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sexta-feira, 21 de junho de 2024

LADEIRA ABAIXO

 


por Paulo Müzell*

Apesar da derrota de Bolsonaro em 2022, importante porque evitou o pior – a ampliação e a hegemonia da estupidez fascista do bolsonarismo entreguista -, decorridos os primeiros dezoito meses do governo Lula não há razões para otimismo.

Vivemos num período em que os partidos de direita e de extrema direita crescem em todo mundo: que a vitória de governos progressistas são raras exceções – a recente eleição de uma mulher de esquerda para a presidência do México é uma delas.

Lula, próximo de completar oitenta anos de vida, se elegeu por escassa margem de votos num cenário adverso. A direita e a extrema direita fascista têm ampla maioria no Congresso. O poder judiciário é, foi e sempre será conservador, um pilar de sustentação dos interesses patrimoniais da elite. O PT encolheu, perdeu consistência ideológica e relevância política. Junto com PSOL, tem uns poucos quadros lúcidos e ativos no cenário político nacional. Se fossemos nominá-los, a lista não preencheria os dedos de duas mãos.

A economia com Lula vai bem: PIB cresce moderadamente, desemprego e inflação baixos. Ainda assim, o Banco Central (leia-se Roberto Campos, agora o neto) teima em manter uma elevada taxa básica de juros, hoje mais de 6 por cento acima da inflação. Um absurdo. Esta é uma questão central porque a cada elevação de apenas um por cento da taxa, o caixa do Tesouro desembolsa 40 bilhões a mais para pagar os juros da dívida pública. Governo quer e precisa manter juros baixos; os rentistas o contrário, sempre querem lucrar mais. No confronto o governo é fraco, vacila. Nesta quebra de braços, o mercado vence e manda

*Paulo Müzell é economista.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O “republicanismo”, o punitivismo rastaquera e as derrotas ideológicas

Fonte desta imagem AQUI.


Artigo de Márcio Medeiros Félix


1. O STF e os ecos do “mensalão”



A derrota sofrida pela maioria dos réus da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal traz para o debate uma série de avaliações (nem sempre apropriadas) sobre as razões para o resultado, quase sempre fantasiosas.

O que se percebe em parte do discurso do petismo é uma natural e legítima inconformidade com o resultado. No entanto, em geral elaborando um discurso que não aponta a verdadeira gravidade dos fatos ocorridos, ficando na periferia do problema. De outro lado, o discurso que ecoa na imprensa empresarial é de uma exaltação idealizada ao punitivismo, que transforma Joaquim Barbosa num Herói da Pátria, enquanto rotula Lewandowsky como leniente com a corrupção, num execramento gravíssimo de um Ministro da Suprema Corte que, daqui a dois anos, será chefe de um dos poderes da República.

Do ponto de vista do PT, a crítica me parece legítima, mas insuficiente. Centra fogo na condenação sem provas de alguns dos réus e na alteração da orientação jurisprudencial como um sinal de que se trataria de um “julgamento de exceção”. Nesse ponto, a maioria de ministros do STF estaria participando de um movimento para derrotar o PT. E só isso. Ao final, em geral essa crítica cobra o mesmo rigor para casos futuros e uma certa promessa de que estarão de olho quando tucanos forem réus.

Do ponto de vista da oposição, um discurso articulado a partir da imprensa exalta a punição dos “corruptos” como “um novo momento”, uma verdadeira redenção nacional. Os ministros do STF são elevados a heróis nacionais, em especial Joaquim Barbosa. As análises desse ponto de vista, no entanto, além de permeadas por um ufanismo um tanto boboca, são permeadas por uma raiva incontida: o objetivo maior não é exatamente o combate à corrupção, mas desmoralizar o “petismo”, propriamente dito. Em nome disso, nenhuma vírgula de crítica às opções do STF podem ser apontadas.

Tais análises, no entanto, empobrecem o debate. O PT, especialmente, precisaria refletir melhor diante desse processo político e do processo judicial para amadurecer um projeto de relação com as instituições do país.

Considerando que tem a Presidência da República há dez anos e, ao que tudo indica, a terá no mínimo pelos próximos seis – e que mesmo o dia em que deixar a Presidência, será a alternativa imediata a qualquer governo – falta ao PT, incrivelmente, reflexão mais clara sobre alguns aspectos da disputa política e a intervenção mais efetiva no jogo democrático.

A crítica que o discurso médio petista faz aos ministros do Supremo, por exemplo, é risível, em especial quando tenta ignorar que, da composição atual da Corte, apenas três ministros são remanescentes dos governos anteriores: Celso de Melo (Sarney), Marco Aurélio (Collor) e Gilmar Mendes (FHC).



2 – As indicações de Lula para o STF



Lula foi o presidente sob o qual recaiu mais vezes a prerrogativa de indicar ministros da Suprema Corte em toda a história. Nem sempre acertou. Se por um lado, acertou quando indicou Ayres Brito (cuja passagem pelo STF não pode ser julgada apenas pelo “mensalão” que presidiu, o que seria um erro), Carmen Lúcia ou Lewandowski, ministros de posições corretas, progressistas e de esquerda, errou feio ao indicar César Peluso (que dentre outras marcas, foi pupilo de Alfredo Buzaid, Ministro da Justiça de Médici e “racionalidade jurídica” do arbítrio) e Menezes Direito (ligado à direita católica), dois dos mais conservadores ministros da história recente da casa.

O caso de Joaquim Barbosa merece nota à parte. Joaquim tem uma trajetória pessoal exemplar. Homem estudioso, passou em concursos, estudou em algumas das instituições de ensino mais importantes do país e do exterior. Antes do Supremo, tinha uma produção consistente em temas constitucionais, em especial na questão das políticas afirmativas. Traz, em sua trajetória, uma rejeição em sua tentativa de virar diplomata apenas na fase da entrevista (quando a subjetividade entra em jogo e determina tudo), o que se pode concluir ter sido forte a incidência do racismo a lhe derrotar. Num momento em que Lula indicaria diversos ministros, Joaquim representava um enorme gesto, por ser negro e por elaborar justamente na área de políticas afirmativas. As críticas que tenho lido de algumas pessoas de que seria de direita são totalmente equivocadas e se amparam numa divisão esquerda-direita que não respeita um critério sério. Na realidade, Joaquim é de esquerda, acredita sinceramente numa sociedade mais justa, mas traz consigo posições “justiceiras” na área penal, em especial na questão do combate à corrupção, além de demonstrar uma visão distorcida de democracia. Como alguém com trajetória no Ministério Público, Barbosa reproduz aquilo que a própria instituição da qual é egresso prega: endurecimento do sistema penal, punição a qualquer preço, relativização do direito de defesa, com especial requintes de desprezo pelos advogados, dos quais Barbosa não esconde o tom de deboche. Assim como boa parte dos membros do Ministério Público, Joaquim se acredita “o verdadeiro representante dos anseios da sociedade”, o que lhe permite atropelar direitos individuais em nome dessa verdadeira “missão”. Sempre repito que Barbosa se parece muito com a ex-senadora Heloísa Helena, embora ocupe um espaço mais privilegiado, use um linguajar mais empolado e vista uma toga que lhe deu poder para atacar os “corruptos poderosos” com muito maior efetividade que a verborragia da hoje vereadora de Maceió, cujos minutos de relevância duraram dois ou três anos.

No entanto, todos esses apontamentos em relação aos ministros indicados por Lula trazem um grave problema: Lula e sua equipe erraram tanto por qual razão? Bem sabemos que a estrutura da Casa Civil tem plenas condições de apresentar ao Presidente um perfil completo e detalhado de qualquer cidadão, em especial alguém pleiteando uma nomeação de tal monta. Todas essas pequenas observações que fiz não eram dados estranhos ao Presidente quando, ainda assim, optou por tais indicações. Se eram, temos um grave problema operacional. Se não eram, realmente, temos um grave problema político, em especial nas nomeações dos perfis claramente conservadores, como Peluso e Menezes Direito. No caso de Barbosa, poderia se alegar que depois de nomeado, o “Batman” surpreendeu a todos e enveredou para caminhos não imaginados. Ainda assim, tal “ingenuidade” não chega a ser aceitável, já que não estamos falando da indicação de um membro de um conselho universitário, exatamente.

