Mostrando postagens com marcador Combate a Pobreza. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Combate a Pobreza. Mostrar todas as postagens

domingo, 22 de janeiro de 2017

FEBRE AMARELA!


Surto de febre amarela é tragédia anunciada, diz historiador


Na virada do século 19 para o 20, as cidades do Brasil sofriam com problemas de saneamento básico e recorrentes epidemias. Na época, o sanitarista Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a doença, que volta a assombrar o país.



Há mais de cem anos, o sanitarista Oswaldo Cruz conseguiu, numa campanha até então inédita, acabar com focos do mosquito Aedes aegypti e erradicar as recorrentes epidemias de febre amarela nas grandes cidades do país – isso numa época em que não havia vacina contra a doença.

Agora, no entanto, a enfermidade ameaça voltar aos centros urbanos, com a confirmação de 47 casos entre os 272 suspeitos, e 25 mortes em Minas Gerais; e a luta contra o mosquito – que também transmite os vírus da dengue, da chicungunya e do zika – parece perdida.

Por que um problema resolvido há mais de um século volta a assombrar a população? Para o historiador Marcos Cueto, da Casa de Oswaldo Cruz, trata-se de um retrocesso e também de uma tragédia anunciada. "Na história das epidemias do século 21, muitas vezes a dengue antecede a febre amarela. Mas aqui as lições da História não são levadas em conta", afirma o especialista, que é também editor científico da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos.

Na virada do século 19 para o 20, as condições de saneamento nos principais centros urbanos do país eram insalubres. Mesmo na antiga capital, o Rio de Janeiro, o problema era grave e responsável, diretamente, pelas recorrentes epidemias de febre amarela. A situação era tão séria que muitos navios estrangeiros evitavam aportar por aqui em determinadas épocas do ano – o que trazia consequências econômicas.

Rodrigues Alves assumiu a Presidência da República em 1902 disposto a dar um basta àquela situação. Logo no ano seguinte, Oswaldo Cruz foi chamado a assumir a diretoria-geral de Saúde Pública – um cargo similar ao de ministro da Saúde – com a espinhosa missão de acabar com a febre amarela.

O médico criou o Serviço de Profilaxia da Febre Amarela, que logo colocou nas ruas as chamadas brigadas de mata-mosquitos – grupos de agentes sanitários cujo objetivo era eliminar os focos de mosquito a qualquer custo. O modelo de ação era truculento, com os agentes de saúde percorrendo todas as casas e destruindo todos os locais de desova do mosquito transmissor. Mas surtiu efeito: em 1907, a epidemia foi considerada erradicada. E desde 1942 não há registros de transmissão de febre amarela nos centros urbanos.

"No Brasil e em muitos países da América do Sul este era um problema considerado controlado; restrito a regiões amazônicas", afirma Cueto. "Desde o fim dos anos 20, praticamente não houve nenhum surto epidêmico nas cidades. E desde 1937 existe uma vacina".

Para Cueto, no entanto, de lá para cá, predominou no país uma atitude passiva e tolerante com o mosquito transmissor da febre. "Os controles foram ficando cada vez mais relaxados [e por essa mesma razão houve um aumento da dengue e do zika]. Não houve uma política de vacinação entre a população urbana e o número de moradores das cidades só aumentou", explica o especialista.

As cidades cresceram de forma desordenada, e as áreas mais pobres e sem saneamento são os maiores focos de proliferação do mosquito. No caso de novos surtos da doença, são justamente as parcelas menos favorecidas da população que mais sofrerão com o problema.

Para Cueto, medidas individuais para controle de larvas – como apregoa hoje o governo – não são suficientes. "Temos que resolver os problemas de água, moradia e pobreza que fazem com que existam muitos reservatórios nas favelas", diz o especialista. "E além disso, temos que resolver o problema da criminalidade nas favelas, que impede o trabalho de sanitaristas no controle dos reservatórios e na educação higiênica."

Para o historiador, Oswaldo Cruz é um exemplo de liderança a ser seguido, embora não represente mais um modelo. "Agora existem novos desafios, temos problemas novos, precisamos de respostas mais complexas", afirma. "Precisamos resolver a questão da pobreza urbana e fazer com que a vacina seja acessível para todos."

