segunda-feira, 30 de junho de 2008

Mulheres fogem nuas após roubar estrume

DUAS MULHERES CORRENDO NA PRAIA (PICASSO):

Duas mulheres fugiram nuas após roubarem estrume de uma fazenda na localidade de Eberholzen, no norte da Alemanha. Segundo informações divulgadas pelo diário online Metro nesta segunda-feira, elas pretendiam usar o excremento para fabricar bombas.

As duas invadiram a fazenda na noite da última quarta-feira, dia 25, e começaram a encher meias com estrume. No entanto, uma delas escorregou enquanto recolhia o material.

"Uma delas escorregou no tanque de estrume, direto no lixo das vacas. Ela precisou da ajuda da companheira", disse um porta-voz da polícia local.

Após o acidente, elas teriam abandonado as roupas. "Nós encontramos as roupas em um descampado. Aparentemente, uma delas fugiu totalmente nua e a outra estava com as roupas íntimas".

De acordo com as autoridades, não está claro se o roubo tem ligação com as comemorações da vitória da Alemanha pela Eurocopa no mesmo dia.

Redação Terra

Xenofobia é mais difundida na Alemanha do que se pensa


DW:

Fase dois de uma pesquisa iniciada há dois anos revela a tendência de a xenofobia se tornar cada vez mais "mainstream". Contrariando crença generalizada, a tendência parte do centro da sociedade alemã.

"Sempre que a obturação do bem-estar se esfacela, tradições antidemocráticas voltam a se manifestar no vazio resultante." Assim o psicólogo Oliver Decker avaliou o resultado de uma pesquisa da Fundação Friedrich Ebert (ligada ao Partido Social-Democrata – SPD). Segundo esta, noções xenófobas são bem mais difundidas na Alemanha do que se acreditava.

O relatório apresentado em Berlim na última semana compõe a segunda parte de um estudo iniciado em 2006. Na primeira fase, 5 mil alemães acima dos 14 anos foram interrogados sobre suas opiniões a respeito do extremismo de direita. Concluiu-se que um entre cada quatro alemães defendia pontos de vista xenófobos.

Nesta segunda fase, os pesquisadores procuraram estabelecer as raízes dos preconceitos. Para tal, convidaram uma seleção de 150 dos participantes para discussões em grupo. "Queríamos examinar as opiniões dos entrevistados no contexto de suas vidas", explica Decker.

Trivialidade alarmante

A conclusão foi surpreendente: a xenofobia está se tornando cada vez mais mainstream na Alemanha. Os participantes do debate expressaram rejeição em relação a estrangeiros "com uma trivialidade preocupante, inclusive pessoas que na primeira enquete não haviam chamado a atenção por atitudes de extrema direita", comentou o psicólogo.

No pós-guerra, em ambas as metades da Alemanha, a ideologia radical de direita foi apenas recalcada no centro da sociedade, prossegue Decker. Com o milagre econômico, a prosperidade se estabeleceu de forma relativamente veloz na Alemanha Ocidental, não deixando espaço para a reflexão ou para a vergonha.

Os alemães do Leste esperavam um desenvolvimento semelhante, após a queda do Muro. E reagiram com desencanto político e democrático à frustração dessa expectativa.

Democracia em troca da ordem

Turcos e russos são vistos como principais ameaçasBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Turcos e russos são vistos como principais ameaças"Foi assustadora para nós a facilidade com que os entrevistados estavam dispostos a trocar a democracia mais modesta em favor de estruturas autoritárias, nas quais supostamente reinassem ordem, tranqüilidade e igualdade de chances", comenta Oliver Decker.

Diversos jovens declararam desejar "algum tipo de líder". Para os participantes de meia idade, a política é, de qualquer modo, mentira e engano. E os mais velhos evocam os modelos de sua juventude: no Leste, as represálias da RDA; no Oeste, o regime nazista.

Outra revelação chocante é que o problema se encontra no próprio centro da sociedade alemã, contradizendo a teoria de que os celeiros do extremismo de direita se encontrariam nas partes do país afetadas pelo desemprego e a decadência social.

Velhos clichês

Segundo 37% da população, os imigrantes viriam para a Alemanha "para explorar o Estado de bem-estar"; 39% consideram o país "perigosamente superpovoado de estrangeiros". E 26% gostariam que houvesse "um único partido forte para representar a comunidade alemã".

Os principais alvos de preconceito são os turcos e os russos, considerados parasitas e gananciosos. Entretanto, os pesquisadores também identificaram a emergência do que denominaram "racismo cultural": preconceitos contra grupos marginais, tais como os desempregados e os socialmente desprivilegiados. Tal fato revelaria uma forte pressão para corresponder à norma social percebida, e a conseqüente condenação dos que fracassam neste processo.

Ficou ainda claro que a maioria dos participantes só apóia a democracia na medida em que garante a prosperidade pessoal. Caso contrário, passam imediatamente à intolerância. Uma atitude semelhante marcou também a década de 1950 na Alemanha, observaram os pesquisadores da Fundação Friedrich Ebert. Na época, o milagre econômico provou-se um obstáculo à reelaboração do passado nazista.

Holanda proíbe tabaco em 'coffee shops' e preocupa usuários de maconha


Clívia Caracciolo
De Amersfoort, na Holanda, para a BBC Brasil

A lei antitabaco, que entra em vigor a partir desta terça-feira na Holanda, não irá excluir os famosos coffee shops – cafés que vendem maconha e haxixe e em que a compra e consumo das drogas também é permitido.

A nova legislação proíbe o fumo em cafés, bares e restaurantes e segue o exemplo de vários outros países europeus, que já adotaram a proibição.

Mas, na Holanda, a legislação, introduzida para proteger os não-fumantes, teve que ir mais longe por causa dos coffee shops.

De acordo com a nova legislação, os famosos joints – cigarros de maconha ou haxixe misturados com tabaco – só poderão ser consumidas em espaços internos reservados e isolados do restante do público nos coffee shops.

Os freqüentadores dos coffee shops, entretanto, poderão fumar cigarros de maconha pura, sem a mistura com o tabaco. Cigarros comuns só podem ser fumados do lado de fora dos estabelecimentos comerciais.

A permissão para o uso dessas cabines internas é a principal diferença da lei antitabaco holandesa com relação à de outros países europeus. Na Holanda, cigarros de maconha e haxixe não podem ser consumidos na rua - pelo menos oficialmente - e, por isso, a lei inclui a permissão para a construção dessas cabines isoladas.

A ofensiva antitabaco na Holanda vai ao encontro da orientação da União Européia, cujo comissário da Saúde, Markos Kyprianou, já expressou desejo de ver uma proibição total ao fumo de tabaco em locais públicos em toda a Europa em questão de poucos anos.

Comércio

Proprietários de coffee shops temem que a medida afete a freqüência dos estabelecimentos - tidos como importante atração turística na Holanda- já que a maioria dos clientes costuma fumar maconha e haxixe misturados com o tabaco.

O proprietário do coffee shop Pumpkin, em Amsterdã, Sigmund Laurent, diz que a droga pura é impossível de ser consumida porque "é muito pesada para o corpo, ninguém agüenta".

Segundo ele, a nova legislação irá mudar o perfil de seu estabelecimento comercial, já que os fregueses, que normalmente vão ao local para fumar seu joint, jogar xadrez, ouvir música e conversar.

"A partir de agora, vai se tornar apenas um centro de recolhimento do produto", disse Laurent.

Ele não tem espaço para construir uma cabine reservada, mas ainda assim calcula que não irá ter prejuízo financeiro porque o local é pequeno e sua clientela é fiel. Os clientes estão recebendo nota de esclarecimento com os detalhes da lei antitabaco.

Já o proprietário do coffee shop Trenchtown, em Amersfoort, investiu em uma cabine hermeticamente fechada com vidro duplo, para satisfazer sua freguesia fumante e a lei.

Dois terços do local estão dentro do "aquário" e os funcionários no balcão de atendimento são totalmente protegidos da fumaça, até mesmo para alcançar o banheiro.

Há dois meses, o proprietário do local começou com o "processo de educação" de sua clientela.

Segundo o gerente, "a tendência é que o movimento aumente ainda mais, já que o local será uma rara alternativa para quem deseja tomar um cafezinho acompanhado por um joint". Nos coffeeshops não são permitidas bebidas alcoólicas.

Adaptação

Muitos detalhes sobre a implantação da lei no país ficaram claros somente no final da semana passada. Isso porque a organização dos proprietários de hotéis, cafés e restaurantes (Horeca) abriu vários processos contra o governo para modificar algumas resoluções.

Há novas restrições para o uso de tabaco em barracas de campanha abertas ou fechadas, nos terraços, nos festivais culturais e artísticos, em danceterias, nas cantinas de ginásios de esporte entre outros casos específicos.

O que facilita a adoção da medida é que ela ocorre no verão. O calor e o tempo bom são essenciais para o sucesso da lei, assinala Angela Klarenbeek, proprietária do Jazz Café e Restaurante Lazy Louis, em Amersfoort.

"Dentro de três meses as pessoas já vão estar acostumadas a fumar lá fora e nem vão sentir a diferença".

Já o dono do restaurante Pallas Athenas, na região de Utrecht, Kostas Georgiadis, diz que vai esperar passar o verão para decidir se constrói ou não uma cabine para fumantes no andar superior de seu restaurante.

Festa

Organizações antitabagistas prevêem que a entrada da lei em vigor nesta terça-feira será marcada por grande movimentação nos bares, cafés, restaurantes e coffee shop.

Já os fumantes promovem, nesta segunda-feira, a "festa do cinzeiro", onde irão fumar seus últimos cigarros em ambiente fechado.

Uma enquete do instituto de pesquisa Nivel, a pedido do Ministério da Saúde e o Fundo para Asma, revelou que o setor de hotéis, cafés e restaurantes vai contar com 800 mil novos fregueses, entre pacientes asmáticos e de outras doenças respiratória e os não-fumantes.

PROJETO DE AZEREDO


BLOG DO SERGIO AMADEU:

Projeto Substitutivo do Senador Azeredo (SUBSTITUTIVO ao PLS 76/2000, PLS 137/2000 e PLC 89/2003) está mais preocupado em proibir a troca de arquivos do que com o combate a pedofilia.

Veja o que o projeto diz no Art. 154-B:

"Obter dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização do legítimo titular, quando exigida.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
...
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem mantém consigo, transporta ou fornece dado ou informação obtida nas mesmas circunstâncias do "caput", ou desses se utiliza além do prazo definido ou autorizado.

§ 2º - Se o dado ou informação obtida desautorizadamente é fornecida a terceiros pela rede de computadores, dispositivos de comunicação ou sistema informatizado, ou em qualquer outro meio de divulgação em massa, a pena é aumentada de um terço."


