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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Há um trem cruzando o céu do Brasil, tudo bem?


Saul Leblon

Se faltava a cena final do filme a ser feito sobre o duplo desastre do colapso neoliberal, tratado com doses adicionais do próprio veneno, a Real Academia Sueca de Ciências cuidou de providenciá-lo.

Cinco anos após a explosão da bolha imobiliária nos EUA , ela concedeu o Nobel de economia a pesquisas que afrontam as evidências da desordem em curso.

Com graus variados de ênfase, os três economistas laureados –os americanos Eugene Fama e Lars Peter Hansen e Robert J.Shiller—filiam-se à escola dos mercados racionais.

Intrinsecamente racionais. E esse advérbio de modo tem consequências políticas.

Se há serenidade na loucura, como preconiza o trio, dispensa-se o manicômio das cautelas externas correspondentes.

Sobretudo, aquelas expressas em protocolos de regulação das finanças pelo Estado, em defesa do interesse público. E do desenvolvimento.

Há um trem cruzando o céu do mundo nesse momento.

Chegará a bom termo, asseguram os arautos das expectativas racionais.

Os passageiros tem todas as informações disponíveis; saberão fazer as melhores escolhas de pouso e decolagem.

Dispensa-se o anacrônico trilho estatal.

O comboio poderá rugir e urrar em alguns momentos, mas no longo prazo a lógica racional se impõe.

Cabe a ela ordenar com eficiência os preços dos ‘ativos’( ações, títulos, imóveis ou outros valores), fatiados e pasteurizados para a precificação diante de seu denominador comum: o juro.

A Real Academia bem que tentou se precaver das críticas temperando o prêmio com uma pitada de alerta para o perigo das ‘bolhas’.

Prevê-las é uma especialidade do laureado Robert Shiller, cujos modelos anteciparam o estouro da roleta imobiliária nos EUA.

O ponto, porém, é que o trio, com nuances de tonalidades, endossa a existência de uma dinâmica intrinsecamente racional que ordena os mercados financeiros. E deles se irradia para o restante da economia e da sociedade.

O 15 de setembro de 2008, com o colapso do Lehman Brothers; as falências em cadeia nos EUA e alhures; os US$ 3,8 trilhões em resgates públicos; os US$ 25 trilhões de perdas para os detentores de ações; os pilantras dos grandes bancos vendendo títulos podres aos próprios clientes, ademais do preço social cobrado, na forma de 30 milhões de desempregados na Europa, o ressurgimento da xenofobia e do fascismo, enfim, tudo isso e muito mais, fica debitado a fatores externos à roleta.

São pequenas refregas na sólida arbitragem diuturna da riqueza fictícia.

Nada que possa macular um organismo devidamente regenerado pela ‘purga’ de suas excrescências.

Caso dos viciados em jogatina, por exemplo. Como Bernard Madoff.

Ou os hipotecólatras.

Devidamente punidos com a perda da casa e, frequentemente, do emprego também.

Ademais das nações indolentes. Que se empanturraram do crédito incompatível com os seus fundamentos

Restituído agora em espécie, com o escalpo da velhice, a fuga dos jovens e o sacrifício do futuro de suas crianças.

É forçoso observar: se os mercados não fossem ‘racionais’, como asseguram os laureados pela academia sueca, como exercer a ferro e fogo a ‘purga’ em curso?

Como o Tea Party republicano poderia evocar ‘equilíbrio’ orçamentário, depois de uma dívida de US$ 18,6 trilhões, robustecida justamente no resgate dos ditos mercados... racionais?

Como Marina Silva pontificaria sua adesão religiosa ao ‘tripé’ e ao Banco Central ‘independente’?

O espinho na garganta da teoria é a danada da realidade.

Por exemplo. Entre 1959 e 2003, segundo o FMI, a solidez ‘racional’ dos mercados financeiros foi abalada por nada menos que 52 episódios de desmoronamentos prolongados de preços de ações.

Debacles recorrentes, extremas e espalhadas por duas dezenas de economias.

Como corroborar a ideia de uma racionalidade imanente a ordenar os preços de uma derrocada regular?

Os dados e a experiência vivida sugerem que se que se trata de um estelionato classificar as bolhas especulativas como aberrações externas às finanças desreguladas.

Elas são intrínsecas à volatilidade financeira e não há nisso juízo moral.

Trata-se de uma característica estrutural.

Estamos falando de um ambiente especulativo imantado de incerteza porque desprovido de qualquer fundamento real de valor que balize seus preços.