Fonte:  Deutsche Welle (http://www.dw.com/pt-br/surto-de-febre-amarela-%C3%A9-trag%C3%A9dia-anunciada-diz-historiador/a-37209686?maca=bra-newsletter_br_Destaques-2362-html-newsletter)

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A OITAVA MARAVILHA DO MUNDO

Fonte da imagem AQUI.

La brecha entre ricos y pobres, declarada octava maravilla del mundo

Redacción de The Onion · · · · · 

PARIS—En una rueda de prensa del pasado martes, el Comité del Patrimonio Mundial reconoció oficialmente la Brecha Entre Ricos y Pobres como "Octava Maravilla del Mundo", describiendo la división de la riqueza global como la "más colosal y duradera de las creaciones de la humanidad".

"De todas las estructuras épicas que ideado el género humano, ninguna más prodigiosa e imponente que la Brecha Entre Ricos y Pobres", declaró el presidente del Comité, Henri-Jean Baptiste. "Es un crecimiento tremebundo, milenario que nos llena de asombro y humildad".

"Y gracias a un cuidadoso mantenimiento a través de los tiempos, este ingente vestigio ha sobrevivido intacto, infundiendo a cada nueva generación una sensación de reverencia", añadió Baptiste.

Ese vasto abismo de riqueza que se extiende a lo largo y ancho de la mayor parte del mundo habitado, atrae a millones de aturdidos observadores cada año, muchos de los cuales encuentran esa inmensidad demasiado abrumadora hasta para contemplarla. Siendo con mucho la mayor estructura de factura humana, está fácilmente a la vista desde emplazamientos tan distantes como Europa Oriental, China, África y Brasil, así como desde los 50 estados de los Estados Unidos.

"Las Siete Maravillas del Mundo originales palidecen en comparación con ella", afirmó Edwin MacAlister, miembro del Comité del Patrimonio Mundial, frente a una llamativa fotografía de la Brecha Entre Ricos y Pobres tomada desde lo alto de la Ciudad de México.   "Se trata de una pasmosa hazaña de ingeniera humana que eclipsa a la Gran Muralla China, las Pirámides de Gizeh y acaso hasta la Gran Barrera Racial".

Según los antropólogos, incalculables millones de esclavos y siervos trabajaron penosamente una vida entera para completar la brecha. Los anales indican que es probable que las obras se iniciaran hace unos 10.000 años, cuando las primeras élites terratenientes convencieron a sus súbditos de que la construcción de dicho monumento era voluntad de la autoridad divina, creencia ampliamente sostenida aún hoy en día.

Aunque los historiadores han refutado esa afirmaciones, son muchos los que mantienen todavía la teoría de que la Brecha entre Ricos y Pobres la levantaron los judíos.

"Cuando contemplo su increíble amplitud, me siento conmovida hasta las lágrimas", afirmó Grace Ngubane, de 31 años, residente en Johannesburgo, cuyo hogar queda situado en una de las partes más anchas de la Brecha. "La escala es alucinante, te hace sentirte de verdad, de verdad hasta pequeñita", declaró asimismo.

Si bien numerosos individuos han tratado de cruzar la Brecha entre Ricos y Pobres, hay pruebas que sugieren que sólo una pequeña porción ha tenido éxito alguna vez y han muerto muchos en el intento.

Su reconocimiento oficial como Octava Maravilla marca la culminación de un giro espectacular hace sólo 50 años, cuando los movimientos populares apelaban al cierre de la Brecha. Sin embargo, gracias a un reducido grupo de entregados políticos y de líderes de la economía, se iniciaron vigorosos esfuerzos de conservación en torno a los años 80 para restaurar  —y ampliar a gran escala— una antiquísima estructura.

"Es imponente", declaró el presidente de Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, campeón y benefactor de toda la vida de la conservación de esa falla. "Después de todo lo que hemos pasado en los últimos años, no hay mayor privilegio que verla crecer más y más cada día. Puede que haya unos cuantos detractores que se preocupen por que, de hacerse más grande, el conjunto se venga abajo, dejando atrapadas debajo a millones de personas, pero yo por mí estoy dispuesto a correr ese riesgo".