Claramente faltou um critério a Lula para as indicações ao Supremo. Ao nomear perfis tão díspares, alguns deles claramente “do outro lado”, do ponto de vista ideológico, possivelmente tenha optado por utilizar tais indicações para “pagar contas” com aliados ou simplesmente “fazer gestos”. Nenhuma das hipóteses é aceitável em se tratando da composição da Suprema Corte, onde algumas das decisões mais centrais da democracia ocorrerão e onde um ministro será, por décadas, as vezes, uma das pessoas mais poderosas da disputa política do país.



3 – As indicações de Dilma



Já Dilma teve, até aqui, a iniciativa de indicar três nomes ao STF (estando já aberta a possibilidade de um quarto, com a aposentadoria de Ayres Brito). Ao contrário de Lula, ela até agora se utilizou, aparentemente, de um critério comum nas nomeações de Rosa Weber, Luiz Fux e Teori Zavaschi, já que os três compunham tribunais superiores (a primeira o TST, os outros dois o STJ). Assim, haveria no critério de Dilma a opção por nomear ministros de perfil supostamente mais técnico, evitando a controvérsia gerada, por exemplo, pela nomeação claramente mais “política” de Toffoli, último da era Lula.

Nessa toada, Dilma aponta para uma tentativa de nomear “profissionais”, figuras menos identificadas com qualquer posição política prévia. Embora mais coerente, não deixa de estar equivocada. Primeiro, porque o Supremo não deve ser considerado o “último degrau da magistratura”, onde chegariam aqueles ministros dos Tribunais superiores mais capacitados ou mais “articulados”, como Fux tem procurado demonstrar que foi em sua corrida para chegar ao Supremo. A Suprema Corte deve expressar a diversidade das trajetórias no mundo do Direito, alternando magistrados de carreira com egressos dos MP e da advocacia. Qualquer critério que restrinja a apenas um setor das carreiras jurídicas a composição do STF lhe tornará uma corte homogênea demais, perdendo seu sentido.

Mas o maior dos equívocos de Dilma repete o de Lula.



4 – O erro comum nas indicações ao STF: o burocratismo sob o nome de “republicanismo”



Um dos debates mais distorcidos que sempre se repete a cada novo ministro do Supremo a ser sabatinado pelo Congresso é aquele que tenta criticar a nomeação quando ela é de alguém muito identificado com o Presidente da República, pessoal ou ideologicamente.

Evidente que a Suprema Corte de um país não deve ser apenas o espaço para acomodar seus operadores jurídicos mais brilhantes, como já fizeram Collor com Francisco Rezek, FHC com Gilmar Mendes e Lula com Dias Toffoli (embora, nos três casos, se deva reconhecer a grande capacidade intelectual). Ainda assim, não há qualquer crime em um Presidente da República indicar alguém que lá defenda ideias próximas às suas. Ele deve buscar exatamente isso, a ideia é essa! Nos Estados Unidos, o sistema é exatamente igual ao nosso, sendo que lá os juízes membros são claramente identificados como liberais ou conservadores: isso faz parte do jogo democrático estadunidense, sem qualquer hipocrisia. Aqui parece que estamos sempre permeados por essa acusação de “partidarização”. Infelizmente, Lula e Dilma parecem, muitas vezes, ficarem reféns desse discurso, ecoado especialmente pela “grande” imprensa. Parecem preocupados, a cada nomeação (exceto na de Toffoli, claramente) provar que não estão nomeando um “companheiro”, mas um jurista “isento”, como se isso pudesse existir.

A ideia de que um ministro do Supremo ideal seria algo próximo do “burocrata judicial eficiente” é não apenas de uma ingenuidade grave, mas uma posição superada por séculos de debate (o juiz que deveria apenas ser “a boca da lei” é um tipo ideal criado por Montesquieu em 1748). Curioso, aliás, que alguns tentem justificar essa busca da isenção como sendo “republicanismo”, já que a ideia do juiz boca-da-lei é algo derrotado exatamente pelo debate político contemporâneo, pelas mais notórias repúblicas, como a dos EUA.

Lula teve a rara chance de terminar seus oito anos de governo nomeando a maioria dos ministros do STF. Como dito, abriu mão de conformar uma maioria claramente progressista, garantindo, inclusive, a manutenção de tal composição para além de sua passagem pela Presidência. Manter uma maioria progressista no STF mesmo por longos anos após uma eventual saída do PT do Governo é algo importantíssimo para a disputa de longo prazo na sociedade brasileira, uma oportunidade que não deveria ser desprezada.

Após a saída do PT (e um dia isso ocorrerá), boa parte de seu legado poderá ser mantido (ou não) a partir da maioria da Suprema Corte. Algumas votações importantes para a democracia brasileira ocorreram no STF nos últimos anos (Raposa do Sol, União Homoafetiva), assim como algumas derrotas, também (como a manutenção da impunidade prevista na Lei da Anistia). Logo, a “maioria progressista” ocorre apenas em alguns temas. Falta uma maioria clara no STF, comprometida com um projeto de esquerda numa perspectiva mais complexa e de longo prazo.

No entanto, o problema está longe de se resumir às condenações da referida ação penal 470. Elas se concentram, principalmente, na incapacidade de fazer um balanço consistente do que aconteceu até aqui e do que virá pela frente.



5 – Os outros erros do PT na forma de “jogar o jogo”


Um dos pontos já mencionados por algumas vozes importantes do debate próximo ao PT como sendo um grande equívoco das análises “oficiais” diante do julgamento do “mensalão” é a incapacidade de produzir uma autocrítica diante dos episódios, por mínima e simbólica que seja. Uma das defesas, aliás, é totalmente equivocada, a de que não teria ocorrido compra de votos de congressistas, mas “apenas caixa dois”, como se isso também não fosse uma prática a ser merecedora de punição.

Mas o problema segue: o petismo está contaminado, de uns anos para cá, por uma postura de total adesão ao que podemos chamar, grosso modo, por “punitivismo”. Isso se expressa nos discursos da maioria de seus dirigentes relevantes. Diferentemente de períodos mais longínquos, onde o PT tinha uma posição diferenciada nas temáticas de segurança pública e sistema penal, aos poucos as opções do PT foram sendo hegemonizadas pela mesma lógica da “lei e da ordem”, de um punitivismo rastaquera, que despreza e por vezes até ataca os direitos humanos. Tal deslocamento de posição foi ocorrendo em especial a partir dos anos 2000, quando o PT ganhou a eleição presidencial e quando passou a buscar vitórias eleitorais majoritárias a qualquer preço, em cada estado ou cidade.

Atualmente, qualquer candidato a Prefeito do PT defende que a segurança pública também é tema de responsabilidade do Prefeito. Boa parte defende guardas municipais armadas. A barbárie sofisticada das câmeras de vigilância espalhadas pela cidade (quem ainda não leu “1984”, o faça) é tema também superado dentro do PT, embora seja, a meu ver, uma das grandes derrotas da civilidade do século XXI. Muitos são os casos em que segurança pública é a prioridade de candidatos petistas a prefeito. Nada mais equivocado, diga-se.

Nas iniciativas legislativas, o PT parece também bastante entrosado com essa postura de endurecimento de penas, criação de novos tipos penais, mudanças no sistema processual para facilitar punições. Só nos últimos dias, vimos a iniciativa da “Nova Lei Seca”, que tenta, especificamente para a questão do álcool, rasgar a Constituição e o Código de Processo Penal.

