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domingo, 24 de fevereiro de 2019
Isso é crime, e não ajuda humanitária
Revoltante e irresponsável. E de ambos os lados. O que está acontecendo nas fronteiras da Venezuela não é fornecimento de ajuda humanitária, mas o uso político dela. Isso é um crime, afirma Astrid Prange.
Deutsche Welle
Vamos deixar uma coisa bem clara: a população da Venezuela precisa de ajuda humanitária. O número de pessoas que luta pela simples sobrevivência aumenta a cada dia, e o fornecimento de alimentos e medicamentos é uma catástrofe no país.
Tanto pior, portanto, que o autointitulado presidente interino Juan Guaidó e seus apoiadores abusem da ajuda humanitária e a usem como instrumento de poder. Aparecer do lado de pacotes de comida para bebê rende boas imagens para a televisão, mas pouca credibilidade política.
Pior ainda é o presidente Nicolás Maduro. O sucessor de Hugo Chávez arruinou economicamente o país, e de forma sistemática. Ele mandou prender os adversários políticos, tirou poder do Parlamento, que é dominado pela oposição, e abandonou a população à própria sorte.
Agora, a ajuda humanitária deve servir, para os dois lados, de cobertura para o fracasso político. As sanções contra o regime de Maduro, impostas desde 2015 pelos Estados Unidos, não tiveram o "sucesso" esperado, ou seja, a queda do "Socialismo do Século 21".
Elas apenas aceleraram o declínio da Venezuela e empurraram Maduro cada vez mais para os braços de Moscou e Pequim. Na semana passada, Maduro falava que não havia fome na Venezuela. Agora, ele anuncia, às vésperas do embate de 23 de fevereiro, que 300 toneladas de ajuda humanitária estão chegando da Rússia.
A Rússia é o principal aliado da Venezuela. Já nos tempos de Chávez, o Kremlin enviava armas para as Forças Armadas venezuelanas. Além disso, Caracas deve 12 bilhões de dólares para Moscou – como garantia para empréstimos, a Venezuela empenhou nada menos que a metade das ações da Citgo, uma rede de postos de gasolina nos Estados Unidos que pertence à estatal petrolífera PDVSA.
A Rússia tem, com isso, dois trunfos contra o presidente Donald Trump: por meio da Citgo, pode influenciar o abastecimento de combustíveis nos Estados Unidos; e, por meio da presença na Venezuela, se estabeleceu como importante ator internacional, ao lado da China e dos EUA, na América Latina.
O mais novo exemplo é o veto da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, na semana passada. À resolução dos EUA que exigia novas eleições e ajuda humanitária, Moscou contrapôs seu próprio projeto de resolução.
O imbróglio deixa antever um retorno à Guerra Fria. Que ela tenha como palco justamente a América Latina é especialmente trágico. Afinal, a confrontação entre os Estados Unidos e a Rússia foi oficialmente encerrada apenas em 2014, com a normalização das relações diplomáticas entre EUA e Cuba.
Se houvesse um real interesse em enviar ajuda humanitária para a população da Venezuela, agências da ONU, como o Programa Alimentar Mundial, poderiam levar alimentos para o país – se necessário, com um mandato do Conselho de Segurança. Organizações de ajuda humanitária americanas e russas, bem como doadores de todo o mundo, poderiam entregar suas remessas para a ONU em vez de usá-las para elevar a divisão política dentro do país.
E ainda mais importante: o governo da Venezuela poderia, ele mesmo, pedir ajuda à comunidade internacional. Ajuda humanitária também poderia ser transportada a pé, por voluntários, por outros pontos da fronteira além de Cúcuta – sem toda essa cobertura midiática.
O atual uso político da ajuda humanitária é tudo menos humanitário. Ele faz uma população inteira refém e transforma quem presta ajuda humanitária em cúmplice de uma acirrada disputa política de poder. Isso é um crime.
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
Imagem: https://c.wallhere.com/photos/75/9e/Zdzis_aw_Beksi_ski_fantastic_realism_creepy_surreal_dark_war-1504145.jpg!d
segunda-feira, 22 de abril de 2013
O ASSUNTO É AMERICA LATINA
As mãos dos EUA sobre a região
Mark Weisbrot *
A administração Obama não aceita que a região mudou e objetiva afastar governos de esquerda; também o Brasil precisa se manter vigilante
Acontecimentos recentes indicam que a administração Obama intensificou sua estratégia de "mudança de regime" contra os governos latino-americanos à esquerda do centro, promovendo conflito de maneiras que não eram vistas desde o golpe militar apoiado pelos EUA na Venezuela em 2002.
O exemplo mais destacado é o da própria Venezuela na última semana. No momento em que este artigo está sendo impresso, Washington está mais e mais isolada em seus esforços para desestabilizar o governo recém-eleito de Nicolás Maduro.
Mas a Venezuela não é o único país vitimado pelos esforços de Washington para reverter os resultados eleitorais dos últimos 15 anos na América Latina.
Está claro agora que o afastamento do presidente paraguaio Fernando Lugo, no ano passado, também teve a aprovação e o apoio do governo dos Estados Unidos.
Num trabalho investigativo brilhante para a agência Pública, a jornalista Natalia Viana mostrou que a administração Obama financiou os principais atores do chamado "golpe parlamentar" contra Lugo. Em seguida, Washington ajudou a organizar apoio internacional ao golpe.
O papel exercido pelos EUA no Paraguai é semelhante a seu papel na derrubada militar, em 2009, do presidente democraticamente eleito de Honduras, Manuel Zelaya, caso no qual Washington dominou a Organização de Estados Americanos e a utilizou para combater os esforços de governos sul-americanos que visavam restaurar a democracia.
Na Venezuela, na semana passada, Washington não pôde dominar a OEA, mas apenas seu secretário-geral, José Miguel Insulza, que reiterou a reivindicação da Casa Branca (e da oposição venezuelana) de uma recontagem de 100% dos votos.
Mas Insulza teve de recuar, como teve de fazer a Espanha, única aliada importante dos EUA nessa empreitada nefanda, por falta de apoio.
A exigência de uma recontagem na Venezuela é absurda, já que foi feita uma recontagem das cédulas de papel de uma amostra aleatória de 54% do sistema eletrônico. O total obtido nas máquinas foi comparado à contagem manual das cédulas de papel na presença de testemunhas de todos os lados. Estatisticamente falando, não existe diferença prática entre essa auditoria enorme já realizada e a recontagem.
Jimmy Carter descreveu o sistema eleitoral da Venezuela como "o melhor do mundo", e não há dúvida quanto à exatidão da contagem.
É bom ver Lula denunciando os EUA por sua ingerência, e Dilma juntando sua voz ao resto da América do Sul para defender o direito da Venezuela a eleições livres.
Mas não apenas a Venezuela e as democracias mais fracas que estão ameaçadas pelos EUA.
Conforme relatado nas páginas deste jornal, em 2005 os EUA financiaram e organizaram esforços para mudar a legislação brasileira com vistas a enfraquecer o PT. Essa informação foi descoberta em documentos do governo americano obtidos graças à lei americana de liberdade de informação. É provável que Washington tenha feito no Brasil muito mais e siga em segredo.
Está claro que os EUA não viram o levemente reformista Fernando Lugo como um elemento ameaçador ou radical. O problema era apenas sua proximidade excessiva com os outros governos de esquerda.
Como a administração Bush, a administração Obama não aceita que a região mudou. Seu objetivo é afastar os governos de esquerda, em parte porque tendem a ser mais independentes de Washington. Também o Brasil precisa se manter vigilante diante dessa ameaça à região.
* MARK WEISBROT, 58, é codiretor do Centro de Pesquisas Econômicas e Políticas, em Washington, e presidente da Just Foreign Policy.
Tradução de CLARA ALLAIN
Fonte AQUI.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
FUTEBOL?
