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domingo, 6 de janeiro de 2013

CIA teria plano para ‘desestabilizar e matar’ presidente equatoriano Rafael Correa

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De acordo com o alerta feito pelo jornalista chileno Patricio Mery às autoridades equatorianas, nesta sexta-feira (4), pode haver um suposto plano da Agência Central de Inteligência norte-americana (CIA) para assassinar o presidente Rafael Correa. A medida seria em retaliação ao fechamento de uma base dos EUA naquele país, que existiu até 2009, e por dar asilo ao jornalista australiano Julian Assange, diretor do sítio WikiLeaks, na internet.

O repórter apresentou suas pesquisas ao ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, e promoveu uma conferência com jornalistas nesta capital. À agência latino-americana de notícias Andes, Mery revelou detalhes do trabalho de apuração realizado ao longo dos últimos cinco anos.

A pesquisa abre várias frentes de investigação e detalha as relações de autoridades chilenas com a CIA. Ele organizou um roteiro que se repete em vários países da região. A agência norte-americana, com o apoio de autoridades do governo chileno, promove a entrada de drogas produzidas no Equador, cerca de 200 quilos de cocaína por mês, a fim de gerar dinheiro sujo: chega no Chile segue para a Europa e os Estados Unidos. Do dinheiro gerado, uma parte permanece no Chile “e me disseram as fontes que este dinheiro é destinado a desestabilizar o governo do presidente Correa”, afirma o jornalista.

Mery comprova as informações passadas ao governo equatoriano com uma denúncia, feita no Chile, pelo inspetor Fernando Ulloa, após reunião com ministro do Interior da época, Rodrigo Hinzpeter, ao qual apresentou um dossiê com todos os fatos e nomes dos líderes do PDIs (Polícia de Investigações, na sigla em espanhol) envolvidos com o tráfico de drogas, incluindo Luis Carreno, “que aponto como um agente da CIA e que agora trabalha como inspetor área de Arica e integra o alto comando do PDI”. Após a denúncia, a única medida tomada foi afastar o denunciante, Fernando Ulloa, de suas funções.

A apuração do jornalista começou quando ele suspeitou da corrupção nos meandros policiais de seu país e um agente da Agência Nacional de Inteligência (ANI) confirmou-lhe que a droga serviria para abastecer financeiramente um plano de desestabilização do presidente Correa, por dois motivos: o líder equatoriano havia fechado a base de Manta e concedido asilo a Julian Assange, que pode ser condenado à morte se for extraditado de Londres, onde se encontra, para os EUA, por vazar informações de segurança nacional sobre os norte-americanos.

A partir dessa perspectiva Correa tornou-se também um alvo da CIA. A agência, com base em Langley, no Estado da Virgínia, atua em paralelo ao governo dos EUA e aplica suas próprias regras nas ações daquele país em território estrangeiro.

Presidente do STF chileno teria participado da ditadura de Pinochet

Um outro escândalo denunciado pelo jornalista ao ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Portiño mostra que Rubén Ballesteros, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), foi o juiz que participou dos conselhos de guerra da ditadura de Augusto Pinochet e ordenou o fuzilamento de prisioneiros.“Ele é acusado de violação dos Direitos Humanos e mantém ligações estreitas com a direita dos EUA”, acusa o jornalista.

Ainda segundo o relatório de Mary, Sabas Chahuán, procurador-geral da República (PGR), quem deve investigar os crimes no país, “tem uma relação estreita com o FBI através de um acordo firmado com os EUA, depois da prisão de Saif Khan”. De acordo com documentos apresentados pelo jornalista, com base na prisão arbitrária foi criado um programa chamado LEO, o qual permite que os norte-americanos obtenham qualquer informação acerca dos cidadãos chilenos.

Sul21

Com informações da Rede Brasil Atual

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

“Por que defendemos o Wikileaks e Assange”

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Se Assange for extraditado para os Estados Unidos, as consequência repercutirão por anos, em todo o mundo. Assange não é cidadão norte americano, e nenhuma de suas ações aconteceu em solo norte americano. Se Washington puder processar um jornalista nessas circunstâncias, os governos da Rússia ou da China poderão, pela mesma lógica, exigir que repórteres estrangeiros em qualquer lugar do mundo sejam extraditados por violar as suas leis. O artigo é de Michael Moore e Oliver Stone.

Passamos as nossas carreiras de cineastas sustentando que os media norte-americana são frequentemente incapazes de informar os cidadãos sobre as piores ações do nosso governo. Portanto, ficamos profundamente gratos pelas realizações do WikiLeaks, e aplaudimos a decisão do Equador de garantir asilo diplomático a seu fundador, Julian Assange – que agora vive na embaixada equatoriana em Londres.

O Equador agiu de acordo com importantes princípios dos direitos humanos internacionais. E nada poderia demonstrar quão apropriada foi a sua ação quanto a ameaça do governo britânico, de violar um princípio sagrado das relações diplomáticas e invadir a embaixada para prender Assange.

Desde sua fundação, o WikiLeaks revelou documentos como o filme “Assassinato Colateral”, que mostra a matança aparentemente indiscriminada de civis de Bagda por um helicóptero Apache, dos Estados Unidos; além de detalhes minuciosos sobre a face verdadeira das guerras contra o Iraque e Afeganistão; a conspiração entre os Estados Unidos e a ditadura do Iemen, para esconder a nossa responsabilidade sobre os bombardeios no país; a pressão do governo Obama para que outras nações não processem, por tortura, oficiais da era-Bush; e muito mais.