Exceto a luta de todos contra todos para maximizar resultados.

A lógica autopropelida gerou 1929. E explica 2008.

A prevalecer a teoria premiada pela academia sueca, não terá sido a última vez.

Os impulsos se mantém intactos.

Um ciclo de fastígio do crédito alavanca as compras de ativos. O valor da papelama traça espirais ascendentes.

Quando o alvoroço especulativo reduz a demanda por títulos abusivos e provoca o aumento do custo financeiro, quem precisar de crédito para continuar jogando sofre um cavalo de pau.

O resto é sabido.

Chega a hora da ‘purga’ , aquela que vai higienizar a ‘racionalidade’ de suas aberrações pontuais.

A economia mundial vive há cinco anos sob esse regime de lacto purga.

O processo denominado ‘deflação de ativos’ invade as economias em desenvolvimento pelo canal dos preços das commotidies. E ajusta seu torniquete elevando os custos de captação de recursos para financiar o crescimento.

É nesse quadro que a ex-senadora Marina Silva vem expor a sua adesão ao superávit fiscal ‘cheio’.

Lépida e indiferente à complexidade das obrigações de um Estado democrático, de resistir à internalização da ‘purga’ que excreta emprego , direitos sociais e ameaça a própria democracia.

Há aparência de loucura nisso?

Mas é pura luta de classes. Travada na esfera onde os detentores da riqueza cobram em juros seu avocado direito sobre um pedaço do Brasil real.

E o fazem sem trégua. Sobretudo vitaminados pelo ciclo eleitoral.

Diariamente a fatura é atualizada. E o valor de cada fatia é confrontado com o de outras possibilidades . Mais suculentas, materializáveis no presente ou no futuro; aqui ou alhures.

Volatilidade e turbulência são inescapáveis ao processo.

É nesses piquetes mutantes que as manadas cegas pela incerteza, o medo e a usura se escoiceiam a postular mais juros, superávit fiscal e ‘câmbio livre’ .

De um lado, querem garantia de ração gorda.

De outro, a porteira aberta para o cassino global e o caminho desimpedido à fuga, em caso de combustão do pasto nativo.

O Nobel laureou quem enxerga nessa maçaroca alvoroçada a manifestação superior de uma racionalidade autorregulável.

O figurino, visivelmente, não dá conta de vestir o mundo e a luta pelo desenvolvimento nos dias que correm.

Há um trem cruzando o céu do Brasil nesse momento... tudo bem?

‘Chegará a bom termo’, responde o econeoliberalismo. "Basta que respeitemos as suas asas".

Carta Maior

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A SAGA DO MILITAR QUE DESERTOU

Uppsala

Militar que desertou conta como passou 28 anos escondido


No auge da Guerra Fria, o americano David Hemler desertou o posto que ocupava em uma base aérea na Alemanha. Ele passou 28 anos na lista dos mais procurados da Força Aérea dos Estados Unidos.

Quase três décadas mais tarde, sem poder tolerar as saudades da família, Hemler, hoje cidadão sueco, revelou ao mundo sua verdadeira identidade e entrou em contato os irmãos e pais nos Estados Unidos.

Em agosto último, ele foi visitado, na Suécia, pelos pais e irmão, mas corre o risco de ficar até 30 anos na cadeia se puser os pés nos Estados Unidos.

Guerra Fria

Em 1984, o governo do então presidente americano Ronald Reagan instalou mísseis Pershing II na Alemanha Ocidental. David Hemler, na época com 21 anos de idade, trabalhava como especialista em línguas na base americana de Augsburg, na Bavária, Alemanha.

No entanto, Hemler não estava feliz. Ele procurou seu supervisor e pediu para ser dispensado, declarando que havia se tornado um pacifista.

- Eu não achava que ser um pacifista queria dizer que eu estava sofrendo de uma doença mental. Mas eu andava mal – contou.

- À noite, ficava acordado pensando e não conseguia dormir. Também tinha dificuldade para comer, havia até desmaiado algumas vezes.

A Força Aérea não dispensou Hemler. Em vez disso, ele perdeu seu posto secreto e foi ordenado a trabalhar na limpeza da base.

Após um ano limpando o chão, Hemler percebeu que a Força Aérea não o dispensaria facilmente. Estava muito difícil. Eu tinha completado três anos (de serviço) e tinha mais três para cumprir.

Então, Hemler começou a considerar a possibilidade de “se ausentar sem permissão”. No jargão militar, isso significa deixar seu dever sem permissão oficial, porém sem a intenção de desertar.