Eu, que não assisto jogos de futebol "amistosos", me parei na frente da TV ontem para observar o mais novo fenômeno criado pela mídia do centro do Brasil.
Não vi nada.
Alguém viu alguma coisa?
quarta-feira, 20 de maio de 2009
América Latina: de las venas abiertas a mundo al revés

Andy Robinson, desde Caracas para La Vanguardia
Hugo Chávez eligió "Las Venas abiertas de América Latina" para Barack Obama, regalo que provocó un ataque de nervios en medios españoles que calificaron el libro de Eduardo Galeano como una "bomba arrojadiza", una obra de izquierdismo trasnochado, "científicamente sin fundamento" (Antonio Caño en 'El País'). Lo cual es un poco como atacar el Infierno de Dante por una falta de rigor técnico. Quizás por bomba arrojadiza se refería subliminalmente al eslogan "¡Libros como armas!" de los sandinistas nicaragüenses ya que Venezuela ha erradicado el analfabetismo en los últimos años. Da la casualidad que Margarita Molina, una maestra de la muy acertadamente denominado Misión Robinsón en Venezuela de enseñanza de lectura y escritura, me ha dicho hoy en Caracas que ya podrían descontinuar el programa ya que "según la Unesco, ya no existe analfabetismo en Venezuela".
Pero lo cierto es que un regalo más contemporáneo para Barack Obama de la obra de Galeano habría sido "El mundo al revés". Porque hay más optimismo en América del Sur -y sobre todo en Brasil- que en muchos países ricos en esta crisis gestada en Wall Street, una crisis "de ojos azules y pelo rubio" según el calificativo del presidente brasileño Lula da Silva. Y curiosamente ese optimismo tiene que ver con las grandes posibilidades que aun tiene la capacidad exportadora de materias primas y alimentos básicos en América Latina, precisamente la "maldición" del modelo Potosí, según la tesis de las "venas abiertas" y las teorías estructuralistas de dependencia.
El FMI calcula que la región "tocará fondo a mediados de este año y empezará a crecer en el segundo semestre mientras en las economías avanzadas no será positiva hasta mediados del 2010". Achaca la resistencia de economías que en otras décadas fueron las primeras en caer al "reformismo pragmático" del nuevo consenso de Washington: prudencia fiscal, blindaje financiero, con la acumulación de dos billones de dólares de divisas y superávit por cuenta corriente que convirtió a países como Brasil y México en acreedores de los ricos. La deuda externa de la región se ha cortado a la mitad -está en el 20% del PIB- desde el 2000 y sólo una pequeña parte está denominada en dólares.
Algunos en Washington hasta cuentan con que la crisis haga lo que miles de llamadas desde embajadas estadounidenses en Caracas, Quito o La Paz -y algún telefax de la CIA- no hicieron: marcar los límites del giro latinoamericano hacia la izquierda. Venezuela, castigada por su laxitud fiscal, una inflación del 30% y una generosidad excesiva con programas antipobreza, pasará seis años sin crecimiento, advierte el FMI. Argentina y Ecuador, por su parte, "(...) pueden entrar en un largo estancamiento" culpables de declarar moratorias sobre sus deudas externas "pese a haber podido mantener su obligaciones", según advirtió el Instituto de Finanzas Internacional, lobby en Washington de la banca privada internacional, muchos de cuyos miembros -dicho sea de paso-, desde Citibank a Royal Bank of Scotland, habrían declarado la madre de todas las moratorias de no ser por las operaciones de rescate multimillonaria de estados en EE.UU. y Europa. Y, por lo menos Ecuador y Argentina tiene la excusa de que sus suspensiones de pagos se debían a problemas heredados de gobiernos anteriores que -en colaboración con el FMI y el IIF- habían dolarizado sus economías.
En realidad, no está claro que el elevado crecimiento latinoamericano de los últimos años, raíz de su fortaleza en la crisis, sea por la adopción de las reformas de Washington. El Banco Interamericano de desarrollo (BID) lo achaca en un informe titulado "Todo lo que reluce no es oro" a "condiciones externas extraordinariamente favorables" con bajos tipos de interés y una demanda imparable de materias primas. Es decir que parece cada vez más probable que las posibilidades de AmÉrica del Sur se encuentran en la explosiva industrialización de China y la India, y la emergencia de nuevas clases medias inmensas con ganas insaciables de comer carne argentina brasileña y, si no llegan, soja de una región con más tierra de posible explotación agraria del mundo. Por no decir nada de los minerales extraídos en tiempos de colonialismo de las "venas abiertas", pero ahora la base de un posible camino de desarrollo que pasa de largo a las ex potencias colonialistas y al vecino del Norte que, según Greg Granadin en su libro, 'Latin America: Imperial workshop', otra "bomba arrojadiza" de la vieja izquierda anclada en el pasado latinoamericano, mandó en la segunda mitad del siglo XVII buques de guerra a puertos latinamericansos en nada menos que 5.800 ocasiones.
Concretamente, los precios de hidrocarburos, alimentos básicos como soja o carne -principales exportaciones de Brasil y Argentina, cobre y otro metales en Chile y Perú, se multiplicaron por cinco en los años de expansión, generando miles de millones de dólares en divisas con las que se han construido las barreras de defensa. Estas exportaciones son la raíz también de la transición de la región en acreedor, con un superávit colectivo por cuenta corriente antes de la crisis que da margen a una explosión de la demanda interna. Exportaciones a China, principalmete materias primas, se triplicaron entre 2000 y 2008.
Tras desplomarse un 50% en el 2008 hay algún indicio de que los precios vuelven a subir probablemente debido a la resistencia de la demanda china. A fin de cuentas, los alimentos de subsistencia son un negocio de los que podrían calificarse como "recession-proof" -blindado a la recesión- a no ser que vayamos a ver hambrunas masivas. Exportaciones de Brasil a China subieron el 20% -principalmente alimentos básicos- en el primer trimestre de este año. "Enero estuvo fatal en el puerto; pero ya mejora", dijo un taxista en Manaus, el enorme puerto como zona franca de la amazonia brasileña.
Si China aguanta en esta crisis -la cuestión clave para el futuro de la economía mundial- las materias primas extraídas de las "venas abiertas" de América Latina, volverán a ser un motor de crecimiento. Y esto incluye Venzuela que acaba de firmar un acuerdo de suministro e inversión con China por 12.000 millones de dólares. "El Fondo siempre infravalora el crecimiento potencial de Venezuela ¿cómo no va a crecer si está sentado sobre posiblemente las reservas más grandes de petróleo del mundo?", afirma David Rosnick del CEPR.
El creciente regionalismo del comercio en América del Sur es otro factor. Estimaciones preliminares del BID indican que el comercio dentro de América Latina habrán crecido el 24% en el 2008 pese al frenazo en los últimos meses. Paraguay, Bolivia y Uruguay aumentaron su comercio regional el 61%, 47% y 34%, respectivamente, en 2008. La excepción aquí también es México que, con el 85% de sus exportaciones destinadas al norte del Río Grande, se ha sumado a Hawaii como estado de incorporación tardía a Estados Unidos.
domingo, 17 de maio de 2009
Socialismo venezolano con Argentina de aliado

El intercambio científico aplicado en agroalimentación y energía es un eje central de la nueva relación Argentina-Venezuela. Jessie Chacon, ministro de Ciencia, Tecnología e Industrias de Hugo Chávez, explicó aspectos clave del modelo.
Por Raúl Dellatorre, para Página/12
Los trece nuevos acuerdos de cooperación que firmaron Argentina y Venezuela esta semana tuvieron, como eje estratégico, la agroalimentación y el área energética. “Identificamos en Argentina un socio estratégico, un aliado, en el que podemos confiar para desarrollar nuestra agricultura y nuestra agroindustria; pero no pretendemos recibirlo por nada, estamos en condiciones de brindarle todo lo que nosotros hemos avanzado en materia de desarrollo energético”, afirmó Jessie Chacon, actual ministro de Ciencia, Tecnología e Industrias, e integrante de la misión que acompañó al presidente Hugo Chávez durante su paso por Buenos Aires. Chacon va más allá de eso en su definición: sostiene que el aporte de los países aliados será fundamental para que Venezuela pueda avanzar velozmente en la construcción de su modelo industrial socialista.