Como era de prever, foi feroz a resposta daqueles que preferem que os norte-americanos não saibam dessas coisas. Líderes dos dois partidos chamaram Assange de “terrorista tecnológico”. E a senadora Dianne Feinstein, democrata da Califórnia que lidera o Comitê do Senado sobre Inteligência, exigiu que ele fosse processado pela Lei de Espionagem. A maioria dos norte-americanos, britânicos e suecos não sabe que a Suécia não acusou formalmente Assange por nenhum crime. Ao invés disso, emitiu um mandado de prisão para interrogá-lo sobre as acusações de agressão sexual em 2010.

Todas essas acusações devem ser cuidadosamente investigadas antes que Assange vá para um país que o tire do alcance do sistema judiciário sueco. Mas são os governos britânico e sueco que atrapalham a investigação, não Assange.

As autoridades suecas sempre viajaram para outros países para fazer interrogatórios quando necessário, e o fundador do WikiLeaks deixou clara a sua disposição de ser interrogado em Londres. Além disso, o governo equatoriano fez uma oferta direta à Suécia, permitindo que Assange seja interrogado dentro de sua embaixada em Londres. Estocolmo recusou as duas propostas.

Assange também se comprometeu a viajar para a Suécia imediatamente, caso o governo sueco garanta que não irá extraditá-lo para os Estados Unidos. As autoridades suecas não mostraram interesse em explorar essa proposta, e o ministro de Relações Exteriores, Carl Bildt, declarou inequivocamente a um consultor jurídico de Assange e do WikiLeaks que a Suécia não vai oferecer essa garantia. O governo britânico também teria, de acordo com tratados internacionais, o direito de prevenir a reextradição de Assange da Suécia para os Estados Unidos, mas recusou-se igualmente a garantir que usaria esse poder. As tentativas do Equador para facilitar esse acordo entre os dois governos foram rejeitadas.

Em conjunto, as ações dos governos britânico e sueco sugerem que sua agenda real é levar Assange à Suécia. Por conta de tratados e outras considerações, ele provavelmente poderia ser mais facilmente extraditado de lá para os Estados Unidos. Assange tem todas as razões para temer esses desdobramentos. O Departamento de Justiça recentemente confirmou que continua a investigar o WikiLeaks, e os documentos do governo australiano de fevereiro passado, recém-divulgados afirmam que “a investigação dos Estados Unidos sobre a possível conduta criminal de Assange está em curso há mais de um ano”. O próprio WikiLeaks publicou emails da Stratfor, uma corporação privada de inteligência, segundo os quais um júri já ouviu uma acusação sigilosa contra Assange. E a história indica que a Suécia iria ceder a qualquer pressão dos Estados Unidos para entregar Assange. Em 2001, o governo sueco entregou à CIA dois egípcios que pediam asilo. A agência norte-americana entregou-os ao regime de Mubarak, que os torturou.

Se Assange for extraditado para os Estados Unidos, as consequência repercutirão por anos, em todo o mundo. Assange não é cidadão norte americano, e nenhuma de suas ações aconteceu em solo norte americano. Se Washington puder processar um jornalista nessas circunstâncias, os governos da Rússia ou da China poderão, pela mesma lógica, exigir que repórteres estrangeiros em qualquer lugar do mundo sejam extraditados por violar as suas leis. Criar esse precedente deveria preocupar profundamente a todos, admiradores do WikiLeaks ou não.

Invocamos os povos britânico e sueco a exigir que os seus governos respondam a algumas questões básicas. Por que razão as autoridades suecas se recusam a interrogar Assange em Londres? E por que nenhum dos dois governos pode prometer que Assange não será extraditado para os Estados Unidos? Os cidadãos britânicos e suecos têm uma rara oportunidade de tomar uma posição pela liberdade de expressão, em nome de todo o mundo.

(*) Artigo publicado originalmente em português em Outras Palavras.

Tradução: Daniela Frabasile

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Exército resgata presidente do Equador após dia de fúria

Quadro de Hieronymus Bosch

Por Alexandra Valencia y Santiago Silva


QUITO (Reuters) - Tropas equatorianas resgataram na noite de quinta-feira o presidente Rafael Correa, que esteve mais de dez horas retido em um hospital rodeado por policiais sublevados contra uma lei que corta benefícios.

Correa que abandonou o edifício em cadeira de rodas e com uma máscara antigás, chegou minutos depois ao Palácio do Governo e, perante centenas de seguidores, denunciou uma conspiração contra ele e assegurou que não voltará atrás no seu plano.

"A lei não será revogada, conosco o diálogo tudo, pela força nada", disse Correa, com a voz rouca, falando desde a sacada do Palácio.

O dia de fúria em Quito começou quando policiais tomaram o maior quartel da cidade para protestar contra a lei apoiada pelo governo, que corta benefícios de policiais e militares.

Minutos depois, e fiel ao seu estilo, Correa foi ao quartel e enfrentou com duras palavras os policiais.
O presidente foi empurrado e golpeado em meio a uma tumulto e precisou sair em meio a uma chuva de gases lacrimogêneos para ser tratado em um hospital adjacente ao quartel, que foi cercado rapidamente por policiais.

