Alan Garcia:
Um protesto de indígenas no Peru terminou com a morte de pelo menos 33 pessoas nesta sexta-feira.
A manifestação, contra leis que os indígenas consideram como "prejudiciais" a suas comunidades, aconteceu na Província de Bagua, que fica na região amazônica.
De acordo com a Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (AIDESEP), que representa os indígenas, pelo menos 22 manifestantes da etnia awajún morreram nos confrontos com a polícia.
Onze policiais também teriam morrido nos enfrentamentos, de acordo com o primeiro-ministro Yehude Simon. Segundo ele, apenas três manifestantes teriam morrido.
Os conflitos tiveram início na madrugada de sexta-feira, quando policiais tentaram liberar uma estrada que havia sido bloqueada pelos indígenas.
A ação gerou protestos e, por volta do meio dia, segundo a imprensa peruana, as manifestações se espalharam pelas cidades de Bagua e Jaén, onde edifícios públicos foram incendiados.
Os manifestantes protestavam contra uma nova legislação que permite que empresas estrangeiras explorem a madeira, minérios e instalem grandes fazendas nas terras habitadas por indígenas.
Acusações
O presidente do Peru, Alan García, lamentou as mortes e responsabilizou os incidentes a "falsos dirigentes indígenas".
Em entrevista à BBC, o chanceler peruano, José Antonio García Belaúnde, afirmou que os manifestantes "portavam armas de fogo" e que teriam atirado contra helicópteros e "logo conseguiram matar policiais".
Já a organização indígena AIDESEP negou as acusações e responsabilizou o poder executivo pelas mortes, por ter ordenando a repressão aos protestos.
Em uma entrevista coletiva nesta sexta-feira, o presidente da AIDESEP, Alberto Pizango, afirmou que os indígenas foram "fuzilados" pelos policiais. Ele pediu também a "atenção internacional" para o caso.
Protestos
Grupos indígenas peruanos estão realizando, desde o último dia 9 de abril, protestos contra uma série de decretos legislativos do presidente Alan García.
Entre as leis questionadas pelos indígenas está uma que regulamenta o manejo dos recursos hídricos do país e outra que estabelece parâmetros para a administração de recursos florestais.
A nova legislação foi estabelecida em 2008 pelo presidente, com o uso de poderes especiais concedidos a ele pelo Congresso para o processo de implementação do acordo de livre comércio entre Peru e Estados Unidos.
As comunidades indígenas argumentam que a legislação é "prejudicial" a seus direitos, por permitir a "privatização" das florestas e dos recursos hídricos.
Até agora, os protestos incluíram bloqueios de estradas, o fechamento de válvulas de gasodutos e o bloqueio de rios para navegação.
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