- Eu estava me sentindo tão mal, precisava sair dali. Seria como um pedido de ajuda, para que as pessoas entendessem que eu não estava me sentindo lá muito bem.

Suécia

Mas as coisas acabaram acontecendo de maneira diferente. Hemler decidiu ir para a Suécia. Ele já havia estado lá antes e acreditava que o país tinha acolhido soldados americanos que haviam desertado durante a Guerra do Vietnâ.

Ao chegar, adotou o nome de Hans Schwarz e disse que era filho de viajantes que tinham vivido em 35 países diferentes.

A polícia sueca ficou desconfiada e queria deportá-lo. Sabiam, por seu sotaque, que Hemler vinha do leste dos Estados Unidos. “Mas ninguém sabia para onde me mandar”, ele contou. “Eu disse que tinha nascido na Suíça”.

Em vez de mantê-lo na prisão, sem provas suficientes sobre a origem de Hemler, as autoridades suecas optaram por libertá-lo. Um ano e meio mais tarde, ele obteve permissão para viver permanentemente na Suécia.

Ainda assim, Hemler vivia com medo. Sabia que seu direito de residir no país se baseava em uma identidade falsa e que os Estados Unidos procuravam por ele. “Toda vez que ouvia um carro de polícia à distância, achava que estava vindo me pegar”.

A Força Aérea dos Estados Unidos colocou o nome de Hemler na lista dos seus dez mais procurados fugitivos, segundo ele, ao lado de assassinos e estupradores.

Sua foto era atualizada regularmente no site da Força Aérea e só foi retirada há algumas semanas. Para evitar ser capturado, Hemler aprendeu sueco e disfarçou sua aparência. Deixou o cabelo crescer até os ombros e parou de fazer a barba.

Ele teve vários empregos, entre eles, o de enfermeiro, trabalhando em um lar para idosos.

Depois, foi para a Universidade, onde estudou estatística. Hoje, Hemler trabalha para um órgão do governo britânico na cidade de Uppsala.

Identidade Secreta

Em 28 anos, Hemler não revelou sua identidade a ninguém, nem à sua primeira namorada na Suécia, com quem teve uma filha, nem à mulher com quem se casou e com quem teve mais dois filhos.

Hemler tampouco podia correr o risco de entrar em contato seus pais. “Eu tinha medo de que, se tentasse contato com meus pais, seria deportado e nunca mais veria minha filha”.

Ele teve de fazer a difícil escolha entre manter o contato com a filha ou com seus pais. E escolheu a filha. Mas quando a filha mais velha cresceu, Hemler não conseguiu mais suportar a separação entre ele e os pais. “Eu já tinha esperado tempo demais e eles haviam esperado muito tempo por mim”.

Quando tentou telefonar para os pais, não conseguiu encontrá-los. Então, no dia 16 de maio de 2012, telefonou para uma tia. Seu sotaque sueco despertou suspeitas. No final, Hemler teve de falar com o irmão para provar sua identidade.

O irmão fez perguntas sobre a infância de Hemler no leste da Pennsylvania. “Ele perguntou o nome da nossa tartaruga”. Hemler acertou a resposta. “Meu irmão ficou muito feliz, claro”, contou Hemler. “Ele ficou excitado e começou a contar todas as notícias da família nos últimos 30 anos. Foi maravilhoso falar com ele”.

Depois, veio a primeira conversa com os pais. “Esperava que todos estivessem com raiva de mim e merecia ser repreendido, mas todos estavam tão felizes por eu estar de volta, sequer pediram uma explicação. Estavam felizes só em saber que eu estava vivo e bem.”

Restava agora contar a verdade à esposa. “No início, ela não sabia no que acreditar. Então mostrei a minha foto em um dos sites de investigações dos dez mais procurados da Força Aérea.”

Hemler disse que a esposa, de ascendência sueca e tailandesa, não se sente traída e entende a razão pela qual ele teve de fingir ser Hans Schwarz.

Ela espera que ele possa, em breve, viajar para a Tailândia para encontrar a família dela lá.

Quase três décadas mais tarde, Hemler finalmente encontrou os pais, irmão, cunhada e sobrinhos, que viajaram para a Suécia para uma visita de duas semanas em agosto.

Hoje cidadão sueco, ouviu de seus advogados que há poucas chances de ele ser extraditado. Mas não pode visitar sua terra natal. Ele confessou que apesar de ter se casado e ter tido filhos na Suécia, lamenta ter desertado.