Correa ficou ali a tarde toda e boa parte da noite, enquanto nas ruas de Quito cidadãos e policiais protagonizavam enfrentamentos que, segundo a Cruz Vermelha, deixaram 51 feridos.

Analistas apostavam que Correa recuperaria o controle da situação, mas avaliam que deverá pagar um preço político e que seu controle sobre o Congresso será afetado.

O governo brasileiro expressou apoio a Correa e disse acompanhar com "profunda preocupação" a crise política no país sul-americano.


Mais cedo, o Itamaraty informou em nota que o ministro Celso Amorim telefonou para membros do governo equatoriano para expressar total apoio e solidariedade do Brasil às instituições democráticas daquele país.
O governo venezuelano disse que Correa conversou com Hugo Chávez por telefone e confirmou que o caos era uma tentativa de golpe.

Equador, país no qual foram depostos três presidentes nos últimos 13 anos, depende da riqueza do seu petróleo. Um portavoz da empresa Petroequador disse que a empresa operava com normalidade, mas informou que nos campos de petróleo e refinaria haviam militares.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

TENTATIVA DE GOLPE MILITAR NO EQUADOR



Claudia Jardim
De Caracas para a BBC Brasil

Centenas de militares e policiais equatorianos tomaram nesta quinta-feira o maior quartel de Quito e o aeroporto internacional da cidade, em protesto contra um decreto aprovado pelo Congresso Nacional.

A medida elimina benefícios sociais e afeta os salários dos policiais, disseram representantes da categoria.

O vice-chanceler do Equador, Kinto Luccas, disse à BBC Brasil que "há risco de golpe de Estado" no país.
"O que estamos vendo é que há setores da oposição que estão insuflando essa situação para levar a um golpe de Estado", afirmou Luccas.                                                                                             

O Aeroporto Internacional da capital equatoriana, o Mariscal Sucre, foi tomado por efetivos da Força Aérea Equatoriana e permanece fechado.

Gás lacrimogêneo

Segundo testemunhas, as forças de segurança usaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes durante os protestos.

O presidente do Equador, Rafael Correa, se dirigiu até o quartel tomado pelos policiais e foi recebido com ofensas e pedras.

“Não daremos um passo atrás, se querem tomar os quartéis, se querem deixar os cidadãos indefesos e se querem trair sua missão de policiais, façam isso", afirmou Correa, diante de centenas de policiais.

“Senhores, se querem matar o presidente, aqui estou, matem-me se quiserem, matem se têm poder, matem se têm coragem, em vez de se esconderem entre a multidão", gritou o presidente, visivelmente irritado com a situação.

Acessos fechados

A imprensa local afirma que os protestos tiveram adesão dos militares e policiais na cidade de Guayaquil (sudoeste do país), reduto da oposição a Rafael Correa. As principais vias de acesso a Quito foram fechadas.

Diante da crise, Correa poderá dissolver o Congresso, nas próximas horas, utilizando um mecanismo legal chamado "morte cruzada" que permite o fechamento do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas para Presidente e para o Parlamento.

O vice-chanceler disse ter alertado os governos da região – em especial Brasil, Venezuela e Argentina – sobre a crise política no país, pedindo ações em defesa da ordem constitucional.

"Não estamos pedindo a defesa do governo e sim da democracia equatoriana", afirmou Luccas.

Essa é a primeira grande crise institucional que Rafael Correa enfrenta desde que assumiu o poder, em 2007, e deu início à chamada "Revolução Cidadã" no país.

Condecorações

Os policiais recebiam condecorações a cada cinco anos, o que significava um aumento salarial, além de bônus anuais. O decreto elimina esses benefícios.

Entretanto, Miguel Carvajal, ministro de Segurança, disse que o decreto não afeta os salários dos policiais, ao explicar que os bônus antes recebidos a cada cinco anos passaram a ser nivelados e incorporados ao pagamento dos oficiais.

A seu ver, a crise está sendo gerada por uma campanha de "desinformação" que busca "utilizar" os policiais para obter fins políticos.

"Isso é uma campanha de desinformação. Há que se perguntar quem são os que têm interesse em desinformar", disse Carvajal. "Policiais, não se deixem manipular", acrescentou.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Equador e Bolívia são casos de sucesso em meio à crise global


The Guardian – Londres, via Correio Internacional, via Carta Maior

De acordo com a sabedoria convencional transmitida diariamente na imprensa econômica, os países em desenvolvimento deveriam se desdobrar para agradar as corporações multinacionais, seguir a política macroeconômica neoliberal e fazer o máximo para atingir um grau de investimento elevado e, assim, atrair capital estrangeiro.

Adivinhem qual país das Américas deve atingir o crescimento econômico mais rápido nesse ano? A Bolívia. O primeiro presidente indígena do país, Evo Morales, foi eleito em 2005 e assumiu o cargo em janeiro de 2006. Bolívia, o país mais pobre da América do Sul, seguiu os acordos com o FMI [Fundo Monetário Internacional] por 20 anos consecutivos e sua renda per-capita ao final desde período era mais baixa do que 27 anos antes.