A proposta de Osmar Terra (PMDB-RS), que pode voltar a endurecer a política de drogas, ameaça passar com apoio quase unânime do Congresso. Para cada problema difícil de resolver, nossos legisladores e Governo atacam com nova lei penal. Com o silêncio anuente ou mesmo a operação militante da bancada do PT no Congresso. Viramos punitivistas, possivelmente por medo de debater francamente com a opinião pública ou talvez porque tenhamos sido tomados pelo conservadorismo, simplesmente.

Tudo isso, no entanto, complica em muito a conjuntura atual. O PT não parece saber muito bem elaborar respostas ao que acontece no debate político do país. Parece não saber bem como se relaciona com alguns temas importantes da democracia brasileira. Como os critérios para indicação de um Ministro do Supremo, por exemplo. Afinal, estamos falando das “novas estrelas” do jogo político do país. Então, Dilma seguirá errando nos seus critérios?

O “novo punitivismo” vai no mesmo sentido. Um dos maiores problemas do julgamento do “mensalão” está justamente na condenação sem provas, na interpretação extensiva para condenar os réus, no cerceamento do direito de defesa, na aplicação de penas elevadas e desproporcionais, no encarceramento de réus por alguns crimes cuja prioridade não deveria ser essa, mas a restituição dos desvios aos cofres públicos. Nada disso, no entanto, é debatido em profundidade pelo discurso petista, que parece mais preocupado em denunciar um golpe de estado próximo ou um “Supremo a serviço da direita”. Nada mais frágil e nada mais improdutivo em relação ao futuro. Enquanto isso, o punitivismo parece tomar conta da Suprema Corte, controla as iniciativas do Legislativo e até mesmo do Ministério da Justiça, com sua “nova lei seca”, com uma Polícia Federal que adora espetacularizar suas investigações, sem se preocupar com as consequências na intimidade dos acusados.

O que se percebe, portanto, é que o conservadorismo ataca por todos os lados, mesmo pelas frentes controladas pelo “petismo”. Aspectos importantes da disputa política de um país, que é a disputa cultural da sociedade, aquela que se dá no longo prazo, sobre o “legado” de um período, parece que não é compreendida por parte importante dos dirigentes do PT e do Governo Federal. Que daqui a alguns anos poderão deixar a Presidência da República com uma Suprema Corte controlada pelo conservadorismo, leis penais mais duras e um cenário asfaltado para um longo reinado conservador, legitimado por uma sociedade que não terá sido, ao longo dos anos de governo petista, disputada para um projeto humanista. Que os erros de análise sejam meus, assim espero.

sábado, 15 de dezembro de 2012

DILMA DÁ IBOPE


Dilma mantém Ibope 62%

Pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta sexta-feira (14) demonstra que a popularidade do governo da presidente Dilma Rousseff mantém-se em alta. De acordo com o levantamento, 62% dos entrevistados avaliaram como ótimo e bom a condução do governo, mesmo percentual da pesquisa anterior, realizada em setembro. É o mais alto índice de aprovação desde que assumiu a presidência, em janeiro do ano passado. Para 29%, ela faz uma gestão regular, e 7% consideram que a administração é ruim ou péssima - mesmos números do levantamento de setembro. Os números do Ibope apontam que Dilma tem uma popularidade maior que seus dois antecessores no primeiro ano do governo. O ex-presidente Lula (PT) foi avaliado positivamente por 41% dos entrevistados em seu segundo ano do primeiro mandato; Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi elogiado por 47% no mesmo período. Dilma também tem mais confiança da população do que Lula e FH: 73% disseram confiar nela. Lula teve a demonstração de confiança de 63% em seu segundo ano do primeiro mandato, e FH, 60%. Apesar da crise financeira mundial e do crescimento baixo do país neste ano, a população está otimista quanto ao restante do governo da petista. Segundo o Ibope, 62% acreditam que os dois últimos anos de administração de Dilma serão ótimos ou bom; 25% vêm um futuro regular com ela, e 7% acham que será ruim ou péssimo. Em comparação ao governo do ex-presidente Lula, os entrevistados acreditam que a administração de Dilma é igual à do seu padrinho político: 59% manifestaram essa impressão; para 19%, ela é melhor e 21% consideraram pior. O modo de Dilma governar também agrada à maioria - 78% aprovam o jeito como ela conduz o governo; no levantamento anterior, eram 77%. Somente 17% desaprovam. A confiança na presidente também permanece elevada. Dos entrevistados, 73% revelaram confiança nela, e 22% não confiam. Saúde, impostos e segurança pública têm desaprovação maior O principal ponto positivo deste jeito Dilma de atuar está no combate à fome e à pobreza. O Ibope aferiu que 62% aprovam as políticas adotadas pelo governo nesse sentido, e 36% desconsideram. A principal crítica, por outro lado, é na gestão da saúde - 74% desaprovam o governo nesse quesito e somente 25% aprovam. Os impostos também são lembrados como um dos itens que a população desaprova no governo Dilma. De acordo com a pesquisa, 65% criticaram os impostos, e 30% aprovaram. Segurança pública também foi outro item bastante criticado: 68% não estão satisfeitos com a política para o setor e somente 30% aprovam a segurança pública. Para o gerente executivo de pesquisas da CNI, Renato da Fonseca, a citação a itens como saúde, segurança pública e educação é um reflexo, em grande parte, das eleições municipais, que discutiu esses temas. - As eleições municipais, ao trazerem o discurso para mais perto da população, podem ter contribuído para as variáveis saúde, segurança e educação - destacou ele.Embora o julgamento do mensalão não atinja diretamente a gestão da presidente Dilma, 23% dos entrevistados citaram o escândalo como o fato mais lembrado no noticiário; 14% citaram o anúncio da redução do custo de energia elétrica e 10% a operação Porto Seguro. O percentual dos que consideram as notícias recentes mais favoráveis ao governo caiu de 29% para 24%. O Ibope ouviu 2.002 eleitores em 142 municípios entre os dias 6 e 9 deste mês. A margem de erros é de dois pontos percentuais. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A ILUSÃO DE UM ACORDO

Fonte desta imagem AQUI.

por Rodrigo Vianna

Já nos primeiros meses de governo, tudo estava claro. O governo Dilma significou um movimento rumo ao centro. Parecia uma estratégia inteligente, como escrevi na época aqui: Lula tinha já o apoio da “esquerda” tradicional – com sindicatos, movimentos sociais e também a massa de eleitores de baixa renda beneficiados pelos programas sociais. Dilma avançou para o centro, com acenos para a classe média que preferira Serra e Marina em 2010. A agenda “técnica” e a “faxina” são a face visível desse giro ao centro. Não é à toa que Dilma alcançou mais de 80% de aprovação.

Mas ela não fez só isso. Abriu mão de conquistas importantes dos anos Lula: houve retrocessos na Cultura e na área Ambiental, pouca disposição para dialogar com os movimentos sociais, nenhuma disposição para qualquer avanço na área de Comunicações. São apenas alguns exemplos.

Concentro-me nesse último ponto: o Brasil tem uma legislação retrógrada e um mercado de mídia dominado por meia dúzia de famílias. Não é só um problema de falta de concorrência, mas um problema político – na medida em que essas famílias impedem a diversidade de opinião e interditam o debate no país. No segundo mandato, Lula percebeu a necessidade de mexer nessa área; convocou a Confecom (Conferência Nacional de Comunicação) e encomendou a Franklin Martins um novo Marco Regulatório para o setor. Dilma preferiu o silêncio, mandou o ministro Paulo Bernardo guardar o projeto de Franklin numa gaveta profunda.

Dilma foi a festinhas em jornais e TVs, logo após a posse, e aceitou as pressões da velha mídia para barrar a investigação da “Veja” e de Policarpo na CPI do Cachoeira. O governo foge do confronto. Ao mesmo tempo, entope de anúncios – e de dinheiro – as empresas que são as primeiras a barrar qualquer tentativa de avanço no país – como escreveu Paulo Henrique Amorim.

