quinta-feira, 31 de maio de 2012

Indústria do tabaco promove ataques cada vez mais agressivos


Ações da indústria se voltam aos adolescentes e mulheres. Número de fumantes gira em torno 1,1 bilhão em todo o mundo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou na última quarta-feira (30) que segue firme na guerra contra a indústria do tabaco, acusada de usar a 'intimidação' e de lançar 'ataques cada vez mais agressivos' para debilitar as políticas públicas contra o cigarro. 'Temos que ser aliados nesta batalha contra a interferência da indústria do tabaco. A OMS rejeita terminantemente suas tentativas de intimidação e todas suas sujas artimanhas', declarou o diretor da Iniciativa Livre de Tabaco da OMS, Douglas Bettcher.

Em entrevista coletiva às vésperas do dia mundial sem tabaco, celebrado nesta quinta (31), Bettcher pediu unidade para resistir às artimanhas da indústria do tabaco, que, por sua vez, tenta 'atingir' grupos de consumidores cada vez mais jovens.

O consumo de tabaco no mundo permanece estável, com 20% da população mundial. Entre os homens, a prevalência é de 38%, enquanto entre as mulheres é de 10%.

'Em termos absolutos, o número de fumantes gira em torno 1,1 bilhão em nível mundial, destacando uma tendência específica ao aumento do consumo entre mulheres jovens da América Latina, Europa e algumas partes da Ásia', apontou outro analista da OMS na luta contra o tabaco, Armando Peruga.

Segundo Peruga, essas regiões citadas registram cada vez mais casos de adolescentes, entre 13 e 15 anos, 'viciados em nicotina', sendo que o consumo do tabaco é diretamente responsável por doenças que causam a morte de 6 milhões de pessoas ao ano.

No último século, de acordo com Bettcher, o tabaco provocou a morte de 100 milhões de pessoas. Seguindo as projeções, o século 21 poderia registrar a morte de 1 bilhão de pessoas por causa do tabaco.

No entanto, as vítimas dessa indústria não são somente os fumantes, mas também todos aqueles que inalam a fumaça produzida por outros.

Um recente estudo citado por Peruga revela que 300 mil pessoas no mundo morrem anualmente por causas relacionadas à exposição da fumaça do tabaco e que, deste número, 120 mil são crianças menores de cinco anos.

Em termos de interferência da indústria com os processos legislativos nacionais, Peruga citou os esforços que as companhias de tabaco fazem para impedir que a Austrália introduza um novo pacote padrão para os maços de cigarros.

A partir de outubro, o governo australiano deve aplicar uma nova legislação que impedirá que as empresas utilizem cores ou desenhos atrativos em torno de seus logotipos. Dentro desta nova lei, os maços terão um padrão único para todas as marcas.

A Nova Zelândia e o Reino Unido já declararam publicamente sua intenção de adotar uma medida similar, em relação a apresentação dos maços de cigarros, em um prazo de dois anos.

'A indústria está desesperada porque estão perdendo suas opções de espaços para fazer propaganda de seus produtos', comentou Bettcher.

O representante da OMS também enunciou os esforços da indústria do tabaco para captar consumidores cada vez mais jovens e também as mulheres, ou seja, grupos que estão abaixo da média nos níveis de consumo.

'Mais e mais jovens começam a fumar em idades mais adiantadas (...). Em países subdesenvolvidos podemos visualizar tendências muito perturbadoras. A taxa de mulheres adolescentes que fumam é a mesma que a de homens jovens e, em muitos casos, chega a ser mais alta', precisou.

'A indústria do tabaco deve ser desprezada, já que não mostra nenhuma intenção de seguir as leis existentes e adotar melhores práticas relacionadas ao consumo de tabaco', completou Bettcher.

Autor: Redação
Fonte: Efe

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O GRAMPO FANTASMA DO GILMAR MENDES

Esta imagem aparece no artigo: "Os Grampos São Nossos Amigos". Leia AQUI. O do meio é conhecido como grampo invisível.

A memória exige o registro de que em 2008 o ministro Gilmar Mendes, presidindo o STF, denunciou um "estado policialesco" a partir da leitura do que seria a transcrição de uma conversa que tivera com o senador Demóstenes Torres. Até hoje não apareceu o áudio desse grampo.

Elio Gaspari

CP

terça-feira, 29 de maio de 2012

EUROPEUS BEBEM QUASE O DOBRO DE ÁLCOOL QUE BRASILEIROS

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O consumo de álcool na América Latina é baixo quando comparado com o registrado na Europa e nos Estados Unidos, e se situa em 5,5 litros de álcool puro ao ano por pessoa, embora as diferenças por países e gênero sejam marcadas; no Brasil, por exemplo, esse número sobe para 6,9 litros, segundo o resultado de uma pesquisa inédita sobre o assunto.

O consumo na Europa está estimado em 13 litros de álcool puro ao ano, enquanto nos Estados Unidos esse nível cai para 9,8 litros.

O estudo, divulgado na última quinta-feira, 24, averiguou pela primeira vez, com base em enquetes nacionais realizadas em nove países latino-americanos, não só que percentagem da população consome álcool, mas quanto e como se bebe, o que representa uma informação totalmente nova.

"Este âmbito é muito pouco explorado, inclusive nos países desenvolvidos, apesar da importância social que tem e que todo mundo reconhece", disse o pesquisador Carlos Sojo, responsável do estudo realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO).

A pesquisa corroborou que poucos países contam com informação sobre padrões nacionais de ingestão de álcool, sendo que o mais recente e completo deles foi feito no Brasil em 2008, explicou Sojo.

O estudo, realizado em El Salvador, República Dominicana, Costa Rica, Peru, Nicarágua, Venezuela, México, Colômbia e Brasil, indica que seis de cada dez pessoas bebeu álcool pelo menos uma vez nos 12 meses anteriores à enquete, realizada entre pessoas de entre 18 e 65 anos.

Revela também que, nesse mesmo período, 15% da população em cada país na média foi abstêmia ou simplesmente nunca tinha bebido em sua vida.

"Este dado é importante porque existe uma percepção que todo mundo toma bebidas alcoólicas, o que não é certo. Além disso, existem importantes variações por países", declarou Sojo ao apresentar à imprensa os resultados centrais da pesquisa.

Por países, a Venezuela é o país que consome mais litros (8,9 anuais por pessoa) e lhe seguem República Dominicana (8 litros), Brasil (6,9), Colômbia (6,3), México (4,8), Nicarágua (4,2), Costa Rica (3,9), Peru (3,7) e El Salvador (2,6).

Visto desde a perspectiva da população abstêmia, El Salvador lidera o ranking (38,9% da população), seguido do México (29,1 %), Nicarágua (23 %), Costa Rica (17 %) e Brasil, onde 10,9 % dos consultados declarou que não consome qualquer tipo de bebida alcoólica.

Sojo comentou que grande parte da diferença entre países se explica pela incorporação das mulheres ao grupo consumidor, embora se trate de um fenômeno menos destacado na América Central e no México com relação à América do Sul e ao Caribe.

No entanto, o consumo de álcool é claramente um hábito "masculino", pois os homens tomam em geral quatro vezes mais que as mulheres.

Outro dado inovador fornecido pelo estudo é que do total da população, a grande maioria (75%) ou não bebe nada ou consome quantidades que estão abaixo do nível de risco declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Este nível de risco fica nas 40 gramas de álcool puro para as mulheres e 60 gramas para os homens.

Estas quantidades são superadas de maneira ocasional ou muito frequente por 25% da população restante, da qual 20 % sofre um risco ocasional de superar a medida de risco e 5% enfrenta um risco alto em longo prazo.

A pesquisa determinou igualmente que, por idades, o grupo de maior consumo é o de 25 a 34 anos, e que se bebe mais quanto maior é o nível socioeconômico e educativo.

O financiamento para este trabalho veio da Cerveceros Latino-Americanos, uma associação que representa os interesses de todos os fabricantes de cerveja dos 18 países latino-americanos.

Sojo assegurou que "a indústria pagou", mas que a FLACSO gozou de completa autonomia e independência para a elaboração do documento.

Presente na entrevista coletiva, o secretário-geral da Cerveceros Latino-Americanos, José Manuel Juanatey, assinalou que sua entidade considerava importante contar com uma pesquisa científica séria a partir da qual pudessem construir políticas públicas na região.

Ressaltou que em matéria de consumo de álcool, "o problema é o excesso, mas o que não se pode fazer é falar de consumo nocivo de álcool no ar, portanto este estudo fixa uma linha de base".

"Promovemos um consumo moderado de álcool e acreditamos que isto é perfeitamente compatível com um estilo de vida saudável", concluiu.

Autor: Redação
Fonte: Efe

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O DESESPERO DA VEJA

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Gilmar Mendes & Veja: a pauta do desespero

Saul Leblon

A revista que arrendou uma quadrilha para produzir 'flagrantes' que dessem sustentação a materias prontas contra o governo, o PT, os movimentos sociais e agendas progressistas teve a credibilidade ferida de morte com as revelações do caso Cachoeira. VEJA sangra em praça pública. Mas na edição desta semana tenta um golpe derradeiro naquela que é a sua especialidade editorial: um grande escândalo capaz de ofuscar a própria deriva. À falta dos auxilares de Cachoeira, recorreu ao ex-presidente do STF, Gilmar Mendes, que assumiu a vaga dos integrantes encarcerados do bando para oferecer um 'flagrante' à corneta do conservadorismo brasileiro. Desta vez, o alvo foi o presidente Lula.

A semanal transcreve diálogos narrados por Mendes de uma inexistente conversa entre ele e o ex-presidente da República, na cozinha do escritório do ex-ministro Nelson Jobim. Gilmar Mendes --sempre segundo a revista-- acusa Lula de tê-lo chantageado com ofertas de 'proteção' na CPI do Cachoeira. Em troca, o amigo do peito de Demóstenes Torres, com quem já simulou uma escuta inexistente da PF (divulgada pelo indefectível Policarpo Jr, de VEJA, a farsa derrubou o diretor da ABI, Paulo Lacerda), deveria operar para postergar o julgamento do chamado 'mensalão'.

