofe planetária que é uma produção pecuária industralizada e ecologicamente sem discernimento.

Como se observa, os contágios são muito mais complicados que entrar um vírus presumivelmente mortal nos pulmões de um cidadão apanhado na teia dos interesses materiais e da falta de escrúpulos das grandes empresas. Tudo está contagiando tudo. A primeira morte, há longo tempo, foi a da honradez. Mas poderá, realmente, pedir-se honradez a uma transnacional? Quem nos acode?

Gripe suína (1)


José Saramago

Não sei nada do assunto e a experiência directa de haver convivido com porcos na infância e na adolescência não me serve de nada. Aquilo era mais uma família híbrida de humanos e animais que outra coisa. Mas leio com atenção os jornais, ouço e vejo as reportagens da rádio e da televisão, e, graças a alguma leitura providencial que me tem ajudado a compreender melhor os bastidores das causas primeiras da anunciada pandemia, talvez possa trazer aqui algum dado que esclareça por sua vez o leitor. Há muito tempo que os especialistas em virologia estão convencidos de que o sistema de agricultura intensiva da China meridional foi o principal vector da mutação gripal: tanto da “deriva” estacional como do episódico “intercâmbio” genómico. Há já seis anos que a revista Science publicava um artigo importante em que mostrava que, depois de anos de estabilidade, o vírus da gripe suína da América do Norte havia dado um salto evolutivo vertiginoso. A industrialização, por grandes empresas, da produção pecuária rompeu o que até então tinha sido o monopólio natural da China na evolução da gripe. Nas últimas décadas, o sector pecuário transformou-se em algo que se parece mais à indústria petroquímica que à bucólica quinta familiar que os livros de texto na escola se comprazem em descrever…

Em 1966, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de suínos distribuídos por um milhão de granjas. Actualmente, 65 milhões de porcos concentram-se em 65.000 instalações. Isso significou passar das antigas pocilgas aos ciclópicos infernos fecais de hoje, nos quais, entre o esterco e sob um calor sufocante, prontos para intercambiar agente patogénicos à velocidade do raio, se amontoam dezenas de milhões de animais com mais do que debilitados sistemas imunitários.

Não será, certamente, a única causa, mas não poderá ser ignorada. Voltarei ao assunto.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Un virus es un virus es un virus es un virus


Por Mónica Müller *, para Página/12

La crisis que estamos viviendo bajo la dictadura del virus A (H1N1) implica peligros, pero puede ser la oportunidad para modificar errores que por tan rutinarios no se discuten.

La idea implantada por la industria farmacológica de que toda enfermedad tiene un remedio creó el hábito de tomar una droga química para cada síntoma.

Los medicamentos para bajar la fiebre son un ejemplo de esa regla que hoy tenemos la oportunidad de cuestionar. La fiebre es un mecanismo de defensa verdaderamente ingenioso. Si no existiera habría que inventarlo y su inventor entraría con honores a la historia de la medicina. La elevación de la temperatura corporal inhibe el crecimiento y la reproducción de organismos infecciosos y es el protagonista principal de una cascada de reacciones inmunitarias celulares. A los virus, que sobreviven y se reproducen cómodamente en ambientes fríos, se les complica la vida cuando la temperatura de la sangre alcanza los 39 grados; su fantástica capacidad de replicación se hace lenta hasta quedar desactivados.

La fiebre no es una enfermedad. La fiebre no hace daño. La fiebre cura. Entonces, ¿por qué los médicos recetan rutinariamente antitérmicos? Un residente de un hospital respondió con una honestidad desarmante:

–Porque existen.