Evo descartou o FMI apenas três meses depois de assumir a presidência e então nacionalizou a indústria de hidrocarbonetos (especialmente gás natural). Não é preciso dizer que isso não agradou a comunidade corporativa internacional. Também foi mal vista a decisão do país de se retirar do painel de arbitragem internacional do Banco Mundial em maio de 2007, cujas decisões tinham tendência a favorecer as corporações internacionais em detrimento dos governos.

A nacionalização e os crescentes lucros advindos dos royalties dos hidrocarbonetos, no entanto, têm rendido ao governo boliviano bilhões de dólares em receita adicional (o PIB total da Bolívia é de apenas 16,6 bilhões de dólares, para uma população de 10 milhões de habitantes). Essas rendas têm sido úteis para a promoção do desenvolvimento pelo governo, e especialmente para manter o crescimento durante a crise. O investimento público cresceu de 6,3% do PIB em 2005 para 10,5% em 2009.

O crescimento da Bolívia em meio à crise mundial é ainda mais notável, já que o país foi atingido em cheio pela queda de seus preços dos produtos de exportação mais importantes – gás natural e minerais – e também por uma perda de espaço no mercado estadunidense. A administração Bush cortou as preferências comerciais da Bolívia, que eram concedidas dentro do Pacto Andino de Promoção do Comércio e Erradicação das Drogas [ATPDA, na sigla em inglês], supostamente para punir a Bolívia por sua insuficiente cooperação na “guerra contra as drogas”.

Na realidade, foi muito mais complicado: a Bolívia expulsou o embaixador estadunidense por causa de evidências do apoio dado pelo governo estadunidense à oposição ao governo de Morales; a revogação do ATPDA aconteceu logo em seguida. De qualquer maneira, a administração Obama ainda não mudou com relação à política da administração Bush para a Bolívia. Mas a Bolívia já provou que pode se virar muito bem sem a cooperação de Washington.

O presidente de esquerda do Equador, Rafael Correa, é um economista que, muito antes de ser eleito em dezembro de 2006, entendeu e escreveu a respeito das limitações do dogma econômico neoliberal. Ele tomou posse em 2007 e estabeleceu um tribunal internacional para examinar a legitimidade da dívida do país. Em novembro de 2008 a comissão constatou que parte da dívida não foi legalmente contratada, e em dezembro Correa anunciou que o governo não pagaria cerca de 3,2 bilhões de dólares da sua dívida internacional.

Ele foi tiranizado na imprensa econômica, mas a operação foi bem sucedida. O Equador cancelou um terço da sua dívida externa declarando moratória e reembolsando os credores a uma taxa de 35 centavos por dólar. A avaliação para o crédito internacional do país continua baixa, mas não mais do que antes da eleição de Correa, e até subiu um pouco depois que a operação foi completada.

O governo de Correa também causou a fúria dos investidores estrangeiros ao renegociar seus acordos com empresas estrangeiras de petróleo para captar uma parte maior dos lucros com a alta dos preços do petróleo. E Correa resistiu à pressão feita pela petrolífera Chevron e seus poderosos aliados em Washington para retirar seu apoio a um processo contra a empresa por supostamente poluir águas subterrâneas, com danos que poderiam exceder 27 bilhões de dólares.

Como o Equador está se saindo? O crescimento tem atingido saudáveis 4,5% durante os dois primeiros anos da presidência de Correa. E o governo tem garantido a redistribuição da renda: gastos com saúde em relação ao PIB dobraram e gastos sociais em geral têm sido expandidos consideravelmente de 4,5% para 8,3% do PIB em dois anos. Isso inclui a duplicação do programa de transferência de renda às famílias pobres, um aumento de 474 milhões de dólares em despesas de habitação, e outros programas para famílias de baixa renda.

O Equador foi atingido fortemente por uma queda de 77% no preço das suas exportações de petróleo de junho de 2008 até fevereiro de 2009, assim como pelo declínio das remessas de capital provenientes do exterior. Apesar disso, o país superou as adversidades muito bem. Outras políticas heterodoxas, juntamente com a moratória da dívida externa, têm ajudado o Equador a estimular sua economia sem esgotar suas reservas.

A moeda do Equador é o dólar estadunidense, o que descarta a possibilidade de políticas cambiais e monetárias para esforços contra-cíclicos numa recessão – uma deficiência relevante. Em vez disso, o Equador foi capaz de fazer acordos com a China para um pagamento adiantado de 1 bilhão de dólares por petróleo e mais 1 bilhão de empréstimo.

O governo também começou a exigir dos bancos equatorianos que repatriassem algumas de suas reservas mantidas no exterior, esperando trazer de volta 1,2 bilhões e tem começado a repatriar 2,5 bilhões das reservas estrangeiras do banco central para financiar outro grande pacote de estímulo econômico.

O crescimento do Equador provavelmente será de 1% esse ano, o que é muito bom em relação à maior parte de seu hemisfério. O México, por exemplo, no outro lado do espectro, tem projetado um declínio de 7,5% no seu PIB em 2009.