Neste sábado, Nelson Jobim, insuspeito de qualquer fidelidade à esquerda, desmentiu cabalmente a versão da revista e a do magistrado. Literalmente, em entrevista ao Estadão, Jobim disse: 'O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso. O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão; tomamos um café na minha sala. O tempo todo foi dentro da minha sala (não na cozinha); o Lula saiu antes; durante todo o tempo nós ficamos juntos", reiterou.

A desfaçatez perpetrada desta vez só tem uma explicação: bateu o desespero; possivelmente, investigações da CPI tenham chegado perto demais de promover uma devassa em circuitos e métodos que remetem às entranhas da atuação de Mendes e VEJA nos últimos anos. Foram para o tudo ou nada. No esforço para mudar o foco da agenda política e criar um fato consumado capaz de precipitar o julgamento do chamado 'mensalão', jogaram alto na fabricação de uma crise política e institucional. O desmentido de Jobim nivela-os à condição dos meliantes já encarcerados do esquema Cachoeira. A Justiça pode tardar. A sentença da opinião pública não.

domingo, 27 de maio de 2012

A verdade sobre Xuxa

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Luiz Cezar *
Xuxa já esteve melhor na mídia. Tendo abusado dos recursos estéticos para apresentar-se como rainha dos baixinhos descobriu um novo meio de reposicionar sua imagem agora que as rugas já lhe são indisfarçáveis num rosto que lembra máscara de carnaval.

A ex-modelo, que começou sua carreira como acompanhante de personalidades famosas e posando para revista de mulheres nuas, num tempo de ditadura militar e acentuada rigidez moral, colou sua figura na do rei do futebol Pelé.

Como chegou até a ele só os “books” de casas noturnas poderão revelar, mas o fato é que tendo chegado a Pelé e aparecido em capas de folhetins de celebridades – que vendiam então bem mais que hoje – como loirinha do rei, foi mais fácil aproximar-se de outro dos famosos, de quem se dizia recorrer a figuras femininas para dissimular publicamente sua homossexualidade: o piloto Airton Senna.

Morto o corredor e dispensado o jogador, dado a forte rejeição demonstrada pela classe média para quem se apresentava, ficou fácil para a garota, mediante o uso de gestual circense e completa alienação (e aí entra o seu talento) transformar-se num dos ícones da televisão brasileira para o público infantil, com incumbência de preparar toda uma geração para tornar-se telespectadora das novelas da Globo.

O papel nefasto representado pela agora conhecida “rainha dos baixinhos”, termo grotesco que ela mesma cunhou para referir-se a crianças, é parte expressiva da deseducação a que foi submetida a população infantil nas últimas décadas, transformada em consumidores precoces e aves de repetição dos slogans da emissora.

Não é possível entender o domínio ideológico da Rede Globo de Televisão sobre diferentes públicos sem entender como atuaram seus peões para manipular corações e mentes de diferentes idades. Xuxa foi uma falsa criança-adulta, forjada pela emissora para obter audiência a qualquer custo, mesmo que ao de imbecilizar milhões, expondo-os, dessa forma. a ação de aproveitadores do mundo real.

Não bastasse o veredicto dos fatos, Xuxa tem contra si um peça acusatória que prefere manter oculta aos olhos do grande público mesmo que ao preço de milhões de reais pagos ao seu detentor, o produtor de cinema Aníbal Massaine, apresentado a ela por Pelé quando a modelo tentava a carreira de atriz pornô. Trata-se do filme "amor estranho amor", de 1982, em que a apresentadora protagoniza cenas de sexo com um adolescente.

Por essa razão espanta que a secretária de direitos humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, conceda status de exemplaridade a apresentadora Xuxa depois que essa, em novo golpe publicitário na mesma emissora que a erigiu como falso mito, tenha vindo a público declarar-se vítima de abuso sexual.

Se vem ao programa de maior audiência da TV para falar de abusos, apenas o faz para fazer parecer mais humana a face da emissora que a projetou, no intento de retirar o peso que recai sobre a empresa de haver ganhado bilhões de reais manipulando crianças e sobre ela mesma, Xuxa, de haver contribuído para a erotização de comportamentos infantis, isso sim contributo  maior que tudo à propagação de abusos contra a infância em nosso País.

Mas o que mais chama a atenção no caso das declarações de Xuxa é o fato de a apresentadora ter tomado a iniciativa de mostrar-se defensora dos pequeninos exatamente quando a ação que lhe move o produtor do filme para a exibição da película, retomada desde 2010 por motivos pecuniários,  estar prestes a ser julgada na cidade do Rio de Janeiro.    

* Luiz Cezar é economista, linguista, mestre em Cultura, mestre em Tecnologia (todos pela USP) e master em Gestão Econômica de Projetos pela GV.

terça-feira, 22 de maio de 2012

CÓDIGO FLORESTAL: VETO TOTAL

 Ex-ministros do meio ambiente querem veto total

"Pedimos à presidente Dilma o veto integral dos retrocessos contidos no projeto de lei aprovado pela Câmara, que reduz a proteção às florestas", escrevem os ex-ministros brasileiros do Meio Ambiente.

Nós, do Fórum dos Ex-Ministros do Meio Ambiente do Brasil, dirigimos um apelo público à presidente da República a respeito do projeto de lei 1976/99, aprovado pela Câmara dos Deputados com alterações ao Código Florestal.

Reconhecemos e destacamos o compromisso da presidente Dilma, assumido ainda quando ela era candidata e reafirmado reiteradas vezes nos últimos meses (inclusive durante uma audiência com os representantes do Fórum de Ex-Ministros do Meio Ambiente em maio de 2011), de vetar qualquer alteração na legislação brasileira que represente um aumento de desmatamento ou a anistia daqueles que desmataram ilegalmente.

Nós observamos também que esse compromisso, que é amplamente apoiado pela opinião pública brasileira, reflete os interesses maiores da nação, dos quais a presidente é a fiel depositária.

O Comitê Nacional em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável e diferentes setores da academia, da sociedade civil e do setor produtivo têm demonstrado enorme preocupação com as consequências da sanção do projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados.

Todos pedem o veto integral dos retrocessos contidos no texto. Eles reduzem drasticamente o status de proteção das florestas no Brasil, bem como a governança socioambiental construída nas últimas décadas. Mais de 2 milhões de pessoas se manifestaram através de abaixo-assinado nesse sentido.

Em nome do fórum de ex-ministros, solicitamos que a presidente, em coerência com o seu compromisso e com os anseios da sociedade, vete integralmente toda e qualquer norma de caráter permanente ou transitório que:

- Sinalize ao país a possibilidade presente e futura de anistia;

- Permita a impunidade em relação ao desmatamento;
- Descaracterize a definição de florestas, que está consagrada na legislação vigente;
- Reduza direta ou indiretamente a proteção do capital natural associado às florestas;
- Fragilize os serviços prestados por elas;
- Dificulte, esvazie ou desestimule mecanismos para a restauração;
- Ou, ainda, fragilize a governança socioambiental.

Ao mesmo tempo, nós entendemos que continua necessário construir um quadro de referência normativo estratégico, alinhado com os desafios contemporâneos, de modo a valorizar o conjunto de nossas florestas.


Para tanto, a partir da experiência acumulada no serviço público ao longo de tantos anos, assim como da diversidade de seus membros, o fórum se coloca à disposição para apoiar, da forma que for julgada mais oportuna, a elaboração e tramitação no Legislativo de uma proposta que vise uma política florestal sustentável -e que, portanto, valorize as funções de conservação, de recuperação e de uso econômico do capital natural associado às nossas florestas.

Os autores são os membros do Fórum de Ex-Ministros de Meio Ambiente do Brasil:

CARLOS MINC, 60, ministro entre 2008 e 2010 (governo Lula)
MARINA SILVA, 54, ministra entre 2003 e 2008 (Lula)
JOSÉ CARLOS CARVALHO, 59, ministro em 2002 (FHC)
JOSÉ SARNEY FILHO, 54, ministro de 1999 a 2002 (FHC)
GUSTAVO KRAUSE, 65, ministro de 1995 a 1998 (FHC)
HENRIQUE BRANDÃO CAVALCANTI, 83, ministro em 1994 (governo Itamar Franco)
RUBENS RICUPERO, 75, ministro entre 1993 e 1994 (governo Itamar)
FERNANDO COUTINHO JORGE, 72, ministro entre 1992 e 1993 (governo Itamar)
JOSÉ GOLDEMBERG, 83, secretário do Meio Ambiente em 1992 (governo Collor)
PAULO NOGUEIRA NETO, 90, foi secretário especial do Meio Ambiente entre 1973 e 1985 (governos Médici, Geisel e Figueiredo)
 
 
 

DINHEIRO JORRAVA

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' Esta tudo lá: empresas importantes como a Gasbras, a White Martins, a Itapemirim, o grupo Folha e o banco Sudameris, que era o banco da repressão; o dinheiro dos empresários jorrava para custear as operações clandestinas e premiar os bandidos com bonificações generosas'.


Declaração de Bernardo Kucinski, escritor e jornalista, a respeito do livro "Memórias de uma guerra suja". Mais sobre esse livro AQUI.