Los antigripales son otra invención farmacológica de uso corriente. Combinan antitérmicos con drogas descongestivas o antialérgicas que coartan la fiebre, la congestión y el malestar general. El paciente hace su vida normal como si no estuviera enfermo. No sólo expone a otras personas al contagio, sino que además está más enfermo que antes porque su organismo sigue a merced del virus, pero ahora está maniatado y amordazado. Su ejército de células defensivas duerme tranquilo en los cuarteles. No corre al sitio de la infección porque la alarma está desactivada. Pido disculpas por la metáfora castrense, pero por dentro las cosas funcionan exactamente así. Una perversión suplementaria son las preparaciones que la publicidad y los envases engañosos venden como “té” para que hasta los no creyentes se traten con paracetamol y fenilefrina cuando creen estar tomando el tecito reconfortante de la abuela.

Una de las oportunidades más interesantes que nos presenta esta crisis es la de regular el uso de los antibióticos, drogas que han cambiado la relación histórica de los humanos con las infecciones por su eficacia contra las bacterias.

A los virus, en cambio, un antibiótico los hace reír a carcajadas. La diferencia formal puede medirse en micromicrones, pero desde el punto de vista biológico es una inmensidad. Comparar un virus con una bacteria es como comparar una moto con una mandarina. Los virus no entran en la categoría de seres vivos como el resto de los gérmenes. Una de las definiciones más precisas dice que son maquinarias programadas para la supervivencia. No son animales, plantas, parásitos, hongos ni bacterias; son meros contenedores de ADN diseñados para obligar a las células vivas a perpetuar su información genética. En el camino hacia ese objetivo los virus infectan, invaden y destruyen células y tejidos sanos, mutando y recombinándose para eludir los radares de la inmunidad. Los antivirales no los matan; sólo retrasan su multiplicación. Y su uso indiscriminado puede estimularlos a mutar para hacerse resistentes a los que se están usando en enfermos de gripe A (H1N1).

Sin embargo, todos los argentinos conocemos a alguien que cuando tiene un dolor de garganta o una gripe va a la farmacia, elige al azar un antibiótico y lo toma como le parece. Esa persona está poniendo en peligro su propia inmunidad y por un efecto de ruleta rusa darwiniana, la de todo el género humano. Los pacientes no tienen la obligación de saber que los antibióticos sólo actúan sobre las bacterias (tampoco todos sobre todas ellas) y que su mal uso puede crear un microorganismo resistente a todos los antibióticos conocidos. Los pacientes saben lo que la publicidad y sus médicos les enseñan. Y demasiados médicos recetan antibióticos cuando son innecesarios. Los testimonios de personas infectadas por el nuevo virus confirman conductas médicas injustificables: “Le dieron un antibiótico, después otro y otro, hasta que al fin se dieron cuenta de que lo que tenía era viral”. La única explicación posible para esto la dio un joven clínico en un ateneo:

–Si viene con una gripe y no le receto el antibiótico más caro, ese paciente cree que no sé nada y no vuelve más.

Estas aberraciones médicas sólo ocurren porque el sistema de salud las avala con el consentimiento o con el silencio. La venta libre de antibióticos es un mensaje. Su venta bajo receta haría comprender a los pacientes que no son drogas inocuas y obligaría a los profesionales a hacerse cargo de la responsabilidad de indicarlos con fundamento científico.

* Médica clínica.

terça-feira, 30 de junho de 2009

FESTAS DA GRIPE SUÍNA


Nick Triggle
Da BBC News

Especialistas em saúde pública na Grã-Bretanha estão condenando as chamadas "festas da gripe suína", eventos que estariam sendo promovidos para promover deliberadamente o contágio da doença.

Há relatos de que pessoas estão intencionalmente convivendo com amigos que contraíram a gripe, para tentar adquirir imunidade contra o vírus agora, enquanto ele ainda é pouco agressivo,

Entretanto, um especialista em saúde pública britânico, Richard Jarvis, disse que tal comportamento pode minar os esforços de profissionais de saúde na luta contra a gripe.

Ele também enfatizou que, embora a gripe seja leve, essas pessoas podem estar colocando sua saúde e a de suas crianças em risco.

Jarvis, presidente do comitê de saúde pública da British Medical Association, vem fazendo testes, diagnósticos e tratamentos de pacientes com gripe suína.

"Ouvi relatos de que pessoas estão organizando festas da gripe suína".