A turma que cuida da Comunicação no governo Dilma parece dividir-se em duas: uma tem medo da Globo e da Abril, a outra quer garantir empregos na Globo e Abril quando terminar o mandato.

Dilma segue popular. Mas a base tradicional lulista está ressabiada.

A velha mídia e os tucanos perceberam a possibilidade de abrir uma cunha entre Dilma e o lulismo. A estratégia é simples: poupa-se Dilma agora, concentra-se todo o ódio no PT e em Lula. Com PT e Lula fracos, ficará mais fácil derrotar Dilma logo à frente.

A presidente, pessimamente aconselhada na área de Comunicações, parece acreditar na possibilidade de uma “bandeira branca” com a mídia. Não percebe que ali está o coração da oposição.

A velha mídia, derrotada por Lula em 2006 e 2010, mostra que segue fortíssima com esse episódio do ”Mensalão”. Colunistas de quinta categoria pautaram os ministros do STF, capas da “Veja” e manchetes do “JN” empurraram o julgamento para as vésperas da eleição municipal. O STF adota uma linha “nova” para o julgamento, que rompe com a jurisprudência adotada até aqui, e aceita indícios como elementos para a condenação.

Evidentemente que – nesse episódio do chamado “Mensalão” - dirigentes do PT erraram feio: está claro que a rede de promiscuidade e troca de favores entre agências de publicidade, bancos privados e entes públicos precisava ser investigada e punida. Não era “mensalão”, mas era ilícito.

O que chama atenção é o moralismo seletivo da Justiça e da velha mídia. Querer transformar o arranjo mambembe – e desastrado – feito pelo PT de Delúbio Soares no ”maior escândalo da história republicana” é quase uma piada.

O fato é que a velha mídia ganhou esse jogo até aqui. Outro fato: ninguém acredita que “indícios” serão suficientes para condenar mensalões tucanos, nem banqueiros ou publicitários que tenham se lambuzado em operações com outras forças políticas. Não. O roteiro está preparado para condenar o PT. E só isso. É parte da estratégia de retomar o Estado brasileiro.

No dia em que o julgamento começou, Dilma anunciou o tal “pacote de concessões” para a iniciativa privada, na área de infra-estrutura. Não foi à toa. Era como se a presidenta tentasse se desvincular: o “velho PT” vai pro banco dos réus; ela não, é “moderna” e confiável. Hum…

Imaginem Zé Dirceu condenado. Na manhã seguinte, o alvo será Lula. Consolidado o ataque a Lula, as baterias estarão voltadas contra Dilma. Rapidamente, a sucessora de Lula perceberá que a ilusão de um trato “republicano” com a velha mídia brasileira não era nada além disso: ilusão.

Será que Dilma deu-se conta do erro que é apostar na lua-de-mel com os conservadores? Afinal, bateu pesado em FHC, quando este último escreveu sobre a “herança” pesada que Lula teria deixado pra ela. Mas e a relação com a mídia? Preocupante saber que Dilma teria confirmado presença no Congresso da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa). Trata-se de uma espécie de Instituto Millenium, maior e mais articulado em todas as Américas. FHC e Marina estarão lá na SIP. Se Dilma também for, o círculo estará fechado.

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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os quatro maiores

VERDE E AMARELO (fonte da imagem AQUI)


Texto de Juremir Machado da Silva, publicado hoje no CP:

Não tem para ninguém. Os quatro maiores presidentes da história do Brasil são Getúlio, JK, Jango e Lula.

Avançamos de um nome, tratado, às vezes, pelo sobrenome, para uma sigla e finalmente chegamos aos apelidos. Sintomas de uma evolução da democracia. Deixamos para trás os sobrenomes pomposos da elite quatrocentona paulista. O povo saiu da planície para o Planalto. Lula está com câncer. Alguns abutres vibram sem muita discrição. Imaginam-no fora do jogo. Nunca poderão, no entanto, apagar a sua figura imensa da biografia do Brasil. Getúlio e Lula são os maiores personagens políticos de todos os tempos em nossa história. Se Cabral descobriu o Brasil, se D. Pedro I o tornou independente, se D. Pedro II deu-lhe algum ar de civilização, se a República caiu no colo de Deodoro da Fonseca, Getúlio reinventou o Brasil. Arrancou-o do atraso mais profundo e imobilizador. Empurrou-o para a sua industrialização.

Não conseguiu, contudo, nem na ditadura nem na democracia, arrumá-lo totalmente. As resistências foram poderosas. Enfrentou quatro inimigos: os "carcomidos" paulistas, derrotados de 1930, os comunistas, os integralistas e alguns dos seus aliados de primeira hora. JK entrou no jogo como um campeão da modernidade, do dinamismo e da renovação tecnológica. Deu ao Brasil uma nova capital e uma nova maneira de se ver. Melhorou a nossa autoestima e fez-nos crer que o futuro havia chegado. Sempre tivemos a impressão de viver no passado. Com JK, passamos a viver no futuro. Jango tentou completar Getúlio e ir além de JK. Quis criar um presente satisfatório para os brasileiros. As reformas de base eram necessidades vitais. Como disse Darci Ribeiro, Jango caiu pelos seus acertos, não pelos seus erros. É perigoso demais estar certo antes do tempo. Jango pagou caro.

Passaram-se 40 anos até um homem do povo ser eleito para retomar as iniciativas de Getúlio, JK e Jango. Conta-se com a ciência para curar Lula e mantê-lo firme e forte para os próximos combates. Aos que já o estão secando, salivando pelos cantos da boca, é preciso lembrar que hoje Dilma é o segundo chefe de Estado mais popular da América Latina. O Brasil só melhora realmente quando um presidente consegue distribuir renda, desconcentrar a riqueza e gerar inclusão. Um assessor de Tancredo Neves escreveu para ele discursar: "Esforçar-nos-emos para criar uma nação mais inclusiva". Tancredo traduziu: "Lutaremos por um país em que ninguém fique de fora". Jango tentou. JK nem tanto. Getúlio e Lula conseguiram. Não tudo. Mas um grande salto. Atenção aos corvos: isto não é um obituário. É um elogio em vida. Os grandes também adoecem. Felizmente a medicina evoluiu.

Dentro de 500 anos, os historiadores ainda falarão de Getúlio, o maior de todos, de JK, o modernista, de Jango, o injustiçado, e de Lula, o metalúrgico desqualificado como semianalfabeto que, com seu apelido povão, fez mais e melhor do que a maioria dos doutores tratados por nome e sobrenome sonoros. Ah, antes que alguém tenha essa ideia, não sou petista nem pedetista.

Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

QUE MEDA!

Ministro italiano faz advertência ao Brasil no caso Battisti


"Até onde eu sei, estou pronto para adotar outras iniciativas", declarou La Russa, ministro da Defesa de Berlusconi, no caso de não extradição de Cesare Battisti, aparentemente ainda meio em dúvida sobre o tema.

Lula, que deixa o Governo com 87% de aprovação, deve estar extremamente preocupado com a declaração de La Russa.

Provavelmente o Ministro da Defesa italiano, pertencente a um partido de extrema-direita, deve estar ensaiando em frente a algum espelho uma cara bem feia para fazer ao Lula na Transmissão de Posse para Dilma, se é que foi convidado. Cogita-se que até possa chamar Lula de feio e bobo.

Como se sabe a economia da Itália passa atualmente por grande turbulência e Berlusconi, com níveis de aprovação extremamente preocupantes, acabou de passar de raspão por uma moção de desconfiança do parlamento italiano.

Leia mais sobre esse assunto AQUI.