Leia Carta Maior.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

IMIGRAÇÃO ALEMÃ (SEMELHANÇAS COM O BRASIL NÃO SÃO COINCIDÊNCIAS)

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Alemania ante el espejo de la emigración 

Àngel Ferrero · · · · · 

«Vienen a quitarnos el trabajo», «hay demasiados», «no se integran»... Todo esto se lo he oído decir a los alemanes de los turcos, rusos y españoles, a los españoles de los latinoamericanos, rumanos y árabes y a los árabes de los africanos. La inmigración es las más de las veces una matrioshka donde siempre hay alguien por debajo de ti. O por encima. Que se lo pregunten a los alemanes, que desde hace unas semanas se llevan las manos a la cabeza con las declaraciones de Natalie Rickli, una destacada político del Partido Popular Suizo (SVP). En una cadena de televisión local, Rickli se quejó de que en Suiza hay demasiados alemanes. Ya antes se había descolgado en el diario Sonntags-Blick afirmando que «cuando en las montañas suizas hay solamente Serviertöchter (camareras) alemanas y médicos alemanes que sólo atienden a pacientes alemanes, entonces dejo de sentirme como si estuviera en mi propio país.» Según Rickli, los inmigrantes alemanes suponen una carga para el estado y la sociedad suiza en todos sus aspectos –desde el mercado laboral, las escuelas y las universidades hasta el transporte público y los alquileres– y no sólo desplazan de sus puestos de trabajo a los trabajadores autóctonos, sino también a los en Suiza estimados trabajadores croatas o serbios. «Quien, como alemán, quiera saber qué siente un trabajador emigrante al no ser bien recibido en el extranjero, debería mudarse a Suiza», escribe el respetable semanario Spiegel, y añade: «para ser más exactos, a la zona germanoparlante del país. Allí un nada desdeñable 36% de la población opina que en su hermosa república alpina viven demasiados alemanes.» [1]

Estos trabajadores alemanes que hacen sus maletas para marcharse a Suiza lo hacen buscando, como todos, mejores salarios y condiciones laborales. Son la razón inmediata, probablemente por delante de las tendencias demográficas del país, de la cacareada carencia de mano de obra cualificada que ha atraído en los últimos dos años a miles de ciudadanos españoles, griegos e italianos a Alemania. El empobrecimiento de los países del sur de Europa y Europa oriental, que tensa las relaciones europeas entre centro y periferia, ha servido en última instancia para crear un enorme ejército industrial de reserva dispuesto a aceptar los puestos de trabajo que no quieren desempeñar los alemanes y a hacerlo tanto por peores condiciones laborales –salarios más bajos a cambio de jornadas de trabajo más largas– como por la ausencia, en la práctica, de toda protección sindical.[2] Peor todavía: si los alemanes se ven forzados algún día a retornar de Austria o de Suiza no sólo se encontrarán con que sus anteriores plazas de trabajo han sido ocupadas por otros, sino con un mercado laboral mucho más deteriorado. ¿Y qué lección han aprendido los alemanes de todo esto? Pues absolutamente ninguna. Los alemanes del Este no reciben más que varazos de sus compatriotas del Oeste –el último, el cierre de varias fábricas productoras de placas solares en Mecklemburgo-Pomerania Occidental, que ha devuelto a la región a una segunda desindustrialización– y una vez más hacen las maletas para encontrar mejor suerte en el Oeste, en lo que supone un flujo migratorio interno silencioso, pero constante. Suficiente tienen con lo suyo como para protestar por los demás. Si éste es el trato entre alemanes, ¿qué les cabe esperar a los extranjeros? Éste es el Modell Deutschland para Europa, versión 2012: a este retorno a la extracción de plusvalía absoluta más cruda, sostenido por un ejército industrial de reserva constantemente desplazándose por Europa –lo que obstaculiza, por supuesto, toda unidad de los trabajadores–, con el que Alemania intenta mantener a toda costa su posición de nación exportadora frente a la creciente competencia de los países emergentes, se interponen sin embargo la complejidad del idioma y la falta de lo que los sociólogos alemanes dan en llamar “una cultura de bienvenida”, producto de la irregular historia del país. En Alemania un emigrante nunca se siente como en casa. Y quizá el objetivo sea precisamente ése: no por casualidad las autoridades de Alemania occidental acuñaron en la década de los cincuenta el término “Gastarbeiter”, que significa, literalmente, “trabajador invitado”. ¿Y qué invitado se queda a vivir para siempre en la casa de su anfitrión?

Si no se solventan estos problemas que se arrastran durante lustros, el resultado amenaza con ser explosivo. Por una parte, la creciente alienación de los países del sur de Europa del proyecto europeo, capitalizado por las élites franco-alemanas para su propio beneficio. Por la otra, una creciente división social en Alemania que viene acompañada de otra segregación, más peligrosa aún si cabe, de tipo racial, tanto en el ámbito educativo y laboral como en el urbano, con la aparición de barrios donde la población de inmigrantes pobres es ya mayoritaria. Y ya sabemos por lo ocurrido en el Reino Unido en los ochenta y en las banlieues francesas en los noventa adónde conducen estos polvorines sociales. La cosa sería ya grave si no fuera porque algunos partidos políticos comienzan a cosquillear peligrosamente la glándula del nacionalismo alemán buscando votos en un sistema de partidos cada vez más fraccionado. Y no sólo, como cabría esperar, la extrema derecha y los conservadores.[3] Entrevistado por el diario Bild, el socialdemócrata Peer Steinbrück se declaró en contra de la expulsión del partido de Thilo Sarrazin por sus tesis racistas basadas en teorías seudocientíficas –«aparte del último capítulo, apenas puede decirse nada en contra de la mayor parte del análisis de Sarrazin»– y añadió que quien emigre a Alemania «debe aportar con su cualificación una plusvalía y no ser una carga [para el Estado]» [4] Si de una virtud no carece Steinbrück ésa es la claridad de expresión. Peer Steinbrück, que fue ministro de Finanzas en el anterior gobierno de Merkel –«el multiculturalismo ha muerto», recuerden–, será probablemente el próximo candidato a la cancillería del SPD, un partido que, si no recuerdo mal, en una ocasión estuvo por algo así como el socialismo e incluso mucho antes por el socialismo sin más.

Alemania, ¿tierra de emigrantes?

Por eso acaso convenga recuperar un artículo de Michael Bodemann aparecido el otoño pasado en el Blätter für deutsche und internationale Politik sobre los emigrantes alemanes en Estados Unidos que mereció mayor atención y que es –o debería de ser– una llamada a la humildad. [5]

Como su autor recuerda al comienzo del artículo, en los siglo XVIII y XIX los alemanes llegaron a constituir en algunas zonas de los EE.UU. la comunidad de inmigrantes más numerosa, lo que generó el rechazo frontal de los colonos anglosajones. Así, a mediados de la década de los cincuenta del siglo XVIII, la administración y la iglesia de Pensilvania exigió –pero no consiguió– el establecimiento de matrimonios forzosos entre alemanes y anglosajones así como la prohibición de hablar el alemán en público. Los mismísimos Founding Fathers Thomas Jefferson y James Madison temían que la religión y el régimen absolutista del que procedían los alemanes acabase suponiendo una amenaza a la neonata república estadounidense. Benjamin Franklin fue más lejos todavía y afirmó en una carta que «quienes llegan hasta aquí son por lo general del tipo más ignaro y estúpido de su propia nación... y dado que pocos de los ingleses entienden el idioma alemán, no pueden dirigírseles desde la prensa o el púlpito, haciendo prácticamente imposible eliminar los prejuicios que pudieran ocuparles... No estando acostumbrados a la libertad, no saben hacer un uso modesto de la misma... Aún recuerdo cuando modestamente declinaron toda intromisión en nuestras elecciones, pero ahora llegan en masa, y traen a todos consigo, excepto en uno o dos condados... En pocas palabras, el flujo de su importación debería dirigirse de ésta a otras colonias, como Ud. juiciosamente propone, pues de lo contrario pronto nos superarán en número de tal modo que todas las ventajas que tenemos no seremos en mi opinión capaces de preservarlas, sea nuestro lenguaje, e incluso nuestro gobierno.» Y en otro lugar, y en tonos abiertamente racistas, se preguntaba: «Por qué Pensilvania, fundada por los ingleses, debería convertirse en una colonia de extranjeros, que dentro de poco serán tan numerosos que nos germanizarán en vez de anglificarlos nosotros a ellos, y que nunca adoptarán nuestro idioma y costumbres como no pueden adquirir nuestra complexión física. Lo que me lleva al siguiente comentario: que el número de gente puramente blanca en el mundo es proporcionalmente muy pequeño. Toda África es negra o morena (tawny). Asia principalmente morena. América (excluyendo a los recién llegados) también lo es por completo. Y en Europa, los españoles, italianos, franceses, rusos y suecos son por lo general lo que denominados de complexión atezada (swarthy); como también lo son los alemanes, con la salvedad de los sajones, quienes, junto con los ingleses, constituyen el cuerpo principal de gente blanca sobre la faz de la Tierra.» [6] Tal era el miedo a la presencia de los alemanes que, hasta el día de hoy, EE.UU. carece de lengua oficial, pues se temía que cualquier votación condujese a la victoria del alemán –un idioma que, por lo demás, unía a los inmigrantes alemanes, austriacos y suizos independientemente de su confesión religiosa (protestante, católica o judía)– por encima del inglés.

El primer flujo migratorio, del siglo XVII hasta 1815, se compuso de menonitas, huteritas y otras confesiones anabaptistas perseguidas en Europa, y dejó paso según Bodemann a un segundo período que se extiende desde el Congreso de Viena de 1815 hasta el comienzo de la Primera Guerra Mundial. Durante este período fueron los exiliados de la fracasada Revolución de marzo de 1848 quienes dejaron una mayor huella en los Estados Unidos. Los alemanes, escribe Bodemann, «se concentraban en “Little Germanies”, como ocurrió en Nueva York, Milkwaukee, Baltimore, St. Louis y Filadelfia. En Chicago, entre 1850 y 1914, entre el 25 y el 30% de la población era de origen alemán.»