Agora, repare qual é a definição de "dispositivo de comunicação" que o Senador Azeredo inseriu em seu projeto:
"Art. 154-C. Para efeitos penais considera-se:
I- dispositivo de comunicação: o computador, o telefone celular, o processador de dados, os instrumentos de armazenamento de dados eletrônicos ou similares, os instrumentos de captura de dados, os receptores e os conversores de sinais de rádio ou televisão digital ou qualquer outro meio capaz de processar, armazenar, capturar ou transmitir dados utilizando-se de tecnologias magnéticas, óticas ou qualquer outra tecnologia eletrônica ou digital similar;"

O PROJETO DO SENADOR AZEREDO, NA VERDADE, ESTÁ VOLTADO PRINCIPALMENTE À DEFESA DA INDÚSTRIA DOS INTERMEDIÁRIOS. VISA FUNDAMENTALMENTE:

1- proibir o compartilhamento de arquivos via BitTorrent (... " transporta ou fornece dado ou informação obtida nas mesmas circunstâncias")

2- criminalizar o download, a cópia e o envio de vídeos no Youtube que não estejam com as licenças claramente definidas (... "Se o dado ou informação obtida desautorizadamente é fornecida a terceiros pela rede de computadores...a pena é aumentada de um terço")

3- quer impedir o transporte de músicas e arquivos MP3 em i-pod (... "nas mesmas penas incorre quem mantém consigo, transporta ou fornece dado")

4- definir como crime o arquivamento de filmes que passam na TV (pois a TV digital e o setup box são "os instrumentos de armazenamento de dados eletrônicos ou similares, os instrumentos de captura de dados")

5- tornar um ato criminoso o fato de copiar e scanear livros e papers para o seu computador, pen-drive, sem autorização do autor, mesmo que seja para uso próprio (..."sem autorização do legítimo titular")

6- incentivar a prisão de quem baixa games e aplicativos shareware e os utiliza além do prazo definido pelo vendedor (..."desses se utiliza além do prazo definido ou autorizado")

7- inibir e transformar em criminoso quem cede o sinal da TV a cabo de sua sala para o quarto do seu irmão ou vizinho ("...conversores de sinais de rádio ou televisão digital ou qualquer outro meio capaz de processar, armazenar, capturar ou transmitir dados utilizando-se de tecnologias magnéticas, óticas ou qualquer outra tecnologia eletrônica ou digital similar")

8- transformar milhares de blogueiros que baixam imagens disponíveis na web, com ou sem mudanças em Gimp ou outro software de desenho vetorial, em criminosos. Para Azeredo, quebrar a jenela de um carro para roubar um Toca-CD e copiar uma imagem no Flickr sem consultar o autor deve receber tratamento similar. ("... Se o dado ou informação obtida desautorizadamente é fornecida a terceiros pela rede de computadores...a pena é aumentada de um terço.")

PRECISAMOS nos mobilizar em defesa da liberdade de expressão, contra o vigilantismo e contra a idéia absurda que impede a cópia de um filme, um livro e uma música para uso pessoal. O uso justo é o garante a existência das bibliotecas. É o que garante que o justo equilíbrio entre a apropriação privada da cultura e a disseminação livre e pública dos bens culturais.

O PLC do Senador Azeredo serve aos interesses da indústria de intermediação. Para combater a pedofilia não precisamos destes artigos na lei. Para combater os cracker precisamos de outros dispositivos. No próximo post, mostrarei as consequências nefastas do projeto do Senador Azeredo, que atrasará a inclusão digital e a formação de redes de conexão wireless abertas.

sábado, 28 de junho de 2008

The Wings - Gustavo Santaolalla

Movimento condena ação do MP contra MST


O Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) condenou a intenção do Ministério Público do Rio Grande do Sul de criminalizar lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Esta semana, o MST denunciou que o Ministério Público gaúcho teria discutido, em reunião do seu Conselho Superior, estratégias para proibir qualquer deslocamento de trabalhadores sem-terra, intervenção em escolas de assentamento, criminalização de lideranças e de integrantes e desativação de todos os acampamentos no Rio Grande do Sul.

O coordenador geral do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Gilson Cardoso, mostrou preocupação com o debate considerando que esse tipo de atitude pode se estender a outros movimentos. "Já não é mais a criminalização de uma pessoa, de uma liderança, de uma ação. No meu entendimento, isso é muito grave", afirmou Cardoso.

Já o coordenador de formação do MNDH, Ricardo Barbosa, disse que o Ministério Público está agindo de maneira contrária à definida por lei, que é de proteção dos direitos constitucionais da população. "Esse tipo de ação assusta porque é o próprio Ministério Público, que tem uma função constitucional, diferente daquela que está exercendo neste caso. Em vez de uma defesa intransigente e radical da democracia, a gente vê as forças de reação tentando criar um estado de exceção dentro do Estado democrático", acrescentou.

Os coordenadores também criticaram a ação do Exército no morro da Previdência, no Rio de Janeiro, onde moravam três jovens que foram entregues a traficantes por militares da Força. Os jovens teriam sido levados a traficantes que fazem parte de uma facção criminosa rival.

"Só porque está em curso uma obra de urbanização, porque o Exército tem que garantir a segurança. No Rio de Janeiro tem uma série de obras que estão acontecendo e não precisou o Exército estar lá. Isso é uma aberração", disse o coordenador geral do MNDH.

Internet para derribar la censura


EL PAÍS:

La capital húngara es la ciudad escogida para la puesta en común de los más de 200 activistas, periodistas, bloggers y colaboradores de este proyecto promovido por la Universidad de Harvard, Reuters y la Fundación Knight para promover la comunicación y la información libre, especialmente en aquellos lugares donde las libertades están recortadas.

Durante la mañana se pusieron sobre la mesa la existencia de vídeos en YouTube sobre policías corruptos que piden dinero por pasar en una carretera del Rif, torturas en comisarias de Egipto o la muerte de varios manifestantes en Túnez.

Censura en la red

Entre los bloggers dedicados a denunciar con vídeos como los mencionados, fotos y relatos, algunos lo han pasado peor que otros. Se mostraron algunos ejemplos. Alaa Abd El Fatah nos pone sobre muchas pistas de lo que ocurre en su país. Sobre todo en lo referente a censura y tortura.

En Pakistán la situación tampoco es como para tirar cohetes.Awab Alvi, dentista de profesión, mostró cómo se organizaron en varias fechas clave. El 3 de noviembre de 2007 Musharraf bloqueó 60 canales de televisión, presionó para que no contase nada a la prensa de papel y se abrieron hasta 60 procesos judiciales contra ciudadanos. La red era el refugio. Los SMS se usaron para movilizar a la gente, con Twitter lo intentan pero no funciona aún con los móviles de su país. Este uso de la tecnología se repitió cuando dispararon a Benazir Bhutto.

Una de las intervenciones más interesantes corrió a cargo de la blogger keniata Ory Okolloh. Se le ha notado tan nerviosa como honesta. Dice que intenta conseguir el mayor tráfico para que el mayor número posible de personas sepan lo que ocurre en su país. Quizá los blogs de su zona no sean los más sofisticados o avanzados, pero son más necesarios que en muchos lugares del mundo. Su trabajo de seguimiento de las elecciones, sobre todo en el aspecto de vigilancia del entorno es encomiable. El peligro que corre es evidente: "No me gusta ser conocida pero me da seguridad. Si me disparasen o me pasase algo, se sabría pronto y esa es mi protección. Si un día me dan un tiro, saldría rápido en Reuters. Creo que por eso no me han hecho nada". Confiesa que los blogs allí todavía se conciben como "herramientas para sembrar el odio".

En Singapur es casi siempre gratis conectarse a internet, pero la gente no lo sabe, quizá debido a su bagaje cultural. Au Wai Pang relata que la situación es extraña porque lo que no se puede es informar libremente hasta el punto de que se puede ir a la cárcel sin juicio y todos los medios están controlados por el estado. A pesar del crecimiento económico, está mal visto meterse en política, incluso en el trabajo se dice: "cuidado con lo que decís por ahí, podeis perjudicar nuestra compañía".

Amine, de Digiactive, relató la situación en Marruecos. Hizo hincapié en que se abrió una investigación tras conocerse que muchos policías extorsionaban, se arrestaron varios agentes, pero también se buscó a los que habían grabado los casos de corrupción para que no lo repitiesen. A partir de estos vídeos del Rif, más gente tomó la idea para hacer lo mismo en Tan Tan y Casablanca. Matizó que Marruecos no es especialmente opresor, pero que aún no está preparado el Gobierno para internet. Literalmente: "Tienen cierta alergia a los contenidos y opiniones de la gente en internet, por eso bloquean muchos servicios". Una de las actaciones más ilógicas fue la detención de 36 horas de un usuario de Facebook, Fouad Mourtada, por crear un perfil falso del Rey de Marruecos.

Vivir con la censura

Helmi Noman, investigador en Oriente Medio y Norte de África, relató la situación de la zona en que trabaja. Por ejemplo, para tener un cibercafé en hay que tener el lugar organizado de modo que el dueño pueda ver en dónde navegan. La herramienta más usada para no ser encontrados son programas que sirven para navegar desde IP anónimas.

John Kennedy puso sobre la mesa cómo pasan las fronteras digitales en China. En la mayor parte de las veces se replican los posts en otros blogs a los que no es tan fácil entrar, se coleccionan y se mandan por email.

Aunque los bloggers han conseguido colarse en sitios donde no se les "esperaba", sí tuvo una visión positiva: "En China se quejan mucho de lo que no se puede hacer, pero hay muchas posibilidades, muy divertidas y creativas, para crear en la red".

Andrew Heavens, testigo de mucha censura y víctima de la misma en los últimos años, más aún desde que está establecido en Sudán y anteriormente en Etiopía. Su situación parece haberte tocado la moral: "La censura no es no poder decir cosas, sino vivir amenazado, con miedo y sin poder hacer lo que deseas, es desmoralizarte hasta hacerte perder la ilusión". Su formación de periodista le permite seguir luchando: "En cada país hablo con todo el mundo, pregunto, consulto, no me canso. Siempre creo que encontrarte una gargante profunda en cualquier esquina". En Etiopía cada vez hay un menor número de blogs, sobre todo a partir de 2006.

De los comentados, el caso más sangrante fueel de Tariq Baiasi, de Siria, que fue condenado a tres años de cárcel, en principio eran seis, por comentarios vertidos en un blog y publicación de fotografías.

Robert Guerra, de Privaterra, hispano-canadiense que reside en Canadá, basó su charla en las muchas herramientas disponibles para esquivar la censura y la importancia de su difusión para difundir mensajes. La encriptación de los datos y la seguridad en la navegación fueron la base de su mensaje. Enseñó también que se puede hacer que el correo caduque de modo que "si por ejemplo alguien crea un evento y no quiere que tiempo después quede constancia del mismo".