Durante una visita al INTI (organismo que está ocupando un rol central en toda la dinámica de interrelación Argentina-Venezuela, al igual que el INTA), Chacon dialogó con miembros de la comunidad científica argentina y definió muchos de los aspectos que caracterizan la actual etapa estratégica de Venezuela.
“El modelo industrial venezolano está en proceso de definirse, no podemos decir que ya esté”, sostiene. Pero subraya que en ese camino hay cuestiones avanzadas, como la identificación de potencialidades en la relación con aliados (China en el desarrollo satelital, Argentina en agroalimentos), o el desarrollo de nuevas industrias a partir de la demanda y necesidades populares. Dio un ejemplo: “Venezuela es uno de los mayores exportadores de cacao a Suiza, pero los chocolates y bombones se los compramos a ellos; ahí se comprendió que había una necesidad de empezar a producir chocolate venezolano, con las familias de plantadores y cosechadores participando en el proceso de apropiación del conocimiento, de cómo llegar a hacerlo. Y ya hemos empezado a hacerlo”. Otro aspecto interesante es que todo el desarrollo industrial se da en la misma región campesina pobre en la que antes se extraía el cacao para exportar, con mínima o nula apropiación local de la renta.
La investigación científica del modelo venezolano es alentada con el mismo criterio de dar prioridad a las necesidades del pueblo. “La investigación es alentada o subsidiada, siempre que la investigación básica se transforme en ciencia aplicada que pueda volcarse en la producción y satisfaga necesidades del pueblo. Si no hay aplicación, no hay recursos. No se subsidia para que el estudio termine en un ‘paper’ que simplemente prestigie a su autor”, resumió Jessie Chacon.
Pero este ordenamiento de prioridades también lleva a permanentes conflictos políticos. La cadena de producción de bienes para atender necesidades básicas de la población está mayoritariamente dominada por empresas privadas, que en muchos casos no acompañan el proceso de desarrollo del gobierno y en algunos, incluso, hasta buscan ponerle palos en la rueda. En estos casos, el gobierno venezolano no vacila en tomar el camino de la expropiación. Tal fue el caso de Sidor, la empresa siderúrgica cuyo accionista mayoritario es el grupo Techint. Sidor adquiere el mineral de hierro que le vende una empresa extractora estatal a precios subsidiados. Sidor es la mayor productora de acero de Venezuela, y como tal había entrado en conflicto con la industria metalmecánica, que se quejaba de que le vendía la chapa a precios de monopolio, abusando de su posición dominante.
Si no colocaba en el mercado local, Sidor exportaba el acero, aun a precios inferiores a los exigidos internamente, a sus propias filiales en el extranjero para procesarlo allí. Sidor terminó nacionalizada, porque se juzgó que “su actitud rompía el encadenamiento productivo que posibilitaba poner más bienes a disposición de la población”.
Venezuela no le compra soja a la Argentina, porque no admite la venta de transgénicos producidos en base a semillas híbridas y fumigadas con glifosato. Pero está interesada en la maquinaria agrícola y en los sistemas de producción agrícola que está aportando el INTA. En este sentido, el país de Hugo Chávez se encamina a convertirse en un aliado estratégico de peso, aunque medido por una vara diferente a la suma de cantidades comercializadas, en las que se destacan los que hoy adquieren las oleaginosas y derivados que inundaron el suelo argentino.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Venezuela doa ilha aos Estados Unidos
PETTY ISLAND:

A Venezuela formalizou nesta quarta-feira a doação de uma ilha próxima ao Estado americano de Nova Jerséi aos Estados Unidos.
A doação havia sido anunciada pelo presidente do país, Hugo Chávez, durante a Cúpula das Américas, na semana passada.
A ilha de Petty, de apenas 214 hectares, havia sido comprada pela estatal venezuelana de petróleo, PDVSA, em 1990.
A embaixada da Venezuela em Washington anunciou que a empresa "transferiu oficialmente o controle da Ilha de Petty ao Estado de Nova Jérsei para a criação de uma reserva ecológica, natural e histórica".
Aproximação
A PDVSA não mantém atualmente operações na ilha, realizando apenas projetos ambientais.
A declaração emitida afirma ainda que o gesto "ressalta o compromisso do povo venezuelano com a preservação do meio ambiente e os fortes laços de amizade com o povo americano".
"O destino da ilha tem sido o assunto ambiental mais importante para Nova Jérsei nos últimos três anos. De fato, o governador de Nova Jérsei sugeriu transformar a ilha em uma reserva ecológica nas últimas eleições", disse o comunicado.
Nem EUA nem Venezuela mantêm embaixadores em suas respectivas embaixadas. Após o encontro entre Chávez e Obama em Trinidad e Tobago, os dois líderes disseram que vão estudar uma reaproximação diplomática.

A Venezuela formalizou nesta quarta-feira a doação de uma ilha próxima ao Estado americano de Nova Jerséi aos Estados Unidos.
A doação havia sido anunciada pelo presidente do país, Hugo Chávez, durante a Cúpula das Américas, na semana passada.
A ilha de Petty, de apenas 214 hectares, havia sido comprada pela estatal venezuelana de petróleo, PDVSA, em 1990.
A embaixada da Venezuela em Washington anunciou que a empresa "transferiu oficialmente o controle da Ilha de Petty ao Estado de Nova Jérsei para a criação de uma reserva ecológica, natural e histórica".
Aproximação
A PDVSA não mantém atualmente operações na ilha, realizando apenas projetos ambientais.
A declaração emitida afirma ainda que o gesto "ressalta o compromisso do povo venezuelano com a preservação do meio ambiente e os fortes laços de amizade com o povo americano".
"O destino da ilha tem sido o assunto ambiental mais importante para Nova Jérsei nos últimos três anos. De fato, o governador de Nova Jérsei sugeriu transformar a ilha em uma reserva ecológica nas últimas eleições", disse o comunicado.
Nem EUA nem Venezuela mantêm embaixadores em suas respectivas embaixadas. Após o encontro entre Chávez e Obama em Trinidad e Tobago, os dois líderes disseram que vão estudar uma reaproximação diplomática.
segunda-feira, 9 de março de 2009
Obama quiere el petróleo de Lula

El País
Brasil y EE UU mantienen contactos informales con el objetivo de cerrar un futuro acuerdo comercial que aumente el flujo de petróleo y derivados desde el gigante suramericano hacia su vecino del norte. La recién estrenada Administración de Barack Obama ya ha dejado clara su voluntad de incrementar considerablemente las importaciones de crudo brasileño. De concretarse el pacto comercial, algo que hoy por hoy parece muy probable y que depende únicamente de Brasil, la consecuencia más directa sería el desplazamiento de Venezuela del mercado energético estadounidense, donde actualmente consigue colocar entre el 40% y el 70% de su producción petrolífera.
Varias fuentes diplomáticas y gubernamentales de Brasilia han confirmado a EL PAÍS el interés del Gobierno de Luiz Inácio Lula da Silva en aumentar la presencia brasileña en el mercado norteamericano de hidrocarburos, aunque ello implique una colisión frontal con los intereses venezolanos. Todo ello dependerá de la cantidad de crudo que la compañía estatal brasileña Petrobras consiga bombear en los próximos años de los pozos perforados frente a los litorales de los Estados de Río de Janeiro y São Paulo, así como del marco jurídico que Washington y Brasilia suscriban.
