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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A ILUSÃO DE UM ACORDO

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por Rodrigo Vianna

Já nos primeiros meses de governo, tudo estava claro. O governo Dilma significou um movimento rumo ao centro. Parecia uma estratégia inteligente, como escrevi na época aqui: Lula tinha já o apoio da “esquerda” tradicional – com sindicatos, movimentos sociais e também a massa de eleitores de baixa renda beneficiados pelos programas sociais. Dilma avançou para o centro, com acenos para a classe média que preferira Serra e Marina em 2010. A agenda “técnica” e a “faxina” são a face visível desse giro ao centro. Não é à toa que Dilma alcançou mais de 80% de aprovação.

Mas ela não fez só isso. Abriu mão de conquistas importantes dos anos Lula: houve retrocessos na Cultura e na área Ambiental, pouca disposição para dialogar com os movimentos sociais, nenhuma disposição para qualquer avanço na área de Comunicações. São apenas alguns exemplos.

Concentro-me nesse último ponto: o Brasil tem uma legislação retrógrada e um mercado de mídia dominado por meia dúzia de famílias. Não é só um problema de falta de concorrência, mas um problema político – na medida em que essas famílias impedem a diversidade de opinião e interditam o debate no país. No segundo mandato, Lula percebeu a necessidade de mexer nessa área; convocou a Confecom (Conferência Nacional de Comunicação) e encomendou a Franklin Martins um novo Marco Regulatório para o setor. Dilma preferiu o silêncio, mandou o ministro Paulo Bernardo guardar o projeto de Franklin numa gaveta profunda.

Dilma foi a festinhas em jornais e TVs, logo após a posse, e aceitou as pressões da velha mídia para barrar a investigação da “Veja” e de Policarpo na CPI do Cachoeira. O governo foge do confronto. Ao mesmo tempo, entope de anúncios – e de dinheiro – as empresas que são as primeiras a barrar qualquer tentativa de avanço no país – como escreveu Paulo Henrique Amorim.

A turma que cuida da Comunicação no governo Dilma parece dividir-se em duas: uma tem medo da Globo e da Abril, a outra quer garantir empregos na Globo e Abril quando terminar o mandato.

Dilma segue popular. Mas a base tradicional lulista está ressabiada.

A velha mídia e os tucanos perceberam a possibilidade de abrir uma cunha entre Dilma e o lulismo. A estratégia é simples: poupa-se Dilma agora, concentra-se todo o ódio no PT e em Lula. Com PT e Lula fracos, ficará mais fácil derrotar Dilma logo à frente.

A presidente, pessimamente aconselhada na área de Comunicações, parece acreditar na possibilidade de uma “bandeira branca” com a mídia. Não percebe que ali está o coração da oposição.

A velha mídia, derrotada por Lula em 2006 e 2010, mostra que segue fortíssima com esse episódio do ”Mensalão”. Colunistas de quinta categoria pautaram os ministros do STF, capas da “Veja” e manchetes do “JN” empurraram o julgamento para as vésperas da eleição municipal. O STF adota uma linha “nova” para o julgamento, que rompe com a jurisprudência adotada até aqui, e aceita indícios como elementos para a condenação.

Evidentemente que – nesse episódio do chamado “Mensalão” - dirigentes do PT erraram feio: está claro que a rede de promiscuidade e troca de favores entre agências de publicidade, bancos privados e entes públicos precisava ser investigada e punida. Não era “mensalão”, mas era ilícito.

O que chama atenção é o moralismo seletivo da Justiça e da velha mídia. Querer transformar o arranjo mambembe – e desastrado – feito pelo PT de Delúbio Soares no ”maior escândalo da história republicana” é quase uma piada.

O fato é que a velha mídia ganhou esse jogo até aqui. Outro fato: ninguém acredita que “indícios” serão suficientes para condenar mensalões tucanos, nem banqueiros ou publicitários que tenham se lambuzado em operações com outras forças políticas. Não. O roteiro está preparado para condenar o PT. E só isso. É parte da estratégia de retomar o Estado brasileiro.

No dia em que o julgamento começou, Dilma anunciou o tal “pacote de concessões” para a iniciativa privada, na área de infra-estrutura. Não foi à toa. Era como se a presidenta tentasse se desvincular: o “velho PT” vai pro banco dos réus; ela não, é “moderna” e confiável. Hum…

Imaginem Zé Dirceu condenado. Na manhã seguinte, o alvo será Lula. Consolidado o ataque a Lula, as baterias estarão voltadas contra Dilma. Rapidamente, a sucessora de Lula perceberá que a ilusão de um trato “republicano” com a velha mídia brasileira não era nada além disso: ilusão.

Será que Dilma deu-se conta do erro que é apostar na lua-de-mel com os conservadores? Afinal, bateu pesado em FHC, quando este último escreveu sobre a “herança” pesada que Lula teria deixado pra ela. Mas e a relação com a mídia? Preocupante saber que Dilma teria confirmado presença no Congresso da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa). Trata-se de uma espécie de Instituto Millenium, maior e mais articulado em todas as Américas. FHC e Marina estarão lá na SIP. Se Dilma também for, o círculo estará fechado.

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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Drogas? É preciso pensar

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sigo achando
que o álcool
é problema
mais sério
do que todas
as drogas
ilegais juntas


MARCOS ROLIM*
 

marcos@rolim.com.br

Sempre é bom ver políticos defendendo uma ideia. Ainda que seja só uma e de natureza conservadora. Mas poderíamos combinar algumas coisas. Primeiro: sempre que alguém fizer afirmação sobre relações causais deve indicar sua fonte. Desta forma, é possível checar os dados, avaliar a metodologia empregada e saber até que ponto as conclusões agregam consenso científico.

Se não for assim, só o que se estimula é o medo e o preconceito, o que termina por interditar o debate, ao invés de promovê-lo. O "Manifesto contra a descriminalização das drogas", divulgado esta semana e assinado por políticos, entidades médicas e religiosas é _ independente da intenção de seus autores _ uma peça em favor da interdição do debate e em nenhum momento um convite à reflexão.

Ele faz muitas afirmações, mas não indica uma só referência.

Diz, por exemplo, que a experiência de Portugal _ que descriminalizou a posse de drogas em 2001 _ é um fracasso. Talvez seja. Mas aquele que é, possivelmente, o mais amplo estudo sobre esta experiência, o Relatório do Cato Institute, dos EUA _ Drug Decriminalization in Portugal: Lessons for Creating Fair and Successful Drug Policies, disponível em http://migre.me/a41Z3, sustenta precisamente o contrário. Em 2001, a direita portuguesa afirmava que a descriminalização iria abrir as portas para o "narcoturismo" e que o consumo aumentaria (na linha do que dizem hoje, por exemplo, sábios como Reynaldo Azevedo). O relatório Cato revelou que, nos primeiros cinco anos após a descriminalização, o uso de drogas ilícitas entre adolescentes em Portugal diminuiu, as taxas de infecções por HIV causadas por compartilhamento de seringas caíram, enquanto o número de pessoas em tratamento para dependência mais do que duplicou. Neste ponto, o Manifesto critica Portugal por ter mais dependentes em tratamento do que os demais países europeus, sem se dar conta de que, quando não há o crime de uso de drogas, os usuários se aproximam muito mais do sistema de saúde. Aliás, os recursos poupados com as sanções aos usuários em Portugal permitiram financiar mais programas de tratamento aos dependentes. O que _ segundo matéria de Maia Szalavitz na Time Science _ Drugs in Portugal: Did Decriminalization Work?, disponível em http://migre.me/a41Ho - foi reconhecido pelo "Czar das drogas" em Portugal, João Castel-Branco Goulão, presidente do Instituto da Droga e Dependência Química, para quem "a polícia está agora em condições de focar suas ações no monitoramento de traficantes".