Lula é o Líder Planetário


O Semeador de Estrelas
Presidente Lula conquistou o recorde mundial de popularidade em relação a outros grandes ex-líderes mundiais, segundo pesquisa CNT/Sensus, com 87%. Michelle Bachelet, do Chile, saiu com 84% de aprovação (2010); Nelson Mandela, da África do Sul, com 82% em 1999; Tabaré Ramón Vázquez, do Uruguai, com 80% em 2010; Franklin Roosevelt, dos EUA, com 66% em 1945; General De Gaulle, França, com 55% em 1965; Néstor Kirchner, Argentina, com 55% em 2007; Margaret Thatcher, Inglaterra, com 52% em 1982; Tony Blair, Inglaterra, com 44% em 2007; François Mitterrand, França, com 35% em 1992; Bill Clinton, EUA, com 34% em 2001; José Maria Aznar, Espanha, com 33% em 2003; Daniel Ortega, Nicaragua, com 32% em 2010; Jacques Chirac, França, com 31% em 2007; Gerhard Schröder, Alemanha, com 30% em 2005; Fernando Henrique Cardoso, Brasil, com 26% de aprovação em 2002.

Blog do Affonso Ritter

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Lula e o Povo

Kennedy Alencar, colunista da Folha de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou o ritmo de viagens pelo Brasil no último mês de governo. As despedidas ao estilo Silvio Caldas têm sido criticadas.

Para alguns, Lula estaria quebrando a liturgia do cargo, comportando-se como um caudilho que não consegue suportar a perda das mordomias presidenciais.

Na opinião de outros, ele seria emotivo demais para um cargo que exigiria maior compostura. Fala-se até em desrespeito institucional.

São críticas injustas. Mais uma vez, o presidente é subestimado. Atribuem a ele intenções menores, como se o contato com a população fosse uma manipulação e não um sentimento real.

Ora, Lula é um presidente com uma trajetória pessoal e política diferente dos que governaram antes. É o primeiro metalúrgico eleito para comandar o país. Não esconde que é emotivo, chorão. Fala que governa com o coração. Nunca quis se comportar como um intelectual ou um lorde na Presidência.

Nos dias 13 e 14 de dezembro, em viagem ao Ceará, Paraíba e Pernambuco, Lula fez discursos e gestos civilizadores do ponto de vista político.

Em Missão Velha (CE), falou para uma multidão que aguardava sua chegada numa estação de trem. Ele havia andado no vagão de passageiros VIPs da ferrovia Transnordestina. Encontrou homens e mulheres sorrindo e chorando ao ver um presidente com o qual se identificavam.

No característico estilo informal, deixou o discurso escrito de lado e improvisou. Disse que os nordestinos tinham o direito de ambicionar ser mais do que serventes de pedreiro em São Paulo. Subiu o tom de voz para afirmar que podiam sonhar em ser médicos, arquitetos, advogados. Retratava a sua própria história. Desceu do palanque e foi abraçar, beijar e tirar foto com quem quisesse.

Na visita a São José de Piranhas (PB), andou dentro de um túnel que está no começo da construção. Quando ficar pronta, em 2012, a obra servirá de leito à transposição das águas do rio São Francisco. Terá 15 quilômetros.

Informado de que um grupo aparecera fora do roteiro, ele, mesmo atrasado, foi falar com cerca de 100 pessoas _a maioria funcionários da obra e seus familiares. Um adolescente veio com o pai e a mãe de João Pessoa (horas de carro em estrada ruim) para conhecer o presidente. Os dois se abraçaram e choraram.

Lula discursou sobre a emoção de um "filho de dona Lindu" executar algo que o imperador Pedro 2º sonhara realizar. Mais uma vez, repetiu que as mudanças inegáveis no Nordeste, região que tem crescido acima da média nacional, criaram oportunidades para melhorar de vida de todos ali. Incentivou nordestinos a ter orgulho de sua origem. Reconheceu que faltava muito por fazer, mas que todos deveriam ajudar Dilma Rousseff a fazer mais e melhor. Disse que, fora da Presidência, gostaria de voltar ali e participar da inauguração do canal.

Nesse mesmo dia, em Salgueiro (PE), numa tarde com 38ºC, entregou títulos de propriedade a famílias que serão reassentadas numa área rural beneficiada pela transposição. O discurso das outras solenidades se repetiu em linhas gerais, mas despertou atenção uma conversa entre uma moça e o presidente ao final, quando ele tradicionalmente desce do palanque para atender aos pedidos de fotos, beijos e abraços.
Sem os incisivos superiores, ela pediu a Lula que lhe arrumasse os dentes. Quando um repórter se aproximou, ela fechou a boca.

Passou a falar com Lula aos murmúrios. Olhos marejados, o presidente chamou o prefeito da cidade. Perguntou se ele havia recebido verba do programa "Brasil Sorridente". O prefeito disse que sim.

O presidente pediu, então, que o prefeito cuidasse pessoalmente do caso da moça, que ele iria acompanhar mesmo depois de sair do Palácio do Planalto. Virou-se para ela e deixou claro que não seria preciso pagar nada. Repetiu que era um direito dela e que ela fazia muito bem em querer colocar dentes novos, para ficar mais bonita.

Despediram-se com um beijo e um abraço daqueles de urso que Lula costuma dar. Ela se afastou e sorriu. O repórter quis saber seu nome. Envergonhada, ela tapou a boca e disse que não queria conversa.

Antes de entrar no carro para outro ato, Lula falou com Júlio Bersot, assessor que pega todos os bilhetes e pedidos nos eventos. Pediu que acompanhasse o caso da moça e que cobrasse o prefeito.

Nesses dois dias, Lula discursou e chorou muito. Não consta que tenha dito algo impróprio para um presidente com a sua biografia.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

FRASES


"O que acho estranho é que o rapaz que estava desembaraçando a diplomacia foi preso e eu não estou vendo nenhum protesto contra a liberdade de expressão. Não tem nada contra a liberdade de expressão de um rapaz que estava colocando a nu um trabalho menor que alguns embaixadores fizeram".

Presidente Lula manifestando sua surpresa pelo fato da "grande" imprensa brasileira não estar se manifestando contra prisão do criador do WikiLeaks (9 de dezembro de 2010).

terça-feira, 9 de novembro de 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Lula acusa Serra de mentir e simular agressão em tumulto no Rio


PORTO ALEGRE (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou nesta quinta-feira o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, de mentir por conta do que considerou uma simulação de agressão que teria sido feita por ele durante confronto entre militantes do PT e tucanos na véspera.


"A mentira que foi produzida ontem pelo esquema publicitário do José Serra é uma coisa vergonhosa. Passaram o dia inteiro vendendo que esse homem tinha sido agredido", disse Lula a jornalistas, após a inauguração do dique seco do Polo Naval de Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

Lula contou que após saber do incidente entre militantes das duas legendas durante evento de Serra na zona oeste do Rio de Janeiro, chegou a pensar em entrar em contato com dirigentes do PT para que se solidarizassem com o tucano, mas mudou de opinião após ver imagens feitas pelo SBT.

A reportagem da emissora sobre o tumulto mostra o tucano sendo atingido na cabeça pelo que parece ser uma bolinha de papel. De acordo com a reportagem, cerca de 20 minutos depois de ser atingido, Serra recebe um telefonema e leva a mão à cabeça.

Segundo a assessoria de imprensa da campanha de Serra, o candidato do PSDB foi atingido por um "pesado objeto", sentiu-se mal e cancelou o restante dos eventos de campanha no Rio. O tucano foi levado para uma clínica onde fez exames e recebeu recomendação médica de repouso por 24 horas.

"Nenhum candidato, novo ou velho, tem o direito de mentir de forma descarada como o PSDB fez ontem, achando que atrás da tela tem um bando de pessoas que não entendem nada", atacou Lula.