Añadió Blankfein: "Además, algo me dice que yo, probablemente, saldría bien parado".

Redacción de The Onion

Traducción para www.sinpermiso.info: Lucas Antón

 sinpermiso electrónico se ofrece semanalmente de forma gratuita. No recibe ningún tipo de subvención pública ni privada, y su existencia sólo es posible gracias al trabajo voluntario de sus colaboradores y a las donaciones altruistas de sus lectores. Si le ha interesado este artículo, considere la posibilidad de contribuir al desarrollo de este proyecto político-cultural realizando una DONACIÓN o haciendo una SUSCRIPCIÓN a la REVISTA SEMESTRAL impresa

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

26 milhões saem da pobreza no país

Clique na imagem para ampliar. Vale a pena.
 A desigualdade de distribuição de renda no país caiu 5,6% e a renda média real subiu 28% entre 2004 e 2009. Os dados estão no comunicado Mudanças Recentes na Pobreza Brasileira, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O índice de pessoas com renda mensal igual ou superior a um salário mínimo per capita - consideradas não pobres - subiu de 29% para 42%. O número de pessoas nessa faixa subiu de 51,3 milhões para 77,9 milhões no período. Na época da pesquisa, o salário mínimo era estipulado em R$ 465,00.

Já a camada considerada pobre - classificação que se refere a famílias com renda per capita, na época, entre R$ 67,00 e R$ 134,00 - diminuiu de 28 milhões para 18 milhões. Os extremamente pobres com renda per capita inferior a R$ 67,00 passaram de 15 milhões para 9 milhões.

Uma das conclusões destacadas pelo pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea Rafael Guerreiro Osório é que, apesar de abrangente, o Bolsa-Família não garante ascensão social. O pesquisador, porém, acrescentou que um estudo do Ipea mostra que, dobrando-se o orçamento do Bolsa-Família destinado a pessoas já atendidas seria possível chegar à erradicação da miséria. "Isso corresponde a aumentar de R$ 12 bilhões para R$ 26 bilhões o orçamento destinado ao programa", observou, lembrando que cada vez menos a pobreza é determinada pela baixa remuneração, mas pela desconexão com o trabalho. A parcela de 29% das famílias extremamente pobres não tem nenhuma conexão com o mercado de trabalho.

Fonte: CP.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Em década de Chávez, pobreza caiu na Venezuela

Vista de CARACAS:

Claudia Jardim
De Caracas para a BBC Brasil

Há dez anos, cerca de 4,8 milhões de venezuelanos viviam em situação de pobreza e a saúde e a educação eram um privilégio.

Desde que o presidente Hugo Chávez assumiu o governo, a área social passou a ser prioritária em sua gestão, que contou com o incremento dos preços do petróleo para o financiamento dos projetos sociais.

Até mesmo os críticos da política econômica do governo, cuja estrutura continua dependente fundamentalmente da exploração petrolífera, concordam que as condições de vida dos venezuelanos melhoraram sob a administração chavista.

“Os setores sociais antes marginalizados e excluídos, realmente saíram da pobreza crítica, estão melhor, ninguém pode negar isso. Os que não comiam nem o suficiente, agora estão comendo”, afirmou Domingo Maza Zavala, ex-diretor do Banco Central da Venezuela (BCV).

De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas, em 1999, 20,1% dos venezuelanos viviam na extrema pobreza. Em 2007, o índice havia caído para 9,5%.

O número de pobres total no início do governo era de 50,5 % - mais de 11 milhões de venezuelanos. Esse número caiu para 31,5%.

De um universo de 26,4 milhões de pessoas, 18,8% dos venezuelanos saíram da linha da pobreza (cálculo realizado com base nos dados oficiais).

Para o historiador norte-americano Steve Ellner, professor da Universidade dos Andes, no Estado de Mérida (Venezuela), entre apostar no desenvolvimento econômico e na industrialização do país ou investir no setor social, Chávez privilegiou o segundo na divisão da renda obtida com o petróleo.

“No curto prazo, programas de desenvolvimento econômico teriam dado resultados mais rápidos, mas a prioridade era o social”, afirmou.

O relatório da Cepal de 2008, que aponta a diminuição da pobreza na América Latina, indica que os programas sociais foram os responsáveis pela queda no número de pobres na Venezuela.