O Manifesto afirma, também, que "boa parte" (sic) dos acidentes no trânsito é produzida por pessoas "sob o efeito de maconha, cocaína" etc. Novamente, não há referência e nem ficamos sabendo o quanto é uma "boa parte". Uau! E eu que achava que a esmagadora maioria dos acidentes era causada por motoristas alcoolizados. Este deve ser o meu problema: por ingenuidade, sigo achando que o álcool é problema mais sério do que todas as drogas ilegais juntas e que deveríamos já, há muito, ter proibido a propaganda de bebidas alcoólicas no Brasil. Bem, mas para uma medida simples assim, talvez nos faltem senadores e deputados e sobrem financiadores de campanha.

* Jornalista

terça-feira, 19 de junho de 2012

DEMÓSTENES & DIAS TOFFOLI: MAIS UMA DO STF

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"Ele ia ver o jogo do Brasil em Goiânia, dia 4 de junho de 2011. O ministro me ligou para que eu o pegasse no aeroporto, perguntou se podia pegá-lo. Eu nem ia ver o jogo, mas fui".

Frase do ainda senador Demóstenes Torres relatando favor efetuado ao Ministro Dias Toffoli, do STF.

Na ocasião Demóstenes avisou o bicheiro Cachoeira que estava indo ao aeroporto pegar o ministro.

Em seguida, o bicheiro ligou para um assecla e o instrui a ir ao encontro de Demóstenes e Toffoli no aeroporto para entregar ao senador um Ipad, para que eles pudessem ver a edição da revista Veja que tinha uma entrevista do senador com elogios ao Judiciário.

Detalhe importante: ontem, dia 18 de junho, Dias Toffoli concedeu liminar a Demóstenes Torres adiando a votação do pedido de cassação de seu mandato pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamenta do Senado.

A credibilidade do STF está cada vez mais debilitada...

Leia mais AQUI e AQUI.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O DESESPERO DA VEJA

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Gilmar Mendes & Veja: a pauta do desespero

Saul Leblon

A revista que arrendou uma quadrilha para produzir 'flagrantes' que dessem sustentação a materias prontas contra o governo, o PT, os movimentos sociais e agendas progressistas teve a credibilidade ferida de morte com as revelações do caso Cachoeira. VEJA sangra em praça pública. Mas na edição desta semana tenta um golpe derradeiro naquela que é a sua especialidade editorial: um grande escândalo capaz de ofuscar a própria deriva. À falta dos auxilares de Cachoeira, recorreu ao ex-presidente do STF, Gilmar Mendes, que assumiu a vaga dos integrantes encarcerados do bando para oferecer um 'flagrante' à corneta do conservadorismo brasileiro. Desta vez, o alvo foi o presidente Lula.

A semanal transcreve diálogos narrados por Mendes de uma inexistente conversa entre ele e o ex-presidente da República, na cozinha do escritório do ex-ministro Nelson Jobim. Gilmar Mendes --sempre segundo a revista-- acusa Lula de tê-lo chantageado com ofertas de 'proteção' na CPI do Cachoeira. Em troca, o amigo do peito de Demóstenes Torres, com quem já simulou uma escuta inexistente da PF (divulgada pelo indefectível Policarpo Jr, de VEJA, a farsa derrubou o diretor da ABI, Paulo Lacerda), deveria operar para postergar o julgamento do chamado 'mensalão'.

Neste sábado, Nelson Jobim, insuspeito de qualquer fidelidade à esquerda, desmentiu cabalmente a versão da revista e a do magistrado. Literalmente, em entrevista ao Estadão, Jobim disse: 'O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso. O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão; tomamos um café na minha sala. O tempo todo foi dentro da minha sala (não na cozinha); o Lula saiu antes; durante todo o tempo nós ficamos juntos", reiterou.

A desfaçatez perpetrada desta vez só tem uma explicação: bateu o desespero; possivelmente, investigações da CPI tenham chegado perto demais de promover uma devassa em circuitos e métodos que remetem às entranhas da atuação de Mendes e VEJA nos últimos anos. Foram para o tudo ou nada. No esforço para mudar o foco da agenda política e criar um fato consumado capaz de precipitar o julgamento do chamado 'mensalão', jogaram alto na fabricação de uma crise política e institucional. O desmentido de Jobim nivela-os à condição dos meliantes já encarcerados do esquema Cachoeira. A Justiça pode tardar. A sentença da opinião pública não.

terça-feira, 22 de maio de 2012

DINHEIRO JORRAVA

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' Esta tudo lá: empresas importantes como a Gasbras, a White Martins, a Itapemirim, o grupo Folha e o banco Sudameris, que era o banco da repressão; o dinheiro dos empresários jorrava para custear as operações clandestinas e premiar os bandidos com bonificações generosas'.


Declaração de Bernardo Kucinski, escritor e jornalista, a respeito do livro "Memórias de uma guerra suja". Mais sobre esse livro AQUI.


Leia Carta Maior.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Internet apavora a velha mídia

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Não é apenas a revista Veja, denunciada por suas ligações com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira, que está desesperada com os “insetos”, “robôs” e “petralhas amestrados” das redes sociais. Toda a velha mídia, no Brasil e no mundo, teme o vertiginoso crescimento da internet. Um estudo recente confirma que o seu modelo de negócios está em declínio acelerado.

Estimativas apresentadas na semana passada pela seccional brasileira da agência Interactive Advertising Bureau (IAB) indicam que os jornalões serão superados pela internet como mídia mais acessada até o final deste ano. Mas não são somente os veículos impressos que perderão publicidade e terão o seu faturamento reduzido. As emissoras de televisão também sofrerão abalos.

Menos tempo diante da TV

Segundo Fabio Coelho, presidente do IAB-Brasil e também da filial do Google, em 2012 o meio digital crescerá 39%, fechando o ano com 13,7% de participação no mercado de comunicação e faturamento na casa dos R$ 4,7 bilhões. No ano passado, a web representava 11% do bolo publicitário. Para ele, a internet é “um mercado pujante”, que irá superar rapidamente as outras mídias.

O estudo da IAB, intitulado “Brasil Conectado: Hábitos de Consumo de Mídia”, aponta a existência de 80 milhões de internautas no país, dos quais 49% pertencem às chamadas classes C, D e E. Na rotina dos brasileiros, a internet já é considerada o meio mais importante para 82% dos 2.075 entrevistados. Mais de 40% deles passam, pelo menos, duas horas por dia navegando na rede, enquanto apenas 25% gastam o mesmo tempo assistindo TV.

“No limiar de uma grande transformação”

A internet aparece como a atividade preferida por todas as faixas etárias, de renda, gênero e região quando se tem pouco tempo livre, somando 62%. Em casa, a web é acessada pela manhã, quando 69% se conectam, 78% acessam à tarde e 73% à noite. Ela também é a mídia mais popular nos locais de trabalho, escola, restaurantes, shoppings e na casa de amigos.

“Todos os dados confirmam a expansão do mercado, que tende a se acentuar com as iniciativas de ampliação do acesso a banda larga e também ao aumento da base de smartphones. Estamos apenas no limiar de uma grande transformação”, garantiu Fabio Coelho, presidente do IAB, ao jornal O Globo.

Altamiro Borges é jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, militante do PCdoB.