O presidente comparou o episódio com o do ex-goleiro da seleção do Chile Roberto Rojas, que durante uma partida contra o Brasil em 1989 no Maracanã, válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo do ano seguinte, fez um corte proposital no supercílio quando um foguete foi lançado por uma torcedora no gramado.

O jogo foi suspenso e, depois que a farsa foi descoberta o Chile, que precisava da vitória para se classificar para o Mundial, foi declarado derrotado e foi suspenso dos Mundiais de 1990 e 1994. Rojas foi banido do futebol e anistiado anos depois.

(Reportagem de Sinara Sandri)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

DEVER CUMPRIDO


No calor da corrida eleitoral rumo ao segundo turno, o presidente Lula entrou no clima de fim de mandato e já faz balanços de seu governo. A pouco mais de dois meses para o término de sua administração, Lula diz que vai entregar o cargo "com a sensação de dever cumprindo". 

Em evento institucional, a inauguração das unidades de Coque e de Hidrotratamento de Diesel da refinaria da Petrobras em São José dos Campos, interior de São Paulo nesta segunda-feira (18/10), Lula seguiu o protocolo e não falou de campanha política. Mas não perdeu a chance de passar sua mensagem.
"Essa empresa que muita gente tentou vender, que muita gente tentou mudar o nome (…), essa empresa chega em 2010 se transformando na segunda empresa de petróleo do mundo, motivo de orgulho para cada um de nós, brasileiros", atacou Lula indiretamente os adversários políticos Fernando Henrique Cardoso e José Serra.
Perto do fim
Acompanhado de José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, e do ministro de Minas e Energia, Marcio Pereira Zimmermann, Lula comparou a dimensão da produtora brasileira de petróleo aos seus oito anos de governo. "É importante dizer em alto e bom som, e repetir toda a hora: quando assumimos o governo, o valor patrimonial da Petrobras era de pouco mais de 15 bilhões de dólares. Hoje, o valor patrimonial da Petrobras é de apenas 220 bilhões de dólares", ironizou.
"Gente, isso aqui é um ato institucional, portanto a gente não pode falar de campanha aqui. Porque depois alguém escreve uma matéria e vem um processo…", lembrou Lula diante da plateia de trabalhadores que pedia para ele não deixar o governo.
Segundo o presidente, seu governo fez muito pelo Brasil, mas ainda há muito que ser feito porque, afinal, "não se consegue, em apenas oito anos, consertar os desmandos de 500 anos neste país com a parte mais pobre da população."
Lula disse ainda que, ao entregar a faixa no dia 31 de dezembro, entra para a história como o presidente que mais construiu universidades no país – o que ele chamou de contradição e de paradoxo, já que ele próprio não fez curso superior.
"Nós conquistamos a Copa do Mundo, conquistamos as Olimpíadas, e espero que possamos conquistar uma grande quantidade de medalhas", considerou Lula como parte de seus feitos a escolha do Brasil como sede dos eventos esportivos.
O peso da Petrobras
A importância da fabricante nacional de petróleo é usada na campanha dos dois concorrentes a presidência, Dilma Rousseff e José Serra. A candidata do PT reforça os feitos da empresa e acusa o oponente de querer privatizá-la. Já Serra se defende, e promete fortalecer a Petrobras caso seja eleito.
Durante o evento, José Gabrielli falou que, quando assumiu a presidência da empresa, havia um planejamento que abriria caminho para a privatização da Petrobras. O plano reduzia a exploração petrolífera, desmembrava a área de refino, inibia investimentos entre outros.
A fabricante, que recentemente protagonizou a maior capitalização da história e se prepara para explorar o Pré-Sal, passou da capacidade de produção diária de 181 mil barris de petróleo em 1980 para 2 milhões de barris atualmente.
Nem só de petróleo
A refinaria de São José dos Campos é a mais nova da Petrobras, inaugurada em 1980. Atualmente, há outras quatro em construção. A unidade, que responde a 14% da produção de derivados de petróleo no Brasil, foi modernizada e hoje fornece diesel mais limpo, com redução das partículas de enxofre, segundo os padrões europeus.
Questionado sobre os investimentos em energia limpa, Gabrielli respondeu à Deutsche Welle: "Nós temos hoje, claramente, a maior perspectiva de crescimento de produção de petróleo, mas também somos, entre as petroleiras, uma das maiores na área na produção de biodiesel e etanol".
O presidente da Petrobras disse não ser correta a afirmação de que a Petrobras é uma empresa que só trabalha com petróleo, como frisado pela imprensa internacional. Segundo Gabrielli, há parcerias em andamento com o setor eólico no nordeste do Brasil. Mas ele não esconde o orgulho ao lembrar que foi o petróleo que colocou a empresa brasileira no topo do cenário internacional.
Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer
Deutsche Welle

domingo, 3 de outubro de 2010

PRESIDENTE LULA: “SI FUERA POR LA PRENSA YO TENDRIA EL 10 POR CIENTO DE APROBACION”


El presidente brasileño aceptó conceder una entrevista a tres medios de América latina, uno de ellos Página/12, horas antes de que Brasil defina si Dilma Rousseff gana en primera vuelta. Lula habló de su historia, de sus sueños, de América latina, de los cambios en la Argentina, de las élites y de la prensa conservadora.

Por Martín Granovsky, para Página/12

Desde Brasilia

Es el último día de la campaña electoral. A las 12 de la noche empieza la veda. El presidente brasileño concederá esta entrevista y volará de inmediato a San Pablo. Quiere reforzar a Dilma Rousseff, la candidata del Partido de los Trabajadores. Es jueves a la mañana. Todavía no le llegaron a Luiz Inácio Lula da Silva las informaciones sobre la rebelión en Ecuador, a la que luego calificaría de “salvajada” e “intento de golpe de Estado”, pero habla una y otra vez de la democracia en América latina. Reforzarla, explica, será parte de su futuro.

La conversación se realiza en un despacho del Planalto, la Casa Rosada de Brasilia. La inmensa construcción diseñada por Oscar Niemayer, el arquitecto que acaba de cumplir 103 años y vive en Copacabana, está recién acondicionada. Paredes repintadas de blanco, cuadros en los pasillos, una berlina del siglo XIX en la planta baja.

Es una entrevista con tres medios: Página/12, el diario La Jornada de México y el sitio web Carta Maior de Brasil. Por La Jornada está Carmen Lira, su directora. Carmen es la periodista a la que Fidel Castro le dijo hace muy poco, entre otras cosas, que se arrepentía de la política cubana hacia los homosexuales. Por Carta Maior ahí ya está sentado Emir Sader, secretario general del Centro Latinoamericano de Ciencias Sociales y uno de los ensayistas más agudos de la región.

También su editor, Joaquim Palhares, responsable de la hazaña de haber convertido a Carta Maior en una referencia mundial con decenas de miles de visitas y 65 mil usuarios registrados con nombre y apellido.

A las 8 de la mañana el equipo multinacional de entrevistadores ya se había reunido delante de un buen desayuno brasileño para conversar sobre la charla con Lula. Fue un momento de concentración. Tanto que nadie pudo conversar con un amigo de Emir que compartía la mesa: Perry Anderson, el marxista inglés.

Por el despacho del Planalto pasa, fugaz, Marco Aurelio García, el asesor internacional de Lula. También él viajará a San Pablo. Engripado en medio de la campaña, no quiere descanso ni pierde el optimismo. Tampoco Lula puede disimularlo. Está rozagante. Cuando entra y saluda uno por uno es tentador sacar una conclusión: si hubiera que hacer el retrato de un hombre feliz, de un dirigente político satisfecho, no estaría mal elegir a este señor que entregará el mando el 1º de enero de 2011 después de dos mandatos y con un 80 por ciento de imagen positiva.