A maior parte dos relatórios e até análises quase-acadêmicas da Bolívia e do Equador dizem que eles são vítimas de governos populistas, socialistas e “anti-americanos” – alinhados com a Venezuela de Hugo Chávez e Cuba, é claro – e estão no caminho da ruína. É claro que ambos os países ainda têm muitos desafios pela frente, dos quais o mais importante será a implementação de estratégias econômicas que diversifiquem e desenvolvam suas economias no longo prazo. Mas eles começaram bem, dedicando à ordem econômica e política externa convencionais – na Europa e nos Estados Unidos – o respeito que ela merece.

Mark Weisbrot

Tradução: Raquel Tebaldi

terça-feira, 28 de abril de 2009

"¡Te vas a caer!"

Simón Bolivar:

Robert Mur, para La Vanguardia

En la entrada de los baños de El Pobre Diablo, popular bar de Quito, hay una paródica réplica del salón Amarillo del palacio presidencial de Carondelet, donde ayer Rafael Correa recibió a la prensa extranjera. En ambos salones están todas las imágenes de los presidentes de Ecuador. Además de la premeditada ubicación urinaria, la diferencia estriba en que al pie de cada cuadro de la estancia original sólo figura el periodo en años de mandato de cada presidente, mientras que en el falso salón se detallan hasta los días, para evidenciar que muchos de sus inquilinos permanecieron apenas días en el cargo. Por cierto, en el bar falta el retrato del nuevo líder de la oposición a Correa, el ex militar Lucio Gutiérrez. "Alguien no soportó ver a Lucio, está en recuperación", reza un cartel donde debería estar la foto.

Los periodistas que frecuentan el bar ahora están en el salón original, frente a un Correa exultante y de buen humor, que explica una anécdota ocurrida por la mañana y que refleja que en Ecuador no hay tregua. La inquina que la revolución ciudadana desata en las clases más altas la vivió el propio presidente cuando su coche se paró junto otro en un barrio residencial de Quito. "¡Te vas a caer!", le dijo desde el auto una "pelucona", término que los correístas han popularizado para referirse a los millonarios. "¡Al día siguiente de ganar las elecciones!", exclama Correa ante la prensa.

Antes de llegar al amarillo salón, el presidente ha pasado por uno de los patios de palacio para ver cómo los funcionarios le dan la bienvenida en su primer día como mandatario reelecto. Cuando aparece Correa, los empleados públicos sueltan decenas de globos verde eléctrico, color corporativo de Alianza País, el movimiento oficialista.

Y después del contacto con los periodistas, el mandatario sale al balcón del palacio para presenciar el tradicional cambio de guardia de los lunes. La plaza de la Independencia, también conocida como plaza Grande, está repleta y la gente se entremezcla con los llamativos y azulados granaderos de Tarqui, que conforman la guardia presidencial.

Tras la ceremonia, Correa es aplaudido por el público y especialmente jaleado por un grupo de seguidores que portan banderas eléctricas y cantan lemas socialistas. "¡Pelucón, pelucón, ya vas a ver ahora que los pobres ratificamos el poder!", cantan como si hubieran escuchado la anécdota de Correa. "¡Alerta, alerta, alerta y camina, la espada de Bolívar por América Latina!", repiten. "¡Una sola vuelta!", claman para recordar la histórica victoria de su líder. "¡Viva la revolución ciudadana!", gritan ya sin el presidente en el balcón y antes de pasar a frases relativas a tempestades más duras, recogiendo los vientos sembrados por Correa. "¡Abajo la prensa corrupta!", "¡Abajo el Canal 4!", clama el grupo mientras paradójicamente algunos de ellos ofrecen declaraciones a los periodistas.

Ecuador acelera su revolución, su nueva era. La última pregunta de los corresponsales la había hecho, en inglés, una periodista estadounidense que buscaba confirmar si el presidente aumentará el gasto público. Ante la obviedad, Correa respondió también en inglés: "That´s the new age in Ecuador".

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Tiempos de más izquierda en Ecuador


Todos los boca de urna le dieron a Correa entre un 51 y un 54 por ciento de los votos, frente a un 27 o 30 por ciento del ex mandatario Lucio Gutiérrez. El oficialismo podría conseguir la mayoría absoluta en el Congreso.

Por María Laura Carpineta

Desde Quito, para Página/12

Rafael Correa arrasó ayer en su quinta victoria consecutiva y será presidente de Ecuador por cuatro años más. Todos los bocas de urna le dieron, inmediatamente después de cerrados los centros de votación, entre un 51 y un 54 por ciento de los votos, frente a un 27 o 30 por ciento del ex presidente Lucio Gutiérrez. La victoria, cantada para muchos de los ecuatorianos, fue reivindicada minutos después de conocerse las cifras por el mandatario en una conferencia de prensa en el sur de Guayaquil. “La revolución ciudadana está en marcha y nada ni nadie la puede detener”, gritó, con voz ronca, y su gente estalló en aplausos. Desde la sede central de su partido, Alianza País, en Quito, cientos de manifestantes comenzaron a concentrarse para festejar. El grito era claro y casi ensordecedor: “En primera vuelta”. En las últimas semanas, Gutiérrez había duplicado su intención de voto en todas las encuestas y los medios de comunicación, férreos enemigos del gobierno, habían empezado a sembrar la duda sobre una posible segunda vuelta. Ayer la mayoría de la sociedad ecuatoriana volvió a desmentir a los medios y se volcó masivamente por Correa. Al cierre de esta edición, quedaban tres bancas en disputa y el oficialismo estaba a sólo dos de conseguir una mayoría absoluta en el Congreso, según los boca de urna de la empresa Santiago Pérez.