Durante todo este espacio de tiempo los alemanes constituyeron lo que hoy se conoce como una “sociedad paralela”: «Los inmigrantes, también en la segunda generación, seguían hablando alemán, leyendo periódicos alemanes, llevando a sus hijos a escuelas alemanas, atendiendo misa en lengua alemana, celebrando festividades alemanas, acudiendo los fines de semana durante el verano a los Biergarten y en invierno consumían su tiempo, en una economía comunitaria, en sus propios clubes de caza, sociedades obreras o coros y teatros en lengua alemana.» Sus costumbres siguieron siendo durante mucho tiempo –por extraño que nos parezca ahora, cuando los conservadores creen haber fundido la diversidad cultural europea en las supuestas “raíces cristianas” (o incluso “judeocristianas”) de Europa– ajenas a la población estadounidense. Así, mientras para los puritanos era «el domingo un día de reflexión, de recogimiento en la parroquia y en el hogar, para los alemanes, independientemente de si eran protestantes, católicos o socialistas, era un día para pasar con la familia haciendo picnic o en los Biergärten, con cerveza y canciones.» Tanto rechazo generaban los alemanes que «la contratación de alemanes fue percibida como un signo de deslealtad en la joven nación de orientación anglosajona, y en algunos lugares se intentó por medio de la legislación obstaculizar la apertura y el funcionamiento de las escuelas alemanas.» Los alemanes fueron, junto a los irlandeses, el grupo étnico más discriminado en Estados Unidos. Una noticia del Christian Examiner de 1851 comenzaba con la siguiente advertencia apocalíptica: «dos razas han aparecido para desafiar el predominio de los ingleses […] hablamos por supuesto de los irlandeses y de los alemanes.»

La población anglosajona miraba con inquietud y desconfianza a los recién llegados. ¿Era su intención como súbditos del káiser fundar un imperium in imperio en los Estados Unidos? ¿O traían consigo algo todavía peor? Michael Bodemann recuerda que «en torno a 1850 [los alemanes] constituían más del 80% de la fuerza de trabajo, y aún en 1900 dos tercios de la misma.» De los ocho acusados en los sucesos de Haymarket en Chicago –el origen de la celebración del Primero de Mayo–, por ejemplo, seis eran de origen alemán y los carteles llamando a la manifestación se imprimieron en inglés y en alemán. El Chicago Tribune publicó la siguiente y reveladora crónica: «los más entusiastas de entre el público eran los alemanes. Entre sus filas había igualmente un enorme número de polacos y bohemios (Böhmisch), junto a personas de aspecto estadounidense que se acercaron a observar qué ocurría.» A lo que Bodemann comenta con acierto: «alemanes como participantes entusiastas, americanos como espectadores pasivos. Aquí vemos cómo se alza el dedo acusador que dice: “como inmigrantes no anglosajones estáis obligados a ateneros a las normas estadounidenses existentes, y vuestro socialismo no pertenece a ellas.»

Los germano-americanos fueron obligados a asimilarse por completo y renunciar a su identidad en la Primera Guerra Mundial, aprovechando las hostilidades con el Segundo Imperio que desataron una oleada de germanofobia por todo el país. Del sentimiento como tales –a diferencia de afroamericanos, asiático-americanos, etc.– no queda ni rastro. Pero por otra parte, su tradición cultural enriqueció la cultura estadounidense (cuyo melting pot es, sin duda, el producto más valioso): las icónicas hamburguesa y hot dog –o, si lo prefieren, frankfurts o wieners– son, como no es difícil deducir, de origen alemán, como lo son el abeto navideño o Santa Claus. Los alemanes trajeron consigo la cerveza, una bebida que favorece el consumo social frente al individualista whisky. «Hoy –concluye Bodemann– nos planteamos la cuestión de si el pasado germano-americano en la época de la Primera Guerra Mundial es un espejo de nuestro propio futuro en Alemania o si la sociedad alemana –como ocurrió, al menos parcialmente, en los Estados Unidos antes de la Primera Guerra Mundial– está dispuesta a seguir aceptando el multiculturalismo.»

Alemania se mira ante el espejo de la emigración y no se reconoce.

Notas:

[1] “Schweiz: SVP-Politikerin Rickli sieht Masse der Deutsche als Problem”, Spiegel, 29 de abril de 2012. [2] Jörn Boewe, “El nuevo ejército industrial de reserva”, Sin Permiso, 24 de julio de 2011. [3] A comienzos del mes de marzo la ministra Ursula von der Leyen anunciaba la exclusión de las ayudas Hartz-IV para los ciudadanos de 14 países de Europa, Noruega, Islandia y Turquía que no hayan trabajado en Alemania. Véase: “Arbeitsmarkt: Regierung will Hartz-IV für EU-Zuwanderer stoppen”, Spiegel, 9 de marzo de 2012; Rafael Poch, “Alemania se vacuna contra la emigración oportunista del sur de Europa”, La Vanguardia, 10 de marzo de 2012. [4] “Steinbrück gegen Auschluss von Sarrazin aus der SPD”, Bild, 10 de febrero de 2011. [5] Michael Bodemann, “Der deutsch-amerikanische Bindestrich. Eine Lektion in Multikulti aus der Geschichte der USA”, Blätter für deutsche und internationale Politik, n. 7/2011, 111-120. [6] “Ben Franklin on 'Stupid, Swarthy Germans'”, Dialog International, 5 de febrero de 2008.

Àngel Ferrero es miembro del Comité de Redacción de SinPermiso.


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sexta-feira, 18 de maio de 2012

FHC defende a regulação dos meios de comunicação

Fonte da imagem AQUI.

Em um seminário promovido pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente defendeu a regulação da mídia como condição da democracia: "não há como regular adequadamente a democracia sem regular adequadamente os meios de comunicãção", afirmou FHC. “Os meios de comunicação no Brasil não trazem o outro lado. Isso não se dá por pressão de governo, mas por uma complexidade de nossa cultura institucional,” acrescentou.

João Brant (*) - Especial para Carta Maior

O título, o ambiente e o programa sugeriam que o seminário “Meios de comunicação e democracia na América Latina”, realizado no último dia 15 no Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC), seria um palco para a cantilena contra a regulação do setor e de crítica feroz às iniciativas em curso em países da região. Não foi esse o tom predominante.

Com a participação de ex-presidentes da Bolívia e do Equador e um ex-porta voz da presidência do México, além do jornalista brasileiro Eugênio Bucci, o debate foi marcado principalmente por duas preocupações. De um lado, o desafio de manter um jornalismo investigativo independente em um cenário de enfraquecimento dos meios tradicionais. De outro, uma afirmação quase uníssona sobre a necessidade de regulação democrática do setor, resumida pelo ex-presidente brasileiro, presente ao evento: “não há como regular adequadamente a democracia sem regular adequadamente os meios de comunicação”.

Regulação em pauta

O seminário promoveu o lançamento de uma publicação conjunta do iFHC, Centro Edelstein de Pesquisas Sociais e da Plataforma Democrática chamada “Meios de comunicação e democracia: além do Estado e do Mercado”. A publicação é em boa parte pautada pela discussão sobre medidas de regulação dos meios de comunicação. O primeiro texto é de autoria dos argentinos Guillermo Mastrini e Martin Becerra, professores que estudam a concentração do setor na América Latina e que apoiaram a redação da lei de comunicação audiovisual aprovada no país em 2009.

No livro, o organizador da publicação, o sociólogo Bernardo Sorj, avalia que “generalizações sobre a América Latina mascaram realidades muito diferentes” e que “não é demais lembrar que qualquer legislação deverá orientar-se em primeiro lugar pelo objetivo de garantir a liberdade de expressão dos cidadãos frente ao poder do Estado e ao poder econômico”.

Na abertura do seminário, Sorj apresentou uma leitura dos contextos político e dos meios de comunicação e listou algumas das ações necessárias para alterar o quadro atual. No contexto político, o sociólogo identificou três elementos centrais: um sistema legal precário, uma crise de representação dos partidos e das ideologias políticas que valoriza o papel dos meios e a exigência de uma nova regulação dos meios em função da convergência tecnológica. Em relação ao contexto dos meios de comunicação, o sociólogo destacou a inexistência ou baixa audiência de emissoras públicas, sistemas regulatórios ultrapassados e nem sempre aplicados e uma tendência à concentração de propriedade.

As propostas apresentadas por ele reforçam a necessidade de regulação do setor privado e da ação do poder público e se assemelham em boa parte às apresentadas por setores que defendem a democratização da comunicação. Entre elas, o enfrentamento à concentração, o fortalecimento do sistema público e o apoio a pequenas e médias empresas de comunicação [ver lista completa ao final].

Crise de valores dos meios

As apresentações trouxeram abordagens complementares da relação entre meios de comunicação e democracia. Carlos Mesa, ex-presidente boliviano, salientou uma espiral de perda de valores que vivem os meios de comunicação e seus dirigentes. Ele comparou a crise da mídia com a crise do sistema financeiro, que descreveu como “uma orgia obscena do capitalismo”. Essa crise seria fruto de uma dificuldade de se situar em um cenário de organização da informação que tem a frivolidade como elemento central. “A mídia é protagonista e fiscalizadora, juiz e parte. Mas seu poder não vem acompanhado de responsabilidade”, observou.

Mesa repercutiu uma questão que atravessou todo o seminário, que é atual dificuldade financeira para sustentar o jornalismo investigativo. O problema, segundo ele, é que “apesar de vários meios impressos tradicionais terem uma grande audiência na internet, essa audiência não se transforma em recursos financeiros”. O desafio, portanto, seria garantir ao mesmo tempo credibilidade e capacidade de infraestrutura no novo cenário.

Conhecido por defender os interesses das elites bolivianas, Mesa não deixou de expor suas convicções. Ao discutir a necessidade de regulação da comunicação, o ex-presidente ressaltou que é preciso reconhecer que pode haver diferentes tipos de regulação e criticou a reserva de espectro realizada na Argentina, Uruguai e Bolívia. “Em meu país, um terço das frequências de rádio e TV está reservado para povos indígenas e originários e setores comunitários. O que eles farão com isso?”, perguntou ironicamente.