"Não acho que seja uma boa ideia. O vírus não é muito agressivo, mas ainda assim as pessoas são infectadas e há risco de morte".

Serviços de Saúde

O médico admitiu que adquirir o vírus agora pode dar imunidade à pessoa, mesmo que o vírus sofra algum tipo de mutação e se torne mais agressivo.

Mas ele acrescentou que se as pessoas intencionalmente procurarem o contágio, os serviços de saúde podem não ser capazes de agir como estão agindo agora.

"Buscar intencionalmente o contágio apenas contribuirá para seu alastramento".

A estratégia inicial das autoridades britânicas tem sido tentar conter o alastramento do vírus. Isso envolve monitorar pacientes com gripe e dar remédios a pessoas próximas para evitar que elas desenvolvam a doença.

"Se chegarmos a um ponto em que a contenção não é mais possível, não vamos ser capazes de monitorar os casos ou administrar os antivirais com tanta rapidez. Será que então vamos considerá-lo um vírus não muito agressivo?"

"A resposta até agora tem sido ótima. Estamos contendo (o alastramento do vírus) melhor do que esperávamos e isso nos deu tempo. Estamos chegando perto de uma vacina e queremos que isso continue".

sexta-feira, 15 de maio de 2009

VAMPIROS PICARETAS


CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, SEXTA-FEIRA, 15 DE MAIO DE 2009

EUA rejeita os termos da partilha

Os Estados Unidos anunciaram ontem que não aceitam os termos do acordo sobre a partilha de vírus e vacinas por todos os governos, negociado nos últimos dois anos. Washington é contra a obrigação de fornecer os produtos elaborados em seus laboratórios a partir do material genético recebido de outros países. Para as regiões emergentes, essa postura é uma 'traição'.
Conforme o Itamaraty, a estratégia da Casa Branca foi a de tentar convencer a todos de que a urgência da nova gripe exigia que um acordo fosse fechado em breve, mesmo com sua posição de rejeitar obrigações legais. A gripe suína já provoca também a guerra de patentes. Ontem, a OMS autorizou a venda de genéricos para tratar a doença. A indiana Cipla conseguiu que seu antiviral fosse registrado e negocia seu fornecimento para México e outros emergentes latinos, Oriente Médio e África. Desde a eclosão da doença, o produto da Roche, Tamiflu, era o único autorizado pela organização.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Futebol não é solidário nem na gripe


Emir Sader, para Carta Maior

A atitude das equipes que deveriam jogar no México – o São Paulo e o Nacional do Uruguai – negando-se a jogar naquele país, assim como os países que negaram a receber a partida dos times mexicanos, revela um egoísmo inaceitável.

A gripe surgiu no México, mas poderia ter surgido em qualquer outro pais do continente. As condições para se defender de uma epidemia como essa são praticamente iguais, igualmente ruins em todos os países, menos em Cuba – pela medicina social que o país tem. Se originou no México, o país tomou todas as medidas possíveis nas condições de uma grande metrópole como a capital, chegou a suspender aulas, missas e todo tipo de concentração. Essas medidas já foram suspensas. Com as cautelas do caso, o país voltou a funcionar, se poderia perfeitamente jogar lá.

A Conmebol procurou inicialmente outros países que pudessem sediar as partidas programadas para o México. Chile e Colômbia foram sondados, mas se negaram a sediar jogos de equipes mexicanas. Em seguida a Conmebol tomou a atitude unilateral e injusta de programar um único jogo, no Uruguai e no Brasil, cancelando os jogos no México. A Federação mexicana, com razão, não aceitou a decisão, considerando-a injusta e discrminatória, rompendo suas relações com a Conmebol e retirando seus times da Libertadores.