“Hemos hecho historia –aseguró un Correa de ojos chinos y sonrisa inalterable–. En un país en el que del ’96 al 2006 ningún presidente democrático terminó su mandato, tuvimos siete presidentes, hoy se gana en una sola vuelta.” La alegría de los correístas no podía ser mayor. “Esto es la felicidad pura”, aseguró Teresa Murillo, intentando recuperar el aliento después de gritar y cantar durante 15 minutos seguidos. “Por fin vamos a tener un país de igualdades, en donde no haya niños con hambre o gente analfabeta, donde todos tengan trabajo y vean respetada su dignidad”, agregó entrecortada la madre de cuatro hijos, que hace cuatro meses decidió sumarse como colaboradora de la campaña del ahora alcalde electo por Quito, Augusto Barrera, un aliado de Correa y veterano dirigente de izquierda. Mientras hablaba, su marido, guardaespaldas del ex ministro de Gobierno y actual diputado electo, Fernando Bustamante, llegó corriendo para abrazarla. “Ganamos”, gritó, mientras la revoleaba de un lado a otro. “Hoy festejamos todos en casa, pero también creo que van a festejar todos los ecuatorianos”, dijo, una vez que logró aterrizar.

La fiesta recién estaba empezando en la céntrica avenida de los Shyris. Los simpatizantes llegaban de a poco de los barrios de las afueras de Quito y se esperaba que Correa, su vice Lenin Moreno y todo su equipo llegaran de Guayaquil tarde en la noche, para sumarse a la celebración. Mientras tanto en esa ciudad costera, Gutiérrez, la esperanza de la oposición en los comicios de ayer, se negó a reconocer los boca de urna y pidió a sus simpatizantes que esperen a los resultados oficiales.

Aunque no lo dijo con todas las palabras, el ex presidente derrocado en 2005 por una revuelta popular sugirió posibles irregularidades. “Este es un gobierno que no respeta la ley, la Constitución, que siguió haciendo campaña después de la entrada en vigencia de la veda electoral. Nosotros vamos a seguir luchando”, dijo, enojado y con la cara casi bordó, haciendo juego con su camisa roja, una marca registrada de su campaña.

Pero las advertencias y la renuencia de la oposición a reconocer su derrota apenas sí afectaron el clima de éxtasis de los correístas. “Ahora el gobierno ya no necesita mostrarse conciliador y pedir permiso”, adelantó el director de Flacso Ecuador, Adrián Bonilla. Para el analista, la contundente victoria del gobierno demuestra que aun cuando la oposición se alineó detrás del ex coronel Gutiérrez con un voto útil anti-Correa, el proyecto político del oficialismo fue más fuerte. “Correa no sólo tuvo una campaña publicitaria impecable, sino que además ha sabido cómo llegar a todas las clases sociales, con gasto social e inversión en educación y salud, pero también rompiendo con el viejo sistema político que encarnaban unas pocas familias patricias”, explicó.

Anoche aún no se habían difundido cifras de ausentismo, pero los reportes de los medios locales de las distintas provincias prevén que no fue muy alto. Según los analistas ecuatorianos, cuanta más gente votara mejor le iría al oficialismo. Y así sucedió. Según los boca de urna, Alianza País, el partido gobernante, ya se aseguró 61 de las 124 bancas de la Asamblea Nacional. Aún falta dirimir tres escaños, que estaba muy empatados.

Aún si no consigue los dos que necesita para una mayoría absoluta, su aliado, el Movimiento Popular Democrático, el brazo político de los sindicatos de maestros y estudiantes secundarios y universitarios, le aportará –con negociación de por medio, seguramente– sus siete diputados. La oposición más dura, mientras tanto, quedó totalmente fragmentada. Sociedad Patriótica, el partido de Gutiérrez, será la primera minoría con 23 legisladores, mientras que el Partido Social Cristiano del re-reelegido alcalde de Guayaquil, Jaime Nebot, contará con sólo seis diputados y el Prian del candidato presidencial que quedó tercero con el 10,7 por ciento, el magnate bananero Alvaro Noboa, tendrá apenas cuatro representantes.

Aunque lo más seguro es que el oficialismo no se quede con las principales ciudades del país, sí consiguió algunas victorias clave y algunas sorpresa. Los aliados del presidente conservarán la alcaldía de Quito y la prefectura (gobernación) de esa provincia, Pinchinca. Además, la hermana del presidente, Pierina Correa, excedió las expectativas al quedar a sólo cuatro puntos del favorito a la prefectura de Guayas, el hombre de Gutiérrez, Jimmy Jairala. Guayas, cuya capital es Guayaquil, es la provincia más poblada y rica del país. Nebot, por tercera vez, arrasó en la ciudad costera con el 69 por ciento de los votos.

“Correa no controlará a los gobiernos locales, pero si consigue la mayoría en el Congreso va a tener el suficiente poder como para avanzar en sus reformas”, señaló Bonilla. Esa es la clave. El presidente necesita al Congreso para aprobar todas las leyes orgánicas –de seguridad, salud, educación– para poner en marcha la nueva Constitución nacional que aprobó el año pasado la sociedad ecuatoriana en un referéndum.