- Foi um processo gradual. Acabei me colocando em uma situação da qual não consegui mais sair. E disse à BBC Brasil que gostaria de iniciar um diálogo com a Força Aérea americana.

- Estou esperando para ver se a Força Aérea vai entrar em contato com o Ministério da Justiça (da Suécia) para que nos encontremos e (para que a FA) faça seu interrogatório em solo sueco.

Hemler disse que não ousaria ir à base da FA americana na Alemanha porque um porta-voz da FA disse à imprensa sueca que ele poderia ser sentenciado a 30 anos de prisão.

- Eu não entendo a razão pela qual fui incluído na lista dos oito mais procurados fugitivos e tenho muito medo de que esteja sob suspeita de ter feito algo que não fiz.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

“Por que defendemos o Wikileaks e Assange”

Fonte desta imagem AQUI.

Se Assange for extraditado para os Estados Unidos, as consequência repercutirão por anos, em todo o mundo. Assange não é cidadão norte americano, e nenhuma de suas ações aconteceu em solo norte americano. Se Washington puder processar um jornalista nessas circunstâncias, os governos da Rússia ou da China poderão, pela mesma lógica, exigir que repórteres estrangeiros em qualquer lugar do mundo sejam extraditados por violar as suas leis. O artigo é de Michael Moore e Oliver Stone.

Passamos as nossas carreiras de cineastas sustentando que os media norte-americana são frequentemente incapazes de informar os cidadãos sobre as piores ações do nosso governo. Portanto, ficamos profundamente gratos pelas realizações do WikiLeaks, e aplaudimos a decisão do Equador de garantir asilo diplomático a seu fundador, Julian Assange – que agora vive na embaixada equatoriana em Londres.

O Equador agiu de acordo com importantes princípios dos direitos humanos internacionais. E nada poderia demonstrar quão apropriada foi a sua ação quanto a ameaça do governo britânico, de violar um princípio sagrado das relações diplomáticas e invadir a embaixada para prender Assange.

Desde sua fundação, o WikiLeaks revelou documentos como o filme “Assassinato Colateral”, que mostra a matança aparentemente indiscriminada de civis de Bagda por um helicóptero Apache, dos Estados Unidos; além de detalhes minuciosos sobre a face verdadeira das guerras contra o Iraque e Afeganistão; a conspiração entre os Estados Unidos e a ditadura do Iemen, para esconder a nossa responsabilidade sobre os bombardeios no país; a pressão do governo Obama para que outras nações não processem, por tortura, oficiais da era-Bush; e muito mais.

Como era de prever, foi feroz a resposta daqueles que preferem que os norte-americanos não saibam dessas coisas. Líderes dos dois partidos chamaram Assange de “terrorista tecnológico”. E a senadora Dianne Feinstein, democrata da Califórnia que lidera o Comitê do Senado sobre Inteligência, exigiu que ele fosse processado pela Lei de Espionagem. A maioria dos norte-americanos, britânicos e suecos não sabe que a Suécia não acusou formalmente Assange por nenhum crime. Ao invés disso, emitiu um mandado de prisão para interrogá-lo sobre as acusações de agressão sexual em 2010.

Todas essas acusações devem ser cuidadosamente investigadas antes que Assange vá para um país que o tire do alcance do sistema judiciário sueco. Mas são os governos britânico e sueco que atrapalham a investigação, não Assange.

As autoridades suecas sempre viajaram para outros países para fazer interrogatórios quando necessário, e o fundador do WikiLeaks deixou clara a sua disposição de ser interrogado em Londres. Além disso, o governo equatoriano fez uma oferta direta à Suécia, permitindo que Assange seja interrogado dentro de sua embaixada em Londres. Estocolmo recusou as duas propostas.

Assange também se comprometeu a viajar para a Suécia imediatamente, caso o governo sueco garanta que não irá extraditá-lo para os Estados Unidos. As autoridades suecas não mostraram interesse em explorar essa proposta, e o ministro de Relações Exteriores, Carl Bildt, declarou inequivocamente a um consultor jurídico de Assange e do WikiLeaks que a Suécia não vai oferecer essa garantia. O governo britânico também teria, de acordo com tratados internacionais, o direito de prevenir a reextradição de Assange da Suécia para os Estados Unidos, mas recusou-se igualmente a garantir que usaria esse poder. As tentativas do Equador para facilitar esse acordo entre os dois governos foram rejeitadas.