–¿Qué aprendió en casi ocho años de Presidencia? ¿Qué entiende hoy mejor que antes? ¿Qué diferencia tiene el Lula de hoy con el que asumió el 1º de enero de 2003?
–En la Presidencia lo primero que aprendemos es a gobernar. Cuando uno llega a la presidencia de la República normalmente antes estuvo muchos años en la oposición. Cuando iba un debate o a una reunión yo les decía a mis interlocutores: “Me parece”, “pienso”, “creo...”. En el Gobierno uno no piensa que, a uno no le parece que, uno no cree que. O hace, o no hace. Gobernar es una eterna toma de decisiones. Uno aprende a ser más tolerante y a consolidar la práctica democrática. La convivencia política en la adversidad es una enseñanza estupenda para quien cree en la democracia como un valor supremo dentro del arte de hacer política. Y eso lo aprendemos ejercitándolo todo el santo día. No creo que haya una universidad capaz de enseñarle a alguien a hacer política, a tomar decisiones. Uno puede teorizar, pero entre la teoría y la práctica hay una enorme diferencia diaria. Tomemos, por ejemplo, mi segundo mandato, que empezó en el 2007. Todo el mundo sabe que yo le tenía miedo a ese segundo mandato presidencial. Tenía miedo del agotamiento, de la chatura, de repetir todo. Pero cuando lanzamos el PAC, el Programa de Aceleración del Crecimiento, la verdad es que hicimos un transplante de todos los órganos vitales del Gobierno y creamos un gobierno nuevo, más productivo, mucho más eficaz, más activo. Eso es lo que tenemos hoy en funcionamiento. Para mí ése fue un gran aprendizaje. Tanto que no quiero olvidarlo cuando deje la Presidencia. Preciso continuar aprendiendo. Pasar por la Presidencia, enfrentar las adversidades que enfrentamos nosotros y llegar al final del segundo mandato con esta buena situación de hoy es algo que logramos porque practicamos intensamente el ejercicio democrático. Convocamos a 72 audiencias nacionales sobre todos los temas, desde la seguridad pública a la comunicación, pasando por la discapacidad. Todas las políticas que implementamos fueron resultado de audiencias. El pueblo participó activamente de las decisiones y de las políticas públicas. Ese es el cambio fundamental. Cuando llegué, en 2003, en el Ministerio de Transportes se gastaban mil millones de reales por año. Hoy gastamos 1,6 mil millones de reales por mes. O sea que aprendimos a gastar y aprendimos a hacer obras.

–¿En el mismo ministerio?
–El mismo. Con esos 1,6 mil millones pagamos y contratamos lo que hace falta. En 2003 teníamos 380 mil millones de reales de crédito para todo Brasil. Hoy, 1,6 billones.

–¿Eso es mucho?
–Es poco. Pero es mucho si se lo compara con lo que teníamos en 2003.

“No dependemos de la prensa”

Lula suele hacer comentarios ocasionales sobre la política de algunos grandes medios de comunicación, pero no de una manera permanente: parece creer que cuando los hechos son tozudos se vuelven indestructibles. La última tapa del semanario Veja parece escrita en medio de una guerra. En lugar de anunciar las elecciones, alerta contra una supuesta amenaza contra la libertad. La causa de tanta alarma es que Lula sólo dijo que a veces, cuando los partidos conservadores son insuficientes, algunos medios actúan como partidos conservadores.

–El día que la prensa decida divulgar la revolución que se produjo en Brasil –dice ahora con ironía–, el pueblo se va a dar cuenta del todo. En los sondeos el Gobierno aparece con un 80 por ciento de aprobación. No es Lula, es el Gobierno. ¡Y estamos en el octavo año de mandato! ¿Cuál es el fenómeno? Que no dependemos de la prensa. Si fuera por la prensa, yo tendría 10 por ciento de aprobación. O hasta les debería algunos puntos. El fenómeno es que los resultados llegan a las manos del pueblo. El pueblo recibe los beneficios, ve que las cosas se hacen. Entonces, el que no habló no formó parte de la historia de ese período. Ese fue el gran cambio entre 2003 y 2010.

–Usted dice que hizo cosas que quizás algún día la prensa divulgará. Y el gobierno, ¿no lo divulgó?
–En Brasil hay un debate muy interesante. Y sé que no es una discusión sólo brasileña. En la Argentina se da el mismo debate, y lo mismo en los otros países de América latina. Hasta Barack Obama, a poco de asumir, dijo que la cadena Fox no es un medio de comunicación sino un partido político. Yo converso con dirigentes de todo el mundo. Todos se quejan. Yo no me quejo mucho de la prensa porque también llegué adonde llegué a causa de la prensa. Contribuyó mucho a que yo llegara donde llegué. Por eso soy un defensor juramentado de la libertad de expresión y la democracia. Ahora, hay gente que confunde la democracia y la libertad de comunicación con actitudes extemporáneas. No sé si es una tendencia mundial. No sé si será que las buenas noticias no venden diarios. Tal vez los escándalos vendan... Yo voy a terminar mi mandato sin haber almorzado con ningún dueño de diario, con ningún dueño de un canal de televisión, con ningún dueño de revista. Sí mantuve con todos ellos una actitud respetuosa y democrática. Quise entender su papel y que ellos entendieran el mío. Muchas veces el pueblo se entera de las cosas buenas que suceden en este país porque las divulgamos nosotros a través de la publicidad, por Internet o por el blog del Planalto. A veces, si sólo dependiese de determinados medios de comunicación, ni siquiera hablarían de algunos temas. Algunos hasta dicen: “No nos interesa cubrir eso, esa inauguración...”. Por ahí es verdad, no sé... El dato concreto es que, en mi opinión, si el pueblo fuese mejor informado, sabría más cosas y podría hacer mejores juicios de valor. Para mí el arte de la democracia es ése: que la gente tengan seguridad de la calidad de la información, de la honestidad de la información y de la neutralidad de la información. Y quizás hubiera sido más fácil que los medios de comunicación asumiesen categóricamente su compromiso partidario. Así todos sabríamos quién es quién. Pero ésa no es la situación actual en Brasil. Hoy parece todo independiente, pero basta ver las tapas para darse cuenta de que la independencia termina donde comienza el comercio. También se trata de un aprendizaje. Tenemos poco tiempo de democracia. En este momento estamos viviendo el mayor período de democracia constante de Brasil, sea a partir de la Constitución de 1988 o sea a partir de la asunción del presidente José Sarney. Son poco más de 20 años. Es una democracia muy incipiente, aunque es muy fuerte y goza de instituciones sólidas. Hicimos un impeachment y no pasó nada. Aquí eligieron a un metalúrgico. Percibimos un avance general en América latina. Eso va consolidando la democracia independientemente de los nostálgicos que siempre dijeron que un metalúrgico no podría llegar a la cima, que un indio tampoco, que un negro no podría llegar, que una mujer tampoco. Estamos quebrando esos tabúes.

“Opción por la democracia”

Lula creció políticamente como dirigente sindical, como luchador por la libertad en Brasil y como uno de los líderes del movimiento a favor de las elecciones libres en medio de la dictadura que gobernó nada menos que 21 años, entre 1964 y 1985. El Partido de los Trabajadores se fundó en 1980. No necesitó adaptarse, como otros partidos de izquierda, a la democracia como un valor supremo. Así surgió.

–Hay que valorar esto –dice Lula cuando revisa qué pasa hoy en Sudamérica–: la izquierda en América latina hace opción por la democracia y por esa vía está llegando al poder en varios países. Los golpes no son de la izquierda. Nadie de izquierda dio el golpe en Honduras. Entonces, la gente precisa saber que si la información fluye correctamente, eso facilitará la toma de decisiones para su vida. En Brasil estamos aprendiendo. Así vamos construyendo nuestra democracia. No tengo derecho a quejarme. Voy a terminar mi mandato con el mayor nivel de aprobación que jamás alguien haya alcanzado. Hay presidentes que ni siquiera comienzan con esa cifra del 80 por ciento. Por eso tengo que agradecer al pueblo brasileño, a la democracia brasileña y –por qué no decirlo– también a la prensa: su comportamiento, a favor o en contra, fue formando un juicio de valor. Tengo una tesis que vale tanto para la prensa como para nuestra conducta cotidiana: si todos los días alguien está a favor del gobierno, perderá credibilidad. Pero también la perderá si todos los días está en contra. Los dos extremos son malos. Hay que hablar de las cosas buenas del gobierno cuando suceden. Entonces, cuando se hable de las cosas malas, la credibilidad estará intacta. Eso es lo que desarrollaría y consolidaría la libertad de comunicación en el país: el compromiso sólo con la verdad y nada más que con la verdad, le duela a quien le duela.