Desde Brasilia se insiste en que el primer objetivo del Gobierno es abastecer totalmente su mercado interno y dejar de depender de las importaciones de crudo. Una vez que alcance esta meta, Petrobras entrará en la pelea a cara de perro por los mercados mundiales de hidrocarburos y sus derivados. Por su cercanía geográfica y la fluidez del diálogo político que ya se ha establecido con su nuevo presidente, EE UU se convierte en el gran comprador natural del oro negro brasileño.
Del total de las importaciones norteamericanas de hidrocarburos, el 11% proviene de Venezuela. La empresa estatal venezolana PDVSA no sólo vende a EE UU petróleo pesado y extra pesado, sino que también mantiene sus propias refinerías en suelo estadounidense y una amplia red de estaciones de servicio que distribuye sus derivados. Para Washington, una relación comercial estable con Venezuela en el terreno energético es importante. Sin embargo, y pese a sus frecuentes amenazas de cerrar el grifo del crudo, para el régimen de Chávez la venta de petróleo a su enemigo número uno se ha convertido en una cuestión de vida o muerte ya que le supone una caja diaria de unos 80 millones de dólares (64 millones de euros).
Es este contexto el Gobierno de Washington tiene el ojo puesto desde hace meses en las recién descubiertas megabolsas brasileñas de crudo. Según los estudios preliminares realizados por Petrobras, se encuentran frente a las costas de Brasil, en la capa denominada presal, es decir, bajo una gruesa capa de sal que puede alcanzar los dos kilómetros de espesor. Es de una calidad excelente. Se trata de petróleo ligero, que en comparación con el pesado y el extrapesado (los extraídos en Venezuela), requiere menos trabajo e inversión para ser refinado y transformado en derivados.
Fuentes diplomáticas brasileñas recuerdan que el Departamento de Defensa norteamericano decidió reactivar el pasado julio su Cuarta Flota para el Caribe y América del Sur, compuesta inicialmente por 11 buques, entre ellos un portaviones y un submarino nuclear. "Esta decisión no es casual. Ahora más que nunca estamos en el radar de los estadounidenses, ya que existe una cierta preocupación en algunos sectores de ese Gobierno por lo que suceda en esta zona de producción petrolífera", apunta una fuente cercana al presidente brasileño.
Las mismas fuentes señalan que, para EE UU, Venezuela es un motivo de preocupación más que de sosiego o estabilidad regional. Obama mira al Gobierno de Brasilia como su aliado natural en Suramérica. Brasil es un país políticamente estable, de gran potencial económico, con una inmensa riqueza natural y humana. "Si Brasil continúa en su línea de fortalecimiento institucional, respeto a los principios de la democracia y al medio ambiente, seguridad jurídica y disminución de la desigualdad social, seremos un país productor de petróleo único en el mundo. Y esto es muy atractivo para EE UU", asegura una fuente gubernamental brasileña experta en política energética.
Aunque aún se desconocen las reservas exactas, sí se sabe que el petróleo hallado en el litoral brasileño es abundante: si se cumplen las previsiones, Brasil pasará a ser el octavo o noveno productor del planeta. Además, su transporte hasta EE UU es casi tan sencillo como desde las costas venezolanas. "Washington entiende que las reservas del presal son la salvación de su dependencia de Venezuela", se insiste en Brasilia.
Para Petrobras, la viabilidad del pacto comercial dependerá de las cantidades de crudo que se logren extraer. La previsión es que haya petróleo para exportar no sólo a EE UU, sino a otros países del mundo que ya han mostrado interés, como China y Japón.
Brasil insiste en que está más interesado en la venta de derivados, como gasolina, ya que le resultará mucho más rentable que la venta de barriles de crudo. Esto explica que Lula haya decidido apostar por una gran inyección de capital en Petrobras para la construcción de cuatro nuevas refinerías y la ampliación de otras tantas que ya existen. Brasil aumentó sus exportaciones de petróleo y derivados en casi un 10% en 2008, y el 40% de esas ventas fueron a parar a EE UU. El negocio está en marcha.
sábado, 7 de março de 2009
"Venga con nosotros rumbo al socialismo"
El presidente de Venezuela, Hugo Chávez, invitó al mandatario de Estados Unidos, Barack Obama, a sumarse al socialismo, y sacar a ese país del "triste papel" de "potencia asesina, agresora, odiada en todo el mundo".
"Venga con nosotros rumbo al socialismo. Ese es el único camino", dijo ayer el mandatario a un grupo de trabajadores en el estado sureño de Bolívar, al referirse a la necesidad de encontrar políticas diferentes a las del capitalismo para salir de la crisis económica mundial.
Al respecto, resaltó que a Obama lo están llamando "socialista" por las medidas de intervención estatal que está tomando para enfrentar la crisis financiera.
Además, recalcó que un líder debe conducir a Estados Unidos a "un destino superior y no darle el triste destino que le han dado, de ser una potencia asesina, agresora, odiada en todo el mundo". "No hay imposibles ¿quién iba a pensar en los años de 1980 que la Unión Soviética iba a desaparecer? Nadie", reflexionó.
Por ello, sostuvo luego que "ese imperio (Estados Unidos) asesino, genocida, tiene que acabarse y algún día tiene que llegar un líder y un grupo de líderes que interprete lo mejor de ese pueblo que está formado también por seres humanos que sufren padecen, lloran y ríen".
Página/12
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Argentina considera comentário da CIA "irresponsável"

BUENOS AIRES (Reuters) - A Argentina criticou nesta quinta-feira o diretor da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) por dizer que o país, junto com o Equador e a Venezuela, poderiam ser levados à instabilidade pela crise econômica mundial.
Misturar Argentina com o Equador e a Venezuela, dois países liderados por governos de esquerda, contrários a Washington, aumenta as preocupações de Buenos Aires, onde a presidente Cristina Kirchner tenta evitar que a economia entre em estagnação.
O ministro do Exterior argentino, Jorge Taiana, considerou os comentários feitos em Washington pelo diretor da CIA, Leon Panetta, "infundados e irresponsáveis, especialmente de um órgão que tem uma triste história de intromissão nos assuntos de países da região".
Taiana disse que ele se encontrará na sexta-feira com o embaixador dos EUA no país, Earl Anthony Wayne, para exigir explicações.
(Reportagem de Hugh Bronstein)
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Venezuela reage a relatório dos EUA sobre direitos humanos
CARACAS (Reuters) - O governo da Venezuela repudiou na quinta-feira como "falso e ingerencista" o conteúdo de um relatório do Departamento de Estado norte-americano segundo o qual os direitos humanos do país sul-americano sofreram uma piora no ano de 2008.
O documento, divulgado na quarta-feira, afirma que a politização da Justiça, o assédio à oposição política e aos meios de comunicação marcaram a situação dos direitos civis e democráticos na Venezuela, que mantém tensas relações diplomáticas com Washington.
"O governo da República Bolivariana da Venezuela ... rechaça da forma mais categórica e firme a publicação, por parte do Departamento de Estados dos Estados Unidos, de um relatório no qual se pretende avaliar o estado geral dos direitos humanos em diversos países do mundo, entre eles a Venezuela", disse o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela em uma nota.
Mais tarde, o chanceler Nicolás Maduro disse que Caracas fez vários chamamentos ao novo governo de Washington para que cesse o que chamou de "práticas imperiais", as quais, acrescentou, são repudiadas por todos os países da América Latina.
"Desconhecemos, repudiamos e rechaçamos qualquer tentativa desse relatório ou de qualquer outro informe de qualquer instância do Estado norte-americano de imiscuir-se nos assuntos internos da Venezuela," afirmou.
Em seu relatório anual que avalia a situação dos direitos humanos em 2008 em mais de 190 países, os Estados Unidos criticaram a China e a Rússia, além de outros alvos habituais, como Paquistão, Afeganistão, Coréia do Norte, Cuba, Irã, Iraque, Sudão, Somália, Mianmar e Zimbábue.
Caracas considerou "inadmissível essa prática recorrente da burocracia dos Estados Unidos, segundo a qual funcionários do serviço do Estado com o registro mais obscuro de violações à dignidade humana da história contemporânea pretendem se fazer, sem mandato nem legitimidade nenhuma, de juízes de outros Estados".