As observações do mexicano Rubén Aguilar, ex-porta voz de Vicente Fox (presidente entre 2000 e 2006), focaram-se mais na promiscuidade dos meios de comunicação e do Estado em seu país. Aguilar descreveu a relação entre as partes como sendo historicamente pautada pelas negociações financeiras, tendo mudado pouco nas últimas décadas. “Antes o governo pagava, agora os meios cobram”, observa Rubén.

Para ele, a marginalidade da imprensa escrita – o maior jornal da cidade do México tem tiragem de 100 mil exemplares – concentra muito poder no rádio e na televisão, o que se agrava pelo fato de que dois grupos econômicos controlam a maioria dos meios eletrônicos. “Vivemos uma situação hoje em que não há conflitos entre poder e meios de comunicação. Isso é muito ruim para a democracia”. Aguilar também defendeu abertamente a necessidade de regulação do setor.

A apresentação de Osvaldo Hurtado, ex-presidente do Equador, foi a única que se centrou no discurso recorrente que identifica ameaças à liberdade de imprensa nas ações de presidentes latino-americanos. Em sua mira, Rafael Correa, Evo Morales, Hugo Chávez e Daniel Ortega. Hurtado, que presidiu o Equador no início da década de 1980, focou-se especialmente nas críticas às ações de Correa, sugerindo inclusive que a sentença que ordenou ao jornal El Universo o pagamento de US$ 40 milhões de indenização a Correa teria sido redigida dentro do palácio presidencial do Equador.

Problemas brasileiros

Ao tratar do caso brasileiro, o jornalista Eugênio Bucci avaliou que a discussão no país está dificultada por duas irracionalidades: uma de matriz de direita, que diz que nenhuma regulação é necessária; outra, de matriz de esquerda, que defende a regulação por um desejo de censurar os meios. Para Bucci, a regulação é necessária, especialmente para enfrentar três gargalos: a confusão entre religião, meios e partidos; a presença possível de monopólios e oligopólios e o abuso das verbas dedicadas à publicidade oficial. Em sua opinião, os governos deveriam ser proibidos de anunciar, porque as verbas “dão espaço para proselitismo oficial com dinheiro público”.

No debate ao final das apresentações, o cientista político Sérgio Fausto lamentou que o Brasil não tenha a cultura do debate racional e prefira a confrontação de opiniões dogmáticas fechadas. Fausto avalia que essa seria a dificuldade de a internet substituir o papel dos meios tradicionais. “A democracia do acesso gera também a corrosão de valores fundamentais sem os quais poderemos ter mais vozes e menos democracia”, disse Fausto, que é também diretor executivo do instituto FHC.

A crítica mais contundente ao sistema de comunicações brasileiro veio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em seus comentários, FHC criticou especialmente a ausência de pluralismo. “Os meios de comunicação no Brasil não trazem o outro lado. Isso não se dá por pressão de governo, mas por uma complexidade de nossa cultura institucional”, disse FHC. “Nós temos toda a arquitetura democrática, menos a alma”.

FHC afirmou ainda que é preciso lutar pelos mecanismos de regulação que permitam a diversidade. Para ele, “não há como regular adequadamente a democracia sem regular adequadamente os meios de comunicação”.

Sumário das propostas apresentadas na introdução do livro “Meios de comunicação e Democracia: além do Estado e do Mercado”, organizado por Bernardo Sorj, publicado pelo Instituto FHC, Centro Eldenstein e Plataforma Democrática:

Regulação da ação do poder público

1. A distribuição de concessões de rádio e televisão deve passar pela criação de uma agência reguladora que aja com transparência e cujas decisões sejam abertas ao debate e escrutínio público.

2. Garantir a autonomia dos canais ou emissoras públicas direta ou indiretamente dependentes de recurso público.

3. O uso e a distribuição da dotação pública para publicidade oficial devem ser transparentes e politicamente neutros.

4. O favorecimento de certos meios, quando realizado em nome do apoio a pequenas e médias empresas de comunicação, deve ser realizado com critérios transparentes e universais, abertos ao debate e ao escrutínio público.

5. A liberdade de informação inclui a obrigação dos governos de informar.

6. Garantir o acesso público aos conteúdos sem que eles sejam parasitados por sites comerciais e garantir a neutralidade da Rede.

Regulação do setor privado

1. Combater a concentração de propriedade dos meios privados, pela ação de agências reguladoras autônomas do poder governamental (não confundir a extrema concentração com a existência de grupos de mídia economicamente sólidos).

2. Garantir a sustentabilidade do jornalismo investigativo, pela sua importância para o sistema democrático.

3. Políticas públicas para favorecer o pluralismo, com política de apoio universal ao surgimento de novos jornais e subsídios que diminuam os custos de entrada no setor.

4. Conscientizar a sociedade sobre a importância de ter acesso à informação e ser capaz de realizar uma leitura crítica da informação recebida.

(*) João Brant é radialista e integrante do Intervozes

NOTA DA REDAÇÃO:

É da maior gravidade a simplificação feita por Bucci que, ao identificar uma "irracionalidade de matriz de esquerda" com desejos censores nos defensores da regulação, acaba por impor - intencionalmente ou não - a pecha de censores a todos os setores da esquerda que defendem a regulação democrática do setor. Carta Maior, uma publicação assumidamente de esquerda e defensora da regulação repele o carimbo arbitrário. Não só Carta Maior. A esquerda, as idéias progressistas, seus veículos de comunicação, e a própria ausência deles, tem sido, elas sim, objeto de censura política explícita ou de cerco econômico asfixiante por parte do dispositivo conservador que controla a comunicação na sociedade brasileira. Antes de afirmações graves como essa deve-se consultar a memória do país. Ela indica, por exemplo, que o debate do qual o senhor Bucci participa no Instituto FHC --e que Carta Maior cobre ecumenicamente, sem censura, mas com direito ao contraditório-- só acontece porque uma parte da esquerda empenhou-se em incorporar o tema à agenda política nacional. Com resistência superlativa ou dissimulada, diga-se, da parte de muitos que agora pontificam sobre o assunto. Bem-vindos; antes tarde que nunca. Não se pode, todavia, contrariar os fatos.

Frases de conveniência destinadas a sustentar uma equidistância baseada em generalizações desprovidas de conteúdo histórico podem facilitar o trânsito em salões e veículos que nem sempre primaram pela defesa da democracia, mas não contribuem para assegurar o primado da pluralidade à liberdade de expressão. O Brasil tem derrubados dogmas herdados do ciclo da ditadura política e de sua versão mercadista neoliberal. Rompeu-se o interdito da ação reparadora do Estado na esfera social; rompeu-se a esférica blindagem à ação do Estado na economia; rompe-se o cinturão de ferro em torno do capital financeiro e, mais recentemente, instalou-se uma Comissão da Verdade. Com todas as suas limitações, ela certamente não cometerá o despautério de orientar seu trabalho com base na descabida premissa de que a esquerda quer investigar a tortura apenas para assumir o lugar do torturador. O apoio bem-vindo, insista-se, do ex-presidente FHC à regulação da mídia reflete essa evolução da luta democrática no país, cujo avanço não pode excluir ninguém a priori, como se vê, mas dispensa preconceitos assentados em ressentimentos pessoais. (Direção Editorial de Carta Maior - Joaquim Palhares)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

"JUSTIÇA" NORTE-AMERICANA

Carlos de Luna (fonte da imagem AQUI)

Um professor da Faculdade de Direito de Colúmbia, nos Estados Unidos, James Liebman, e cinco de seus alunos, acreditam que a Justiça do Texas matou um inocente em 1989. Carlos DeLuna, foi executado com injeção letal no lugar de Carlos Hernandez, o verdadeiro assassino de Wanda Lopez, em fevereiro de 1983. A vítima era uma mãe solteira que foi esfaqueada em um posto de gasolina, onde trabalhava, na cidade de Corpus Christi, no Texas.

O caso se tornou emblemático para a Justiça americana porque deixou evidente o fracasso do sistema legal do país, aponta a pesquisa do professor. DeLuna, com 27 anos na época, foi executado após investigação incompleta. Os pesquisadores encontraram muitos erros, provas e oportunidades perdidas que deixariam evidente não só que ele não havia cometido o crime, mas que outro homem era o autor. James Liebman destacou, em um documento que acompanha o seu relatório de 780 páginas, que falhas análogas às que condenaram DeLuna continuam enviando ao corredor da morte muitos inocentes.

CP

Comentário do Blog: "Casualmente" DeLuna não era um WASP - "Branco, Anglo-Saxão e Protestante" (White, Anglo-Saxon and Protestant)...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Internet apavora a velha mídia

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Não é apenas a revista Veja, denunciada por suas ligações com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira, que está desesperada com os “insetos”, “robôs” e “petralhas amestrados” das redes sociais. Toda a velha mídia, no Brasil e no mundo, teme o vertiginoso crescimento da internet. Um estudo recente confirma que o seu modelo de negócios está em declínio acelerado.

Estimativas apresentadas na semana passada pela seccional brasileira da agência Interactive Advertising Bureau (IAB) indicam que os jornalões serão superados pela internet como mídia mais acessada até o final deste ano. Mas não são somente os veículos impressos que perderão publicidade e terão o seu faturamento reduzido. As emissoras de televisão também sofrerão abalos.

Menos tempo diante da TV

Segundo Fabio Coelho, presidente do IAB-Brasil e também da filial do Google, em 2012 o meio digital crescerá 39%, fechando o ano com 13,7% de participação no mercado de comunicação e faturamento na casa dos R$ 4,7 bilhões. No ano passado, a web representava 11% do bolo publicitário. Para ele, a internet é “um mercado pujante”, que irá superar rapidamente as outras mídias.