Em conjunto, as ações dos governos britânico e sueco sugerem que sua agenda real é levar Assange à Suécia. Por conta de tratados e outras considerações, ele provavelmente poderia ser mais facilmente extraditado de lá para os Estados Unidos. Assange tem todas as razões para temer esses desdobramentos. O Departamento de Justiça recentemente confirmou que continua a investigar o WikiLeaks, e os documentos do governo australiano de fevereiro passado, recém-divulgados afirmam que “a investigação dos Estados Unidos sobre a possível conduta criminal de Assange está em curso há mais de um ano”. O próprio WikiLeaks publicou emails da Stratfor, uma corporação privada de inteligência, segundo os quais um júri já ouviu uma acusação sigilosa contra Assange. E a história indica que a Suécia iria ceder a qualquer pressão dos Estados Unidos para entregar Assange. Em 2001, o governo sueco entregou à CIA dois egípcios que pediam asilo. A agência norte-americana entregou-os ao regime de Mubarak, que os torturou.

Se Assange for extraditado para os Estados Unidos, as consequência repercutirão por anos, em todo o mundo. Assange não é cidadão norte americano, e nenhuma de suas ações aconteceu em solo norte americano. Se Washington puder processar um jornalista nessas circunstâncias, os governos da Rússia ou da China poderão, pela mesma lógica, exigir que repórteres estrangeiros em qualquer lugar do mundo sejam extraditados por violar as suas leis. Criar esse precedente deveria preocupar profundamente a todos, admiradores do WikiLeaks ou não.

Invocamos os povos britânico e sueco a exigir que os seus governos respondam a algumas questões básicas. Por que razão as autoridades suecas se recusam a interrogar Assange em Londres? E por que nenhum dos dois governos pode prometer que Assange não será extraditado para os Estados Unidos? Os cidadãos britânicos e suecos têm uma rara oportunidade de tomar uma posição pela liberdade de expressão, em nome de todo o mundo.

(*) Artigo publicado originalmente em português em Outras Palavras.

Tradução: Daniela Frabasile

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Coelhos são queimados para gerar biocombustível


Coelhos estão sendo usados como matéria-prima para a produção de biocombustível para o aquecimento de casas na Suécia.

Os corpos de milhares de coelhos são queimados em uma usina de geração de energia na região central da Suécia.

Os animais vem da capital sueca, Estocolmo. A Prefeitura mata milhares de coelhos anualmente para proteger parques e campos na cidade.

As espécies de coelhos não são nativas da Suécia. De acordo com as autoridades, os coelhos sujam muitos dos espaços verdes da capital.

Como não há animais predadores de coelhos em Estocolmo, a Prefeitura contrata caçadores para matá-los.

Leia mais AQUI.

domingo, 8 de março de 2009

Manifestantes protestam contra Israel em jogo de tênis na Suécia


MALMO, Suécia (Reuters) - Manifestantes contrários a Israel enfrentaram a polícia durante as partidas do confronto de Israel e Suécia pela Copa Davis, realizado neste sábado, mas não conseguiram furar o bloqueio.

Devido às preocupações de segurança, a disputa entre os dois países está sendo feita num estádio vazio na cidade portuária de Malmo, que tem uma grande população imigrante.

Centenas de militantes esquerdistas, carregando faixas contra Israel, se juntaram a cerca de 5 mil pessoas que se manifestavam a favor da Palestina. Cerca de 200 dos militantes começaram a provocar os policiais atirando pedras, fogos de artifício e bombas de tinta, afirmaram testemunhas, apesar dos organizadores do protesto pedirem para que não houvesse violência contra as autoridades.

A polícia afirmou detido mais de 100 manifestantes, a maioria solta após terem suas identidades checadas.

Malmo, que é a terceira maior cidade da Suécia e governada por uma coalizão de centro-esquerda, foi muito criticada pela Federação Internacional de Tênis e pelos jogadores israelenses por sua decisão de fechar o estádio dos jogos ao público.

Cerca de mil policiais fizeram um cordão de isolamento em volta do estádio para impedir protestos próximos ao local das partidas.

A Suécia lidera do confronto contra Israel por 2 x 1, depois que Robert Lindstedt e Simon Aspelin venceram a partida de duplas contra Andy Ram e Amir Hadad. O confronto será decidido neste domingo.