De acordo com uma pesquisa realizada em 2007 pela empresa Datanálisis, nos últimos oito anos o consumo das classes E e D havia aumentado em 22%, impulsionado pelo incremento do salário mínimo (que subiu de US$ 47 em 1999 para US$ 371) e pela ajuda financeira que provém dos programas sociais.

Com exceção dos programas relacionados com a saúde, os beneficiários das “missões” (nome dado por Chávez aos programas sociais) recebem uma ajuda média de US$ 100.

“Parte dos recursos obtidos com o petróleo foi distribuída por meio desses programas”, afirmou o ex-diretor do BCV Maza Zavala.

“Missões”

O “Bairro Adentro” foi um programa social implementado pelo governo em 2003. Esta “missão”, que presta atendimento médico básico e familiar nas periferias do país, inaugurou o projeto de cooperação Cuba-Venezuela, que hoje está presente nas áreas de saúde, educação e esporte.

Os programais sociais são financiados com a receita excedente do petróleo e contam com estrutura e dinâmicas próprias, que obedecem fundamentalmente às diretrizes da Presidência da República, sem passar pelo filtro dos ministérios.

No entendimento do governo, a estrutura burocrática governamental impediria que os projetos alcançassem, com a velocidade que a conjuntura política exigia, um número considerável da população pobre, que foi e continua sendo a base de apoio do chavismo.

“Quando o governo teve que enfrentar a ameaça de perder o referendo (revogatório realizado em 2004), tirou quase que da manga o programa 'Bairro Adentro ', que teve um impacto extraordinário”, afirmou à BBC Brasil o sociólogo Edgardo Lander, da Universidade Central da Venezuela.

“Agora, as pessoas têm um médico a duas quadras de casa no caso de uma emergência, é uma mudança significativa na qualidade de vida das pessoas”, acrescentou.

Lander explica que a crise da saúde pública no país no período anterior a Chávez estava associada a dois fatores principais: a privatização do sistema e a resistência dos profissionais em atuar no setor público, desmantelado nas décadas anteriores, de acordo com o sociólogo.

“Para esses médicos, ir a um bairro pobre era o mesmo que ir a uma zona de guerra. Era algo completamente alheio à sua realidade”, disse.

Organização

Magaly Perez é coordenadora de um Comitê de Saúde no bairro periférico de 23 de Enero, em Caracas.

Os comitês reúnem voluntários da vizinhança onde está instalado o programa “Bairro Adentro”, que diagnosticam os problemas de saúde do local e auxiliam na atuação dos médicos cubanos.

Perez conta que o trabalho de censo da população do bairro fez com que esses voluntários “tomassem consciência da organização comunitária e da importância de participar para transformar nossa realidade”.

De acordo com os moradores do bairro, antes, a única alternativa para a população de baixa renda era enfrentar horas de fila em hospitais para receber algum tipo de atenção.

“Antes, morriam pessoas aqui porque não tínhamos assistência médica adequada. Isso mudou com a revolução”, afirmou Magaly Perez à BBC Brasil, enquanto anotava a lista dos idosos que participariam do exercício matinal realizado três vezes por semana com o auxílio de um técnico cubano.

“Os cubanos trabalham dia e noite, mas os médicos venezuelanos não, eles são capitalistas e o povo deu as costas a ele. Eles não sobem o morro para socorrer ninguém”, afirmou Magaly Perez.

Em 1998, havia 1,6 mil médicos atuando no atendimento primário de uma população de 23,4 milhões de pessoas. Atualmente há 19,6 mil para uma população de 7 milhões. Deste total, 14 mil profissionais são cubanos, entre médicos, enfermeiras e técnicos em saúde.

A disputa entre os médicos venezuelanos - que alegam falta de condições e segurança para atuar nas periferias e hospitais públicos – e o governo – que argumenta que o problema é de natureza política - levou a administração chavista a criar um sistema de saúde paralelo, com a ampliação do “Bairro Adentro” em pequenas clínicas especializadas.

O resultado da disputa, de acordo com Lander, foi o abandono ainda maior da rede de hospitais públicos.