Da mesma forma, o governo do presidente Hugo Chávez rechaçou "o conteúdo falso, mal-intencionado e ingerencista" do relatório, cujas alegações, disse, carecem de fundamentos e constituem a expressão das "opiniões antivenezuelanas".
Maduro afirmou que os problemas internos serão discutidos entre os venezuelanos no momento e nas condições adequadas.
Chávez disse que espera melhorar as relações entre Caracas e Washington, mas advertiu a Barack Obama a não se equivocar em suas apreciações e opiniões sobre a "revolução socialista."
(Por Ana Isabel Martínez)
NOTA DO OMAR: Provavelmente EUA é um dos países menos indicados, na atualidade, para dar lição de moral sobre direitos humanos.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
HUGO, O DEMOCRATA
Vista de Caracas, Venezuela:

Juremir Machado da Silva, para Correio do Povo
A ditadura já foi definida como regime político sem eleições. Não é mais. O mundo mudou extraordinariamente depois da chegada do homem à Lua, da invenção da sunga de crochê para homens e da queda do Muro de Berlim. É verdade que essas três conquistas da humanidade andam meio esquecidas depois do surgimento do MP3. Os seus efeitos, no entanto, persistem. Tudo que é sólido permanece no ar. A caixa de Maizena resistiu. Nada mais escapa ao novo design global. Basta dizer que o neoliberalismo agora é sustentado abertamente pelo Estado em nome dos interesses da plebe. Os empresários vão de jatinho pedir dinheiro barato aos governantes. A turba malta continua indo de ônibus, de caminhão ou a pé. Como não oferece garantias nem produz estragos equivalentes aos da crise de 1929, sempre leva menos. A cada um segundo as suas possibilidades. Banqueiros têm prioridade em relação a bancários. Estamos finalmente na nova ordem mundial.
Os ditadores não são mais os mesmos. Os mais modernos só falam em referendos populares. A população não aguenta mais tanta votação. Quase não sobra tempo para votar nos reality shows. Estraga os domingos. Alguns sentem até saudades das ditaduras à antiga. Hugo Chávez é o ditador mais fanático por urnas de que se tem notícias desde o tempo dos tiranos gregos. Já organizou umas 15 eleições. Quando perde uma, deixa passar algum tempo e banca outra. Mais de três anos antes do final do seu mandato, tratou de ganhar um plebiscito para poder ser candidato a um terceiro período. Uma proeza capaz de dar inveja e exemplo aos melhores amigos e aos vizinhos com popularidade ainda maior. Parece que alguns cientistas políticos querem passar a definir ditadura como regime com mais de uma eleição de interesse do chefe da nação por ano. Outros, ainda, estariam pensando em propor à ONU um artigo obrigando os seus membros a limitarem o número de consultas eleitorais aos cidadãos, sob pena de exclusão por excessiva atitude democrática.
A principal diferença entre uma grande democracia e uma pequena ditadura é simples: a grande democracia pode, sem perder a credibilidade, praticar ocasionalmente, desde que sem exagero ou gosto, fraude eleitoral, empossar o menos votado, instalar um tribunal de exceção, torturar estrangeiros, manter prisioneiros sem processo nem direito à defesa e invadir países soberanos comandados por ditadores para destruir armas sabidamente inexistentes. Na pequena ditadura, os meios são denunciados como confundidos com os próprios fins. Nas grandes democracias, os fins justificam os meios. Tudo isso, é óbvio, em tese. Na prática, é sempre pior. As pequenas ditaduras vendem petróleo. As grandes democracias compram petróleo. Das pequenas ditaduras.
Hugo Chávez, definitivamente, é um péssimo exemplo para a América Latina. Ouve Fidel Castro, que já não fala, sussurra. Influencia Evo Morales, o que, embora não sendo muito difícil, impede o boliviano de usar gravata. Não deixa Luiz Inácio sossegar. Corteja a Cristina. Se fosse presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, onde parece que já conta com alguns representantes, Chávez certamente aprontaria no primeiro mês, chocando empresários e colegas da Casa com o seu comportamento eleitoreiro: mandaria realizar sem maiores delongas um referendo popular para resolver a questão do Pontal do Estaleiro. Ainda bem que vivemos numa democracia plena.
juremir@correiodopovo.com.br

Juremir Machado da Silva, para Correio do Povo
A ditadura já foi definida como regime político sem eleições. Não é mais. O mundo mudou extraordinariamente depois da chegada do homem à Lua, da invenção da sunga de crochê para homens e da queda do Muro de Berlim. É verdade que essas três conquistas da humanidade andam meio esquecidas depois do surgimento do MP3. Os seus efeitos, no entanto, persistem. Tudo que é sólido permanece no ar. A caixa de Maizena resistiu. Nada mais escapa ao novo design global. Basta dizer que o neoliberalismo agora é sustentado abertamente pelo Estado em nome dos interesses da plebe. Os empresários vão de jatinho pedir dinheiro barato aos governantes. A turba malta continua indo de ônibus, de caminhão ou a pé. Como não oferece garantias nem produz estragos equivalentes aos da crise de 1929, sempre leva menos. A cada um segundo as suas possibilidades. Banqueiros têm prioridade em relação a bancários. Estamos finalmente na nova ordem mundial.
Os ditadores não são mais os mesmos. Os mais modernos só falam em referendos populares. A população não aguenta mais tanta votação. Quase não sobra tempo para votar nos reality shows. Estraga os domingos. Alguns sentem até saudades das ditaduras à antiga. Hugo Chávez é o ditador mais fanático por urnas de que se tem notícias desde o tempo dos tiranos gregos. Já organizou umas 15 eleições. Quando perde uma, deixa passar algum tempo e banca outra. Mais de três anos antes do final do seu mandato, tratou de ganhar um plebiscito para poder ser candidato a um terceiro período. Uma proeza capaz de dar inveja e exemplo aos melhores amigos e aos vizinhos com popularidade ainda maior. Parece que alguns cientistas políticos querem passar a definir ditadura como regime com mais de uma eleição de interesse do chefe da nação por ano. Outros, ainda, estariam pensando em propor à ONU um artigo obrigando os seus membros a limitarem o número de consultas eleitorais aos cidadãos, sob pena de exclusão por excessiva atitude democrática.
A principal diferença entre uma grande democracia e uma pequena ditadura é simples: a grande democracia pode, sem perder a credibilidade, praticar ocasionalmente, desde que sem exagero ou gosto, fraude eleitoral, empossar o menos votado, instalar um tribunal de exceção, torturar estrangeiros, manter prisioneiros sem processo nem direito à defesa e invadir países soberanos comandados por ditadores para destruir armas sabidamente inexistentes. Na pequena ditadura, os meios são denunciados como confundidos com os próprios fins. Nas grandes democracias, os fins justificam os meios. Tudo isso, é óbvio, em tese. Na prática, é sempre pior. As pequenas ditaduras vendem petróleo. As grandes democracias compram petróleo. Das pequenas ditaduras.
Hugo Chávez, definitivamente, é um péssimo exemplo para a América Latina. Ouve Fidel Castro, que já não fala, sussurra. Influencia Evo Morales, o que, embora não sendo muito difícil, impede o boliviano de usar gravata. Não deixa Luiz Inácio sossegar. Corteja a Cristina. Se fosse presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, onde parece que já conta com alguns representantes, Chávez certamente aprontaria no primeiro mês, chocando empresários e colegas da Casa com o seu comportamento eleitoreiro: mandaria realizar sem maiores delongas um referendo popular para resolver a questão do Pontal do Estaleiro. Ainda bem que vivemos numa democracia plena.
juremir@correiodopovo.com.br
sábado, 31 de janeiro de 2009
Em década de Chávez, pobreza caiu na Venezuela
Vista de CARACAS:

Claudia Jardim
De Caracas para a BBC Brasil
Há dez anos, cerca de 4,8 milhões de venezuelanos viviam em situação de pobreza e a saúde e a educação eram um privilégio.