Programa: http://summit08.globalvoicesonline.org/program/

El rasgo árabe de América latina

FRONTEIRA ARGENTINA, BRASIL E PARAGUAI:

CRÍTICA DIGITAL:

Sociólogos, antropólogos e historiadores analizarán fenómenos sociales como la Triple Frontera que comparten Argentina, Brasil y Paraguay.

Buenos Aires es la capital latinoamericana elegida para la puesta en marcha de "De rasgos árabes", un proyecto cultural auspiciado por la cooperación española para indagar, desde el punto de vista artístico, en los vínculos entre América Latina y el mundo árabe.

La iniciativa, que se estrenará en la capital argentina el próximo día 30, pretende analizar los nexos culturales, sociales y políticos establecidos entre regiones aparentemente tan dispares como Latinoamérica y los países árabes a través de exposiciones, ciclos de cine, seminarios y publicaciones.

El proyecto, explicó a EFE su impulsor, el artista español Pedro Romero, surgió tras el asesinato del joven electricista brasileño Jean Charles de Menezes a manos de la Policía británica después de los atentados islamistas perpetrados en Londres en julio de 2005.

El error, recordó Romero, se justificó por la confusión de la Policía por los supuestos "rasgos árabes" que encontraron en Menezes y que les llevaron a pensar que se trataba de un presunto sospechoso de los atentados.

A partir de ahí, Romero inició un proceso de investigación sobre la representación del mundo árabe en Latinoamérica para elaborar una propuesta de cultura contemporánea.

La iniciativa "es una plataforma para entrecruzarse con proyectos del mundo árabe", apuntó Romero.

En Buenos Aires, "De rasgos árabes" incluirá seminarios, proyecciones y conferencias con la participación de la historiadora de arte francesa Catherine David, directora de "Documenta x" y de "Representaciones Arabes Contemporáneas", y con análisis sobre las obras de los directores argentinos Lucas Demare, Leopoldo Torres Ríos, Leonardo Favio y Nicolás Sarquis.

Tras Buenos Aires, el proyecto, auspiciado por la red de Centros de Cooperación Cultural de España, se trasladará a San Pablo (Brasil), México, Santiago de Chile y El Salvador.

Empresa espanhola oferece seqüestro simulado


Anelise Infante
De Madri para a BBC Brasil

Uma empresa em Barcelona oferece um serviço de seqüestro simulado para quem busca experiências radicais.

O projeto Simuladores foi criado há dois anos por uma companhia de teatro local, que começou anunciando o serviço na internet e em jornais.

Os interessados no seqüestro, realizado por atores, precisam assinar um termo de responsabilidade e pagar 400 euros (R$ 1 mil) pelo serviço.

Depois do pagamento, a empresa tem um mês para atuar. Os falsos seqüestradores vigiam a falsa vítima, controlam seus passos, realizam o seqüestro e mantém a vítima como refém em um cativeiro pelo tempo que ela agüentar.

Em dois anos no mercado, 12 pessoas já pagaram os atores para viver a ameaçadora aventura. Mas com final feliz garantido.

Contrato

O primeiro passo para os aventureiros é assinar um contrato onde o futuro seqüestrado reconhece que aceita passar pela experiência com o maior realismo possível e que está consciente dos sustos que pode levar. Além disso, o cliente tem que se comprometer a não denunciar a empresa.

O contrato estipula ainda que apenas a "falsa vítima" irá passar pelos sustos e que a experiência não irá envolver parentes, companheiros de trabalho, ou amigos para pedidos de resgate.

Além da encenação, o preço do serviço inclui ainda uma gravação de todo o seqüestro para que o cliente tenha uma recordação da experiência.

"Pensávamos que isso poderia ajudar as pessoas a experimentar sensações fortes. Até seria uma espécie de terapia", disse à BBC Brasil um dos três sócios dos Simuladores, Manel Fontmillá.

Simulação

A proposta deu certo e atraiu aventureiros como a espanhola Montse Berguedá, que já pagou para ser seqüestrada.

"O que eu queria era fazer algo diferente e intenso. Queria experimentar, acima de tudo por curiosidade. Acho que a vida deve ser vivida com muita intensidade e vale a pena experimentar muitas situações", disse ela à BBC Brasil.

A aventura de Montse aconteceu 20 dias depois de ela ter assinado o contrato.

"Um dia chamaram pelo interfone para entregar um pacote. Quando abri a porta de casa, invadiram a sala e me pegaram. Na hora levei o susto, mas lembrei o que era. Até ali foi divertido porque senti a adrenalina. Eles atuaram como se fosse de verdade mesmo".

A falsa refém foi levada para um cativeiro na periferia de Barcelona, onde ficou presa durante mais de seis horas. Amarrada numa cadeira, com as mãos atadas e o rosto coberto, ela ouvia que não sairia viva dali.

"Foi a hora em que passei medo. Quando ia notando que o tempo passava e aquilo não acabava e eles dizendo que iam me matar... Ali senti medo de verdade e pedi para parar", ela contou à BBC Brasil.

Sã e salva no final, ela disse que não repetiria a experiência, mas que também não se arrepende.

"Para quem gosta de altos níveis de adrenalina, de riscos, vale a pena", recomendou.

Crítica

Para os policiais espanhóis, a moda do seqüestro por encomenda é uma brincadeira de mau gosto.

Um porta-voz do Sindicato Espanhol da Polícia Judicial disse que a idéia é "ridícula".

"Sinceramente acho que é uma frivolidade irresponsável perante um assunto tão sério. Se as pessoas que contratam um serviço desses passassem por um seqüestro de verdade, perderiam a vontade de fazer essas besteiras", disse à BBC Brasil.

A Associação Espanhola de Escoltas também criticou a proposta da empresa catalã.

"É tão absurda que custa acreditar que seja certa", afirmou o porta-voz Ignacio Bermejo.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Última bruxa executada era inocente


Ana Göldi, acusada de envenenar um menor e decapitada, deverá ser oficialmente inocentada pelo cantão de Glarus, na Suíça Central, em agosto.

Göldi foi a última pessoa executada na Europa por bruxaria. O caso aconteceu no vilarejo de Mollis em 1782 e ilustra o fanatismo religioso, a superstição e o abuso de poder que vigoravam na época de seu julgamento.

O destino de Anna Göldi voltou à atualidade depois que o jornalista Walter Hauser publicou, no ano passado, um livro com novos elementos sobre a influência excessiva que o patrão da acusada exerceu sobre as autoridades locais.

Hauser explica à swissinfo a razão de seu interesse pelo assunto. "Em primeiro lugar sou do cantão de Glarus (Suíça Central), é minha terra e também sou advogado. Pode-se dizer que estava predestinado a escrever sobre isso."

O reconhecimento de que Anna Göldi foi vítima de um erro judicial provocou um amplo debate em que as igrejas Católica e Reformada foram consultadas.

Esta não é a primeira vez que o caso é abordado. No ano passado, o governo cantonal (estadual) e o Conselho da Igreja Protestante recusaram um pedido de reabilitação da vítima.

As autoridades mudaram de opinião depois que o Parlamento cantonal reabriu o caso, forçando o Executivo a limpar o nome de Anna Göldi.

"Estou muito satisfeito que o governo de Glarus tenha mudado de opinião, reconhecendo a inocência de Anna Göldi, vítima de um escandaloso erro judicial", afirma Hauser.
"Um feitiço"

Göldi, de 48 anos, era empregada doméstica do outrora distinto cidadão Johann Jacob Tschudi. Ela foi acusada de enfeitiçar uma filha de Tschudi de oito anos, provocando convulsões na menina.

O médico e juiz Jakob Tschudi, ao que tudo indica, teve relações sexuais com Anna Göldi e sua reputação no vilarejo seria seriamente abalada se o adultério se tornasse público.

Antes de trabalhar na casa de Tschudi, Anna levava uma vida miserável. Nascida em uma família muito pobre, trabalhou como criada desde muito jovem. Ficou grávida solteira e foi desprezada quando descobriram que o bebê estava morto.

Três anos depois, engravidou novamente e teve um menino cujo destino é desconhecido. Anna mudou de emprego várias vezes até chegar à casa de Tschudi, onde trabalhou seis anos. Foi então demitida e acusada de responsável pela doença de uma das crianças da família.

O julgamento e a decapitação de Göldi ocorreram em 1782, quando esse tipo de processo já havia desaparecido na Europa. A última mulher executada por bruxaria antes de Ana Göldi fora julgada em 1738 na Alemanha.
Julgamento ilegal

Uma declaração da administração de Glarus publicada este mês indica que o Conselho da Igreja Reformada, que julgou Anna Göldi, não tinha autoridade legal alguma e decidiu antecipadamente que a mulher era culpada. Além disso, atesta que Göldi foi executada quando a lei não impunha a pena capital por envenenamento não letal.

"Este é o reconhecimento de que o veredicto foi pronunciado em julgamento ilegal e que Anna Göldi foi vítima de um assassinato judicial", afirma o documento.

"A revisão deve ser mais que uma simples confirmação de sua inocência", continua o texto. "Isso deve deixar bem claro que se tratou de um ato estatal incompreensível e injusto, uma injustiça grosseira que provocou um veredicto falso."