CdoB

sexta-feira, 11 de maio de 2012

MEMÓRIAS DE UMA GUERRA SUJA


Livro conta como a ditadura matou

O livro "Memórias de uma Guerra Suja", lançado recentemente pelos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, deverá servir de subsídio para a Comissão da Verdade, criada para esclarecer as violações de direitos humanos nos anos da ditadura militar. A publicação revela os bastidores de uma parte do trabalho de combate e destruição da esquerda brasileira durante os anos 1970 e início dos 1980.

No livro, o policial Cláudio Guerra, ex-delegado do Dops do Espírito Santo, conta como o governo federal autorizou a matança de militantes de esquerda no Brasil e, após os crimes, de que forma os militares decidira dar sumiço nos corpos das vítimas. O texto já está sendo usado, inclusive, pelo Ministério Público Federal, que investiga quatro das mortes relatadas no livro.

Narrado em primeira pessoa, Cláudio Guerra diz ser o responsável pelo desaparecimento de dez participantes da luta armada, cujos corpos incinerou nos fornos de uma usina de açúcar. Apesar do seu nome não estar em nenhuma das listas de agentes torturadores, feitas pelas organizações de esquerda, Guerra conta que em nome das Forças Armadas tinha a missão de matar opositores. Ele revela que os corpos, na maior parte das vezes, eram incinerados em locais previamente definidos.

No livro, o ex-agente do Dops afirma ainda que um desses locais era a Usina Cambahyba, em Campos, Rio de Janeiro. Ali teriam sido incinerados pelo menos dez corpos de militantes políticos de esquerda.

CP

Marinho teria simulado atentado 

De acordo com o delegado Cláudio Guerra, ex-agente do Dops do Espírito Santo, hoje com 71 anos, a decisão de usar os fornos foi tomada por ele e pelo coronel da Cavalaria do Exército Freddie Perdigão Pereira, que trabalhava para o Serviço Nacional de Informação (SNI), e o comandante da Marinha Antônio Vieira, do Centro de Informação da Marinha (Cenimar). Os dois aprovaram a ideia e passaram a usar o local para "sumir com os corpos", uma vez que os "cemitérios" utilizados até então começavam a levantar suspeitas.

O ex-agente do Dops afirma também que Roberto Marinho, dono da Rede Globo, já falecido, planejou um atentado contra si mesmo para disfarçar as suspeitas que recaíam sobre as suas publicações. Guerra conta ainda que se disfarçou de padre para tentar assassinar o governador Leonel Brizola, um dos líderes da resistência contra a ditadura militar. O disfarce era uma estratégia para responsabilizar a Igreja Católica pelo atentado.

Na época, Brizola sofreu uma tentativa de assassinato no Hotel Everest, no Rio de Janeiro, em janeiro de 1980, quatro meses depois de chegar do exílio.

Por tudo o que revela o livro do ex-agente do Dops, que será lançado nos próximos dias em todo o país, deverá gerar forte polêmica, pois se trata da confissão de um membro da Polícia política da ditadura militar, que afirma querer agora ajudar as famílias às quais causou forte sofrimento na época.

CP

segunda-feira, 7 de maio de 2012

FRASES

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"ter um corrupto como informante não nos corrompe". 

Declaração do diretor de redação da revista Veja, Eurípedes Alcântara, em artigo na internet.

Informações trocadas entre o contraventor Cachoeira e Policarpo Júnior, diretor da Veja em Brasília, resultaram ao menos em cinco capas da revista de maior circulação do país.  Em decorrência das informações que Cachoeira passava para serem publicadas, vários funcionários do ministério foram afastados. Cachoeira se orgulha de "plantar" notícias na revista em benefício próprio e de saber até quando determinadas matérias sairiam. 

 Leia a notícia na íntegra AQUI.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Demóstenes e o ”duplipensar” da grande imprensa

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Qualquer pessoa de bom senso, que tenha lido os articulistas da grande imprensa, desde o surgimento dos escândalos envolvendo o senador Demóstenes Torres, concluirá facilmente que os trabalhadores das oficinas de consenso, aturdidos com o que lhes parece um ponto fora da curva, uma desconstrução dispendiosa e extemporânea, são como aqueles motoristas que imaginam poder dirigir um veículo com os olhos presos ao retrovisor. Não enxergam a clareza da realidade. O círculo do jornalismo de encomenda, minúsculo e cego, está só, murado no seu isolamento.

A pedagogia dos fatos, inexorável nas suas evidências, parece passar ao largo das redações. O que se faz ali não é jornalismo, mas um simulacro de literatura de antecipação marcada por profundo pessimismo e cenários de devastação. Talvez George Orwell e seu clássico 1984 expliquem melhor o suporte narrativo da fábula que não deixa de trazer uma concepção de história autoritária e retrógada.

As delicadas relações do senador goiano com o bicheiro Carlinhos Cachoeira – e a possibilidade de que o governador tucano Marconi Perillo venha a ser o próximo alvo – pôs em operação o “duplipensar” orwelliano que, desde a posse de Lula, está incorporado aos manuais de redação. Como o objetivo é afastar o ex-varão de Plutarco de cena, para prosseguir atacando o governo da presidente Dilma, os “cães de guarda” cumprem a tarefa com afinco.

No reduzido vocabulário da “Novilíngua”, o “duplipensamento” é assim explicado por um dos personagens de 1984: “capacidade de manter simultaneamente duas crenças opostas, acreditado igualmente em ambas(…). Saber que está brincando com a realidade mas, mediante o exercício de tal raciocínio, convencer a si próprio, que não está violentando a realidade. O processo deve ser consciente, pois do contrário não funcionará com a previsão necessária: mas, ao mesmo tempo, deve ser inconsciente para não produzir sensação de falsidade e culpa”. Com esse trecho, cremos ter decifrado os sorrisos de Merval Pereira, Dora Kramer, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, entre outros, quando confrontados com a palavra “ética”.

Para eternizar a ordem que defendem com unhas e dentes o cenário político, submetido ao pensamento único, passa por processos de ocultamento e simplificação, visando a eliminar todas as possibilidades de pensar dos membros do Partido Imprensa.

Outra implicação do “duplipensar” da mídia corporativa é a constante alteração do passado. O registro – e consequentemente a memória – dos fatos ocorridos devem ser refeitos sempre, a fim de adaptarem-se ao presente. O trabalho de um “bom” editorialista é reescrever a visão dos veículos em que trabalha para que não contradiga a realidade de hoje. Assim, por exemplo, Folha, Globo e Estadão podem condenar o golpe de 1964, mesmo o tendo apoiado ostensivamente. Se um livro denuncia um líder político como Serra e outras figuras no seu entorno, a solução é simples: Ele nunca foi escrito e, portanto, jamais será resenhado, sendo passível de punição severa quem não entender como funcionam as “leis naturais”.

Além da eliminação do passado como elemento de desarmonia com o presente e como instrumento de verificação das afirmações do Partido Imprensa, este recorre a outros meios, bem mais convencionais, para moldar a consciência de seus filiados e simpatizantes (leitores e telespectadores): educação permanente assegurada pela propriedade cruzada dos meios de comunicação, atividade coletiva sem intervalos, o que pode ser obtido mediante ampla oferta de blogs, sites, jornais e redes que digam sempre o mais do mesmo . Para concluir, vem a valorização do poder político como fim, não como meio.

O incômodo Demóstenes deve, após a sequência de denúncias, ter um diagnóstico clínico que despolitize o seu desvio. Merece, pelos serviços prestados, um roteiro que conte a tragédia do Catão caído, até que, finalmente, desapareça na lata de lixo reservada aos que fugiram da trama original. Assim agem os bons autores ao tomar como ponto de partida uma realidade familiar e palpável e transformá-la em espetáculo perecível. Em tempo: o DEM, assim como o PFL, nunca contou com o apoio das corporações midiáticas por um simples motivo: nunca existiu.