Desde que o presidente Hugo Chávez assumiu o governo, a área social passou a ser prioritária em sua gestão, que contou com o incremento dos preços do petróleo para o financiamento dos projetos sociais.
Até mesmo os críticos da política econômica do governo, cuja estrutura continua dependente fundamentalmente da exploração petrolífera, concordam que as condições de vida dos venezuelanos melhoraram sob a administração chavista.
“Os setores sociais antes marginalizados e excluídos, realmente saíram da pobreza crítica, estão melhor, ninguém pode negar isso. Os que não comiam nem o suficiente, agora estão comendo”, afirmou Domingo Maza Zavala, ex-diretor do Banco Central da Venezuela (BCV).
De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas, em 1999, 20,1% dos venezuelanos viviam na extrema pobreza. Em 2007, o índice havia caído para 9,5%.
O número de pobres total no início do governo era de 50,5 % - mais de 11 milhões de venezuelanos. Esse número caiu para 31,5%.
De um universo de 26,4 milhões de pessoas, 18,8% dos venezuelanos saíram da linha da pobreza (cálculo realizado com base nos dados oficiais).
Para o historiador norte-americano Steve Ellner, professor da Universidade dos Andes, no Estado de Mérida (Venezuela), entre apostar no desenvolvimento econômico e na industrialização do país ou investir no setor social, Chávez privilegiou o segundo na divisão da renda obtida com o petróleo.
“No curto prazo, programas de desenvolvimento econômico teriam dado resultados mais rápidos, mas a prioridade era o social”, afirmou.
O relatório da Cepal de 2008, que aponta a diminuição da pobreza na América Latina, indica que os programas sociais foram os responsáveis pela queda no número de pobres na Venezuela.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2007 pela empresa Datanálisis, nos últimos oito anos o consumo das classes E e D havia aumentado em 22%, impulsionado pelo incremento do salário mínimo (que subiu de US$ 47 em 1999 para US$ 371) e pela ajuda financeira que provém dos programas sociais.
Com exceção dos programas relacionados com a saúde, os beneficiários das “missões” (nome dado por Chávez aos programas sociais) recebem uma ajuda média de US$ 100.
“Parte dos recursos obtidos com o petróleo foi distribuída por meio desses programas”, afirmou o ex-diretor do BCV Maza Zavala.
“Missões”
O “Bairro Adentro” foi um programa social implementado pelo governo em 2003. Esta “missão”, que presta atendimento médico básico e familiar nas periferias do país, inaugurou o projeto de cooperação Cuba-Venezuela, que hoje está presente nas áreas de saúde, educação e esporte.
Os programais sociais são financiados com a receita excedente do petróleo e contam com estrutura e dinâmicas próprias, que obedecem fundamentalmente às diretrizes da Presidência da República, sem passar pelo filtro dos ministérios.
No entendimento do governo, a estrutura burocrática governamental impediria que os projetos alcançassem, com a velocidade que a conjuntura política exigia, um número considerável da população pobre, que foi e continua sendo a base de apoio do chavismo.
“Quando o governo teve que enfrentar a ameaça de perder o referendo (revogatório realizado em 2004), tirou quase que da manga o programa 'Bairro Adentro ', que teve um impacto extraordinário”, afirmou à BBC Brasil o sociólogo Edgardo Lander, da Universidade Central da Venezuela.
“Agora, as pessoas têm um médico a duas quadras de casa no caso de uma emergência, é uma mudança significativa na qualidade de vida das pessoas”, acrescentou.
Lander explica que a crise da saúde pública no país no período anterior a Chávez estava associada a dois fatores principais: a privatização do sistema e a resistência dos profissionais em atuar no setor público, desmantelado nas décadas anteriores, de acordo com o sociólogo.
“Para esses médicos, ir a um bairro pobre era o mesmo que ir a uma zona de guerra. Era algo completamente alheio à sua realidade”, disse.
Organização
Magaly Perez é coordenadora de um Comitê de Saúde no bairro periférico de 23 de Enero, em Caracas.
Os comitês reúnem voluntários da vizinhança onde está instalado o programa “Bairro Adentro”, que diagnosticam os problemas de saúde do local e auxiliam na atuação dos médicos cubanos.
Perez conta que o trabalho de censo da população do bairro fez com que esses voluntários “tomassem consciência da organização comunitária e da importância de participar para transformar nossa realidade”.
De acordo com os moradores do bairro, antes, a única alternativa para a população de baixa renda era enfrentar horas de fila em hospitais para receber algum tipo de atenção.
“Antes, morriam pessoas aqui porque não tínhamos assistência médica adequada. Isso mudou com a revolução”, afirmou Magaly Perez à BBC Brasil, enquanto anotava a lista dos idosos que participariam do exercício matinal realizado três vezes por semana com o auxílio de um técnico cubano.
“Os cubanos trabalham dia e noite, mas os médicos venezuelanos não, eles são capitalistas e o povo deu as costas a ele. Eles não sobem o morro para socorrer ninguém”, afirmou Magaly Perez.
Em 1998, havia 1,6 mil médicos atuando no atendimento primário de uma população de 23,4 milhões de pessoas. Atualmente há 19,6 mil para uma população de 7 milhões. Deste total, 14 mil profissionais são cubanos, entre médicos, enfermeiras e técnicos em saúde.
A disputa entre os médicos venezuelanos - que alegam falta de condições e segurança para atuar nas periferias e hospitais públicos – e o governo – que argumenta que o problema é de natureza política - levou a administração chavista a criar um sistema de saúde paralelo, com a ampliação do “Bairro Adentro” em pequenas clínicas especializadas.
O resultado da disputa, de acordo com Lander, foi o abandono ainda maior da rede de hospitais públicos.
“A rede hospitalar foi abandonada na parte de insumos e atendimentos, os hospitais sofreram um deterioramento grande”, afirmou.
A quantidade de novas clínicas do “Bairro Adentro”, porém, ainda é insuficiente para atender a toda a população, de acordo com a organização não-governamental PROVEA.
Política
Na mesa da sala de espera do pequeno consultório no bairro de 23 de Enero havia um abaixo assinado em apoio à emenda constitucional que irá a referendo em 15 de fevereiro, cuja eventual aprovação colocará fim ao limite para a reeleição aos cargos públicos, entre eles, a Presidência.
Uma das senhoras que aguardavam atendimento se antecipou em dar uma explicação: "A saúde aqui não tem ideologia política, muitos que vêm aqui não apóiam o comandante (Chávez), mas, mesmo assim, são beneficiados", afirmou Josefina Rodriguez, de 70 anos.
De acordo com o Ministério da Saúde, a mortalidade infantil também foi combatida na última década, ao passar de 21,4 por cada mil nascidos, em 1998, para 13,7 em 2007. No Brasil, em 2007, o índice era de 24,32 por cada mil nascimentos.
O “Bairro Adentro” serviu de modelo para as outras “missões”, que abrangem as áreas de educação básica, superior e profissionalizante, de auxílio às mães solteiras, de subsídio alimentar, entre outras.
Em 2005, na metade do governo Chávez, o Ministério de Educação declarou o país “livre de analfabetismo” com a aplicação do método cubano “Yo sí puedo”, metodologia aplicada recentemente na Bolívia e em algumas áreas do nordeste do Brasil.
De acordo com o governo, 1,6 milhão de adultos foram alfabetizados no período de dois anos.
Ainda segundo o governo, 3,4 milhões de pessoas foram graduadas nas “missões” educativas.
Institucionalização
Julio Borges, dirigente do partido de oposição Primeiro Justiça (centro-direita) reconhece que durante o governo Chávez “houve um despertar social muito importante, principalmente entre os mais pobres, com a participação” das pessoas envolvidas com o projeto chavista.