No entanto, as autoridades de Glarus advertem que a revisão do caso Anna Göldi não pode dar a impressão de que a geração atual assume a responsabilidade pelo passado de seus antigos habitantes.

swissinfo, Glare O'Dea

A Guerra Fria do MP gaúcho

GUERNICA (PICASSO)

Por Maria Inês Nassif 26/06/2008 às 14:03
(JORNAL VALOR ECONÔMICO)

Justiça cassou títulos eleitorais

Seria uma caricatura, não fosse sério. Um relatório secreto do Conselho Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul decreta guerra ao MST, prega dissolver o movimento a bem da "segurança nacional" e define linhas de ataque ao movimento. A ata secreta de reunião no dia 3 de dezembro do ano passado revela que o Conselho constituiu uma força-tarefa para "promover uma ação civil pública com vistas à dissolução do MST e a declaração de sua ilegalidade". A diretriz, que está sendo executada de forma articulada com a Justiça e a Brigada Militar, é a de acuar o movimento em várias frentes: proibir marchas e deslocamentos em massa dos sem terra; investigar os integrantes de acampamentos e dirigentes quanto ao uso de verbas públicas; intervir nas escolas do MST; impedir a presença de crianças e adolescentes nos acampamentos; nos assentamentos, comprovar desvios de finalidade da terra; promover investigação eleitoral "nas localidades em que se situam os acampamentos controlados pelo MST, examinando-se a existência de condutas tendentes ao desequilíbrio deliberado da situação eleitoral" e atuar para cancelar os títulos de eleitor dos assentados.
A decisão teria de ficar sob sigilo por 10 anos, mas veio a público quando foi anexada como prova de uma denúncia feita à Justiça pelo MPE contra acampados do MST em duas áreas cedidas por proprietários na proximidade da Fazenda Coqueiros. A inicial da ação esclarece que os promotores tomam essa iniciativa baseados na diretriz do Conselho. Também foi anexado um relatório do Serviço Secreto da Brigada Militar (PM2). A ofensiva do Ministério Público, a pronta anuência de juízes e uma rápida mobilização de efetivos da Brigada Militar montam o cenário de uma Guerra Fria particular: o MPE aciona a Justiça usando um discurso ideológico; o juiz decide em favor da preleção dos promotores; a Brigada Militar responde prontamente às ordens judiciais.
As sentenças obtidas até agora são um cerco político ao movimento: uma proíbe a manifestação política de acampados em terra do Incra; outra, de um juiz eleitoral, suspende os títulos de eleitores de acampados em Coqueiros; uma ação do MPE relativa à ocupação do horto florestal da Fazenda Barba Negra denuncia 37 integrantes da Via Campesina por dano, furto, cárcere privado, formação de quadrilha e lavagem dinheiro, inclusive pessoas que não estavam no local. Um deles o líder nacional do MST, João Pedro Stédile; as escolas dos assentamentos estão sendo desativadas. Em janeiro, uma pronta sentença do juiz, favorável a ação proposta pelo MPE; a pretexto de investigação de um furto de uma máquina fotográfica, um anel e R$ 200, permitiu à polícia identificar os 1200 participantes do 24 Encontro Estadual do MST. É esse o quadro: a ação articulada e rápida do MPE, da Justiça e da polícia gaúchas está cassando direitos civis e políticos de cidadãos brasileiros. Inclusive o direito ao voto.
O conteúdo ideológico dessa ofensiva está claramente estampado nos autos de processos e em documentos judiciais. A linguagem é tão contundentemente ideológica que é difícil encarar o MPE e a Justiça do Rio Grande do Sul como partes neutras de um conflito. Na inicial da ação civil pública apresentada pelos promotores Luís Felipe de Aguiar Tesheiner e Benhur Biacon Júnior, pedindo a desocupação dos dois assentamentos do MST próximos à Fazenda Coqueiros, eles rezam submissão à orientação do Conselho Superior de "dissolver" o MST e tecem um longo arrazoado sobre subversão. Definem o movimento como "uma organização revolucionária que faz da prática criminosa um meio para desestabilizar a ordem vigente"; asseveram que ?já existem regiões do Brasil dominadas por grupos rebeldes?; apontam como indício de subversão "a doação de recursos por entidades estrangeiras, como a organização Cáritas, mantida pela Igreja Católica". A peça ideológica informa que outros dois promotores estaduais fizeram um "notável serviço de inteligência" no MST, e essa arapongagem concluiu que o movimento social tinha uma ?estratégia confrontacional?, que seria comprovada pelo material apreendido em acampamentos: livros de Paulo Freire, Florestan Fernandes, José Martí, Che Guevara e do pedagogo russo Anton Marenko. De acordo com os promotores, é prova de intenção de atentar contra a segurança o uso de frases como "a construção de uma nova sociedade", "poder popular" e "sufocando com força nossos opressores". Afirmam também que o MST usa de "fraseologia agressiva, abertamente inspirada em slogans dos países do antigo bloco soviético".
Como verdades, são citados dois relatórios do Serviço Secreto da Brigada Militar (PM2). Num deles, o coronel Waldir Reis Cerutti garante que o MST é financiado pelas Farc. "Análises do nosso sistema de inteligência permitem supor que o MST esteja em plena fase executiva de um arrojado plano estratégico, formulado a partir de tal "convênio" (com a Farc), que inclui o domínio de um território em que o governo manda nada ou quase nada, e o MST e a Via Campesina, tudo ou quase tudo". A inicial da ação do MPE não cita, todavia, conclusão de inquérito da Polícia Federal, que não encontrou nenhum indício de ligação do MST ou da Via Campesina do Estado com o movimento guerrilheiro colombiano.
O MPE, a justiça e o governo gaúcho (com sua polícia) atiraram-se numa marcha da insensatez, usando perigosamente instituições democráticas para restringir o direito de associação e de manifestação política e o direito ao voto. Esse é um preço que o MST gaúcho pode pagar agora, mas o país todo paga também no futuro. Incentivar a histeria da direita com discurso de fazer inveja aos militares que comandaram o país entre 1964 e 1985 é um caminho a ser evitado. Pode parecer simplesmente ridículo estimular ofensivas contra movimentos sociais com discursos anti-subversivos. É ridículo, de fato, mas não só isso: é igualmente perigoso.

Maria Inês Nassif é editora de Opinião.
Escreve às quintas-feiras
E-mail maria.inesnassif@valor.com.br

Cidadania, favela e milícia: as lições de Rio das Pedras


Marcelo Burgos

Entre 2000 e 2002, realizamos um amplo levantamento quantitativo e qualitativo sobre a favela de Rio das Pedras, que se destacava naquela época como um caso singular de grande favela – grande em território e em população (tinha cerca de 40 mil moradores) – sem tráfico. Qual era o segredo de RDP, e em que medida seu modelo podia ser copiado, eram indagações recorrentes naquele momento. Não raro, o caso de RDP era apresentado como uma espécie de caso feliz de organização comunitária, que tinha permitido mantê-la a salvo das gangues de traficantes.

Naquele momento, tínhamos que lidar com duas abordagens polares e superficiais: de um lado, aquela apresentada de forma naturalizada por lideranças da favela, parte dos moradores e mesmo por uma opinião corrente na cidade, de que a razão principal para a singularidade de RDP era a de que se tratava de uma favela majoritariamente nordestina (de fato, 60% de sua população tinha nascido em estados do Nordeste, e outros 30% eram filhos de primeira geração de casais nordestinos), e que a cultura nordestina seria avessa ao tipo de subordinação arbitrária e violenta promovida pelas gangues de traficantes; no outro pólo, especialmente na universidade, a experiência de RDP era vista com muita desconfiança, encarada como uma nova versão dos grupos de extermínio, conhecidos como “polícia mineira”, e que tinham sido organizados em vários pontos da região metropolitana do Rio de Janeiro entre os anos de 1960 e 70, em geral para atender interesses de comerciantes e empresários. Segundo essa abordagem, assim como na “polícia mineira”, a ‘segurança’ em RDP também seria feita por policiais, que atuavam a serviço de comerciantes e empresários locais.

Na pesquisa, mais tarde publicada no livro Utopia da Comunidade: Rio das Pedras, uma favela carioca (Editora Puc-Rio/Loyola, 2002), procuramos desvendar as razões da singularidade daquele microsistema, sustentando que estávamos diante de uma nova forma de organização local, que articulava de forma original a vida associativa a um aparato coercitivo, em um arranjo que, ao mesmo tempo em que protegia os moradores da favela da agonia da submissão ao poderio do tráfico, impunha um regime potencialmente totalitário na gestão do território.

Pouco depois da publicação do referido livro, observou-se que o modelo de RDP se convertera em uma forma social, que seria copiada e difundida em outros lugares, logo sendo descoberta e rotulada pela grande imprensa como ´milícia’.

Com base em uma breve releitura dos principais pontos encontrados naquela pesquisa, a contribuição que pretendo oferecer neste artigo é a de utilizar o caso de RDP para refletir sobre as condições ecológicas que fomentaram o desenvolvimento da milícia como forma social, demonstrando o quanto ela surge como expressão da profunda segregação urbana a que são submetidas as favelas da cidade. Da perspectiva proposta neste artigo, portanto, a questão da milícia vai muito além do problema da corrupção da polícia, como freqüentemente faz crer a abordagem formulada pela grande mídia, com o que reitera a estéril idéia da polarização entre a banda podre e a banda boa da polícia. Para tanto, importa reconhecer que a discussão sobre a milícia transcende os limites da questão da segurança pública, aparecendo antes como um item fundamental para uma reflexão sobre a ainda frágil democratização do acesso à cidade.

É nesse sentido que a compreensão do caso de RDP pode contribuir para fazer do debate sobre as milícias um bom pretexto para uma discussão mais ampla envolvendo o tipo de relação com a favela que a cidade construiu e tem reproduzido sistematicamente, pois a forma social adquirida pela milícia em RDP jamais teria se tornado um paradigma perseguido por tantas favelas não fosse a crônica incapacidade da sociedade civil e do Estado da metrópole do Rio de Janeiro para elaborar uma política de segurança que inclua a população de suas favelas no mundo dos direitos. Afinal, foi essa percepção de impotência em face a dinâmica perversa dos conflitos entre as próprias facções de traficantes e entre traficantes e policiais, com todo o seu rastro de sangue, que animou e acabou tornando legítimo e desejável para boa parte dos moradores de RDP – não raro invejados por moradores de outras favelas – o arranjo institucional nela construído. E neste arranjo prevalecia uma espécie de pacto hobbesiano, no qual a segurança e a integridade física são definidos como o bem supremo, em nome do qual se aliena todos os demais direitos e prerrogativas em favor do Leviatã local, encarnado na associação de moradores.

Apesar da “solução RDP” ser arbitrária e excludente, era comum ouvir de seus moradores frases como essa: “É Rio das Pedras, não tem outro lugar igual a este aqui para você morar em paz, soltar seu filho...”; “Aqui você pode criar seu filho, pode soltar na rua, não tem problema de droga, tráfico, você não precisa ficar preocupado, não tem ladrão, não tem pessoa que invade”. E o mercado imobiliário das favelas da cidade não deixava dúvidas: RDP era uma favela muito valorizada, ‘vendida’ por seus empreendedores como uma espécie de cidadela dos pobres.

Para nós pesquisadores, o custo cívico dessa solução era evidente: morar em RDP significava abrir mão do bem mais supremo de um cidadão, que é a sua liberdade civil e política. Mas, em uma metrópole na qual a sinalização para o mundo popular é a de que o acesso à cidade e, portanto, ao mundo dos direitos, é muito restrito, o individualismo – de tipo de negativo – transforma-se em tônica. E no caso da vida em favelas, onde o tráfico e a polícia vêm historicamente se confundindo no trabalho de humilhação de sua população - distinguindo-se apenas pelas cores, como revela Marcos Alvito em seu achado etnográfico, descrito em As Cores de Acari (FGV, 2001) – não é de admirar que a pauta da cidadania se veja ainda mais amesquinhada, freqüentemente reduzida à afirmação do mais primário dos direitos que é o direito à integridade física. Assim é que nossa pesquisa levava à conclusão de que a solução hobbesiana de RDP apresentava-se como uma resposta meramente adaptativa a uma cidade que relegava seus moradores pobres a um mundo sem regulação estatal e sem ordem pública, a começar pelo acesso ao solo urbano, à habitação e ao transporte local, estruturados em mercados, cujo arbítrio somente encontra limite na lei do mais forte vigente nos territórios.