A atitude da Conmebol e das duas equipes beneficiadas – o São Paulo e o Nacional do Uruguai, que se negaram a jogar no México – é odiosa. Se valem da epidemia para tirar vantagens, discriminando os clubes mexicanos e devem ser repudiadas. No entanto a imprensa esportiva dos dois países considera normal essa vantagem, como se fosse uma punição disciplinar aos clubes mexicanos, por ser o pais de origem da epidemia. Esconde uma discriminação que deveria ser denunciada e repudiada. Sempre se poderiam encontrar condições, inclusive as que a Federação mexicana utiliza, de jogos sem publico, ou buscar outras datas.

A solução demonstra uma total falta de solidariedade das equipes de futebol, tornadas empresas com fins de muito lucro. Não acompanham os processos de integração e solidariedade continental, que tem caracterizado e notabilizado a América Latina. São empresas globalizadas, operadas por negociantes, sem raízes no nosso continente, apenas enraizadas no sucesso financeiro e midiático dos seus empreendimentos.

Atribui-se a Otto Lara Rezende a frase: “Os mineiros só são solidários no câncer”. O futebol profissional não é solidário nem na gripe. Ao contrário, busca faturar com a desgraça alheia, sem se dar conta que é sua própria desgraça.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Nova gripe não é mais letal que a comum, diz epidemiologista


Por Miguel Angel Gutiérrez e Jason Lange

CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O novo vírus H1N1, que já matou várias pessoas no México, não é mais letal nem parece ser mais contagioso que a típica gripe sazonal, disse na segunda-feira o chefe de epidemiologia do governo mexicano.

A epidemia da nova doença, inicialmente chamada de "gripe suína", matou pelo menos 26 pessoas nos últimos dez dias no México, além de se espalhar por diversos países, gerando temores de uma pandemia (epidemia global). No exterior, a única vítima fatal foi um bebê mexicano em visita ao Texas.

Especialistas ainda tentam entender por que o México teve mais casos e mais mortes, mas o médico Miguel Angel Lezana, diretor do Centro Nacional de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do México, disse que o vírus não é especialmente mortal.

De acordo com ele, o que aconteceu é que o país foi apanhado de surpresa.

"A virulência é muito similar à da 'influenza' (gripe) sazonal", disse Lezana à Reuters.

Ele afirmou que, após analisar casos confirmados da nova gripe, soube-se que sua taxa de reprodutibilidade -- o número de pessoas que um paciente pode contaminar -- é de aproximadamente 1,3 ou 1,4. "É um número bastante similar ao da 'influenza' sazonal", afirmou.

Questionado sobre se a mortalidade também é semelhante à da gripe comum, ele disse: "Sim, exatamente".

Em todo o mundo, a gripe sazonal mata de 250 a 500 mil pessoas por ano, sendo 36 mil só nos EUA.

"Por ser um dos primeiros países em que se constatou a circulação desse novo vírus, tanto a população quanto os serviços de saúde estavam ante uma situação desconhecida, inédita", disse o funcionário.

Lezana concordou com a declaração de Richard Besser, diretor-adjunto do Centro para a Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos EUA, segundo quem a nova cepa do vírus H1N1 não é mais perigosa do que as típicas gripes sazonais que circulam anualmente.

domingo, 3 de maio de 2009

La vida con A H1N1

Vírus da Influenza:

Hasta en la zona roja hay barbijos y el lugar es lo único que sigue abierto. Los laboratorios que no existen. Los primeros bloqueos de rutas.

Por Jaime Avilés

Desde México DF, para Página/12

Sobre la calle de Sullivan, en el centro de la capital, por lo menos 200 prostitutas se alinean codo a codo a lo largo de tres cuadras. Lucen, desde luego, minifaldas generosas, o jeans y blusitas para mostrar el ombligo. Cuatro de cada diez usan barbijos. Una doble hilera de coches desfila ante ellas a paso de homre. Los automovilistas también se protegen con mascarillas. El gobierno del Distrito Federal tiene un control absoluto sobre los establecimientos mercantiles de la ciudad: no hay nada abierto. No se puede ir al cine, a cenar, a beber, a bailar, a escuchar música en vivo, a hacer gimnasia, a nadar, a jugar boliche, squash. Nada. Todo por ahora está vetado, excepto quizá las prostitutas que, hasta donde se alcanza a ver, nadie se lleva al río.