Vejam como operam nossos talentosos colunistas. Orwell ficaria tão contente que, com certeza, lhes arrumaria um lugar no Ministério da Verdade.

“Em um mês, o senador Demóstenes Torres passou de acima de qualquer suspeita para abaixo de qualquer certeza, num episódio que desafia os romances policiais mais surpreendentes. Além da atuação implacável contra a corrupção, ele tinha a cara, vestia o figurino e se comportava como um incorruptível homem de bem – e talvez seja mesmo sócio da holding criminosa de Cachoeira (Nélson Motta, 6/04/2012, o Globo)

“Demóstenes Torres não seria beneficiado pelo “vício insanável da amizade” – expressão usada pelo notório Edmar Moreira (o deputado do “castelo”) para definir o principal obstáculo a punições -, pois os amigos que fez ali estão entre as exceções e os demais confirmam a regra. Por terem sido alvos do senador na face clara de sua vida agora descoberta dupla, podem querer mostrar-se ao público em brios. O problema, porém, é a falta de credibilidade” (Dora Kramer, 6/04/2012, Estado de São Paulo)

“Esse personagem que o senador criou para si próprio não era uma mentira de Demóstenes, ele incorporou esse personagem e acreditava nele. Podia acusar com veemência seus colegas senadores apanhados em desvios, como Renan Calheiros, enquanto mantinha o relacionamento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira porque, como todo psicopata, não misturava as personalidades “(Merval Pereira, reproduzindo argumento do psicanalista Joel Birman, 30/03/2012, O Globo)

Admiráveis funcionários de um jornalismo inqualificável.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil.

CdB

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A LIBERTADORES DA AMÉRICA E A REDE GLOBO

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Etnia: Gaúcho e Colorado

A falta de transmissão dos jogos da Libertadores da América na TV fechada tem motivação e gênese que infringem direitos dos consumidores e a livre concorrêcia. Cabe ao CADE zelar pela preservação da livre concorrência e defesa do consumidor, reprimindo o abuso de poder econômico.

Esses dias tive de preencher uma ficha médica e me questionaram sobre a minha etnia. Não tive dúvidas: colorado (Internacional de Porto Alegre). Tomei o cuidado, inclusive, de colocar a observação entre parênteses.
Inspirado na ficha médica, resolvi entrar em contato com a NET, minha provedora de canais a cabo, a fim de convencê-los de que eu merecia poder ver os jogos de meu time do coração na TV fechada.

Nem preciso dizer que a conversa foi absolutamente infrutífera. Em primeiro lugar, porque a atendente disse não ser relevante a minha etnia. Depois, não conhecia o Colorado e, por último, disse que a culpa de eu não poder ver os jogos da Libertadores da América na TV fechada era do canal Fox Sports.

Num só diálogo fui triplamente ofendido. Vi que minha etnia era desconhecida, senti-me um membro de uma tribo isolada em um canto do mundo, com língua e cultura própria (hummm...). O Internacional, Campeão de Tudo, time que mais venceu nesse milênio, era desconhecido da moça – um absurdo. Agora, a TV fechada não passar os jogos do Inter na Libertadores, por culpa da Fox Sports (será?) pareceu-me um evento antijurídico.

Moro em São Paulo.

Por tal motivo, jamais verei na TV aberta um jogo do colorado. Nem a final da Libertadores de 2010 foi transmitida na TV aberta. Preferiram transmitir o jogo do Santos na Copa do Brasil.

Entretanto, faz sentido que a TV aberta, em São Paulo, não queira mostrar jogos do Internacional. Os nativos querem ver os seus times na Globo. Em Porto Alegre, em compensação, se passasse um jogo do Corinthians, ao invés do Colorado, iniciar-se-ia verdadeira revolução.

Agora, merece atenção essa questão que envolve o canal Fox Sports e as operadores de TV a cabo NET e Sky, detentoras, pelo que se divulga, de setenta por cento do mercado da TV por assinatura.

A gênese do problema é a de sempre: quem manda são as organizações Globo. Ou se diz amém ao plim plim ou nada feito. Basta que se lembre do episódio do treinador da seleção brasileira Dunga (igualmente de etnia colorada). Embora tenha sido um sucesso durante todo o período de preparação para a Copa do Mundo, sempre foi objeto das mais duras e, no mais das vezes, injustificáveis críticas. Ao contrário do atual treinador da seleção, não era afeito às entrevistas exclusivas dos veículos da Globo. Quando a seleção foi eliminada, tornou-se um pária. Foi queimado pelo poço de virtudes que é o Sr. Ricardo Teixeira, presidente, ao menos por enquanto, da CBF. Aliás, a entrevista do Sr. Ricardo Teixeira, na qual Dunga foi duramente criticado, foi exclusiva para a Globo.

As organizações Globo são donas dos canais Sportv. O ingresso da FOX Sports na grade de programação das operadoras de TV a cabo significará perda de audiência da Sportv. Haverá concorrência! E aí não há Bozó que suporte.

Dessa forma, o que poderia ser uma reclamação de torcedor (ou de secador – por acaso alguém acha que os gremistas, os sãopaulinos e os palmeirenses não têm interesse em ver os jogos da Libertadores?), passa a ser um caso de infração às regras de concorrência. O art. 21, da Lei 8884/94, determina: “Art. 21. As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no art. 20 e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica: IV - limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado; V - criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços.”

A posição dominante no mercado exercida pela Globo e seus longos braços, esgana todos os consumidores que gostariam de ver os jogos de seus times na TV fechada.

Futebol é coisa séria. Trata-se de patrimônio cultural do povo brasileiro. Basta lembrar da Copa do Mundo e a mobilização da União, Estados e Municípios para viabilizar o evento.

Futebol é questão tão séria que há interesse social nas notícias a ele ligadas. Não fosse assim, os notáveis debates nos tribunais envolvendo o jornalista Juca Kfouri, a CBF e o Sr. Ricardo Teixeira, teriam solução diversa.

Se Ricardo Teixeira pode ser chamado de “sub-chefe da máfia do futebol nacional” por Juca Kfouri é porque o futebol e tudo que o cerca estão sujeitos à crítica – por mais dura que seja – inspirada pelo interesse coletivo (conforme trecho da decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello, no AI 675276/RJ).

A não transmissão dos jogos da Libertadores da América na TV fechada deve ser tratada com a seriedade que a questão impõe. Cabe ao CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) zelar (art. 7º, L. 8884/94) pela preservação da livre concorrência e defesa do consumidor, reprimindo o abuso de poder econômico (art. 1º, L. 8884/94).

Entidades privadas, ligadas por interesses nada nobres, não estão acima do consumidor de futebol. Ou melhor, evidente que estão! É por tal motivo que os órgãos de controle do Estado devem se fazer presentes, a fim de reequlibrar essa relação sempre desigual. Hoje, é a Libertadores que, de certa forma, é objeto de uma censura motivada por infração à ordem econômica e social. Ontem, esses entes privados estavam conectados para dar a mais ampla divulgação ao esporte bretão. Enquanto mais alto, melhor. Afinal, os gritos nos porões da ditadura tinham que ser de alguma forma abafados.

Esse manuseio da paixão nacional é ilegal. É imoral.

(E o mais curioso nessa história toda é que o Sr. Ricardo Teixeira, se for mesmo morar em Miami, poderá ver a Libertadores da América na Fox Sports. E nós, não!)

(*) Gaúcho, Colorado, Advogado, Mestre e Doutor em direito PUC/SP.