As tensões entre Israel e seus vizinhos árabes aumentaram depois da ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, iniciada em 27 de dezembro passado e que matou cerca de 1.300 palestinos e 14 israelenses na região.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Suecos reclamam de discriminação na oferta de acessórios eróticos

Apoteket:

Claudia Varejão Wallin
De Estocolmo para a BBC Brasil

Dois suecos apresentaram uma queixa formal de discriminação contra a empresa que detém o monopólio das farmácias no país, alegando que os acessórios eróticos à venda nas lojas são dirigidos mais às mulheres do que aos homens.

A Apoteket, estatal que detém o monopólio das farmácias na Suécia, começou a vender acessórios eróticos há poucos meses. A oferta atraiu os clientes e a empresa registrou vendas semanais de mais de mil vibradores e pênis de borracha.

No entanto, os homens argumentam que a oferta de brinquedos eróticos da Apoteket está privilegiando as mulheres e reclamam de discriminação.

O caso foi levado por dois homens ao Ombudsman de Oportunidades Iguais - autoridade responsável por questões de discriminação na Suécia.

Na queixa, consta que a seleção de produtos eróticos da Apoteket demonstra "uma visão falsa e distorcida da sexualidade, segundo a qual uma mulher que utiliza um vibrador é considerada liberada, forte e independente, ao passo que um homem que usa uma vagina de plástico inflável é visto como um ser repugnante e pervertido".

Defesa

A gerente de produtos da Apoteket, Eva Fernwall, foi obrigada a fazer uma defesa pública da sua escolha de acessórios eróticos. Em um comunicado publicado no jornal Expressen, ela argumentou que não existem muitos produtos de boa qualidade para homens no mercado.

"Se houvesse [produtos de qualidade], nada nos impediria de vendê-los", disse a gerente.

O Ombudsman anunciou de imediato o veredicto de uma das queixas apresentadas, afirmando que não se trata de um caso de discriminação contra os homens.

"Os produtos da Apoteket estão disponíveis para homens e mulheres, e, portanto, a Apoteket não está violando a lei contra a discriminação sexual", diz o veredicto.

Guerra dos sexos

Apesar da aparente perda na tentativa de reclamar contra a discriminação, a luta dos homens por igualdade na Suécia já acumula algumas vitórias.

As mulheres perderam o privilégio de contar com tarifas preferenciais em agências de relacionamento e nos salões de beleza da Suécia depois de protestos realizados pelo sexo oposto. Agora, homens e mulheres pagam o mesmo preço pelos serviços.

As manifestações masculinas derrubaram também os preços especiais oferecidos às mulheres pelas empresas de táxi. As tarifas dos chamados "taxi-tjej" (táxi-garota, em tradução literal) haviam sido criadas para incentivar as mulheres a viajarem com segurança para casa durante a noite, na saída dos bares e clubes noturnos.

Nesses mesmos bares e clubes, a idade mínima para entrada de homens e mulheres (18 anos) também passou a ser a mesma depois de protestos. Antes, os bares noturnos permitiam a entrada de mulheres mais jovens para atrair a clientela masculina, mas barravam os homens da mesma idade.

Na semana passada, os guardas de uma penitenciária realizaram um protesto contra a norma que determina que pelo menos um guarda do sexo masculino tenha que estar presente no pátio durante o horário de banho de sol dos prisioneiros - o que, segundo eles, proporciona esquemas de folga privilegiados para as mulheres.

Aproveitando a onda reivindicatória, um casal de lésbicas que tentava ter um filho através de inseminação artificial também decidiu entrar na Justiça.

Após ser submetida a três tentativas sem sucesso, uma delas exigiu que a companheira também tivesse o direito de tentar a inseminação.

No entanto, o pedido foi negado pelo juiz com o argumento que um casal heterossexual não teria a mesma oportunidade de realizar uma dupla tentativa, uma vez que homens não podem engravidar.

Desigualdade

Apesar da crescente rebelião masculina, as mulheres suecas afirmam que os homens continuam tendo mais vantagens nas questões consideradas mais fundamentais.

O movimento feminista conquistou, na Suécia, um dos maiores níveis de igualdade de gênero do mundo. No entanto, estatísticas governamentais apontam que as mulheres ganham em média 84% do salário pago aos homens.

Um estudo divulgado esta semana pelo banco sueco Länsförsäkringar Bank indica ainda que o valor da aposentadoria das mulheres é, em média, de 80% a 90% do valor pago aos aposentados do sexo masculino.

O economista Göran Normann, autor do estudo, acredita que a única maneira de criar maior igualdade entre os sexos é fazer com que os homens ofereçam algum tipo de compensação às parceiras.

"O homem deveria dar parte da sua aposentadoria à mulher", recomenda o economista.