“No sé ni para qué vine”, dice Arlette, de 24 años, originaria de Oaxaca, al sur del país. “Nomás pasan y pasan escuincles (jovencitos) que nos hacen perder tiempo. Esto está muerto...” A propósito de muertos, ¿conoces a alguien que se haya muerto de influenza? “Esta semana sí he sabido de tres muertes: un señor de 62 años, que se murió de insuficiencia renal; un bebito que se ahorcó con el cordón de su mamá y una señora que murió al dar a luz”. ¿Dónde sucedió esto? “En la colonia donde vivo, por el Reclusorio Norte” (un barrio como Lanús). Pero “de influenza nadie”.

De estigmas y golosinas

El virus A H1N1 ya no se llama porcino tras el brutal exterminio de cerdos emprendido en Egipto. Como explican una y otra vez los expertos en la televisión, es sesenta veces más pequeño que una célula y “no viaja más de 50 centímetros cuando salta de la nariz o la boca de una persona enferma que tose o estornuda. Si no estamos muy cerca de esa persona, es improbable que nos contagie. El problema empieza cuando los miles de virus que esa persona dispersa al estornudar caen sobre la superficie de las cosas: la mesa, la silla, los platos, el teléfono, un libro, lo que sea. Porque el virus se mantiene vivo en contacto con el aire varias horas y si uno toca la mesa, la silla, etcétera, se lo adhiere a la piel de la mano, y luego si se mete el dedo en la nariz o en la boca, o se frota los ojos, ahí sí que se puede contagiar”.

Pero la gente no acaba de comprender que el verdadero riesgo de contagio está en las manos y no en el aire. Si así fuera, millones habríamos caído ya, patas arriba, como moscas. Después de atravesar media ciudad por túneles subterráneos, encerrado en un vagón con distintas personas que subían y bajaban en cada parada, y que podían estar infectadas o no, la noche del viernes un jovencito salió del Metro en la estación Mixcoac –“lugar de serpientes” en náhuatl, el barrio donde nació Octavio Paz– y sólo entonces se cubrió la boca y la nariz con la mascarilla de trapo.

Tres días antes, el martes 28, en Coyoacán (su equivalente en Buenos Aires sería San Telmo), dos muchachitas iban por una calle empedrada, cada cual con su cubrebocas, y no pudieron resistir la tentación de comprarse un helado de pistache. Acto seguido, se quitaron la protección y compartieron la golosina a chupetones, muertas de risa. Esta devoción por los tapabocas –que en realidad de poco o de nada sirven porque a la media hora se empapan de saliva y se convierten en trampas para cazar nanomonstruos–, engendró desde el primer momento un mercado negro y su precio saltó de un peso, que costaban en las farmacias, a 7,50 en la calle.

Pero si la economía del pánico ha ocasionado también afluencia de multitudes histéricas a los supermercados, las repercusiones internacionales de la crisis no han sido menos deslumbrantes. Al conocer que los gobiernos de Argentina y Cuba cancelaron los vuelos desde y hacia México –medida que intentó secundar Francia, pero fue rechazada por la Unión Europea–, el gobierno de Felipe Calderón recomendó a los habitantes del DF no salir de sus casas del 1° al 5 de mayo. Muchos capitalinos, ni tardos ni perezosos, partieron hacia los centros vacacionales.

Y anteayer, jueves, en Acapulco, el mítico puerto del Pacífico, un vehículo con placas del DF fue apedreado por un grupo de jóvenes en señal de repudio. Lo peor fue que, al ser cuestionado por los medios acerca del incidente, el alcalde Manuel Añorve Baños, justificó la agresión, y dijo: “todos lo que no tengan nada que hacer en Acapulco que se vayan a sus casas”.