Para compreender o modelo de RDP é preciso considerar o processo de construção do território da favela, comandado com mão de ferro pela associação de moradores, com o apoio explícito do poder público. De fato, RDP não teria o tamanho que possui hoje, não fosse o poder público ter desapropriado em favor da associação local – no final dos anos de 1980 - uma enorme área para fins de habitação. Além disso, o poder público também contribuiria para aterrar e consolidar parte da área da favela antes alagadiça, aliando-se à associação local na construção da favela. O que nos levou a afirmar que RDP seria um exemplo típico de uma favela planejada, fruto de uma política habitacional.

Mas, além de contribuir para a formação da favela, o poder público também permitiu que um grupo de policiais – composto de moradores e amigos - se afirmasse como xerifes do território, deixando sob sua autoridade o controle social local. Neste caso, o maior ou menor respeito ao limite da lei ficava entregue ao estilo dos xerifes e à sua apreciação acerca de cada situação.

A articulação entre esse tipo de controle social e o trabalho político e administrativo da associação de moradores local, permitiu um tipo de controle sobre a vida da favela que talvez não encontre paralelo no Rio de Janeiro. O poder militar ‘autorizado’ pelo Estado empresta à associação uma impressionante capacidade de enforcement sobre a vida local; em contrapartida, a associação – fortalecida pela forma como o poder público lhe delegou a gestão do território – empresta ao poder militar uma legitimidade que ele dificilmente encontraria sem ela. Cria-se uma dinâmica institucional até certo ponto sofisticada, na qual uma força regula e impõe limites à outra, acabando por conferir ao ‘rito jurídico’ local mais transparência e estabilidade do que o encontrado nas favelas dominadas pelo tráfico. Como nos disse um morador à época da pesquisa: “aqui em Rio das Pedras, só quem faz besteira some”.

A partir desse arranjo institucional, organiza-se uma espécie de política tributária e social, que passa pelo controle sobre o pujante comércio de varejo da favela, sobre seu aquecido mercado imobiliário, e sobre serviços como o do transporte através de vans, de clínicas e creches, de casas de show, etc. E tudo isso converge no sentido de potencializar o papel da associação de moradores: além de se posicionar como única porta-voz de cerca de 40 mil moradores, constitui-se como verdadeira autoridade local, aliando seu papel de responsável pelo controle social ao de prestadora de diversos serviços assistenciais, cartoriais, jurídicos e urbanísticos. Uma clara evidência do êxito desse modelo de RDP seria a eleição para vereador, em 2004 – como o 5º mais bem votado do Rio de Janeiro –, do presidente de sua associação de moradores.

Mas esse arranjo institucional, que permitiu à associação de moradores fazer as vezes de um poder público, inclusive internalizando o monopólio sobre a violência no território, não teria sido possível sem a ação/omissão calculada e intencional do Estado, em nível estadual e municipal. Levando ao limite o argumento, pode-se afirmar que foi o Estado que entregou a população de RDP à autoridade e ao arbítrio da associação de moradores, delegando-lhe poderes extraordinários que somente se pode compreender quando se considera o padrão de relacionamento assimétrico que a cidade estabelece com a favela.

Conectada ao boom imobiliário da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá - na favela mora boa parte dos operários da construção civil, e do comércio e serviços desses bairros -, o caso de RDP é, na verdade, um exemplo bem sucedido do eficiente mecanismo de controle social e de pacificação política de uma população que, de outro modo, logo descobriria que a cidade é antes de mais nada um lugar de luta por direitos. Nesse sentido, mais do que proteger a população do tráfico, a milícia protege a cidade da favela. Atua como grupo pára-estatal para realizar uma ação que o Estado não pode exercer abertamente, a não ser onde existe o tráfico para justificar sua ação ostensiva através da polícia.

A alternativa a esse caminho bizarro de preservação das fronteiras da cidade passaria necessariamente pela reorganização política da cidade, a partir de uma participação ampliada dos moradores das favelas no seu destino. Como sustentei em artigo publicado em 2005 (Dados, vol.48, No 1), essa agenda reformista passaria pela abertura de novos espaços de debate, de novos foruns comunicando os moradores das favelas entre si, e deles com os demais habitantes da cidade.

A favor dessa agenda política conspira a própria história de cidades que, como o Rio de Janeiro, não exauriram completamente suas fontes de solidariedade. Nelas ainda reside, se bem que em repouso, um capital social acumulado em suas associações profissionais e de moradores, em suas escolas e universidades, em suas igrejas e associações religiosas, e em suas instituições de cultura, esporte e lazer, como os clubes sociais e as escolas de samba, e que se renova em sua capacidade de mediação com o mundo popular através dos jovens universitários e de intelectuais ligados ao terceiro setor. Desse capital social se poderá extrair a energia necessária para o desenvolvimento de uma nova solidariedade, capaz de sustentar uma cidade de cidadãos, onde a milícia e o tráfico se vejam constrangidos por um ambiente hostil ao arbítrio e a práticas a margem do Direito.


Texto produzido pela parceria Comunidade Segura e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (www.comunidadesegura.org)

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Mostra suíça traz história de fotos adulteradas


Marcelo Crescenti
De Frankfurt para a BBC Brasil

Uma exposição no Museu da Comunicação de Berna, na Suíça, mostra como a imprensa e governos totalitários adulteraram fotos para manipular a opinião pública.

Uma foto vale mais que mil palavras – mas às vezes ela também pode mentir e mostrar uma realidade falsa, como deixa claro a exposição Imagens que Mentem na cidade de Berna, na Suíça.

A mostra explica como meios de imprensa e regimes totalitários usaram a força das imagens através dos tempos para manipular a opinião pública e muitas vezes criar um clima sensacionalista.

São mais de 300 fotos que foram publicadas nos últimos cem anos. Muitas delas mostram celebridades em poses inventadas, como a princesa Stefanie de Mônaco que aparece com diversos bebês diferentes em capas de revista.

Outro exemplo é a foto da princesa Diana com seu amante Dodi em um barco. A foto no jornal Daily Mirror insinua que eles estavam quase se beijando, enquanto a imagem original os mostra somente conversando.

O acervo também inclui a famosa imagem do líder soviético Lênin com dois de seus companheiros, Kamenev e Trotski - que, mais tarde, durante o regime do líder soviético Stálin, caíram em desgraça no Kremlin e foram removidos da fotografia.

Segundo os organizadores da mostra, há três tipos de manipulação: a mudança da foto em si, um texto insinuando uma situação diversa da fotografia ou o corte de parte da foto para mostrar só um ângulo específico.

Isso é mostrado com o exemplo de uma foto de dois soldados americanos ajudando um iraquiano: Sua parte esquerda, isolada, dá a impressão que o americano aponta uma arma para a cabeça do iraquiano.

A exposição em Berna também mostra como cenas de TV podem ser adulteradas. Visitantes podem ver em cabines de vídeo os takes originais e falsificados.

PARA VER AS FOTOS CLIQUE NO TÍTULO DESTA POSTAGEM.

terça-feira, 24 de junho de 2008

'Código Z' o el mal del insatisfecho


EL PAÍS:
Hay muchos nombres para definirlo, pero puede que el más adecuado sea el de insatisfacción del bienestar. En las clasificaciones psiquiátricas se denominan códigos Z. Son el reflejo de la creciente medicalización de los conflictos de la vida y de sus consecuencias; no son exactamente patologías o trastornos mentales, pero casi ocupan un 20% de las consultas de salud mental y un porcentaje mucho mayor en las de atención primaria.

Muchos pacientes no presentan un trastorno diagnosticable

Inquietud o malestar son las quejas más frecuentes. En realidad, no son pacientes psiquiátricos. No necesitan la atención de un especialista en salud mental. Las etiquetas que se les ponen son conocidas: síndrome posvacacional, astenia primaveral, estrés, conflictos de pareja o laborales, etcétera. Se presentan con síntomas físicos y no cumplen los requisitos de trastornos mentales definidos. "Cualquier situación de la vida diaria está medicalizándose. Sanitarizamos el estrés, las alteraciones físicas, los problemas domésticos", advierte José Ángel Arbesu, coordinador de Salud Mental de la Sociedad Española de Medicina General (Semergen).

Según uno de los pocos estudios que ha analizado este problema en España, coordinado por el psiquiatra Alberto Ortiz Lobo, de las más de 1.000 personas que acudieron a un centro de salud mental durante un año, casi un 25% no reunía criterios para ser diagnosticados de un trastorno mental. De acuerdo con las conclusiones del trabajo, parece que hay "una cantidad excesiva de pacientes que no presentan trastorno mental diagnosticable y que son remitidos a centros de salud mental".

Lo cierto es que hay problemas psiquiátricos que cuando se hicieron las clasificaciones no se catalogaron como tales, y en las nuevas revisiones tienden a incluirse. Según el psiquiatra Enrique Baca García, de la Fundación Jiménez Díaz de Madrid, son los valores de la sociedad los que han evolucionado y, por tanto, circunstancias que antes no se veían como patológicas pueden serlo hoy día.

Para este psiquiatra es crucial tener en cuenta que "no es un problema mental cualquier cosa que nos pasa en la vida". Pero también avisa de que con la salud mental "hay que tener mucho cuidado". Por ejemplo, hay duelos complejos que, si no se resuelven, pueden convertirse en patológicos. Por ello, recomienda acudir al especialista en salud mental si se encuentra mal y que él decida si hay que tratar.

Pero la sensación es que, como dice Arbesu, se trata de entidades que no se pueden diagnosticar. "Es un no diagnóstico", revela la psiquiatra Eudoxia Gay, del hospital Reina Sofía de Córdoba. Para Arbesu, se trata de soledad, falta de comunicación. "Es como si los problemas de la vida diaria llegaran a los servicios sanitarios". Actuamos como si existiera un remedio, una pastilla, "para casi todo", sostiene Enric Aragonés, del Grupo de Trabajo de Salud Mental de la Sociedad Española de Medicina Familiar y Comunitaria (Semfyc). Algo seguro, rápido y eficaz, y sin embargo "no somos capaces de un simple cambio en nuestro estilo de vida", añade.

Aragonés cree que nos hemos creado unas expectativas desmesuradas sobre la ciencia, sobre la medicina, y hemos convertido a la sanidad en un bien de la sociedad de consumo. Esta situación, añade Eudoxia Gay, es fiel reflejo del estilo de vida de Europa y EE UU marcado por "la solución inmediata" de los conflictos y una negación a "enfrentarse" a los problemas de la vida. Los conflictos, explica, como las rupturas de pareja o los duelos, no se dejan evolucionar de forma natural.