Carta Maior

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Crítica da mídia é sucesso na TV argentina


Na Argentina a televisão pública vem surpreendendo o telespectador com um debate até então inédito, levado ao ar pelo programa 6 7 8. Com bom humor, ironia e documentação consistente, os grandes jornais e as emissoras comerciais de rádio e TV são analisados e criticados diariamente em horário nobre.

Criticar a mídia não é tarefa fácil. Primeiro pela falta de espaço. Salvo a internet são raros os canais abertos para a discussão do papel dos meios de comunicação na sociedade atual. Contam-se nos dedos os veículos que fazem algum tipo de autorreflexão. O padrão geral é o da arrogância pura e simples.

Lembro da Ong TVer, no final dos anos 1990, encaminhando reclamações recebidas de telespectadores sobre uma menina, exposta no Fantástico, tendo que decidir se ficava com a mãe biológica pobre ou com a adotiva rica. A resposta da emissora foi de uma soberba a toda prova. Não entrava no mérito limitando-se a dizer que sabia o que o público queria, mais ou menos isso.

Ouvidorias na mídia brasileira existem apenas em dois jornais diários e nas emissoras públicas de rádio e TV da EBC. Programas de crítica da mídia são raros. Acostumada a se apresentar como quarto poder, ela não admite qualquer debate público sobre o seu trabalho. Coloca-se acima do bem e do mal, não faltando teóricos a ela alinhados para arrumar justificativas positivistas para esse papel quase divino.

A internet tem sido um instrumento importante para quebrar essas barreiras. Quase diariamente os meios convencionais têm seus erros e omissões denunciados em sites e blogues. Mas ainda atingem parcela restrita da população. Daí a importância de se discutir a mídia nos meios de largo alcance.

Na Argentina, a televisão pública vem surpreendendo o telespectador com um debate até então inédito, levado ao ar pelo programa 6 7 8. Com bom humor, ironia e documentação consistente, os grandes jornais e as emissoras comerciais de rádio e TV são analisados e criticados diariamente em horário nobre.

A estreia ocorreu em 9 de março de 2009 e seu nome 6 7 8 refere-se à presença de seis debatedores, no canal sete, às oito da noite. Mudou de horário (passou para as 21 horas) e ampliou o número de participantes mas não alterou o nome.

O uso do arquivo é uma das armas mais poderosas do programa. Selecionam previsões de analistas de política ou economia dos grandes meios, feitas algum tempo atrás, e as confrontam com a realidade atual, sempre diferente. É como se aqui fôssemos buscar nos arquivos as previsões catastróficas de comentaristas como Miriam Leitão ou Carlos Sardenberg e mostrássemos como elas estavam furadas. É, no mínimo, divertido.

O sucesso do programa é tal que já há até um livro sobre ele: “6 7 8 La creación de otra realidade” (Editorial Paidós). Trata-se de uma longa conversa entre uma ex-apresentadora do programa Maria Julia Olivan e o sociólogo Pablo Alabarces, além de depoimentos do criador do 6 7 8 Diego Gvirtz e do jornalista, especializado em TV, Pablo Sirvén.

O objetivo central do programa é explicitado no livro: contradizer a realidade construída pelos grande meios. Para isso, procuram mostrar os mecanismos de construção da realidade no jornalismo que “se apresenta como real, como verdade, quando é antes de tudo uma narração sobre essa realidade”.

Maria Julia deixa isso mais claro ao dizer que “como produto televisivo, 6 7 8 nos conta a sua verdade ou a sua maneira de ver a realidade. Clarín, ao contrário, faz circular a sua opinião dizendo que essa opinião é a realidade”.

Esse debate, levado diariamente à casa do telespectador, é inédito. Chega ao grande público uma prática que, até então, estava restrita ao mundo acadêmico e a alguns militantes políticos: a chamada leitura critica dos meios de comunicação.

As conseqüências são palpáveis. Acompanhar o 6 7 8 tornou-se uma forma de ação política ou “um ato de militância, de adesão” segundo Maria Julia. No Facebook há mais de 450 mil seguidores. O sociólogo Pablo Alabarces diz que o programa é uma espécie de semiologia para a classe média que “os estudantes de comunicação têm no ciclo básico comum e aqui se transforma em vulgarização televisiva”.

Talvez seja por isso que a mãe de Maria Julia tenha dito que “até começar a ver o programa, eu acreditava que todas as notícias eram realidade mas depois me dei conta que a informação é construída; que não é o mesmo se te dizem as coisas de uma maneira ou de outra”.

6 7 8 não esconde seu alinhamento com o governo. No entanto revela, ao mesmo tempo, a existência de um público que apóia o governo e não era contemplado pelos demais meios de comunicação. Nesse sentido o livro ressalta a existência, pela primeira vez na história da Argentina, de uma política oficial de comunicação. Entre seus objetivos está o de contradizer os meios de comunicação tradicionais, papel desempenhado com desenvoltura pelo programa 6 7 8.

Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.

CdB

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Governo publica decreto que altera regras para concessões de rádio e TV

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Foi publicado no Diário Oficial da União de terça-feira (17) o Decreto 7.670, de 16 de janeiro de 2012, sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, que altera as regras para a concessão de novas emissoras de rádio e televisão. Pelo decreto, o conteúdo jornalístico, cultural e educativo será decisivo na escolha do vencedor da licitação.

De acordo com o Ministério das Comunicações, o novo decreto torna o processo mais rápido e impede que empresas sem qualificação participem e ganhem a outorga e, depois, tenham dificuldade de operar. Até então, o item que mais pesava era o prazo oferecido pelo concessionário para colocar a emissora no ar.

O decreto surge após denúncias veiculadas na imprensa, no ano passado, de que “laranjas” sem a menor capacidade financeira para tal, obtinham concessões de emissoras de rádio e TV. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse à imprensa que qualquer candidato a uma concessão terá que apresentar dois pareceres de auditorias independentes comprovando sua capacidade financeira, como também apresentar projeto indicando a origem dos recursos a serem usados no empreendimento.

Pelas regras anteriores, quem ganhava uma concessão pagava ao governo a outorga em duas parcelas. Agora, segundo o Ministério das Comunicações, o valor da outorga será cobrado em parcela única. Tal medida visa coibir calotes, uma vez que um grande número de concessionários sequer pagou a primeira parcela de outorgas e outros não pagaram a segunda parte. O Ministério já encaminhou mais de cem processos à Advocacia-Geral da União para recuperar as frequências daqueles que não cumpriram com as regras.

O decreto também altera questões de conteúdo. Com a mudança, o tempo destinado a programas locais (produzidos no município de outorga) e a produções independentes será utilizado como critério para decidir os vencedores dos leilões. Até agora, essa avaliação levava em conta o tempo destinado a programas jornalísticos, educativos, culturais e informativos. Segundo o Ministério das Comunicações, a nova exigência segue uma diretriz da Constituição, que prevê a valorização de as produções locais e as independentes.

Há expectativa de que o governo federal retome neste ano os editais de leilões de concessões suspensos em 2011. O governo estuda a majoração do valor da caução exigida em cada edital, que hoje é de 1% do valor da outorga.

Para acessar a íntegra do decreto, clique aqui.

Com informações da Agência Brasil

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

TERIA HAVIDO PENETRAÇÃO? (Uma grave questão nacional.)

