segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Israel quer deixar Gaza 'o mais rapidamente', diz Olmert


O primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert afirmou que quer que os soldados israelenses saiam da Faixa de Gaza "o mais rapidamente possível".

"Não queremos conquistar Gaza. Não queremos ficar em Gaza. Estamos interessados em sair de Gaza na maior rapidez possível", disse Olmert.

A declaração foi feita em Jerusalém neste domingo em uma reunião com líderes europeus que viajaram até o Oriente Médio para apoiar o cessar-fogo unilateral declarado pelo governo de Israel e, em seguida, pelo Hamas depois de 22 dias de conflito na Faixa de Gaza.

O líder do Hamas na Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh, afirmou por sua vez que o que ocorreu foi uma grande vitória, "com a contribuição dos valentes filhos de nosso povo".

"A decisão das facções de resistência de declarar um cessar-fogo em Gaza para a retirada completa do Exército inimigo provou que a resistência foi sábia e responsável."

Haniyeh também falou da necessidade de "preparar o clima para um diálogo bem sucedido" e destacou que o Exército israelense precisa sair completamente da Faixa de Gaza e as fronteiras precisam ser reabertas.

Uma semana

O cessar-fogo declarado pelo Hamas neste domingo foi de uma semana e o anúncio foi feito horas depois de o governo israelense declarar trégua unilateral em Gaza.

O grupo disse que suspenderá o lançamento de foguetes e deu a Israel sete dias para retirar suas tropas do território palestino.

O vice-líder do Hamas na Síria, Moussa Abou Marzouk, disse que o grupo exige "a retirada das forças inimigas do território em uma semana, com a reabertura de todas as fronteiras para facilitar o envio de ajuda humanitária, comida e todas as necessidades para o nosso povo."

As forças de segurança israelenses informaram que uma retirada gradativa dos soldados que estão na Faixa de Gaza já começou.

O correspondente da BBC Paul Wood conseguiu entrar na Faixa de Gaza pelo norte, pela passagem de Erez. Ele participou do primeiro grupo de jornalistas que conseguiu acesso independente ao território a partir de Israel.

Segundo Wood a cidade de Beit Lahiya foi onde ele viu os primeiros sinais de destruição real, ruas destruídas pela artilharia pesada israelense, carros virados para cima, um lago de esgoto sem tratamento na rua e uma mesquita queimada e em ruínas.

Autoridades do Hamas paralisaram a filmagem da BBC em um local onde corpos ainda estavam sendo retirados, o que poderia ser um sinal de que poderia existir algum alvo militar nas proximidades, de acordo com Wood.

Egito

Chefes de estado da Europa foram ao Egito no domingo para uma reunião, da qual também participaram o líder palestino Mahmoud Abbas e o secretário-geral da ONU, para discutir como instaurar uma trégua permanente na região.

O presidente egípcio e anfitrião do encontro, Hosni Mubarak, destacou a importância de um acordo duradouro de cessar-fogo.

"Temos que garantir o comprometimento com o cessar-fogo e a retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza. Temos que trabalhar para apoiar a trégua, abrir as passagens (na fronteira) e suspender o cerco", afirmou.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse logo depois da reunião que vai enviar uma equipe para avaliar as necessidades dos civis do território palestino.

"Dentro de dez dias creio que poderemos fazer um relatório de avaliação e vamos enviar ajuda humanitária com urgência", disse.

Trégua em Israel

A trégua unilateral declarada por Israel entrou em vigor nas primeiras horas da manhã de domingo, mas foi rompida horas depois, quando tropas israelenses retaliaram ataques com foguetes realizados pelo Hamas.

Segundo fontes israelenses, 18 foguetes palestinos atingiram o território de Israel neste domingo provocando retaliação. Um deles atingiu uma casa em Ashdod ferindo duas pessoas levemente.

Médicos em Gaza dizem que, desde que Israel paralisou sua ofensiva, pelo menos 95 corpos foram retirados de escombros de prédios e casas destruídos durante três semanas dos ataques.

Fontes dos serviços de saúde palestinos dizem que pelo menos 1.300 pessoas morreram e 5,1 mil ficaram feridas desde o início dos confrontos, em 27 de dezembro.

Do lado israelense, 13 pessoas morreram, sendo três delas civis, segundo o Exército do país.

O correspondente da BBC Christian Fraser, que está em Rafah, perto da fronteira entre Gaza e o Egito, afirma que muitas das 40 mil pessoas que fugiram da cidade durante o conflito estão voltando neste domingo para tentar resgatar alguns objetos das ruínas de suas casas.

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