O estudo da IAB, intitulado “Brasil Conectado: Hábitos de Consumo de Mídia”, aponta a existência de 80 milhões de internautas no país, dos quais 49% pertencem às chamadas classes C, D e E. Na rotina dos brasileiros, a internet já é considerada o meio mais importante para 82% dos 2.075 entrevistados. Mais de 40% deles passam, pelo menos, duas horas por dia navegando na rede, enquanto apenas 25% gastam o mesmo tempo assistindo TV.

“No limiar de uma grande transformação”

A internet aparece como a atividade preferida por todas as faixas etárias, de renda, gênero e região quando se tem pouco tempo livre, somando 62%. Em casa, a web é acessada pela manhã, quando 69% se conectam, 78% acessam à tarde e 73% à noite. Ela também é a mídia mais popular nos locais de trabalho, escola, restaurantes, shoppings e na casa de amigos.

“Todos os dados confirmam a expansão do mercado, que tende a se acentuar com as iniciativas de ampliação do acesso a banda larga e também ao aumento da base de smartphones. Estamos apenas no limiar de uma grande transformação”, garantiu Fabio Coelho, presidente do IAB, ao jornal O Globo.

Altamiro Borges é jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, militante do PCdoB.

CdoB

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O DECLIVE DA ECONOMIA NORTE-AMERICANA

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Plutonomía y precariado: el declive de la economía estadounidense  
Noam Chomsky · · · · · 

El movimiento “Ocupemos” ha experimentado un desarrollo estimulante. Hasta donde mi memoria alcanza, no ha habido nunca nada parecido. Si consigue reforzar sus lazos y las asociaciones que se han creado en estos meses a lo largo del oscuro periodo que se avecina –no habrá victoria rápida– podría protagonizar un momento decisivo en la historia de los Estados Unidos.

La singularidad de este movimiento no debería sorprender. Después de todo, vivimos una época inédita, que arranca en 1970 y que ha supuesto un auténtico punto de inflexión en la historia de los Estados Unidos. Durante siglos, desde sus inicios como país, fueron una sociedad en desarrollo. Que no lo fueran siempre en la dirección correcta es otra historia. Pero en términos generales, el progreso supuso riqueza, industrialización, desarrollo y esperanza. Existía una expectativa más o menos amplia de que esto seguiría siendo así. Y lo fue, incluso en los tiempos más oscuros.

Tengo edad suficiente para recordar la Gran Depresión. A mediados de los años 30, la situación era objetivamente más dura que la actual. El ánimo, sin embargo, era otro. Había una sensación generalizada de que saldríamos adelante. Incluso la gente sin empleo, entre los que se contaban algunos parientes míos, pensaba que las cosas mejorarían. Existía un movimiento sindical militante, especialmente en el ámbito del Congreso de Organizaciones Industriales. Y se comenzaban a producir huelgas con ocupación de fábricas que aterrorizaban al mundo empresarial –basta consultar la prensa de la época-. Una ocupación, de hecho, es el paso previo a la autogestión de las empresas. Un tema, dicho sea de paso, que está bastante presente en la agenda actual. También la legislación del New Deal comenzaba a ver la luz a resultas de la presión popular. A pesar de que los tiempos eran duros, había una sensación, como señalaba antes, de que se acabaría por “salir de la crisis”.

Hoy las cosas son diferentes. Entre buena parte de la población de los Estados Unidos reina una marcada falta de esperanza que a veces se convierte en desesperación. Diría que esta realidad es bastante nueva en la historia norteamericana. Y tiene, desde luego, una base objetiva.

La clase trabajadora

En los años 30’ del siglo pasado los trabajadores desempleados podían pensar que recuperarían sus puestos de trabajo. Actualmente, con un nivel de paro similar al existente durante la Depresión, es improbable, si la tendencia persiste, que un trabajador manufacturero vaya a recuperar el suyo. El cambio tuvo lugar hacia 1970 y obedece a muchas razones. Un factor clave, bien analizado por el historiador económico Robert Brenner, fue la caída del beneficio en el sector manufacturero. Pero también hubo otros. La reversión, por ejemplo, de varios siglos de industrialización y desarrollo. Por supuesto, la producción de manufacturas continuó del otro lado del océano, pero en perjuicio, y no en beneficio, de las personas trabajadoras. Junto a estos cambios, se produjo un desplazamiento significativo de la economía del ámbito productivo –de cosas que la gente necesitara o pudiera usar- al de la manipulación financiera. Fue entonces, en efecto, cuando la financiarización de la economía comenzó a extenderse.

Los bancos

Antes de 1970, los bancos eran bancos. Hacían lo que se espera que un banco haga en una economía capitalista: tomar fondos no utilizados de una cuenta bancaria, por ejemplo, y darles una finalidad potencialmente útil como ayudar a una familia a que se compre una casa o a que envíe a su hijo a la escuela. Esto cambió de forma dramática en los setenta. Hasta entonces, y desde la Gran Depresión, no había habido crisis financieras. Los años cincuenta y sesenta fueron un periodo de gran crecimiento, el más alto en la historia de los Estados Unidos y posiblemente en la historia económica. Y fue igualitario. Al quintil más bajo de la sociedad le fue tan bien como al más alto. Mucha gente accedió a formas de vida más razonables –de “clase media”, como se llamó aquí, de “clase trabajadora”, en otros países–. Los sesenta, por su parte, aceleraron el proceso. Tras una década un tanto sombría, el activismo de aquellos años civilizó el país de forma muchas veces duradera. Con la llegada de los setenta, se produjeron una serie de cambios abruptos y profundos: desindustrialización, deslocalización de la producción y un mayor protagonismo de las instituciones financieras, que crecieron enormemente. Yo diría que entre los años cincuenta y sesenta se produjo un fuerte desarrollo de lo que décadas después se conocería como economía de alta tecnología: computadores, Internet y revolución de las tecnologías de la información, que se desarrollaron sustancialmente en el sector estatal. Estos cambios generaron un círculo vicioso. Condujeron a una creciente concentración de riqueza en manos del sector financiero, pero no beneficiaron a la economía (más bien la perjudicaron, al igual que a la sociedad).

Política y dinero

La concentración de riqueza trajo consigo una mayor concentración de poder político. Y la concentración de poder político dio lugar a una legislación que intensificaría y aceleraría el ciclo. Esta legislación, bipartidista en lo esencial, comportó la introducción de nuevas políticas fiscales, así como de medidas desreguladoras del gobierno de las empresas. Junto a este proceso, se produjo un aumento importante del coste de las elecciones, lo que hundió aún más a los partidos políticos en los bolsillos del sector empresarial.

Los partidos, en realidad, comenzaron a degradarse por diferentes vías. Si una persona aspiraba a un puesto en el Congreso, como la presidencia de una comisión, lo normal era que lo obtuviera a partir de su experiencia y capacidad personal. En solo un par de años, tuvieron que comenzar a contribuir a los fondos del partido para lograrlo, un tema bien estudiado por gente como Tom Ferguson. Esto, como decía, aumentó la dependencia de los partidos del sector empresarial (y sobre todo, del sector financiero).

Este ciclo acabó con una tremenda concentración de riqueza, básicamente en manos del primer uno por ciento de la población. Mientras tanto, se abrió un período de estancamiento e incluso de decadencia para la mayoría de la gente. Algunos salieron adelante, pero a través de medios artificiales como la extensión de la jornada de trabajo, el recurso al crédito y al sobreendeudamiento o la apuesta por inversiones especulativas como las que condujeron a la reciente burbuja inmobiliaria. Muy pronto, la jornada laboral acabó por ser más larga en Estados Unidos que en países industrializados como Japón o que otros en Europa. Lo que se produjo, en definitiva, fue un período de estancamiento y de declive para la mayoría unido a una aguda concentración de riqueza. El sistema político comenzó así a disolverse.

Siempre ha existido una brecha entre la política institucional y la voluntad popular. Ahora, sin embargo, ha crecido de manera astronómica. Constatarlo no es difícil. Basta ver lo que está ocurriendo con el gran tema que ocupa a Washington: el déficit. El gran público, con razón, piensa que el déficit no es la cuestión principal. Y en verdad no lo es. La cuestión importante es la falta de empleo. Hay una comisión sobre el déficit pero no una sobre el desempleo. Por lo que respecta al déficit, el gran público tiene su posición. Las encuestas lo atestiguan. De forma clara, la gente apoya una mayor presión fiscal sobre los ricos, la reversión de la tendencia regresiva de estos años y la preservación de ciertas prestaciones sociales. Las conclusiones de la comisión sobre el déficit seguramente dirán lo contrario. El movimiento de ocupación podría proporcionar una base material para tratar de neutralizar este puñal que apunta al corazón del país.

Plutonomía y precariado

Para el grueso de la población –el 99%, según el movimiento Ocupemos– estos tiempos han sido especialmente duros, y la situación podría ir a peor. Podríamos asistir, de hecho, a un período de declive irreversible. Para el 1% -e incluso menos, el 0,1%- todo va bien. Son más ricos que nunca, más poderosos que nunca y controlan el sistema político, de espaldas a la mayoría. Si nada se lo impide, ¿por qué no continuar así?

Tomemos el caso de Citigroup. Durante décadas, ha sido uno de los bancos de inversión más corruptos. Sin embargo, ha sido rescatado una y otra vez con dinero de los contribuyentes. Primero con Reagan y ahora nuevamente. No incidiré aquí en el tema de la corrupción, pero es bastante alucinante. En 2005, Citigroup sacó unos folletos para inversores bajo el título: “Plutonomía: comprar lujo, explicar los desequilibrios globales”. Los folletos animaban a los inversores a colocar dinero en un “índice de plutonomía”. “El mundo –anunciaban- se está dividiendo en dos bloques: la plutonomía y el resto”.