Grave questão nacional

O grande público foi surpreendido, em notícia recente, por uma questão que transcende os altos muros da imponente mansão que abriga os privilegiados hóspedes do "Big Brother Brasil", versão 2012. Teria o rapaz, sorrateiramente, aproveitando-se da embriaguez da bela adormecida, praticado atos sexuais ilícitos, debaixo dos cobertores? E, será que tal ação deletéria deveria ser punida com a expulsão da Casa? Discute-se, na mídia, se houve consentimento, ou se ela teria sido atacada pelo tarado sexual em sua mordaz investida, impossível de ser rechaçada. Teria havido penetração? - indaga, pelas ruas, a população preocupada. Ou apenas carícias clitorianas (charuto, estilo Mônica Lewinsky, pensamos que não estaria disponível na Casa). De toda forma, é imprescindível investigar. Trata-se de uma questão que desmoraliza o severo regulamento do Programa (com P maiúsculo).

Chame-se a Polícia Civil: interrogue-se os indiciados, promova-se o depoimento de testemunhas, analise-se os vídeos. Afinal, estamos diante de um programa educativo: o que resultar, ao final da investigação, poderá promover revisões dos valores da Pátria para resgatá-los ou para destruí-los. É o "BBB" da Globo!

O juiz, que está analisando o caso, em seu primeiro depoimento disse que vai pedir exame da perícia técnica nos lençóis, na cueca do rapaz e na calcinha da donzela. Diante disso, o Brasil acompanha, com redobrada ansiedade, a evolução do caso: haverá sinais de sêmen espargido pelos "macios lençóis da cama...?".

Enquanto isso, nos recônditos de outras casas, centenas de jovens raparigas menos dignas e desconhecidas, crianças ainda, em quartinhos sujos e malcheirosos, estão sendo surradas, agredidas e estupradas, longe dos holofotes da televisão, e ainda não encontraram algum juiz, tão zeloso, que lhes dê guarida com tal rapidez. Enquanto isso, assaltantes, sequestradores, corruptos e corruptores, traficantes e uma corja interminável de larápios de colarinho-branco seguem incólumes alicerçados nas inúmeras prerrogativas que o Código Penal Brasileiro lhes oportuniza. Enquanto isso, a citada rede de TV, com sua gigantesca audiência, coordena campanhas contra o fumo e excessos de bebida alcoólica.

Atenção, meus jovens: as recomendações só valem para fora da Casa. Lá dentro, o fumo e o álcool têm livre trânsito. As festas são regadas a grandes quantidades de bebidas alcoólicas. Na Casa, só vale o "se beber, não durma". Azar de vocês.

Nilson Luiz May, médico e escritor, para CP

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

BBB: Triunfo da Chinelagem

Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br

Até que ponto o gosto do outro deve ser respeitado? O primado da tolerância deve silenciar a crítica? Toda crítica frontal a um tipo de gosto é preconceito? A expulsão de um participante do BBB12, reality show da Rede Globo, por suspeita de estupro obriga a falar disso. Quem gosta do programa, escorado na ideia simples de que é brincadeira, lazer e um jogo inofensivo, detesta que se fale mal do baixo nível do que é exibido. O Brasil parece ser um dos poucos ou o único país com 12 edições do Big Brother em rede nacional aberta e em horário nobre. É inegável uma evolução no programa: a cada ano, fica pior. Como se sabe, a baixaria não tem piso nem teto. Mas estamos vivendo a era do consumidor mimado, triunfante, incriticável, infantilizado, agressivo, sempre com razão, que se regala espiando o gozo obsceno dos outros para satisfazer os seus mais baixos e selvagens instintos.

Não se trata de dar lições de moral ou de fazer pose de intelectual. A questão é outra: como chegamos a esse ponto? Houve um tempo em que o elitismo sufocava os gostos populares. A hipocrisia se impunha como uma máscara social. Hoje, os gostos ditos populares, fabricados pela chamada indústria cultural, asfixiam qualquer crítica como expressão de preconceito, o que esconde um preconceito maior, a ideia de que as tais camadas populares só se divertem com chinelagem. O que é mesmo chinelagem? Uma casa com um número de camas inferior ao de moradores para obrigá-los a dormir juntos em público. Um jogo em que o sexo deve ser o horizonte incontornável para delírio de milhões de voyeurs. Uma brincadeira que termina em suposto estupro, em Polícia nos domínios da televisão e em constrangimento nacional.

Chinelagem também é colocar fama e dinheiro absolutamente acima de tudo. Chinelagem é produzir um imaginário centrado na ideia de que o mais importante é se tornar celebridade e que esse objetivo justifica os maiores micos e o abandono de qualquer limite. O suposto estupro do BBB12 é a cara de certo Brasil, o Brasil que quer cometer infrações de trânsito sem ter de pagar multas, o Brasil onde parlamentares são os primeiros a não respeitar normas, o Brasil onde estádios de futebol são prioridades em relação a hospitais, o Brasil onde os muito ricos pagam menos impostos, o Brasil que só quer gozar, ainda que seja um gozo passageiro, escabroso, cínico e feio.

Está mais do que na hora de se atacar em várias frentes: acabar com preconceitos, respeitar diferenças, levar na boa brincadeiras de estação e, ao mesmo tempo, defender uma utopia: a possibilidade de diversão para todos que exija um pouquinho mais do cérebro de cada um, o que, há alguns anos, era chamado de criatividade e inteligência. O pior mesmo, enquanto a utopia não se realiza, é a hipótese radical que rola nas redes sociais: o suposto estupro do BBB12 seria apenas uma estratégia de marketing. Aí, claro, só resta gritar: que baita chinelagem! Esse pode ter sido o nosso 11 de Setembro. Ainda que, claro, tudo acabe na pizza do mal-entendido. 


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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O que move o partido-imprensa

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Gilson Caroni Filho - do Rio de Janeiro, para CdB

A leitura diária dos jornais pode ser um interessante exercício de sociologia política se tomarmos os conteúdos dos editoriais e das principais colunas pelo que de fato são: a tradução ideológica dos interesses do capital financeiro, a partitura das prioridades do mercado. O que lemos é a propagação, através dos principais órgãos de imprensa, das políticas neoliberais recomendadas pelas grandes organizações econômicas internacionais que usam e abusam do crédito, das estatísticas e da autoridade que ainda lhes resta: o Banco Mundial (Bird), o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização Mundial do Comércio (OMC). É a eles, além das simplificações elaboradas pelas agências de classificação de risco, que prestam vassalagem as editorias de política e economia da grande mídia corporativa.

Claramente partidarizado, o jornalismo brasileiro pratica a legitimação adulatória de uma nova ditadura, onde a política não deve ser nada além do palco de um pseudo-debate entre partidos que exageram a dimensão das pequenas diferenças que os distinguem para melhor dissimular a enormidade das proibições e submissões que os une. É neste contexto, que visa à produção do desencanto político-eleitoral, que deve ser visto o exercício da desqualificação dos atores políticos e do Estado. Até 2002, era fina a sintonia entre essa prática editorial e o consórcio encastelado nas estruturas de poder. O discurso “modernizante” pretendia – e ainda pretende – substituir o “arcaísmo” do fazer político pela “eficiência” do economicamente correto. Mas qual o perigo do Estado para o partido-imprensa? Em que ele ameaça suas formulações programáticas e seus interesses econômicos?

O Estado não é uma realidade externa ao homem, alheia à sua vida, apartada do seu destino. E não o pode ser porque ele é uma criação humana, um produto da sociedade em que os homens se congregam. Mesmo quando ele agencia os interesses de uma só classe, como nas sociedades capitalistas, ainda aí o Estado não se aliena dos interesses das demais categorias sociais.

O reconhecimento dos direitos humanos, embora seja um reconhecimento formal pelo Estado burguês, prova que ele não pode ser uma instituição inteiramente ligada aos membros da classe dominante. O grau maior ou menor da sensibilidade social do Estado depende da consciência humana de quem o encarna. É vista nesta perspectiva que se trava a luta pela hegemonia. De um lado os que querem um Estado ampliado no curso de uma democracia progressiva. De outro os que só o concebem na sua dimensão meramente repressiva; braço armado da segurança e da propriedade.