“A rede hospitalar foi abandonada na parte de insumos e atendimentos, os hospitais sofreram um deterioramento grande”, afirmou.

A quantidade de novas clínicas do “Bairro Adentro”, porém, ainda é insuficiente para atender a toda a população, de acordo com a organização não-governamental PROVEA.

Política

Na mesa da sala de espera do pequeno consultório no bairro de 23 de Enero havia um abaixo assinado em apoio à emenda constitucional que irá a referendo em 15 de fevereiro, cuja eventual aprovação colocará fim ao limite para a reeleição aos cargos públicos, entre eles, a Presidência.

Uma das senhoras que aguardavam atendimento se antecipou em dar uma explicação: "A saúde aqui não tem ideologia política, muitos que vêm aqui não apóiam o comandante (Chávez), mas, mesmo assim, são beneficiados", afirmou Josefina Rodriguez, de 70 anos.

De acordo com o Ministério da Saúde, a mortalidade infantil também foi combatida na última década, ao passar de 21,4 por cada mil nascidos, em 1998, para 13,7 em 2007. No Brasil, em 2007, o índice era de 24,32 por cada mil nascimentos.

O “Bairro Adentro” serviu de modelo para as outras “missões”, que abrangem as áreas de educação básica, superior e profissionalizante, de auxílio às mães solteiras, de subsídio alimentar, entre outras.

Em 2005, na metade do governo Chávez, o Ministério de Educação declarou o país “livre de analfabetismo” com a aplicação do método cubano “Yo sí puedo”, metodologia aplicada recentemente na Bolívia e em algumas áreas do nordeste do Brasil.

De acordo com o governo, 1,6 milhão de adultos foram alfabetizados no período de dois anos.

Ainda segundo o governo, 3,4 milhões de pessoas foram graduadas nas “missões” educativas.

Institucionalização

Julio Borges, dirigente do partido de oposição Primeiro Justiça (centro-direita) reconhece que durante o governo Chávez “houve um despertar social muito importante, principalmente entre os mais pobres, com a participação” das pessoas envolvidas com o projeto chavista.

Borges, porém, questiona se a estrutura criada para manter as missões poderá ser mantida ao longo do tempo.

“É um problema estrutural. As pessoas estão contentes com Chávez porque estão se afogando no mar e as missões são um colete salva-vidas. Mas a pergunta é se um dia elas vão sair do mar”, afirmou.

Para a oposição, analistas e inclusive alguns chavistas, a falta de institucionalização nos programas sociais abre o precedente para a corrupção, já que não há um sistema de controle que regule essas atividades e o manejo dos recursos públicos.

Em 2008, o orçamento anunciado para as missões foi de US$ 2,6 bilhões.

O sociólogo Edgardo Lander avalia que, passado o período de “emergência” para a criação dos programas sociais, o governo deveria institucionalizá-los.

“As pessoas não podem viver neste estado de emergência permanentemente e não pode haver essa espécie de militância na gestão pública”, afirmou.

Dívida

A insegurança continua sendo a principal dívida social do governo, na avaliação de especialistas. A violência é a principal preocupação dos venezuelanos, de acordo com uma pesquisa da empresa Hinterlaces.

De acordo com um levantamento do Centro para a Paz e Direitos Humanos da Universidade Central da Venezuela, publicado no relatório da ONG Provea de 2007, em 1998, o índice de homicídios era de 25 por 100 mil habitantes.

Em nove anos o número subiu para uma média de 45 mortos por 100 mil pessoas em 2007, com cerca de 13 mil assassinatos no mesmo período.

“Em um governo que pretende impulsionar a democratização da sociedade e favorecer os setores populares, nos damos conta de que são justamente eles os que mais sofrem as conseqüências da insegurança”, afirmou Edgardo Lander.

“O governo pensa que o problema da segurança é somente estrutural no âmbito da educação e da cultura”, acrescentou Lander.

O ministro de Relações Exteriores, Nicolas Maduro, ex-presidente do Congresso, admite que um dos principais desafios do governo é combater a criminalidade, sem apontar no entanto, soluções para o problema.

“É muito grave que em um país no qual se pretende construir a paz e estabilidade existam esses fenômenos, talvez seja um dos grandes desafios para a próxima década”, afirmou.