La noción de plutonomía apela a los ricos, a los que compran bienes de lujo y todo lo que esto conlleva. Los folletos sugerían que la inclusión en el “índice de plutonomía” contribuiría a mejorar los rendimientos de los mercados financieros. El resto bien podía fastidiarse. No importaba. En realidad, no eran necesarios. Estaban allí para sostener a un Estado poderoso, que rescataría a los ricos en caso de que se metieran en problemas. Ahora, estos sectores suelen denominarse “precariado” –gente que vive una existencia precaria en la periferia de la sociedad–. Solo que cada vez es menos periférica. Se está volviendo una parte sustancial de la sociedad norteamericana y del mundo. Y los ricos no lo ven tan mal.

Por ejemplo, el ex presidente de la Reserva Federal, Alan Greenspan, llegó a ir al Congreso, durante la gestión de Clinton, a explicar las maravillas del gran modelo económico que tenía el honor de supervisar. Fue poco antes del estallido del crack en el que tuvo una responsabilidad clarísima. Todavía se le llamaba “San Alan” y los economistas profesionales no dudaban en describirlo como uno de los más grandes. Dijo que gran parte del éxito económico tenía que ver con la “creciente inseguridad laboral”. Si los trabajadores carecen de seguridad, si forman parte del precariado, si viven vidas precarias, renunciarán a sus demandas. No intentarán conseguir mejores salarios o mejores prestaciones. Resultarán superfluos y será fácil librarse de ellos. Esto es lo que, técnicamente hablando, Greenspan llamaba una economía “saludable”. Y era elogiado y enormemente admirado por ello.

La cosa, pues, está así: el mundo se está dividiendo en plutonomía y precariado –el 1 y el 99 por ciento, en la imagen propagada por el movimiento Ocupemos. No se trata de números exactos, pero la imagen es correcta. Ahora, es la plutonomía quien tiene la iniciativa y podría seguir siendo así. Si ocurre, la regresión histórica que comenzó en los años setenta del siglo pasado podría resultar irreversible. Todo indica que vamos en esa dirección. El movimiento Ocupemos es la primera y más grande reacción popular a esta ofensiva. Podría neutralizarla. Pero para ello es menester asumir que la lucha será larga y difícil. No se obtendrán victorias de la noche a la mañana. Hace falta crear estructuras nuevas, sostenibles, que ayuden a atravesar estos tiempos difíciles y a obtener triunfos mayores. Hay un sinnúmero de cosas, de hecho, que podrían hacerse.

Hacia un movimiento de ocupación de los trabajadores

Ya lo mencioné antes. En los años treinta del siglo pasado, las huelgas con ocupación de los lugares de trabajo eran unas de las acciones más efectivas del movimiento obrero. La razón era sencilla: se trataba del paso previo a la toma de las fábricas. En los años setenta, cuando el nuevo clima de contrarreforma comenzaba a instalarse, todavía pasaban cosas importantes. En 1977, por ejemplo, la empresa US Steel decidió cerrar una de sus sucursales en Youngstown, Ohio. En lugar de marcharse, simplemente, los trabajadores y la comunidad se propusieron unirse y comprarla a los propietarios para luego convertirla en una empresa autogestionada. No ganaron. Pero de haber conseguido el suficiente apoyo popular, probablemente lo habrían hecho. Gar Alperovitz y Staufhton Lynd, los abogados de los trabajadores, han analizado con detalle esta cuestión. Se trató, en suma, de una victoria parcial. Perdieron, pero generaron otras iniciativas. Esto explica que hoy, a lo largo de Ohio y de muchos otros sitios, hayan surgido cientos, quizás miles de empresas de propiedad comunitaria, no siempre pequeñas, que podrían convertirse en autogestionadas. Y esta sí es una buena base para una revolución real.

Algo similar pasó en la periferia de Boston hace aproximadamente un año. Una multinacional decidió cerrar una instalación rentable que producía manufacturas con alta tecnología. Evidentemente, para ellos no era lo suficientemente rentable. Los trabajadores y los sindicatos ofrecieron comprarla y gestionarla por sí mismos. La multinacional se negó, probablemente por consciencia de clase. Creo que no les hace ninguna gracia que este tipo de cosas pueda ocurrir. Si hubiera habido suficiente apoyo popular, algo similar al actual movimiento de ocupación de las calles, posiblemente habrían tenido éxito.

Y no es el único proceso de este tipo que está teniendo lugar. De hecho, se han producido algunos con una entidad mayor. No hace mucho, el presidente Barack Obama tomó el control estatal de la industria automotriz, la propiedad de la cual estaba básicamente en manos de una miríada de accionistas. Tenía varias posibilidades. Pero escogió esta: reflotarla con el objetivo de devolverla a sus dueños, o a un tipo similar de propiedad que mantuviera su estatus tradicional. Otra posibilidad era entregarla a los trabajadores, estableciendo las bases de un sistema industrial autogestionado que produjera cosas necesarias para la gente. Son muchas, de hecho, las cosas que necesitamos. Todos saben o deberían saber que los Estados Unidos tienen un enorme atraso en materia de transporte de alta velocidad. Es una cuestión seria, que no sólo afecta la manera en que la gente vive, sino también la economía. Tengo una historia personal al respecto. Hace unos meses, tuve que dar un par de charlas en Francia. Había que tomar un tren desde Avignon, al sur, hasta el aeropuerto Charles de Gaulle, en París. La distancia es la misma que hay entre Washington DC y Boston. Tardé dos horas. No sé si han tomado el tren que va de Washington a Boston. Opera a la misma velocidad que hace sesenta años, cuando mi mujer y yo nos subimos por primera vez. Es un escándalo.

Nada impide hacer en los Estados Unidos lo que se hace en Europa. Existe la capacidad y una fuerza de trabajo cualificada. Haría falta algo más de apoyo popular, pero el impacto en la economía sería notable. El asunto, sin embargo, es aún más surrealista. Al tiempo que desechaba esta opción, la administración Obama envió a su secretario de transportes a España para conseguir contratos en materia de trenes de alta velocidad. Esto se podría haber hecho en el cinturón industrial del norte de los Estados Unidos, pero ha sido desmantelado. No son, pues, razones económicas las que impiden desarrollar un sistema ferroviario robusto. Son razones de clase, que reflejan la debilidad de la movilización popular.

Cambio climático y armas nucleares

Hasta aquí me he limitado a las cuestiones domésticas, pero hay dos desarrollos peligrosos en el ámbito internacional, una suerte de sombra que planea sobre todo lo el análisis. Por primera vez en la historia de la humanidad, hay amenazas reales a la supervivencia digna de las especies.

Una de ellas nos ha estado rondando desde 1945. Es una especie de milagro que la hayamos sorteado. Es la amenaza de la guerra nuclear, de las armas nucleares. Aunque no se habla mucho de ello, esta amenaza no ha dejado de crecer con el gobierno actual y sus aliados. Y hay que hacer algo antes de que estemos en problemas serios.

La otra amenaza, por supuesto, es la catástrofe ambiental. Prácticamente todos los países en el mundo están tratando de hacer algo al respecto, aunque sea de manera vacilante. Los Estados Unidos también, pero para acelerar la amenaza. Son el único país de los grandes que no ha hecho nada constructivo para proteger el medio ambiente, que ni siquiera se ha subido al tren. Es más, en cierta medida, lo están empujando hacia atrás. Todo esto está ligado a la existencia de un gigantesco sistema de propaganda que el mundo de los negocios despliega con orgullo y desfachatez con el objetivo de convencer a la gente de que el cambio climático es una patraña de los progres “¿Por qué hacer caso a estos científicos?”.

Estamos viviendo una auténtica regresión a tiempos muy oscuros. Y no lo digo en broma. De hecho, si se piensa que esto está pasando en el país más poderoso y rico de la historia, la catástrofe parece inevitable. En una generación o dos, cualquier otra cosa de la que hablemos carecerá de importancia. Hay que hacer algo, pues, y hacerlo pronto, con dedicación y de manera sostenible. No será sencillo. Habrá, por descontado, obstáculos, dificultades, fracasos. Es más: si el espíritu surgido el año pasado, aquí y en otros rincones del mundo, no crece y consigue convertirse en una fuerza de peso en el mundo social y político, las posibilidades de un futuro digno no serán muy grandes.

Noam Chomsky es profesor emérito del Departamento de Lingüística y Filosofía del MIT. Universalmente reconocido como renovador de la lingüística contemporánea, es el autor vivo más citado, el intelectual público más destacado de nuestro tiempo y una figura política emblemática de la resistencia antiimperialista mundial.

Traducción para www.sinpermiso.info: Gerardo Pisarello
 
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sexta-feira, 11 de maio de 2012

MEMÓRIAS DE UMA GUERRA SUJA


Livro conta como a ditadura matou

O livro "Memórias de uma Guerra Suja", lançado recentemente pelos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, deverá servir de subsídio para a Comissão da Verdade, criada para esclarecer as violações de direitos humanos nos anos da ditadura militar. A publicação revela os bastidores de uma parte do trabalho de combate e destruição da esquerda brasileira durante os anos 1970 e início dos 1980.

No livro, o policial Cláudio Guerra, ex-delegado do Dops do Espírito Santo, conta como o governo federal autorizou a matança de militantes de esquerda no Brasil e, após os crimes, de que forma os militares decidira dar sumiço nos corpos das vítimas. O texto já está sendo usado, inclusive, pelo Ministério Público Federal, que investiga quatro das mortes relatadas no livro.

Narrado em primeira pessoa, Cláudio Guerra diz ser o responsável pelo desaparecimento de dez participantes da luta armada, cujos corpos incinerou nos fornos de uma usina de açúcar. Apesar do seu nome não estar em nenhuma das listas de agentes torturadores, feitas pelas organizações de esquerda, Guerra conta que em nome das Forças Armadas tinha a missão de matar opositores. Ele revela que os corpos, na maior parte das vezes, eram incinerados em locais previamente definidos.

No livro, o ex-agente do Dops afirma ainda que um desses locais era a Usina Cambahyba, em Campos, Rio de Janeiro. Ali teriam sido incinerados pelo menos dez corpos de militantes políticos de esquerda.