O partido-imprensa abomina os movimentos sociais,  os sindicatos (que não devem ter senão uma representatividade corporativa), a nação, antevista como ante-câmara do nacionalismo, e o povo sempre embriagado de populismo. Repele tudo que represente um obstáculo à livre-iniciativa, à desregulamentação e às privatizações. Aprendeu que a expansão capitalista só é possível baseada em “ganhos de eficiência”, com desemprego em grande escala e com redução dos custos indiretos de segurança social, através de reduções fiscais.

Quando lemos os vitupérios dos seus principais articulistas contra políticas públicas como Bolsa Família, ProUni e Plano de Erradicação da Pobreza, dentre outros, temos que levar em conta que trabalham como quadros orgânicos de uma política fundamentalista que, de 1994 a 2002, implementou radical mecanismo de decadência auto-sustentada, caracterizada por crescentes dívidas, desemprego e anemia da atividade econômica.

Como arautos de uma ordem excludente e ventríloquos da injustiça, em nome de um suposto discurso da competência , endossaram a alienação de quase todo patrimônio público, propagando a mais desmoralizante e sistemática ofensiva contra a cultura cívica do país. Não fizeram- e fazem- apenas o serviço sujo para os que assinam os cheques, reestruturam e demitem. São intelectuais orgânicos do totalitarismo financeiro, têm com ele uma relação simbiótica. E é assim que devem ser compreendidos: como agentes de uma lógica transversa.

Merval Pereira, Miriam Leitão, Sardenberg, Eliane Catanhede, Dora Kramer e outros mais necessitam ser analisados sob essa perspectiva. É ela que molda a ética e o profissionalismo de todos eles. Sem mais nem menos.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ferreira Gullar: Triste fim de um poeta


Juremir Machado da Silva, para CP

Ano-Novo, vida velha. Ferreira Gullar foi um baita poeta. O seu "Poema Sujo" é arte das grandes. Foi artista engajado, mas a sua poesia conseguia ir muito além dos clichês bem-intencionados dos revolucionários. Hoje, certamente para ganhar a vida ou sentir-se vivo, escreve "crônicas" na Folha de S.Paulo. O seu primeiro texto de 2012 mostra o grande poeta transformado num cronista de meia pataca destilando lugares-comuns conservadores para felicidade de leitores conformistas que se acham cult ou muito críticos. Um mingau azedo polvilhado de certezas sem amparo dos fatos. Por exemplo: "A América Latina vive hoje, por determinadas razões, a experiência do neopopulismo, que tem como principal protagonista o venezuelano Hugo Chávez. É um regime que se vale da desigualdade social para, com medidas assistencialistas, impor-se diante do povo como seu salvador. Lula seguiu o mesmo caminho, mas, como o Brasil é diferente, não conseguiu o terceiro mandato. A solução foi eleger Dilma para um mandato tampão". Como prova? Apenas o seu ranço.


Nada mais conservador do que um ex-comunista. É a síndrome do ex-fumante ou do ex-drogado, o cara que cria uma fundação para pregar a moral que não viveu. Para ser colunista nos jornalões brasileiros, é preciso, em geral, ser muito conservador ou transferir capital de um bolso para outro, usando a fama de uma atividade como base para o exercício de outra. A direita domina amplamente os chamados espaços de formação de opinião na imprensa. Há jovens que sobem logo ao trono, adotando ideias reacionárias e velhas que, enfim, conquistam novos prêmios, espaços e adulações repetindo fórmulas gastas pela mídia soberana. Ao não buscar um terceiro mandato, Lula frustrou os seus críticos, tirou-lhes - para adotar o atual tom clichê de Ferreira Gullar - o pão da boca e deixou-os por aí a jogar conversa fora. Aquele que foi um poeta maior, de imagens desconcertantes, agora termina suas análises mal-iluminadas com uma frase formalmente constrangedora: "Temo pelo que possa acontecer à Argentina, nas mãos de uma presidente embriagada pelo poder". Pobre poeta, embriagado pela sua mediocridade. Embriagado pela mediocridade do poder da mídia. Enquanto isso, na mesma Folha de S.Paulo, um cronista de ofício, Carlos Heitor Cony, depois de algumas temporadas sentenciosas, faz o caminho inverso: termina de envelhecer bem, disseminando um ceticismo levemente irônico de dar inveja a um Machado de Assis. Assim: "Que venham as tempestades da natureza, contra a qual pouco podemos. Quanto às tempestades provocadas pelos escândalos e pela corrupção da qual estamos fartos, não custa apelar para o fervor de nossas preces". Como cronista, Ferreira Gullar é um Neymar improvisado de lateral. Há quem confunda ter criticado o stalinismo, na época da queda do muro de Berlim e das ditaduras do Leste europeu, com louvação ao capitalismo sem regulação, esse que quebrou a Europa e parte da economia dos Estados Unidos. Pois é, o poeta Ferreira Gullar perdeu-se em corsos, comícios, discursos a granel. Vai ver que é a coincidência do nome com outro maranhense: José Ribamar.

Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br

domingo, 4 de dezembro de 2011

A LENTA AGONIA DA GLOBO

O JN muda pelo baixo ibope

Ricardo Feltrin

A troca de Fátima Bernardes por Patrícia Poeta é mais uma tentativa da Globo para estancar o ibope que vaza de sua tela ano após ano desde 2000. Desde então, cerca de um em cada quatro telespectadores trocaram o ato de assistir à Globo por fazer qualquer outra coisa. 

Em termos de ibope, 2011 é o pior da emissora desde que a medição passou a ser feita. Até o dia 30 de novembro, a média do canal é de 16,4 pontos (0,1 a menos do que no ano passado). 

No horário 'comercial' (das 7h à 0h), abril, outubro e novembro foram os menores ibopes já registrados na casa: 15,5 pontos de média. Parece pouco, mas nem tanto ao se pensar que cada ponto vale, em tese, por 58 mil famílias (na Grande SP), cada uma com mais de três pessoas. 

O que é notável foi que a queda em 2011 ocorre a despeito do sucesso impressionante de "Fina Estampa" em horário nobre, algo que já não ocorria há anos. 

Talvez a Globo ache que, ao mexer no jornalismo, ela pode mexer, agitar, surpreender ou uhú etc. o dia a dia do telespectador cidadão. Só que ela já fez isso recentemente, no grande troca-troca de âncoras matinais e vespertinos, e o resultado, também falando em ibope, foi zero a zero. 

Importante lembrar que a Globo ainda tem a liderança folgada, que em alguns dias e horários seu público pode ser maior que todas as concorrentes e TVs pagas somadas no país. Por outro lado, essa liderança é estatisticamente menor ano após ano, de segunda a sexta, bem como aos domingos. Esse dia se tornou o mais equilibrado na disputa das TVs abertas. 

Isso seria inimaginável até o início deste século 21. Em sua defesa, a Globo pode se gabar de também ser o canal mais visto também da TV paga, e que fatura centenas de milhões de reais anuais com pay-per-view, além de ter construído uma estrutura sólida também na internet. 

Mesmo assim, seu modelo de negócio ainda é calcado na TV aberta com suas novelas, futebol, atrações e jornalismo. Por mais que diversifique, por muito tempo a TV Globo aberta ainda será a pata dos ovos de ouro das Organizações Globo. 