Borges, porém, questiona se a estrutura criada para manter as missões poderá ser mantida ao longo do tempo.
“É um problema estrutural. As pessoas estão contentes com Chávez porque estão se afogando no mar e as missões são um colete salva-vidas. Mas a pergunta é se um dia elas vão sair do mar”, afirmou.
Para a oposição, analistas e inclusive alguns chavistas, a falta de institucionalização nos programas sociais abre o precedente para a corrupção, já que não há um sistema de controle que regule essas atividades e o manejo dos recursos públicos.
Em 2008, o orçamento anunciado para as missões foi de US$ 2,6 bilhões.
O sociólogo Edgardo Lander avalia que, passado o período de “emergência” para a criação dos programas sociais, o governo deveria institucionalizá-los.
“As pessoas não podem viver neste estado de emergência permanentemente e não pode haver essa espécie de militância na gestão pública”, afirmou.
Dívida
A insegurança continua sendo a principal dívida social do governo, na avaliação de especialistas. A violência é a principal preocupação dos venezuelanos, de acordo com uma pesquisa da empresa Hinterlaces.
De acordo com um levantamento do Centro para a Paz e Direitos Humanos da Universidade Central da Venezuela, publicado no relatório da ONG Provea de 2007, em 1998, o índice de homicídios era de 25 por 100 mil habitantes.
Em nove anos o número subiu para uma média de 45 mortos por 100 mil pessoas em 2007, com cerca de 13 mil assassinatos no mesmo período.
“Em um governo que pretende impulsionar a democratização da sociedade e favorecer os setores populares, nos damos conta de que são justamente eles os que mais sofrem as conseqüências da insegurança”, afirmou Edgardo Lander.
“O governo pensa que o problema da segurança é somente estrutural no âmbito da educação e da cultura”, acrescentou Lander.
O ministro de Relações Exteriores, Nicolas Maduro, ex-presidente do Congresso, admite que um dos principais desafios do governo é combater a criminalidade, sem apontar no entanto, soluções para o problema.
“É muito grave que em um país no qual se pretende construir a paz e estabilidade existam esses fenômenos, talvez seja um dos grandes desafios para a próxima década”, afirmou.

Claudia Jardim
De Caracas para a BBC Brasil
Há dez anos, cerca de 4,8 milhões de venezuelanos viviam em situação de pobreza e a saúde e a educação eram um privilégio.
Desde que o presidente Hugo Chávez assumiu o governo, a área social passou a ser prioritária em sua gestão, que contou com o incremento dos preços do petróleo para o financiamento dos projetos sociais.
Até mesmo os críticos da política econômica do governo, cuja estrutura continua dependente fundamentalmente da exploração petrolífera, concordam que as condições de vida dos venezuelanos melhoraram sob a administração chavista.
“Os setores sociais antes marginalizados e excluídos, realmente saíram da pobreza crítica, estão melhor, ninguém pode negar isso. Os que não comiam nem o suficiente, agora estão comendo”, afirmou Domingo Maza Zavala, ex-diretor do Banco Central da Venezuela (BCV).
De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas, em 1999, 20,1% dos venezuelanos viviam na extrema pobreza. Em 2007, o índice havia caído para 9,5%.
O número de pobres total no início do governo era de 50,5 % - mais de 11 milhões de venezuelanos. Esse número caiu para 31,5%.
De um universo de 26,4 milhões de pessoas, 18,8% dos venezuelanos saíram da linha da pobreza (cálculo realizado com base nos dados oficiais).
Para o historiador norte-americano Steve Ellner, professor da Universidade dos Andes, no Estado de Mérida (Venezuela), entre apostar no desenvolvimento econômico e na industrialização do país ou investir no setor social, Chávez privilegiou o segundo na divisão da renda obtida com o petróleo.
“No curto prazo, programas de desenvolvimento econômico teriam dado resultados mais rápidos, mas a prioridade era o social”, afirmou.
O relatório da Cepal de 2008, que aponta a diminuição da pobreza na América Latina, indica que os programas sociais foram os responsáveis pela queda no número de pobres na Venezuela.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2007 pela empresa Datanálisis, nos últimos oito anos o consumo das classes E e D havia aumentado em 22%, impulsionado pelo incremento do salário mínimo (que subiu de US$ 47 em 1999 para US$ 371) e pela ajuda financeira que provém dos programas sociais.
Com exceção dos programas relacionados com a saúde, os beneficiários das “missões” (nome dado por Chávez aos programas sociais) recebem uma ajuda média de US$ 100.
“Parte dos recursos obtidos com o petróleo foi distribuída por meio desses programas”, afirmou o ex-diretor do BCV Maza Zavala.
“Missões”
O “Bairro Adentro” foi um programa social implementado pelo governo em 2003. Esta “missão”, que presta atendimento médico básico e familiar nas periferias do país, inaugurou o projeto de cooperação Cuba-Venezuela, que hoje está presente nas áreas de saúde, educação e esporte.
Os programais sociais são financiados com a receita excedente do petróleo e contam com estrutura e dinâmicas próprias, que obedecem fundamentalmente às diretrizes da Presidência da República, sem passar pelo filtro dos ministérios.
No entendimento do governo, a estrutura burocrática governamental impediria que os projetos alcançassem, com a velocidade que a conjuntura política exigia, um número considerável da população pobre, que foi e continua sendo a base de apoio do chavismo.
“Quando o governo teve que enfrentar a ameaça de perder o referendo (revogatório realizado em 2004), tirou quase que da manga o programa 'Bairro Adentro ', que teve um impacto extraordinário”, afirmou à BBC Brasil o sociólogo Edgardo Lander, da Universidade Central da Venezuela.
“Agora, as pessoas têm um médico a duas quadras de casa no caso de uma emergência, é uma mudança significativa na qualidade de vida das pessoas”, acrescentou.
Lander explica que a crise da saúde pública no país no período anterior a Chávez estava associada a dois fatores principais: a privatização do sistema e a resistência dos profissionais em atuar no setor público, desmantelado nas décadas anteriores, de acordo com o sociólogo.
“Para esses médicos, ir a um bairro pobre era o mesmo que ir a uma zona de guerra. Era algo completamente alheio à sua realidade”, disse.
Organização
Magaly Perez é coordenadora de um Comitê de Saúde no bairro periférico de 23 de Enero, em Caracas.
Os comitês reúnem voluntários da vizinhança onde está instalado o programa “Bairro Adentro”, que diagnosticam os problemas de saúde do local e auxiliam na atuação dos médicos cubanos.
Perez conta que o trabalho de censo da população do bairro fez com que esses voluntários “tomassem consciência da organização comunitária e da importância de participar para transformar nossa realidade”.
De acordo com os moradores do bairro, antes, a única alternativa para a população de baixa renda era enfrentar horas de fila em hospitais para receber algum tipo de atenção.
“Antes, morriam pessoas aqui porque não tínhamos assistência médica adequada. Isso mudou com a revolução”, afirmou Magaly Perez à BBC Brasil, enquanto anotava a lista dos idosos que participariam do exercício matinal realizado três vezes por semana com o auxílio de um técnico cubano.
“Os cubanos trabalham dia e noite, mas os médicos venezuelanos não, eles são capitalistas e o povo deu as costas a ele. Eles não sobem o morro para socorrer ninguém”, afirmou Magaly Perez.
Em 1998, havia 1,6 mil médicos atuando no atendimento primário de uma população de 23,4 milhões de pessoas. Atualmente há 19,6 mil para uma população de 7 milhões. Deste total, 14 mil profissionais são cubanos, entre médicos, enfermeiras e técnicos em saúde.
A disputa entre os médicos venezuelanos - que alegam falta de condições e segurança para atuar nas periferias e hospitais públicos – e o governo – que argumenta que o problema é de natureza política - levou a administração chavista a criar um sistema de saúde paralelo, com a ampliação do “Bairro Adentro” em pequenas clínicas especializadas.