–En la campaña electoral de 2002 usted decía que el mercado no era capaz de entender la necesidad de que los brasileños comieran tres veces por día. Después de dos mandatos, ¿cumplió con ese objetivo?
–En dos mandatos y ocho años de gobierno conseguimos hacer una revolución. Sacamos a 27 millones que estaban por debajo de la línea de pobreza absoluta y al mismo tiempo llevamos 36 millones de personas a convertirse en parte de la clase media. No es poca cosa. Generamos 15 millones de empleos.

–Treinta y seis millones es casi una Argentina entera.
–Sí, casi una Argentina. Y simultáneamente desplegamos programas para atender a la franja más pobre de la población. Programas simples pero objetivos, como la Bolsa Familia, como el programa Luz para todos, como el PPA, que es para compra de alimentos, o el plan de Agricultura Familiar. Realizamos políticas públicas que no estaban previstas en el escenario político nacional. El pueblo brasileño hoy vive más feliz, mejor, pero todavía hay mucho que hacer. Espero que en los próximos tiempos la compañera Dilma pueda concluir el trabajo que comenzamos. Ya probamos que era posible. Lo hicimos con mucha fuerza y, diría, mucha eficacia. No quiero ser presuntuoso, pero lo que hicimos en política social es una revolución en Brasil. Una revolución que aún debe ser completada. No se puede desmontar el aparato de exclusión de 500 años en 8 años. Pero ahora contamos con una base extraordinaria y tenemos que extender la experiencia a otros países. Porque algunas cosas son sagradas para nosotros. Combinamos crecimiento económico con baja inflación. En Brasil, eso parecía imposible. Y era imposible aumentar los salarios en términos reales y mantener controlada la inflación. O mantener una política de exportación creciente y, al mismo tiempo, una política de fortalecimiento del mercado interno. Todo esto demuestra un alto grado de estabilidad en las políticas que desplegamos. Si esas políticas tuvieran un horizonte de otros cuatro u ocho años, sin duda dentro de poco tiempo seremos la quinta economía del mundo. Las condiciones están dadas. Ese horizonte es posible porque avanzamos gracias a la relación que establecimos con la sociedad.

Ya no manda la “Casa Grande”

En 1933, el sociólogo Gilberto Freyre escribió un libro con destino de clásico: Casa Grande e Senzala. Había comenzado preguntándose qué era ser brasileño. Y el libro describía una sociedad esclavócrata, híbrida de indios y negros. En la colonización portuguesa, la casa grande era el casco de la fazenda azucarera y después cafetalera, en medio de un mestizaje permanente con las guaraníes. Las condiciones se hicieron más duras con la introducción de los esclavos negros, que vivían en las barracas, las senzalas, y proveían tanto la mano de obra como las domésticas y las amantes forzadas.
–Se terminó el tiempo en que la “casa grande” decía qué tenía que hacer la senzala –subraya ahora este Lula que en el siglo XIX sin duda hubiera estado confinado en un rancho.

–Si no hay intermediarios, ¿cómo se comunica un presidente como usted?
–El tono oficial me da un poco de miedo. Puede tener credibilidad durante un tiempo, pero después la pierde. Yo tengo un programa de radio. Sale los lunes. Dura cinco minutos. A veces hasta llego a seis minutos. Lo grabo el domingo a la noche y después no es obligatorio difundirlo. Lo transmite la radio que quiere hacerlo. Sí disponemos de la NBR, la televisión del gobierno, que divulga íntegramente las cosas que hacen los gobiernos. Se transmiten enteros todos los discursos.

–¿La NBR está en televisión abierta?
–No, no. Aún estamos construyendo todavía la tevé pública. Es un proceso de fortalecimiento. Pero no queremos que la tevé pública quede como un canal para transmitir las actividades del presidente. Nadie soporta eso todos los días. Mi ideal es que todos nos comprometamos con la verdad. Incluso los medios de comunicación. Cuando el pueblo esté bien informado, todos estarán bien informados. El Estado no tiene por qué tener un instrumento oficial para transmitir. Sí debe contar con una tevé pública con programación de calidad, de contenido competitivo en forma y en fondo. El Estado no debe competir con los privados en materia de financiamiento. Debe ser el primero en pluralidad de informaciones, porque eso dará credibilidad al Estado. Y al mismo tiempo, ser el primero en la seriedad de las informaciones. La tevé pública no debe decir que el presidente Lula está vestido con traje blanco cuando tiene uno negro. No tiene por qué decir que juega bien o mal al fútbol. Si, al contrario, se compromete con la verdad, puede ser que a un presidente o a otro no le guste lo que dice la tevé, pero la democracia lo agradecerá. Yo no hubiera sido presidente sin democracia. Recordemos, por ejemplo, aquella foto famosa del primer gobierno de la Revolución Rusa. En esa dirección política no hay un solo obrero metalúrgico. Y así pasa normalmente en muchas revoluciones. Las direcciones políticas son siempre de clase media. O de intelectuales. Pero en Brasil conseguimos crear democráticamente un partido con mayoría de trabajadores y llegamos a la presidencia de la República. Y todo eso en poco más de 20 años.

“El derecho de comer”

Hay una imagen famosa de Lula. Lo muestra dando un discurso en un estadio de San Pablo mientras sobrevuelan los helicópteros de la dictadura.

–Tengo una conducta que viene del movimiento sindical –dice–. La democracia, para mí, no es una media palabra. Es una palabra completa. Algunos entienden por democracia apenas el derecho del pueblo a gritar que tiene hambre. Yo entiendo por democracia no sólo el derecho de gritar contra el hambre sino el derecho de comer. Esa es la diferencia fundamental. Democracia, para mí es permitir el derecho de adquirir conquistas, y no sólo el derecho a la protesta. Es un tema delicado. Aquí en Brasil hicimos una Conferencia de Comunicación. Participaron algunos dueños de medios de comunicación, de telefonía, gente del movimiento social, los blogueros... Todos. Todos los que quisieron participar. No me quejo. Pero aquí debería invitar a Emir Sader a que dé una conferencia para los dueños de diarios y les diga lo que él sostiene: que tienen obligación de informar. Ellos no lo creen así. Muchas veces parece que tuvieran obligación de desinformar. Miren los diarios y las revistas de los últimos tiempos. ¡Y no hubo un presidente que haya dado a la democracia la importancia que le di yo! Es importante entender lo que pasa en Brasil. El pueblo levantó la cabeza y la autoestima a un nivel extraordinario. Y todavía va a mejorar más. Cuanto más pluralismo tengamos, cuantas más opciones tengamos, mejor informado estará el pueblo, porque el pueblo dispondrá de una canasta de informaciones. Por eso es importante la revolución de Internet, que mucha gente no comprende o no quiere comprender. Después de Internet todo queda viejo. La Internet es en tiempo real. O sea: termino de dar una entrevista colectiva, vuelvo a mi oficina, me conecto y en 30 segundos están las noticias de todo el mundo. Incluso mi propia conferencia de prensa. No sé cómo hará el mundo para sobrevivir a esa avalancha de informaciones que recibe la sociedad. Las personas interactúan, responden, critican, se sienten coautoras de la noticia. Es extraordinario.