La ocupación hotelera, en todo el país, es inferior a 10 por ciento, se supo anoche, mientras en la Sierra Gorda del estado de Querétaro, una región célebre por sus misiones franciscanas del siglo XVII, grupos de campesinos bloqueaban la única carretera asfaltada para detener a los autos con placas del DF y exigirles que volvieran por donde habían venido.

Bajo sitio

En el DF, desde el viernes 24 de abril todos los planteles escolares fueron cerrados “hasta nuevo aviso”. El propio viernes el alcalde capitalino, Marcelo Ebrard, de la coalición de izquierda que se opone tenazmente al gobierno conservador de Felipe Calderón, ordenó el cierre de cines, teatros, salas de concierto, museos y bibliotecas, así como la cancelación de más de 550 espectáculos al aire libre. El sábado 25 se decidió que el domingo todos los partidos de futbol se harían a puerta cerrada y los templos no celebrarían misas. Un nuevo golpe psicológico se produjo ese mismo domingo en la tarde, cuando en la plaza de toros de Aguascalientes, con el público borracho y eufórico en las tribunas, se dio a conocer que se cancelaba la corrida “por la epidemia que está sufriendo el país”. Los aficionados fueron conminados a evacuar las instalaciones de prisa, como si un ejército invasor acechara tras las murallas.

El pánico social, que ya estaba en efervescencia, se intensificó el lunes 27, cuando el gobierno capitalino decretó el cierre de los 35 mil restaurantes más gimnasios, piletas y cualquier espacio deportivo. Los empresarios gastronómicos protestaron con firmeza: “Estamos perdiendo millones de pesos diarios y peligran más de 450 mil empleos”. Ebrard, el alcalde, respondió anticipando que su gobierno contemplaba la clausura temporal de todas las líneas de Metro, Metrobús y microbuses, pero aclaró que los restaurantes podían vender comida para llevar o surtir pedidos a domicilio. Muchos negocios, de inmediato, colocaron pizarrones delante de sus rejas con ofertas mas sospechosas que atractivas: “Todo al dos por uno”. La cámara de restauranteros reportó que cada establecimiento, en promedio, había vendido tres platillos al día. Un desastre.

La danza de los muertos

A fines de los ’90 existían en México tres organismos oficiales vinculados con el tema epidemiológico: el Instituto Nacional de Higiene, el Instituto Nacional de Virología y los Laboratorios de Biológicos y Reactivos de México. Los dos primeros se dedicaban a los virus conocidos en el país y diseñaban fórmulas para combatirlos. El tercero surtía vacunas, sueros, inmunoglobulinas y reactivos de diagnóstico al aparato gubernamental de salud. Las tres entidades desaparecieron por decisión oficial entre 2000 y 2006, y el país quedó inerme en esta materia.

Cuando aparecieron los primeros casos de influenza porcina, en el DF y Oaxaca, a mediados de marzo, las instituciones de salud pública no fueron capaces de identificarlos por falta de herramientas. Cuando el problema se agravó, en la segunda quincena de abril, México envió muestras clínicas a laboratorios canadienses para que las analizaran. Ese proceso demoró hasta el jueves 23 de abril.

Como la situación no podía seguir manejándose a larga distancia, tanto la Organización Mundial de la Salud como el Centro para el Control de Enfermedades de Estados Unidos, instalaron en el DF un laboratorio altamente equipado para descifrar la epidemia. Y cuando éste dio sus primeros resultados, el martes 28, empezó la danza de los muertos. Para ayer al final de la tarde eran 16 los casos “plenamente confirmados” y la credibilidad del gobierno, que supo anunciar veinte, continúa a la baja.

En una sociedad tan politizada como la del DF, donde amplios sectores sostienen que Calderón llegó a la presidencia mediante un fraude electoral en 2006, y que inició una supuesta guerra contra el narcotráfico como pretexto para militarizar el país y afianzarse en el poder, el manejo informativo de este brote epidémico ha generado más suspicacias que certezas, sobre todo porque, ante el asombro del mundo entero, las autoridades se han negado a proporcionar datos verificables sobre los muertos, cuyo número crece y disminuye a capricho del ministro de Salud.