O resultado da disputa, de acordo com Lander, foi o abandono ainda maior da rede de hospitais públicos.
“A rede hospitalar foi abandonada na parte de insumos e atendimentos, os hospitais sofreram um deterioramento grande”, afirmou.
A quantidade de novas clínicas do “Bairro Adentro”, porém, ainda é insuficiente para atender a toda a população, de acordo com a organização não-governamental PROVEA.
Política
Na mesa da sala de espera do pequeno consultório no bairro de 23 de Enero havia um abaixo assinado em apoio à emenda constitucional que irá a referendo em 15 de fevereiro, cuja eventual aprovação colocará fim ao limite para a reeleição aos cargos públicos, entre eles, a Presidência.
Uma das senhoras que aguardavam atendimento se antecipou em dar uma explicação: "A saúde aqui não tem ideologia política, muitos que vêm aqui não apóiam o comandante (Chávez), mas, mesmo assim, são beneficiados", afirmou Josefina Rodriguez, de 70 anos.
De acordo com o Ministério da Saúde, a mortalidade infantil também foi combatida na última década, ao passar de 21,4 por cada mil nascidos, em 1998, para 13,7 em 2007. No Brasil, em 2007, o índice era de 24,32 por cada mil nascimentos.
O “Bairro Adentro” serviu de modelo para as outras “missões”, que abrangem as áreas de educação básica, superior e profissionalizante, de auxílio às mães solteiras, de subsídio alimentar, entre outras.
Em 2005, na metade do governo Chávez, o Ministério de Educação declarou o país “livre de analfabetismo” com a aplicação do método cubano “Yo sí puedo”, metodologia aplicada recentemente na Bolívia e em algumas áreas do nordeste do Brasil.
De acordo com o governo, 1,6 milhão de adultos foram alfabetizados no período de dois anos.
Ainda segundo o governo, 3,4 milhões de pessoas foram graduadas nas “missões” educativas.
Institucionalização
Julio Borges, dirigente do partido de oposição Primeiro Justiça (centro-direita) reconhece que durante o governo Chávez “houve um despertar social muito importante, principalmente entre os mais pobres, com a participação” das pessoas envolvidas com o projeto chavista.
Borges, porém, questiona se a estrutura criada para manter as missões poderá ser mantida ao longo do tempo.
“É um problema estrutural. As pessoas estão contentes com Chávez porque estão se afogando no mar e as missões são um colete salva-vidas. Mas a pergunta é se um dia elas vão sair do mar”, afirmou.
Para a oposição, analistas e inclusive alguns chavistas, a falta de institucionalização nos programas sociais abre o precedente para a corrupção, já que não há um sistema de controle que regule essas atividades e o manejo dos recursos públicos.
Em 2008, o orçamento anunciado para as missões foi de US$ 2,6 bilhões.
O sociólogo Edgardo Lander avalia que, passado o período de “emergência” para a criação dos programas sociais, o governo deveria institucionalizá-los.
“As pessoas não podem viver neste estado de emergência permanentemente e não pode haver essa espécie de militância na gestão pública”, afirmou.
Dívida
A insegurança continua sendo a principal dívida social do governo, na avaliação de especialistas. A violência é a principal preocupação dos venezuelanos, de acordo com uma pesquisa da empresa Hinterlaces.
De acordo com um levantamento do Centro para a Paz e Direitos Humanos da Universidade Central da Venezuela, publicado no relatório da ONG Provea de 2007, em 1998, o índice de homicídios era de 25 por 100 mil habitantes.
Em nove anos o número subiu para uma média de 45 mortos por 100 mil pessoas em 2007, com cerca de 13 mil assassinatos no mesmo período.
“Em um governo que pretende impulsionar a democratização da sociedade e favorecer os setores populares, nos damos conta de que são justamente eles os que mais sofrem as conseqüências da insegurança”, afirmou Edgardo Lander.
“O governo pensa que o problema da segurança é somente estrutural no âmbito da educação e da cultura”, acrescentou Lander.
O ministro de Relações Exteriores, Nicolas Maduro, ex-presidente do Congresso, admite que um dos principais desafios do governo é combater a criminalidade, sem apontar no entanto, soluções para o problema.
“É muito grave que em um país no qual se pretende construir a paz e estabilidade existam esses fenômenos, talvez seja um dos grandes desafios para a próxima década”, afirmou.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Após 20 anos, influência russa volta à América Latina

Carlos Chirinos
Da BBC Mundo em Caracas
Desde o fim da Guerra Fria, a relação entre a Rússia e a América Latina já não é mais como no passado. Mas agora, 20 anos depois, a influência russa na região volta a aparecer.
O fim da União Soviética reduziu muito o espaço conquistado por Moscou nos anos 50 e 60, com o triunfo da Revolução Cubana.
Novembro de 2008 poderia ser chamado de mês da Rússia em boa parte da América Latina.
Comissões russas de alto escalão visitarão Venezuela, Bolívia, Equador, Cuba, Nicarágua e Argentina. O mês termina com a chegada do presidente Dmitri Medvedev à região.
Exercício naval
A visita presidencial também coincide com o momento em que a Rússia e a Venezuela começam a fazer manobras militares conjuntas no Mar do Caribe.
A estratégia da diplomacia russa na América Latina tem como objetivo relançar as "tradicionais relações" com Cuba e com a Nicarágua "sandinista" e aproveitar os novos governos de esquerda, como os de Bolívia e Paraguai.
Esse suposto viés "esquerdista" da renovada presença russa na América Latina é visto por alguns como uma potencial reedição das tensões da Guerra Fria, sobretudo para os que equiparam a Venezuela de Hugo Chávez à Cuba de Fidel Castro.
A Venezuela transformou-se no principal inimigo – até agora apenas na retórica – da política americana na região e também se tornou o principal sócio militar dos russos no continente, com compras de US$ 3 bilhões.
Mas também tornou-se um sócio importante no campo de energia, com grande volume de negócios entre a Petróleos de Venezuela (PDVSA) e as russas Lukoil e Gazprom.
Vocação
"A Rússia está seguindo com sua vocação geoestratégica e quando observam uma possibilidade de se afirmar no mundo, eles a usam", disse à BBC o ex-chanceler eslovaco Eduard Kukan.
Por sua experiência na Eslováquia, país que passou anos sob a influência da União Soviética, Kukan desconfia do aspecto militar da aliança venezuelana com a Rússia.
"Estamos vivendo tempos diferentes. É muito difícil sequer sonhar em construir um império ao estilo soviético", afirma. "Para os russos, é muito difícil admitir que não são mais a superpotência dos tempos da União Soviética. Acredito que os líderes russos querem retomar esse posto que tinham no mundo."
Para o vice-chanceler russo Sergey Riabkov, que esteve em Caracas no fim de semana, a aliança com a Venezuela é uma relação de negócios "muito importante, mas também muito pragmática".
"Não há condicionamentos geopolíticos de nenhum tipo", disse Riabkov à BBC, ao comentar os exercícios navais conjuntos. "Não devemos ver isso com o prisma distorcido dos tempos da Guerra Fria, porque não é esse o caso."
Espaço
A Rússia estendeu a Cuba nesta semana uma linha de crédito de US$ 20 milhões, em um gesto amistoso diante da enorme dívida que o país tem com os russos (alguns calculam que a dívida ultrapassa US$ 20 bilhões).
Para Daniel Erikson, do centro de estudos Diálogo Interamericano, em Washington, "o negócio é parte da relação mais importante para a Rússia" na região.
Erikson avalia que os laços com Moscou "fazem parte da globalização da América Latina, que é muito boa para a região".
Mas o pesquisador ressalta que a presença da frota naval russa no Caribe é uma mensagem direta de Moscou para Washington de que, caso o vazio entre o norte e o sul continue aumentando, haverá outros dispostos a ocupar esse espaço econômico e político.
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