Además, advierte Arbesu, no todo puede estar bajo control. "Muchas veces hay que vivir situaciones fuera de control y hacerlas frente con el diálogo, con mecanismos de afrontamiento, etcétera".

Hay personas que tienen un perfil de vulnerabilidad que hace que ante cualquier problema se hundan. Por eso, asegura Enric Aragonés, es importante reforzar los mecanismos antiestrés. La paradoja, afirma Aragonés, es que son los más jóvenes los que más demandan estos servicios, independientemente de su nivel de formación. Son, dice, los que tienen más "expectativas puestas en que la medicina podrá solucionar sus problemas". Eudoxia Gay habla de la "intolerancia a la frustración" de algunas mujeres jóvenes con un nivel de vida aceptable, y Arbesu de personas con baja autoestima, más insatisfechos ante la vida, críticos e incluso masoquistas. Con una característica común: son frecuentadores de las consultas de primaria. "Por eso debemos ser asertivos, para no facilitar la cronificación y saber orientar. Lo que ocurre es que cuando se tienen 30 o 35 años es difícil mejorar la capacidad de afrontamiento".

Media población para atender a la otra mitad

La medicalización de los problemas de la vida cotidiana, o simplemente de la desgracia, podría conducirnos a un mundo en el que prácticamente la mitad de la población tendría que atender, por turnos sucesivos, a la otra mitad. El colapso de los servicios de salud mental sería inevitable. Aragonés considera que, de alguna manera, está situación "nos ha cogido a todos poco preparados".Este escenario también pone en duda el funcionamiento de los filtros de atención primaria, aunque, como apunta Eudoxia Gay, "el médico de cabecera está perfectamente preparado para distinguir entre un conflicto emocional y un trastorno, pero como se tolera mal el sufrimiento, se medicaliza porque parece que todo tipo de dolor tiene un nombre y un tratamiento". De la misma opinión es Arbesu: "El médico de primaria debe saber y poder escuchar al usuario con empatía y aconsejar, facilitar el desarrollo de mecanismos para afrontar los problemas".Enrique Baca cree que es mejor recibir a los pacientes y decidir si tienen o no un trastorno mental. "No hay que demonizar al paciente", afirma.Pero lo cierto es que se abusa de los psicofármacos y de la psicoterapia, sostiene Gay. "Muchas de las personas diagnosticadas de código Z acaban recibiendo tratamiento, pero los conflictos no precisan terapia en la mayoría de los casos. Y no necesitan tratamiento, sino apoyo humano, redes sociales, amigos...".Una de las curiosidades que se están empezando a encontrar los especialistas en salud mental infantil es la creciente demanda de atención por cuestiones que tienen que ver más con el propio desarrollo que con trastornos mentales. Problemas de comunicación padre-hijo, de celos entre hermanos, de educación sexual... parecen haberse convertido en trastornos mentales y necesitar tratamiento. Cree José Ángel Arbesu que los actuales sistemas de educación crean cada vez personas más protegidas y no preparados ante la vida, y "la vida no es fácil".Dice la psiquiatra Eudoxia Gay que lo que ha pasado es que el mundo se ha transformado y que el ser humano no ha seguido el mismo ritmo. Nos enfrentamos a situaciones nuevas, como los videojuegos, a otras formas de relacionarnos, y creemos que no son normales, que son patológicas. Estamos medicalizando situaciones normales en los niños, aunque éstos sufran. En su opinión, la situación es un reflejo de "cómo nos relacionamos con el mundo, con el dolor y entre nosotros mismos".

segunda-feira, 23 de junho de 2008

"Lutamos contra o preconceito de que não existem militares gays"


DW:
Como o Exército lida com a homossexualidade na Alemanha? Sobre o tema, DW-WORLD.DE entrevistou o primeiro-tenente Peer Uhlmann, representante dos interesses dos afiliados homossexuais do Exército alemão.

O caso dos sargentos gays do Exército brasileiro que assumiram publicamente seu relacionamento homossexual acendeu no Brasil uma questão que vem sendo tematizada há décadas nos assim chamados países industrializados. Em entrevista exclusiva à DW-WORLD.DE, o primeiro-tenente Peer Uhlmann, membro da diretoria do Círculo de Trabalho dos Afiliados Homossexuais do Exército alemão (AHsAB e.V.), respondeu sobre a situação no país.

DW-WORLD.DE: Como membro da diretoria do Círculo de Trabalho dos Afiliados Homossexuais do Exército alemão (AHsAB e.V.), o senhor poderia nos relatar como o Exército alemão lida com a homossexualidade?

Primeiro-tenente Peer Uhlmann, do Exército alemãoPeer Uhlmann: Desde fins do ano 2000, existe no Exército alemão um decreto feito para regulamentar a forma de relacionamento, sobretudo entre homens e mulheres, dentro e fora do expediente. Graças à então iminente abertura do Exército para mulheres e graças a um militar combatente, a liderança do Exército foi obrigada a discutir intensamente o tema da tolerância. Pela primeira vez, um decreto do Exército tematizou explicitamente o relacionamento privado dos militares.

Anteriormente, a sexualidade em si não existia, ela era assunto privado e não tinha nada a ver com o serviço. O decreto deveria sobretudo esclarecer as conseqüências dos contatos privados, principalmente entre mulheres e homens. Mas também a homossexualidade foi abordada no decreto.

Segundo a diretiva, é indiferente para os superiores quem tem uma relação com quem e de que forma a desfruta. O importante é que o trabalho não seja prejudicado por esta relação. No que concerne a isto, o Exército alemão não difere das empresas da economia livre.

Até que ponto o decreto sexual de dezembro de 2000 atingiu o objetivo da igualdade de tratamento entre os sexos?

Em um exército, em princípio, a patente, a performance e a capacidade dos soldados são mais importantes que suas preferências pessoais. Se um soldado é gay ou não, isto não interessa à execução de suas tarefas. Também na avaliação de seu rendimento e nas promoções, isto não deveria ter nenhuma importância. Escapa a qualquer controle, no entanto, o fato de preconceitos escondidos exercerem aí influência. O mesmo vale, por exemplo, para militares femininos e masculinos de origem migratória.

O que os militares fazem depois do serviço, em casa ou em sua acomodação, é desinteressante desde que outros não sejam perturbados. Tanto faz se um soldado recebe seu namorado ou sua namorada em sua casa.

O decreto é um bom ponto de partida, mas ele não pode combater a intolerância – encontrada em todos os níveis hierárquicos – nas cabeças das pessoas. Nesse caso, principalmente a responsabilidade dos superiores é requisitada. Apesar do decreto, faltam aí, em muitos casos, a necessária sensibilidade e um tratamento sem preconceitos do tema. Sobretudo discriminações veladas não se deixam excluir.

Existem casos de transferências ou queixas de militares femininos e masculinos que assumem abertamente sua homossexualidade e por isto são discriminados?

Até os anos de 1980, era normal excluir homossexuais masculinos do serviço militar por serem inaptos. Em 1999, um oficial apelou ao Tribunal Federal Constitucional contra sua transferência devido à sua tendência homossexual. A justificativa do Ministério estava cheia de preconceitos: o moral da tropa não poderia ser prejudicado, a autoridade de um superior homossexual seria minada, etc. A Justiça não apoiou esta argumentação. Encontrou-se então em consenso extrajudicial.

Conhecemos casos em que militares homossexuais, bissexuais ou também transgêneres foram zombados, evitados ou desacreditados às escondidas. Aí se encontra o verdadeiro problema. Esta forma de discriminação é difícil de controlar, ela prejudica o ambiente de trabalho e influencia outras pessoas que, em princípio, não tinham preconceitos. Se os superiores não agirem corretamente, um tratamento aberto do tema homossexualidade é quase impossível.

É possível avaliar quantas pessoas homossexuais fazem parte do Exército alemão?

Também o Exército é um perfil da população. Quase todas as facetas da nossa sociedade estão representadas, só que estas não são reconhecidas, por baixo do uniforme, à primeira vista. É alto o número daqueles que renegam sua orientação sexual no Exército alemão, por medo de conseqüências negativas. Somente poucos têm a coragem de assumi-la abertamente e, por exemplo, registrar perante seus superiores uma parceria civil homossexual. Acreditamos que cinco a dez por cento dos membros do Exército alemão são homossexuais.

Em 2006, a revista Der Spiegel relatou que o Ministério alemão da Defesa queria evitar que soldados em viagens de serviço freqüentassem áreas próximas a bares gays, impedindo assim conseqüências negativas para a imagem do Exército alemão. Isto não seria uma forma de discriminação?

Esta tentativa do Ministério alemão da Defesa foi novamente marcada por preconceitos. O caso mostra claramente que, sobretudo em escalões mais altos, também na política, as pessoas ainda têm muitas reservas. Mas, em vez de discutir os problemas de forma construtiva, eles são transformados em tabu. Claro que isto é uma forma de discriminação.

E sempre há novos casos. Há pouco, a organização que representa os interesses dos membros do Exército, a Federação Alemã dos Militares, exigiu no tocante ao tema igualdade de direitos a exclusão das parcerias civis homossexuais, no parecer que deu sobre a lei de realinhamento dos serviços públicos. A justificativa foi que isto seria muito complexo e precisaria de uma lei própria.

Então nos perguntamos para quê. Isto poderia ser muito fácil: igualdade de direitos – e pronto! A passagem "parcerias civis são equivalentes em todos os pontos ao casamento" poderia esclarecer todas as questões de uma só vez. Mas isto é demais para muitos conservadores.

Esta forma de discriminação através de leis não é rara na Alemanha. Atualmente, existem muitos casos de tratamento desigual no tocante à remuneração, benefícios e aposentadorias. Eu mesmo estou lutando pelo complemento familiar. Casados o recebem, eu e o meu parceiro não – e isto, ainda que nos encontremos objetivamente em situação semelhante.

Que atividades e objetivos persegue o Círculo de Trabalho de Afiliados Homossexuais do Exército? Quantos membros possui?

Nós temos atualmente por volta de 100 membros. Como o Exército alemão está presente em todo o país, também estamos representados em toda a Alemanha. Nós estamos à disposição dos soldados no local – não somente dos homossexuais que têm problemas com seus camaradas e superiores – também dos superiores que precisam de ajuda para lidar com soldados, soldadas e funcionários civis homossexuais.

Em seminários para superiores, nós estimulamos a desmontagem de preconceitos e intolerância. Nossa organização existe desde 2002 e agora se engaja na discussão política. Estamos em troca ativa com outras representações de interesses e estabelecemos contatos com a política para defender os interesses dos nossos membros. Também procuramos a divulgação pública, por exemplo, nas paradas de orgulho homossexual, e lutamos contra o preconceito que não existem militares gays.