La esperanza, finalmente, parece posible en Ecuador. “Creo que está vez vamos a lograrlo”, dijo con los ojos nublados de emoción Enrique Vela, un militante socialista de 87 años que ayer, con bastón y un resfrío, se instaló desde temprano en la sede del oficialismo para festejar.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Argentina considera comentário da CIA "irresponsável"


BUENOS AIRES (Reuters) - A Argentina criticou nesta quinta-feira o diretor da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) por dizer que o país, junto com o Equador e a Venezuela, poderiam ser levados à instabilidade pela crise econômica mundial.

Misturar Argentina com o Equador e a Venezuela, dois países liderados por governos de esquerda, contrários a Washington, aumenta as preocupações de Buenos Aires, onde a presidente Cristina Kirchner tenta evitar que a economia entre em estagnação.

O ministro do Exterior argentino, Jorge Taiana, considerou os comentários feitos em Washington pelo diretor da CIA, Leon Panetta, "infundados e irresponsáveis, especialmente de um órgão que tem uma triste história de intromissão nos assuntos de países da região".

Taiana disse que ele se encontrará na sexta-feira com o embaixador dos EUA no país, Earl Anthony Wayne, para exigir explicações.

(Reportagem de Hugh Bronstein)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Popular, Correa une Equador moderno ao tradicional


Por Frank Jack Daniel

QUITO (Reuters) - O presidente do Equador, Rafael Correa, é um católico devoto e chegou a ser missionário, mas acaba de aprovar uma nova Constituição que garante a união civil de homossexuais e trata dos direitos dos transexuais.

Correa tem uma formação política próxima à esquerda católica, mas com uma importante contribuição da esquerda européia, com a qual ele travou contato há cerca de 20 anos, na época em que estudou na Bélgica, onde também conheceu sua esposa.

Aos 45 anos, foi eleito há dois para governar o Equador, que havia passado por uma década de turbulências políticas e econômicas. No domingo passado, voltou a encontrar a vitória, quando eleitores do Equador, que é filiado à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), aprovaram a nova Constituição, que lhe dá amplos poderes para acelerar a sua "revolução dos cidadãos".

A ponte que ele faz entre o Equador moderno e o tradicional lhe garante o apoio de uma ampla parcela do eleitorado, o que já o torna favorito à reeleição no começo de 2009, apesar de a oposição o acusar de estar se tornando um ditador e afugentando os investidores.

O equilíbrio entre posições aparentemente contraditórias já se tornou uma marca registrada do seu governo. Suas políticas conciliam alguns aspectos do "esquerdismo de mercado" do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com outros mais parecidos com o do venezuelano Hugo Chávez.

Correa tem pavio curto --como já demonstrou ao expulsar um repórter impertinente de um programa de rádio. Críticos e ex-assessores dizem que ele também pode tomar decisões abruptas de grande repercussão, como demitir um ministro das Finanças.

Já suas políticas sociais revelam a influência da Teologia da Libertação, e a oposição dele ao aborto --inclusive ameaçando renunciar caso a prática fosse autorizada na nova Constituição-- contribuiu para atenuar a oposição do clero conservador à nova Carta.

Por outro lado, recebeu apoio de ativistas por promover medidas em prol das minorias. "A comunidade gay e lésbica definitivamente considera que este governo está interessado em fortalecer os direitos civis. Sem dúvida, é um avanço", disse Margarita Camacho, autora de um relatório sobre a situação de travestis e transexuais no país.

A nova Constituição também exige que metade dos candidatos a cargos eletivos sejam mulheres, concede status oficial aos sistemas jurídicos indígenas e descriminaliza o uso de drogas.

ESCOTEIRO E CATÓLICO


Na juventude, Correa cogitou sem padre, criou um grupo de escotismo e trabalhou durante um ano numa aldeia indígena no miserável altiplano equatoriano, experiência que segundo amigos foi definitiva em sua vida.

"Expor-se à pobreza extrema da vida camponesa, a pessoas completamente abandonadas pelo Estado, foi completamente importante para ele", disse Homero Rendon, colega de Correa no escotismo durante a infância, hoje assessor do governo.

Em 1989, militando na política estudantil, Correa concluiu seu mestrado em economia numa universidade católica belga, onde assistiu à queda do Muro de Berlim em meio ao ambiente de discussões políticas com colegas de todo o mundo.

"Esta visão distinta de um mundo tolerante, com respeito pela natureza, pelos direitos humanos, por grupos como os idosos, isso foi produto da formação que o presidente teve na Europa", disse Washington Pesantez, que foi colega de Correa na Bélgica.

Apesar de tratar os investidores com dureza, Correa critica também a "infantilidade" dos esquerdistas mais radicais no governo, que pregam a moratória da dívida, restrições na mineração e nacionalização do petróleo.

Ele diz que o petróleo e os garimpos equatorianos precisam de investimentos, mas que é preciso garantir uma parte mais generosa para o investimento em programas sociais.

"A visão do presidente é de um socialismo moderno. Conforme vejo, perto da social-democracia", disse Pesantez, hoje procurador-geral do país, enquanto faz rabiscos com uma caneta Mont Blanc.