Falando em outra 'pata de ouro', Patrícia Poeta foi escolhida para ser a nova âncora do "JN" somente depois que pesquisas apontaram-na como sendo, em 2011, mais popular que qualquer outra apresentadora da casa, inclusive Fátima Bernardes. Patrícia foi eleita especialmente graças à empatia que teve com as classes C e D. A dúvida é se seu rostinho brasileiro e bonito vai ajudar o ibope e, principalmente, se tornará mais relevante o "JN", hoje um telejornal hoje opaco em meio aos novos aparelhos ("devices", como dizem uns metidos) que o telespectador cidadão usa para se informar. 

Como o que você está usando agora para ler este texto.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA NO BRASIL

Seminário debaterá democratização da mídia

Mídia, democracia, regulação, liberdade de imprensa e de expressão: estes serão os temas centrais do seminário promovido pela Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS), Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores de Comunicação (Altercom) e Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, no dia 3 de novembro, em Porto Alegre. O evento será na Escola Superior da Magistratura (rua Celeste Gobbato, nº 229, bairro Praia de Belas). A programação do encontro é a seguinte:


8h30min – credenciamento


9h às 12h – Abertura e 1º Painel


Democracia e Liberdade de imprensa


Presidente de mesa: Leoberto Narciso Brancher – Conselheiro de Comunicação da AJURIS


Participantes:


Claudio Baldino Maciel – Desembargador TJRS


Paulo Henrique Amorim – Jornalista do site Conversa Afiada


Pascual Serrano – Jornalista espanhol


Breno Altmann – Jornalista e Diretor da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores de Comunicação (Altercom)


Juremir Machado – Jornalista do Correio do Povo e Rádio Guaíba e professor da PUCRS



15h às 18h – 2º Painel e Encerramento


Regulação e Liberdade de expressão



Presidente de Mesa: Ronaldo Adi Barão Castro da Silva – Assessor da Presidência da Ajuris


Participantes:


Eugênio Facchini Neto – Desembargador do TJRS e professor da Escola Superior da Magistratura e da PUCRS


Franklin Martins – Jornalista e Ex-ministro da Comunicação Social do Governo Lula


Venício Lima – Jornalista, Sociólogo e Professor da UNB


Luiza Erundina – Deputada Federal PSB (a confirmar)


Elton Primaz – Jornalista, chefe de Redação do jornal O Sul


Bia Barbosa – Jornalista e integrante do Conselho Diretor do Intervozes Coletivo Brasil de Comunicação Social



As inscrições podem ser feitas
neste endereço.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

WikiLeaks aponta Wiliam Waack como informante do governo dos EUA patrocinado pela CIA

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O repórter William Waack, da Rede Globo de Televisão, foi apontado como informante do governo norte-americano, segundo post do blog Brasil que Vai – que citou documentos sigilosos trazidos a público pelo site WikiLeaks há pouco menos de dois meses. De acordo com o texto, Waack foi indicado por membros do governo dos EUA para “sustentar posições na mídia brasileira afinadas com as grandes linhas da política externa americana”.

Por essa razão, ainda segundo o texto, é que se sentiu à vontade para protagonizar insólitos episódios na programação que conduz, nos quais não faltaram sequer palavrões dirigidos a autoridades do governo brasileiro.

O post informa ainda que a política externa brasileira tem “novas orientações” que “não mais se coadunam nem com os interesses norte-americanos, que se preocupam com o cosmopolitismo nacional, nem com os do Estado de Israel, influente no ‘stablishment’ norte- americano”. Por isso, o Departamento de Estado dos EUA “buscou fincar estacas nos meios de comunicação especializados em política internacional do Brasil” – no que seria um caso de “infiltração da CIA (a agência norte-americana de inteligência) nas instituições do país”.

O post do blog afirma ainda que os documentos divulgados pelo Wikileaks de encontros regulares de Waack com o embaixador do EUA no Brasil e com autoridades do Departamento de Estado e da Embaixada de Israel “mostram que sua atuação atende a outro comando que não aquele instalado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro”.

CB

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A RESSACA DOS DERROTADOS

Fonte dessa imagem AQUI.

A nova passeata da Globo

Os brasileiros, que tiveram de passar 20 anos, lendo nas entrelinhas, especulando a partir de meias palavras ou interpretando – procurando interpretar – as rudes reações viscerais trazidas ao público por aqueles que detinham o poder, têm hoje olhos e ouvidos apuradíssimos para entender o que há por trás de cada episódio do cotidiano, por mais irrelevante que possa parecer à primeira vista. É isso que o baronato midiático parece não ter entendido ao continuar patrocinando atos que, a pretexto de combater a corrupção, têm como objetivo esvaziar a política.

Os movimentos que saem da internet para ganhar as ruas, longe de ser a “primavera” com que sonham – ou fingem sonhar – seus reais mentores, têm se mostrado um melancólico outono dos tradicionais dispositivos de agenciamento midiático. Submersos na crise do imobilismo de suas bases, resta à velha direita o consolo de platitudes publicadas para justificar mais uma tentativa fracassada. O saldo de mais um insucesso ora é debitado à boa situação da economia brasileira ora a uma estranha lógica binária, como a apresentada pelo professor de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo (USP), Renato Janine Ribeiro, na edição de 13 de Maio, de O Globo.

“O problema na luta contra a corrupção é que ela está tomada pelos partidos. E é uma lástima que as pessoas usem isso contra o partido oposto”. Mas a que se refere o renomado acadêmico? A característica do movimento não seria exatamente o seu reiterado “caráter apartidário”? Ou, sem se dar conta, Janine revela o fato que deveria permanecer oculto: o centro político da reação está agrupado no campo jornalístico oligopolista que assume para si o papel de partido de oposição.

O mesmo partido que deu sustentação a duas décadas de ditadura militar. O mesmo agrupamento que silenciou as emoções e expectativas da opinião pública durante os oito anos de desmando do tucanato. Que editou a realidade para ocultar as preocupações da população com o apagão, o descontrole cambial, a desnacionalização de partes substanciosas da produção e serviços nacionais, os rigores de uma política econômica que duplicaram as dívidas externas e internas e criaram seguidos déficits comerciais.

Desemprego, congelamento ou irrisórios aumentos salariais, ao lado de escândalos políticos e econômicos, pareciam fazer parte do cenário natural para os mesmos colunistas militantes que agora se arvoram em defensores de valores republicanos. Num conhecido jogo de espelhos, a defesa incondicional dos ditames do mercado é trocada, editorialmente, pela busca de posicionamento ético no trato da coisa pública. A guinada é tão mal-feita que não atrai o distinto público, como pudemos constatar nas manifestações de quarta-feira, dia da padroeira oficial do Brasil. No Rio de Janeiro, os manifestantes chegaram a hostilizar os que preferiram olhar o mar a ver a ressaca dos derrotados.

Para deixar claro qual o objetivo da TV Globo e de seus sócios menores nessa simulação barata, vale a pena reproduzir o que escreveu o ex-deputado Milton Temer (PSOL) em seu blog: “promover no Brasil uma onda semelhante à que lamentavelmente varre povos de potências capitalistas, que se reúnem em manifestações pontuais e conjunturais, mas que, pela abstenção nos processos eleitorais, por justificado ceticismo, permitem à direita mais reacionária manter o controle absoluto das instituições, ditas republicanas, que realmente deliberam sobre seus destinos, através do modelo de sociedade que desenham com suas leis e decisões dos poderes Executivo e Judiciário”.

O brasileiro sabe que, sempre que uma esperança se frustra (o que não é o caso do atual do governo), vem a decepção e é preciso criar alternativas. Sempre é preciso reconstruir caminhos, mas o que a grande imprensa apresenta é um atalho para o precipício.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior, colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil.

CB