Assumir uma tendência homossexual é muito difícil para muitos soldados jovens. Nós os aconselhamos e os acompanhamos para que possam desfrutar das nossas experiências.

Como é a situação em outros países europeus? Existem organizações como a AHsAB em outros países?

Cada Exército é único. As preocupações e necessidades dos soldados diferem de país para país. Em muitos países, existem organizações que ajudam os afiliados homossexuais das Forças Armadas – em alguns países de forma mais ofensiva, em outros, mais escondida. Para isto, a situação política e a aceitação social são decisivas. A longo prazo, nos engajamos naturalmente por cooperações e pela troca de experiência com estas representações de interesses, também no estrangeiro.

Na sua opinião, por que os Exércitos de muitos países têm problemas com militares homossexuais?

Os Exércitos formam sua coesão através da tradição e do espírito de corpo. Muitas das formas de comportamento se assemelham a rituais. E aí a homossexualidade não tem espaço.

É um tema que não é tratado abertamente. Nestas unidades marcadas por uma masculinidade exacerbada, a homossexualidade é considerada uma fraqueza. Principalmente nas unidades em que a forte coesão é importante, como no caso de unidades de combate. Que soldado forte quer escutar isso sobre ele?

Os processos de dinâmica de grupo levam a um banimento de comportamentos que variam da maioria. Por isso, soldados gays não assumem freqüentemente sua homossexualidade. O resultado é que esta não é tematizada. Quando ele ou ela a assume, isto é visto como fraqueza, como exceção. Teme-se o desconhecido e evita-se o contato. Em caso extremo, o militar está, de repente, isolado.

O pedagogo Peer Uhlmann, nascido em 1980, é membro da AHsAB e.V. desde 2004 e a partir de 2008 faz parte de sua diretoria. Ele entrou no Exército em 1998, tendo agora o posto de primeiro-tenente. Atualmente, Uhlmann trabalha no serviço de imprensa em Mayen, próximo a Koblenz.


Carlos Albuquerque

Australiano é preso por usar cadeira de rodas bêbado


BBC:
A polícia da cidade de Cairns, no norte da Austrália, indiciou um homem por dirigir bêbado com uma cadeira de rodas motorizada.

Os policiais encontraram o homem, de 64 anos, na manhã de sexta-feira na saída de uma movimentada auto-estrada da região.

A cadeira de rodas estava ligada em alta velocidade, mas o homem estava dormindo. Ele estava com 0,31 de nível de álcool, seis vezes acima do limite permitido.

Quando os policiais o acordaram, o homem disse que estava indo visitar alguns amigos. Ele terá de se apresentar a um tribunal no próximo mês.

Bob Walters, o chefe de polícia local, disse que a atitude do homem foi "uma receita para o desastre".

"É fora da lei, é inaceitável e as pessoas deveriam perceber que isso pode levar a fatalidades", disse o policial ao jornal local Cairns Post.

Ele disse que a polícia também pode punir quem conduz cavalos, bicicletas e skates sob efeito de álcool.

sábado, 21 de junho de 2008

Un pacto entre adolescentes en EE UU acaba en 17 embarazos


EL PAÍS:

Al menos 17 niñas de la pequeña localidad de Gloucester, en el Estado de Massachusetts, pactaron quedarse embarazadas al mismo tiempo para poder criar a sus hijos juntas, según reveló esta semana la dirección del instituto en el que cursan sus estudios. Para llevar a cabo este complejo plan contaron con la ayuda de, al menos, un hombre: un mendigo de 24 años que dejó embarazadas a varias de ellas.

El director del instituto, Joseph Sullivan, comenzó la investigación cuando se dio cuenta de que la tasa de embarazos cuadriplicaba a la que se registra anualmente en esta institución educativa de 1.200 estudiantes. La media en este centro es de cuatro nacimientos por año. Diversas alumnas revelaron que había un grupo de compañeras que había intentado repetidamente mantener relaciones sexuales sin protección antes de cumplir los 16 años.

Muchas de ellas se habían quedado embarazadas, según reveló ayer la revista Time, y tenían planeadas fiestas y bautizos para celebrar el éxito de su plan. Sullivan confirmó que el hecho de pasar por la enfermería del instituto y solicitar una prueba de embarazo se había convertido en una "práctica común" entre un grupo de niñas menores de 16 años. En los últimos meses se habían administrado hasta 150 pruebas. Cuando alguna de ellas recibía la noticia de que iba a ser madre, lo celebraba con gritos y choques de manos, dijo el director.

El superintendente del centro educativo, Christopher Farmer, dijo ayer en una entrevista a la cadena de televisión CBS que "la maternidad da estatus a estas niñas". "Les da la impresión de ser adultas e independientes, les da la oportunidad de ser queridas sin condiciones", añadió.

La alcaldesa de la localidad, Carolyn Kirk, puso en duda las averiguaciones del equipo directivo del colegio y rechazó frontalmente la teoría de la "conspiración de las adolescentes", argumentando que hay muchos factores en una localidad tan pequeña que pueden disparar el número de embarazos.

En Gloucester, una ciudad de pescadores de unos 30.000 habitantes, de mayoría católica. En los últimos años se han perdido muchos puestos de trabajo, la economía se ha hundido gradualmente y las escuelas han tenido que prescindir de muchos recursos, entre ellos, clases de educación sexual. La junta directiva del instituto votará este verano si permite que las alumnas tengan acceso a métodos anticonceptivos, como la píldora del día después, sin permiso paterno.Quince escuelas públicas de Massachusetts ya se han embarcado en programas similares a éste, logrando reducir el número de embarazos no deseados.

El debate sobre el derecho a disponer de métodos anticonceptivos gratuitos está más vivo que nunca en esta pequeña localidad. El pasado mes de mayo, cuando ya se habían registrado 10 embarazos, el director médico y la enfermera de la clínica que depende del instituto abandonaron sus puestos en protesta por la negativa del hospital local de permitirles distribuir la píldora a las adolescentes sin el consentimiento de los padres. La clínica más cercana que ofrece anticonceptivos está a 32 kilómetros.

Estados Unidos ha vivido un aumento de los embarazos en adolescentes en los últimos años. Esta cifra estuvo cayendo ininterrumpidamente entre 1991 y 2005, sin embargo, aumentó un 3% en 2006. En las calles de Gloucester se ha comenzado a culpar indirectamente a productos de ficción como la película Juno por mostrar a madres adolescentes con historias que distan mucho de la realidad de la adopción o de criar a un hijo antes de haber alcanzado la mayoría de edad.

BIER

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Latino-americanos condenam nova lei de imigração européia

OKTOBERFEST, BLUMENAU, SANTA CATARINA, BRASIL:

BBC:

Líderes da América Latina reagiram mal ao polêmico conjunto de regras que harmonizará as políticas de repatriação de imigrantes nos 27 países da União Européia e que prevê detenção de até 18 meses para imigrantes antes da deportação.

O governo brasileiro, por meio de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, informou que "lamenta a decisão".

A nota do Itamaraty lembra que o Brasil "deu acolhida a milhões de imigrantes e descendentes" e acrescenta que a lei contribui "para criar uma percepção negativa da migração e vai no sentido contrário ao de uma desejada redução de entraves à livre circulação de pessoas e de um mais amplo e pleno convívio entre os povos".

O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou que os países da região deveriam se unir contra o que chamou de "iniciativa do ódio".

O presidente boliviano, Evo Morales, disse que a América Latina deveria trabalhar com a África contra as novas regras que, segundo Morales, atacam os direitos e a vida das pessoas.

As novas leis devem entrar em vigor em 2010 e, além da prisão por até 18 meses antes da deportação, também permite a expulsão de menores de idade desacompanhados e proíbe que os deportados voltem a entrar em qualquer país do bloco durante os cinco anos seguintes à expulsão.

Ameaça

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou nesta sexta-feira suspender o envio de petróleo aos países europeus que aplicarem as novas regras.

"Pelo menos o nosso petróleo não deve chegar a estes países europeus", disse Chávez em uma entrevista coletiva junto com o presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, que está visitando o país.

Representante do Mercosul, o argentino Carlos Alvarez afirmou que a nova medida desrespeita abertamente os direitos humanos.

Alvarez acrescentou que a União Européia deveria se lembrar que, no passado, milhões de europeus foram para a América da Latina, vítimas da fome, da guerra e de regimes totalitários, e todos foram integrados sem problemas.

Além das condenações desta sexta-feira, 44 governos da América Latina e da África - entre eles Bolívia e Equador - já tinham enviado cartas à Comissão Européia e ao Alto Representante da União Européia, Javier Solana, condenando a diretiva e pedindo uma revisão das medidas propostas.

REVISTA VEJA


A VEJA e o meu pai - por Roberto Efrem Filho

Hoje, dia 10 de junho do ano de 2008, foi o dia em que meu pai cancelou a renovação da Revista VEJA. É bem verdade que há fatos históricos um tanto quanto mais importantes e você deve estar se perguntando “o que cargas d’água eu tenho a ver com isso?”. Não é nenhuma tomada de Constantinopla, queda da Bastilha ou vitória da Baia dos Porcos. É um ato de pequenas dimensões objetivas, realizado no espaço particular de uma família de classe média brasileira, sem relevantes conseqüências materiais para as finanças da Editora Abril, sem repercussões no latifúndio midiático nacional. A função deste texto, portanto, é a de provar que meu pai é um herói.

A Revista VEJA se diz assim: ”indispensável ao país que queremos ser”. Começa e termina com propagandas cujo público alvo é a classe média e, nela, claro, meu pai. Banco Bradesco, Hyundai, H. Stern. Pajero, Banco Real, Mizuno. Peugeot, Aracruz, Nokia. Por certo, a classe média – inclusive meu pai – dificilmente terá acesso à grande parte dos bens expostos na vitrine de papel. Não importa. Mais do que o produto, a VEJA vende o anseio por seu consumo. Melhor: credita em seu público-alvo, a despeito de quaisquer probabilidades, a idéia de que ele, um dia, chegará lá.

Logo no comecinho, na terceira e quarta folhas, estão as páginas amarelas da Revista. Nelas, acham-se as entrevistas com personalidades tidas como renomadas e com muito a dizer ao país. Esta semana a VEJA apresenta as opiniões de Patrick Michaels (?), climatologista norte-americano que afirma a inexistência de motivos para temores com o aquecimento global. Na semana passada, deu-se voz ao “jovem herói” Yon Goicoechea (?), um “líder” estudantil venezuelano oposicionista de Chávez e defensor da tese de que a ideologia deve ser afastada para que a liberdade seja conquistada contra o regime “ditatorial” chavista.