SWISSINFO

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Fortalecido, Correa 'buscará hegemonia parlamentar'

Quito, Capital do Equador:

Claudia Jardim
De Caracas para a BBC Brasil

Com a vitória no referendo deste domingo, o presidente do Equador, Rafael Correa, fortalece seu poder na Presidência e abrirá caminho para a consolidação de uma hegemonia no Parlamento, na opinião de analistas ouvidos pela BBC Brasil.

"A maioria parlamentar é o que permitirá ao presidente aplicar a Constituição e seu projeto de governo", afirmou Milton Benitez, professor de Ciências Políticas da Universidade Católica do Equador.

"O desafio será criar condições para um novo modelo político no qual a participação cidadã e a democracia sejam efetivos", acrescentou.

Ao anunciar a vitória, na cidade de Guayaquil, Correa disse que "o Equador decidiu um novo país, as velhas estruturas foram derrotadas".

Os resultados das pesquisas de boca-de-urna do domingo indicavam que a nova Constituição do país foi aprovada com cerca de 70% dos votos.

O mandatário equatoriano aposta na mudança do modelo econômico, previsto na nova Constituição, para alterar o projeto neoliberal implementado nas últimas décadas e sentar as bases de seu projeto socialista.

Transição

Para a conformação da nova estrutura institucional será constituído o "Congresillo", uma espécie de Parlamento transitório, que assumirá as funções do legislativo durante os próximos seis meses e nomeará os representantes do Judiciário e demais organismos do Estado.

O passo seguinte será a realização de eleições para cerca de três mil novos cargos públicos entre governadores, prefeitos, deputados e o presidente da República.

Com índices de popularidade de cerca de 70%, o líder equatoriano não deve enfrentar dificuldades para ser novamente eleito.

"Os eleitores equatorianos, como a maioria dos latino-americanos, não votam por projetos, votam por pessoas. Enquanto a imagem do presidente continuar sendo forte e popular, continuará tendo respaldo", afirmou Adrían Bonilla, diretor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais no Equador.

A Constituição aprovada prevê, entre outras mudanças, a reeleição presidencial, o que permitiria a Correa se candidatar a um novo período e governar até 2017.

Na opinião de Milton Benitez, sem aparente dificuldade para vencer as eleições de fevereiro de 2009, Correa apostará "todo o capital político" para que sua base aliada ocupe a maioria das cadeiras do Congresso, que a partir de agora se chamará Assembléia.

Superpoderes

Para o ex-presidente Lúcio Gutierrez, o período de transição regulado pelo "Congresillo" limitará as possibilidades para que a oposição participe em condições de igualdade nas próximas eleições.

"O Congresillo será controlado pelo partido de Correa (Aliança País) e eles controlarão todos os poderes do Estado neste período de transição", afirmou Gutierrez à BBC Brasil.

Gutierrez, que foi derrotado em 2005 e inabilitado politicamente, disse que seu partido, Sociedade Patriótica, "está pronto" para concorrer às próximas eleições.

Na avaliação do analista Adrían Bonilla, um dos fatores fundamentais que levaram ao fortalecimento do poder de Correa é a falta de "credibilidade" dos partidos tradicionais.

Na sua opinião, a campanha realizada pela oposição durante o referendo manifestou um discurso "retrógrado, com poucas projeções à um regime político de caráter democrático".

"Agora a oposição está fora do jogo e em cinco meses (de campanha eleitoral) será muito difícil que revertam essa tendência", acrescentou o analista.

Analistas políticos concordam que o atual prefeito de Guayaquil, Jaime Nebot, seria o único opositor representante a "velha política" capaz de fazer frente ao governo Federal.

Nebot advertiu a Correa que fará com que o governo respeite o direito de autonomia da cidade que governa e ameaçou, na véspera do referendo, não concorrer às novas eleições se o "sim" saísse vitorioso.

Para Bonilla, se a nova Assembléia for conformada por uma presença majoritária de partidários do presidente, a fiscalização e o controle da gestão pública poderiam ser coibidos. No entanto, ele ponderou que este problema seria de caráter eleitoral e não institucional.

"Sem oposição no Parlamento, o governo poderá ter pouco equilíbrio e controles durante a gestão, mas não por causa da nova estrutura institucional, e sim devido à opção eleitoral dos equatorianos", afirmou o analista político.

Desafios

Uma das tarefas do legislativo a partir de agora será criar as normas jurídicas para que as mudanças propostas na Constituição saiam do papel.

Quanto às prioridades que serão estabelecidas na nova gestão do governo, a receita proveniente do petróleo é o que tende a estabelecer como e quanto avançar.

"Se os preços do petróleo se mantêm estáveis haverá orçamento para incrementar o gasto social e avançar as outras propostas, caso contrário, Correa terá dificuldades para cumprir suas promessas", afirmou Bonilla.

Cerca de 50% do orçamento do Estado equatoriano provém do petróleo e o setor responde por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Na opinião do analista Milton Benitez, virá um período de "turbulência" na composição da base governista, o que poderia dar origem a novos grupos de oposição que poderiam estar à esquerda do partido de governo Aliança País.

"A vitória no referendo dá fim a uma época pouco democrática e de crise institucional. A partir de agora, os grupos políticos começarão a disputar essa nova composição política da sociedade", avaliou Benitez.

Os equatorianos aprovaram a 20ª Constituição da história do país, desde que foi fundado como República em 1830.