domingo, 6 de setembro de 2020

OS ENGENHEIROS DO CAOS

 


Se você quiser saber como as Fake News, as Teorias da Conspiração e os Algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ÓDIO, MEDO e influenciar ELEIÇÕES, a leitura do livro “OS ENGENHEIROS DOS CAOS”, de Giuliano Da Empoli, é fundamental.

Você vai entender perfeitamente como figuras improváveis, como Bolsonaro e Trump, tiveram sucesso eleitoral.

A seguir pequeno trecho do livro, para degustação:

““Somos criaturas sociais, e nosso bem-estar depende, em boa parte, da aprovação dos que estão em volta. Ao contrário de outros animais, o homem nasce sem defesas e sem competências e continua assim por muitos anos. Desde o início, sua sobrevivência depende das relações que ele consegue estabelecer com os outros. O diabólico poder de atração das redes sociais se baseia nesse elemento primordial. Cada curtida é uma carícia maternal em nosso ego. A arquitetura do Facebook é toda sustentada sobre a nossa necessidade de reconhecimento, como admite, tranquilamente, seu primeiro financiador, Sean Parker.

“Nós fornecemos a você uma pequena dose de dopamina, cada vez que alguém o curte, comenta uma foto ou um post, ou qualquer outra coisa sua. É um loop de validação social, exatamente o tipo de coisa que um hacker como eu poderia explorar, porque tira proveito de um ponto fraco da psicologia humana. Os inventores, os criadores, eu, Mark [Zuckerberg], Kevin Systrom, do Instagram, estávamos perfeitamente conscientes disso. E, mesmo assim, fizemos o que fizemos. E isso transforma literalmente as relações que as pessoas têm entre si e com a sociedade como um todo. Interfere provavelmente na produtividade, de certa maneira. Só Deus sabe qual o efeito que isso produz no cérebro de nossos filhos.”

Bem antes dos Bannon e dos Casaleggio, há o trabalho dos aprendizes de feiticeiro do Vale do Silício. O maquinário hiperpotente das redes sociais, suspenso sobre as molas mais primárias da psicologia humana, não foi concebido para nos confortar, mas, pelo contrário, veio à luz para nos manter num estado de incerteza e de carência permanente. O cliente ideal do Sean Parker, de Zuckerberg e de todos os outros é um ser compulsivo, empurrado por uma força irresistível para voltar à plataforma dezenas, centenas, milhares de vezes por dia, fissurado por essas pequenas doses de dopamina da qual se tornou dependente. Um estudo americano demonstrou que, em média, cada um de nós dá 2.617 toques por dia na tela de nosso smartphone. Sem dúvida, não é o comportamento de uma pessoa que esteja sã de espírito. Está mais próximo do modo de agir de um junkie em fase terminal, que se “aplica”, ao longo do dia, seguidas doses de refresh e de likes.””

 

Agradeço ao amigo Dr. Junico Antunes pela indicação e ao meu filho Henrique Zasso Rösler pela digitação.

 

Omar. 

Setembro de 2020 

 

Fonte da Imagem: https://br.pinterest.com/pin/674554850408950152/