Não. Não é que a VEJA não conheça o aumento dos níveis dos mares, dos números de casos de câncer de pele, do desmatamento da Amazônia, da escassez da água e dos recursos naturais como um todo e de suas conseqüências na produção mundial de alimentos. Sim, ela conhece. Não. Não é que ela não saiba que um estudante não representa sozinho o posicionamento democrático de uma nação e que um governo legitimamente eleito não pode ser chamado de totalitário. Sim, ela sabe. Do mesmo modo que conhece e sabe da existência de diferentes opiniões (ideológicas, como tudo) sobre ambos os assuntos e não as manifesta. Acontece que isso ela também vende: o silêncio sobre o que não é lucrativo pronunciar.

Do meio pro final da Revista estão os casos de corrupção. Esta é a parte do “que vergonha, meu filho, quando isso vai parar?” dito pelo meu pai, com decepção na voz. A VEJA desenvolve um movimento interessante de despolitização nesse debate. Ela veste o figurino do combatente primeiro da corrupção, aquele sujeito que desvendará as artimanhas, denunciará os ladrões e revelará “a” verdade, única, inabalável. Com isso, a VEJA confere centralidade à corrupção no debate político, transformando a política em caso de polícia e escondendo o fato de que o seu próprio exercício policialesco é inerentemente político.

No fim, “todo político é ladrão” – menos os do PSDB, claro, todos “intelectuais” -, “política não presta”, o que presta mesmo é a Revista VEJA. A Revista é ainda permeada por textos de cronistas e colunistas. Estão, entre seus autores, Cláudio de Moura Castro, Lya Luft e Roberto Pompeu de Toledo. Todos dignos do título de “cidadão de bem”, conscientes e responsáveis. Evidentemente, todos de posicionamentos um tanto moralistas e um tanto conservadores. Difere-se deles Diogo Mainardi. Este, conhecido por chamar o Presidente da República de “minha anta” e por sua irreverência desrespeitosa e direitista, escancara a alma da VEJA. Mas não se engane. Não é Mainardi o perigo. São os outros.

Foram eles que meu pai um dia leu com respeito e é aquela auto-imagem que a VEJA quer – como tudo – vender. Sem dúvida a Revista VEJA é ainda mais que isso. Suas estratégias de persuasão vão muito além dos limites deste breve texto. Afinal, é ela a revista mais lida no país, parte significativa de um império da concentração do poder de informar. Seja nas suas “frases da semana”, nas quais há de costume as fotografias de uma mulher bonita dizendo bobagem e de um homem-autoridade falando coisa inteligente e importante, seja no fetiche da citação “eu li na VEJA”, faz-se ela um dos mais eficazes instrumentos de convencimento a favor da classe dominante.

Meu pai, por sua vez, é um trabalhador. Casado com Fátima, minha mãe, e pai também de Rafael, criou seus filhos com princípios que ele preserva como inalienáveis. Já votou no PT. Já votou no PSDB e mesmo no PFL (“porque foi o jeito, meu filho!”). Opõe-se a qualquer tipo de ditadura (conceito no qual incluía até pouco tempo o governo de Chávez: coisas da VEJA). Já se disse socialista, na juventude. É praticante da doutrina espírita desde menino. Discorda de mim em milhares de coisas. Concorda noutras. É um bom e sonhador homem com quem eu quero sempre parecer.

Hoje, ele cancelou a renovação da Revista VEJA, aquilo que para ele já foi seu meio de conhecimento do mundo, depois de chamar de “idiota” a entrevista daquele herói das páginas amarelas sobre o qual falei acima. Antes, havia criticado fortemente um artigo de Reinaldo Azevedo publicado na Revista, em que Azevedo falava atrocidades sobre Paulo Freire: “meu filho, veja que besteira esse homem está dizendo sobre Paulo Freire”.

Hoje, ele operou uma mudança nesta realidade tão acostumada à perpetuação do estabelecido. Hoje, para o mundo, como em todos os dias da minha vida para mim, meu pai é um herói.

Roberto Efrem Filho é mestrando em direito pela UFPE e filho de Roberto Efrem, a quem dedica este artigo.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Colombia no castiga las violaciones a los DD.HH.

Botero: "Masacres en Colombia"

CRÍTICA DIGITAL:

El Observatorio para la Protección de los Defensores de Derechos Humanos denunció desde Ginebra que en Colombia el 95 por ciento de los casos de violaciones de los Derechos Humanos quedan impunes.

"El 95 por ciento de los casos de violaciones en Colombia quedan impunes, y en los pocos casos que se avanza, los autores intelectuales quedan en un 100 por cien impunes, no hay ningún caso de persecución de esos inductores", aseguró en un encuentro con la prensa Alberto León Gómez, delegado colombiano del Observatorio.

Esta es una de las conclusiones que surgieron durante la presentación en Ginebra del informe 2007 del Observatorio, titulado “El testimonio Obstinado”, un programa conjunto de la Federación Internacional de los Derechos Humanos (FIDH) y la Organización Mundial contra la Tortura (OMCT).

Gómez denunció, además, que el país sudamericano se encuentra en "una curva ascendente" de violaciones a los derechos humanos, dado que en lo que va del año, 26 sindicalistas han sido asesinados, mientras que en el conjunto del 2007 fueron 39 los gremialistas que murieron a manos de los paramilitares.

Para el delegado del Observatorio, el problema recae en que a pesar de que en Colombia las leyes "son aparentemente garantistas, en la práctica el gobierno no las aplica". Gómez denunció que las situación de los defensores de los Derechos Humanos, de los sindicalistas y de los indígenas ha empeorado con el actual gobierno, que a su entender, acosa además a la Justicia.

Los países con menores garantías en Derechos Humanos. El secretario general de Organización Mundial contra la Tortura, Eric Sottas, mencionó una lista de países donde más se violan los Derechos Humanos. Además de Colombia, entre "los peor situados", Sottas colocó a China, República Democrática del Congo, Zimbabwe, Sudán, Somalia, Chad, Uzbekistán "por la represión", y a Rusia "por su legislación".

Por su parte, Simia Ahmadi, representante de la Federación Internacional de las Ligas de los Derechos Humanos ante Naciones Unidas, destacó los casos de Irán, Uzbekistán, Sri Lanka y Zimbabwe, por la imposibilidad de actuar con libertad.

El informe destaca todo tipo de abusos: detenciones arbitrarias, sentencias dictadas tras procesos injustos, detenciones domiciliarias, torturas, y sentencias de muerte, entre otros.

Una de las conclusiones del Informe 2007 subraya que, "hay que reconocer que la obsesión con la seguridad hace que se imponga por delante de la libertad de los ciudadanos".

Y lamenta que el año 2007 confirmó la tendencia a criminalizar las protestas sociales.

"La evolución es realmente preocupante, por eso damos un grito de alarma para que tomen las medidas necesarias y se apliquen las existentes normas internacionales", concluyó Sottas.

EUA estacionam comando regional para África em Stuttgart


DW:

O Exército norte-americano estacionou seu novo comando militar para a África em Stuttgart, já que nenhum país do continente quis receber os soldados. Agora, aumenta a crítica também na Alemanha.

A decisão do governo dos Estados Unidos de estacionar seu novo comando militar para a África na cidade alemã de Stuttgart, a partir de onde serão coordenadas todas as operações americanas no continente, começa a gerar críticas na Alemanha.

"Eles não operam como organização de assistência, nem de ajuda a refugiados, mas possuem interesses militares concretos que devemos observar", critica o político democrata-cristão Willy Wimmer.

A central de comando no sul da Alemanha conta atualmente com 550 soldados. Quando passar a operar integralmente a partir de outubro, o contingente aumentará para 1.300 soldados. A eles, somam-se equipes privadas de segurança, especialistas da empresa Military Professional Resources Inc.

Potencial de risco

Exatamente aí é que Wimmer vê potencial de risco. Desde o escândalo dos casos de tortura na prisão de Abu Ghraib e os acontecimentos envolvendo a empresa de segurança Blackwater no Iraque, o político desconfia de soldados privados.

"Não deveríamos permitir algo assim em território alemão. Temos que observar com muita atenção para não nos envolvermos em desdobramentos causados pela má coordenação americana", alerta.

Para Wimmer, o caso Blackwater – no qual 17 civis foram mortos durante uma operação em setembro de 2007 em Bagdá – mostrou como empresas privadas de segurança operam num espaço relativamente sem lei.

"A África não é o Iraque"

Entretanto, o porta-voz do Africom, Vince Crawley, não se deixa abalar pelas críticas, argumentando que a África, afinal de contas, não é o Iraque, e que é preciso avaliar tais incidentes no contexto das operações do exército americano no Iraque e no Afeganistão.

"Na África, temos uma situação completamente diferente. Lá procuramos muito mais impedir a ocorrência de guerras. Tentamos criar condições nas quais os países africanos possam se desenvolver e as pessoas possam obter seu bem-estar", garante Crawley.

Segundo o próprio Africom, seu objetivo não é apenas limitar a ameaça de terrorismo islâmico ou o tráfico de armas e drogas. Em breve, o comando assumirá a coordenação de tarefas de desenvolvimento civil. Mas também esse fato gerou críticas.

Segundo Nancy Walker, cabeça do think tank AfricaNet, para cooperações na área de desenvolvimento já existe há muito tempo a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), que seria muito mais adequada que soldados.

"Se o governo americano dissesse que deseja desempenhar um papel maior em questões de desenvolvimento, que possui grande interesse na cooperação com os africanos, então essa responsabilidade deveria ser assumida pela Usaid ou pelo setor privado", afirma Walker.

"Militarização da política africana"

Críticos do Africom temem que haja uma militarização crescente da política dos EUA para a África. Também potências regionais, como a Nigéria e a África do Sul, ou a União Africana, vêem com grandes reservas o novo entusiasmo norte- americano, salientando que muito disso é uma estratégia para se apoderar de recursos e intensificar a presença militar.

Vince Crawley, do Africom, garante que as críticas partem de falsas premissas. "Houve diversos mal-entendidos, que sugerem que o Exército dos Estados Unidos passará a fiscalizar as cooperações com a África no âmbito do desenvolvimento. Este simplesmente não é o caso", assegura o porta-voz.

Quanto à presença da central em Stuttgart, Crawley explica que tais centrais de comando geralmente não se encontram nas regiões a que servem. E o Africom, no final das contas, estaria subordinado ao Eurocom, o comando regional para a Europa, que por sua vez também foi instalado em Stuttgart. Além disso, sua localização se justificaria pelo aspecto logístico, já que "conexões aéreas entre países africanos muitas vezes só existem via Europa.

Quanto à militarização da ajuda ao desenvolvimento, Crawley argumenta que a hierarquia é clara: ajuda militar e civil estariam no mesmo patamar. E salienta que, pela primeira vez, o vice-comando é dividido igualmente entre um militar e uma representante civil.

DW (rr)