CP

Marinho teria simulado atentado 

De acordo com o delegado Cláudio Guerra, ex-agente do Dops do Espírito Santo, hoje com 71 anos, a decisão de usar os fornos foi tomada por ele e pelo coronel da Cavalaria do Exército Freddie Perdigão Pereira, que trabalhava para o Serviço Nacional de Informação (SNI), e o comandante da Marinha Antônio Vieira, do Centro de Informação da Marinha (Cenimar). Os dois aprovaram a ideia e passaram a usar o local para "sumir com os corpos", uma vez que os "cemitérios" utilizados até então começavam a levantar suspeitas.

O ex-agente do Dops afirma também que Roberto Marinho, dono da Rede Globo, já falecido, planejou um atentado contra si mesmo para disfarçar as suspeitas que recaíam sobre as suas publicações. Guerra conta ainda que se disfarçou de padre para tentar assassinar o governador Leonel Brizola, um dos líderes da resistência contra a ditadura militar. O disfarce era uma estratégia para responsabilizar a Igreja Católica pelo atentado.

Na época, Brizola sofreu uma tentativa de assassinato no Hotel Everest, no Rio de Janeiro, em janeiro de 1980, quatro meses depois de chegar do exílio.

Por tudo o que revela o livro do ex-agente do Dops, que será lançado nos próximos dias em todo o país, deverá gerar forte polêmica, pois se trata da confissão de um membro da Polícia política da ditadura militar, que afirma querer agora ajudar as famílias às quais causou forte sofrimento na época.

CP

segunda-feira, 7 de maio de 2012

FRASES

Fonte da imagem AQUI.

"ter um corrupto como informante não nos corrompe". 

Declaração do diretor de redação da revista Veja, Eurípedes Alcântara, em artigo na internet.

Informações trocadas entre o contraventor Cachoeira e Policarpo Júnior, diretor da Veja em Brasília, resultaram ao menos em cinco capas da revista de maior circulação do país.  Em decorrência das informações que Cachoeira passava para serem publicadas, vários funcionários do ministério foram afastados. Cachoeira se orgulha de "plantar" notícias na revista em benefício próprio e de saber até quando determinadas matérias sairiam. 

 Leia a notícia na íntegra AQUI.

Israel: Meir Margalit y el Muro de Hierro

Fonte da Imagem AQUI

G. Buster · Carlos Girbau · · · · 

La misma semana que moría a los 102 años Benzion Netanhayu, padre del primer ministro de Israel, Benjamin Netanhayu, el concejal del ayuntamiento de Jerusalén y co-fundador del Comité Israelí contra la Demolición de Casas (ICAHD), Meir Margalit, fue llamado a declarar al ministerio de interior para responder por su actuación en la reconstrucción de casas palestinas en los Territorios Ocupados y Jerusalén Oriental.

Aparentemente nada une estos dos hechos. Sin embargo, tanto los elogios fúnebres pronunciados ante la tumba de Benzion Netanhayu como el interrogatorio al que fue sometido Meir Margalit son un testimonio de la profunda crisis política y moral en la que se encuentra Israel cuando termina uno de los períodos de gobierno más estables y largos liderados por el Likud, el partido de la derecha sionista.

Algo podría unir aun más a Benzion Netanhayu y a Meir Margalit. Ambos tienen sus orígenes políticos en el revisionismo sionista de Zeev Jabotinsky que, a pesar de su pasado de extrema derecha fascista, ha llegado a convertirse, con la crisis terminal del Partido Laborista, en una especie de "sentido común" del sionismo.

Jabotinsky fue uno de los primeros articuladores de la política del miedo, en un conflicto entre árabes y judíos que consideraba "natural" e innegociable: "… los asentamientos solo pueden desarrollarse bajo la protección de una fuerza independiente de la población local, detrás de un muro de hierro, que no puedan romper… es imposible un acuerdo voluntario. Mientras los árabes conserven una chispa de esperanza de librarse de nosotros, nada en el mundo les hará abandonarla, precisamente porque no son una ruina sino un pueblo viviente." (Ha´aretz 1923)

Pero el miedo al futuro solo es sostenible cuando se arrastra desde el pasado. Benzion Netanhayu, el último secretario de Jabotinsky, quiso demostrar que era infinito y universal porque hundía sus raíces en el odio racial a los judíos. Para ello escribió su tesis Los orígenes de la Inquisición en la España del Siglo XV, convirtiendo en argumento histórico la estrategia política del revisionismo sionista. Hasta el final de su larga vida fue un fanático defensor de la política del miedo, que su hijo ha sido capaz de llevar más allá, hasta la amenaza mesiánica de la destrucción de Israel por la bomba nuclear iraní. Es decir, el miedo se puede sentir y se puede infligir.


Meir Margalit fue militante de Betar, la organización juvenil del revisionismo sionista, participó en la creación del asentamiento de Netzarim en Gaza y vivió e infligió ese miedo en la guerra de Yom Kippur de 1973, en la que fue herido. Pero la política del miedo fracasó cuando tenía 21 años y, como para otras muchas personas, dejó de tener sentido. Meir Margalit ha dedicado el resto de su vida a teorizar y a practicar una política de la solidaridad. Comenzó como historiador, con su tesis sobre La emigración judía a Palestina durante el mandato británico (1920-1948), buscando las razones de quienes fracasaron en el proyecto colonizador y abandonaron el empeño sionista. Pero, sobre todo, se ha convertido en el intérprete y cronista de la política del miedo aplicada a la ciudad de Jerusalén con Descrimination in the Heart of the Holy City (IPCC, 2006), No Place Like Home: House Demolitions in East Jerusalem (ICAHD, 2007) y Seizing Control of Space in East Jerusalem (SAG, 2010).

El interés de quienes interrogaron a Meir Margalit en el ministerio de interior israelí no es meramente intelectual. Querían saber si había ayudado desde el ICAHD a reconstruir cerca de 1.000 viviendas palestinas en los Territorios Ocupados, incluyendo unas 200 en Jerusalén Oriental. Margalit reconoció que, efectivamente, algo había ayudado, pero que en cualquier caso no se trataba de una violación de la legislación israelí, porque de acuerdo con el derecho internacional esta no puede aplicarse a unos territorios ocupados militarmente.

El objetivo del ministerio de interior es ante todo pedagógico: quiere reinstaurar la política del miedo como una conducta refleja condicionada, tanto en la población palestina ocupada como en la judía ocupante. Nada más eficaz que las demoliciones de casas, porque ¿cómo negociar la paz entre iguales con quien te ha tirado abajo tu casa? Es una herramienta perfecta para instaurar el miedo en ambos sentidos.

No es la primera vez que el ministerio de interior emprende una operación pedagógica en este sentido, para inculcar el miedo en los ciudadanos israelíes que no lo tienen o lo han superado. Meir Margalit ha sido ya interrogado y amenazado en otras ocasiones y el co-fundador de ICAHD, Jeff Harper, fue condenado en su día a seis meses de "trabajos comunitarios" por obstruir una demolición. Pero Meir Margalit es además concejal y responsable de la zona oriental en el Ayuntamiento de Jerusalén. No solo es un obstáculo militante, es además un obstáculo institucional.

Desde hace algunos años, más de un centenar de jóvenes brigadistas del Reino de España se han sumado a los campamentos de verano del ICAHD para reconstruir casas palestinas demolidas por las autoridades israelíes. Han vivido de cerca la contradicción "natural" e "innegociable" entre la política del miedo y la política de la solidaridad; han pasado miedo y han sido solidarios, superando y negando el miedo. Meir Margalit ha sido uno de sus principales maestros y guías en esta experiencia.

La situación política en la zona no puede ser peor. El gobierno Netanhayu, coalición de la derecha extrema y de los remanentes agónicos del laborismo, ha conseguido, a golpe de construcción de asentamientos ilegales, bloquear y llevar el proceso de paz a un callejón sin salida. Como la resistencia nacional palestina no es ya suficiente amenaza para sostener su política del miedo, dado que la injustificada brutalidad del Estado israelí está cada vez más cuestionada y la idea de un estado palestino avanza, eso sí, a durísimas penas en la arena internacional, el enemigo exterior ocupa cada vez más espacio en el discurso del miedo. Irán y el peligro de un ataque nuclear en un futuro sin determinar son hoy el eje del mismo. Como el miedo exterior es poco consistente, es importante reforzarlo internamente y "reeducar" sin contemplaciones a lo que queda del movimiento por la paz y la solidaridad con Palestina en Israel. Las amenazas e intimidaciones se multiplican a ambos lados del muro de hierro de Jabotinsky.

A pesar de los esfuerzos de los constructores de muros de hierro, la política del miedo, sin embargo, fracasa una y otra vez. Conduce a un circulo vicioso, sin salida que, como ha señalado Ilan Pappé, solo puede superarse con el reconocimiento del carácter colonizador del proyecto sionista y de su actual hijo, el Estado de Israel. No es posible un proceso de paz basado en la política del miedo, cuyo principal objetivo es negar el derecho de autodeterminación del pueblo palestino.

Se nos olvidaba: Meir Margalit es además miembro del Consejo Editorial de Sin Permiso y nuestro compañero y amigo. Con otros muchos, hemos comenzado una campaña de solidaridad con él, que se inicia con una recogida de firmas en http://www.change.org/petitions/israeli-minister-of-internal-affairs-support-human-rights-defender-meir-margalit

Por favor, únete.

Referencias:
-La disidencia en Israel: entrevista con Meir Margalit, coordinador del Comité Israelí Contra la Demolición de Casas www.nodo50.org/averac/La%20disidencia%20en%20Israel.doc
-Entrevista con Meir Margalit en el Ateneu Roig de Gracia http://www.youtube.com/watch?v=LrOYvjhoK5Y&feature=related)

Gustavo Buster es miembro del comité de redacción de Sin Permiso, Carlos Girbau es coordinador del Foro Social de Madrid
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