Ricardo Feltrin
A troca de Fátima Bernardes por Patrícia Poeta é mais uma tentativa da Globo para estancar o ibope que vaza de sua tela ano após ano desde 2000. Desde então, cerca de um em cada quatro telespectadores trocaram o ato de assistir à Globo por fazer qualquer outra coisa.
Em termos de ibope, 2011 é o pior da emissora desde que a medição passou a ser feita. Até o dia 30 de novembro, a média do canal é de 16,4 pontos (0,1 a menos do que no ano passado).
No horário 'comercial' (das 7h à 0h), abril, outubro e novembro foram os menores ibopes já registrados na casa: 15,5 pontos de média. Parece pouco, mas nem tanto ao se pensar que cada ponto vale, em tese, por 58 mil famílias (na Grande SP), cada uma com mais de três pessoas.
O que é notável foi que a queda em 2011 ocorre a despeito do sucesso impressionante de "Fina Estampa" em horário nobre, algo que já não ocorria há anos.
Talvez a Globo ache que, ao mexer no jornalismo, ela pode mexer, agitar, surpreender ou uhú etc. o dia a dia do telespectador cidadão. Só que ela já fez isso recentemente, no grande troca-troca de âncoras matinais e vespertinos, e o resultado, também falando em ibope, foi zero a zero.
Importante lembrar que a Globo ainda tem a liderança folgada, que em alguns dias e horários seu público pode ser maior que todas as concorrentes e TVs pagas somadas no país. Por outro lado, essa liderança é estatisticamente menor ano após ano, de segunda a sexta, bem como aos domingos. Esse dia se tornou o mais equilibrado na disputa das TVs abertas.
Isso seria inimaginável até o início deste século 21. Em sua defesa, a Globo pode se gabar de também ser o canal mais visto também da TV paga, e que fatura centenas de milhões de reais anuais com pay-per-view, além de ter construído uma estrutura sólida também na internet.
Mesmo assim, seu modelo de negócio ainda é calcado na TV aberta com suas novelas, futebol, atrações e jornalismo. Por mais que diversifique, por muito tempo a TV Globo aberta ainda será a pata dos ovos de ouro das Organizações Globo.
Falando em outra 'pata de ouro', Patrícia Poeta foi escolhida para ser a nova âncora do "JN" somente depois que pesquisas apontaram-na como sendo, em 2011, mais popular que qualquer outra apresentadora da casa, inclusive Fátima Bernardes. Patrícia foi eleita especialmente graças à empatia que teve com as classes C e D. A dúvida é se seu rostinho brasileiro e bonito vai ajudar o ibope e, principalmente, se tornará mais relevante o "JN", hoje um telejornal hoje opaco em meio aos novos aparelhos ("devices", como dizem uns metidos) que o telespectador cidadão usa para se informar.
Como o que você está usando agora para ler este texto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário