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domingo, 15 de março de 2015

HISTÓRIA EXTRAORDINÁRIA *


http://www.joannaseikalyartgallery.com/wp-content/gallery/mansour-el-habre/Football_acrylic2010_50x60cm.jpg


No verão de 1942, a Ucrânia é administrada pelos nazistas com a brutalidade que os caracteriza. No entanto, os alemães quiseram organizar partidas de futebol entre os diferentes países ocupados ou satelitizados no Leste. E eis que uma equipe logo de distingue, acumulando vitórias contra seus adversários romenos ou húngaros: o FC Start, montado às pressas a partir da ossatura do defunto Dínamo de Kiev, proibido desde o início da ocupação, mas cujos jogadores foram chamados de volta para a ocasião.

A notícia dos sucessos dessa equipe chega aos alemães, que decidem organizar uma partida de prestígio em Kiev, entre a equipe local e a equipe da Luftwaffe. Os jogadores ucranianos são obrigados, no momento da apresentação das equipes, a fazer a saudação nazista.

No dia da partida, as duas equipes entram no estádio, lotado, e os jogadores alemães estendem o braço, gritando: "Heil Hitler!". Os ucranianos também estendem o braço, por certo para a decepção do público que, evidentemente, vê na partida a ocasião de uma demonstração de resistência simbólica ao invasor. Mas, em vez de pontuarem seu gesto com o "Heil Hitler" convencionado, os jogadores fecham o punho, dobram o braço sobre o peito e gritam: "Viva a cultura física!". O slogan, impregnado de conotação soviética, faz o público delirar.

Mal iniciada a partida, um atacante ucraniano tem a perna fraturada por um jogador alemão. Ora, na época não há reservas. O FC Start deve assim jogar com dez. Em superioridade numérica os alemães abrem o placar. A situação parece bem difícil, mas os jogadores de Kiev não desistem. Conseguem o empate, para a alegria da multidão. Depois marcam um segundo gol, que faz o estádio explodir.

No intervalo, o general Eberhardt, superintendente de Kiev, vai visitar os jogadores ucranianos no vestiário e lhes faz este discurso: "Bravo, vocês jogaram muito bem e nós apreciamos. Só que agora no segundo tempo, vocês devem perder. Devem! A equipe da Luftwaffe nunca foi derrotada, especialmente em territórios ocupados. É uma ordem! Se vocês não perderem, serão executados".

Os jogadores escutam em silêncio. De volta ao campo, sem acordo prévio e após um breve momento de incerteza, eles tomam sua decisão: vão jogar. Marcam um gol, depois mais um, acabam vencendo por cinco a um. O público ucraniano delira. O lado alemão resmunga. Tiros são disparados no ar. Mas por enquanto nenhum dos jogadores é ainda atingido, pois os alemães pretendem lavar a afronta em campo.

Três dias depois, uma revanche é organizada e anunciada através de uma grande quantidade de cartazes. Nesse meio tempo, os alemães fazem vir com urgência jogadores profissionais de Berlim para reforçar a equipe.

A segunda partida começa. O estádio está de novo lotado, mas desta vez tropas da SS se postam ao redor, oficialmente a fim de manter a ordem. Os alemães abrem outra vez o placar. Mas os ucranianos reagem e vencem por cinco a três. No final da partida, a torcida ucraniana delira de alegria, mas os jogadores estão lívidos. Os alemães disparam tiros, o campo é invadido. Na confusão três jogadores desaparecem na multidão. Eles sobreviverão à guerra. O resto da equipe é detido e quatro jogadores são imediatamente levados a Babi Yar, onde são executados. Ajoelhado diante da cova, o capitão e goleiro Nicolaï Trusevich tem tempo de gritar, antes de receber uma bala na nuca: "O esporte vermelho não morrerá jamais!". Os outros jogadores serão a seguir também assassinados. Hoje , um monumento lhes é dedicado diante do estádio do Dínamo.


* Texto extraído do livro HHhH de Laurent Binet (Companhia das Letras), gentilmente emprestado pelo amigo Cristóvão Feil.

domingo, 11 de janeiro de 2015

DRONE

Fonte da imagem: http://dronewarsuk.files.wordpress.com/2010/06/predator-firing-missile4.jpg




Não sei bem como funcionam essas coisas, porém imagino que alguém levanta de manhã no Afeganistão, onde está trabalhando, toma um bom banho, faz uma refeição reforçada com bacon, ovos e panquecas, escova os dentes e, após, se dirige a seu local de trabalho.

Nesse local, certamente refrigerado para manter a temperatura agradável, se acomoda à frente de um monitor e inicia o usual processo de comunicação para tomar conhecimento da missão do dia.

Recebida a missão, ajusta os procedimentos para decolagem do drone de sua responsabilidade, o qual responde suave e precisamente aos comandos, iniciando a operação.

Após algum tempo de voo, o nosso personagem observa que o veículo aéreo remotamente pilotado, por ele comandado, chega a uma área povoada.

Observa, então, que muitas pessoas, dentre as quais várias do sexo masculino, com grandes barbas e vestes típicas da região, se deslocam em direção a uma construção de tamanho relativamente grande.

Como é uma zona com suposta concentração de talibãs, relata o caso para a chefia e pede permissão para disparar mísseis.

Com a permissão concedida, já que é uma situação rotineira nesse local, efetivamente dispara os foguetes, que explodem precisamente, destruindo o alvo.

Na sequência comanda o retorno do veículo não tripulado para a base, o qual obedece com precisão aos comandos, pousando suavemente no local adequado.

Nosso personagem olha o relógio e vê que já se aproxima a hora do almoço (como o tempo passa rápido quando a gente se diverte!). Desliga o equipamento e se prepara psicologicamente para tomar o tradicional aperitivo antes de se dirigir ao refeitório.

No dia seguinte (1º de janeiro de 2015) aparece no jornal a notícia de que pelo menos 20 pessoas morreram e 45 ficaram feridas, a maioria mulheres e crianças, pelo impacto de um míssil durante a realização de um casamento na província de Helmand, no sul do Afeganistão, conforme divulgado pela agência EFE. (*)

Segundo outras informações não foi somente um míssil disparado, foram vários, e o resultado foram oito mulheres e doze crianças assassinadas e mais 62 pessoas feridas, algumas em estado grave.

Nosso personagem percebe, então, que terá que preencher novamente vários formulários, o que é, de fato, uma chatice.


-x-


São vários os relatos de ocorrências similares.

Em 2012 um sargento do exército dos EUA se armou até os dentes, tipo o personagem Rambo, e entrou na aldeia de Pnajwayi, também no Afeganistão, disparando em tudo o que se movesse. Matou 16 civis.

No Yemen, em 2013, convidados de um casamento estavam se dirigindo em comboio ao local do evento, e também foram alvo de foguetes disparados por um drone dos EUA, o que deixou várias vítimas fatais.

Etc.

Tais ocorrências foram divulgadas pela mídia mundial de forma parcimoniosa e discreta, muitas vezes tentando justificá-las como sendo efeitos colaterais não esperados porém inevitáveis.

Será que algumas vidas têm mais valor que outras?



(*) http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2015/01/01/missil-atinge-cerimonia-de-casamento-no-afeganistao-e-mata-20-pessoas.htm

segunda-feira, 25 de março de 2013

¿Cómo es Irak hoy 10 años después de la invasión?

Fonte da imagem AQUI.

Diez cifras que ayudan a entender la realidad política y economica de Irak

eldiario.es
 
9º Estado fracasado

Irak es el noveno país en el ranking de estados fracasados o fallidos que elabora la revista Foreign Policy. La lista la encabezan Somalia, Congo, Sudán, Chad y Zimbabue. Los peores datos de Irak se refieren a las categorías relacionadas con la militarización del país (por la abundancia de fuerzas de seguridad y militares), conflictos internos (entre grupos políticos, étnicos o religiosos) y élites sectarias (dirigentes que sólo responden ante el grupo al que representan y con un bajo sentimiento de representar a todos los ciudadanos).

En 2007, Irak llegó a ser el segundo peor Estado del mundo en ese ranking. 
 
56 muertos

La última ronda de atentados de la insurgencia suní en la mañana del martes acabó con 56 muertos y más de 200 heridos. La mayoría fueron explosiones de coches bomba dirigidos contra la población civil de confesión chií. El mayor número de muertos se produjo frente al Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales.

Obviamente, la violencia en Irak es muy inferior a los peores años de la guerra civil entre suníes y chiíes de 2006 y 2007. Sin embargo, el país se ha rendido a un estado de violencia permanente en el que las cifras varían mucho en función de la zona. La provincia de Bagdad continúa siendo una de las más violentas. Cuando el número de víctimas se reduce durante varios meses, en seguida se produce un aumento repentino. Entre marzo y mayo de 2012, el número de muertos en Bagdad cayó a 44, 54 y 49 muertos, unos números bajos para lo habitual en Irak. En junio saltó a 147.

El Gobierno se ve incapaz de acabar con Al Qaeda en Irak y otros grupos insurgentes, pero esos no pueden sostener sus ofensivas durante muchos meses seguidos. En términos relativos, la ciudad de Mosul es aún más violenta que la capital, aunque allí los atentados con bomba son menos habituales y más frecuentes los tiroteos. 
 
24,2% de los votos 
 
Nouri Al-Maliki domina la vida política de Irak a pesar de que la coalición que dirige sólo obtuvo el 24,2% de los votos en 2010. Maliki ha confirmado el adagio que decía que Irak sólo podía ser gobernado por una mano dura. Y la suya es especialmente cruel, favorecida por la continuación de la violencia. El primer ministro se ve favorecido por un sistema de política sectaria en la que chiíes, suníes y kurdos votan a sus partidos sin cuestionarse otras opciones.

El reparto del poder entre chiíes y kurdos, que deja fuera a los suníes, ha sido una constante desde las primeras elecciones. Básicamente, los chiíes controlan el Gobierno central desde Bagdad, mientras que los kurdos gozan de la mayor autonomía que hayan tenido nunca en el norte. Al ser el principal dirigente chií, Maliki tiene asegurado el poder, en especial por su control de las fuerzas de seguridad y del Ejército.

La legislación antiterrorista es una palanca decisiva con la que el Gobierno mantiene controlados a sus enemigos, en especial entre los suníes. Los tribunales aplican, de forma indiscriminada para los suníes, el artículo 4 de esa ley. Cualquier persona que participe en actos terroristas o los promueva o financie es condenada a la pena de muerte. Cualquier persona que encubra esos delitos es condenado a cadena perpetua.

La ley antiterrorista ha servido para eliminar a rivales políticos, como fue el caso del vicepresidente (suní) Al-Hashemi, refugiado en Turquía para escapar de una detención provocada por una denuncia de credibilidad dudosa. Otros enemigos de Maliki han sido amenazados con sufrir el mismo destino. Las denuncias por torturas en las comisarías son numerosas. A la policía no le resulta difícil arrancar confesiones por la fuerza.

El Gobierno no tiene la menor intención de anular el artículo 4, a pesar de las protestas de la comunidad suní. En eso, tiene el apoyo de los partidos kurdos.

En 2005, la pena de muerte fue reinstaurada en Irak. La cifra de ejecutados desde 2005 llega a 447. Sólo en 2012 fueron ahorcados 129 presos. Centenares de personas están ahora en el corredor de la muerte.

600.000 peregrinos

Cada año se celebran peregrinaciones multitudinarias a los lugares santos del Islam chií en Nayaf y Kerbala. La cita más importante se produce cuando se conmemora la muerte de Hussein en la batalla de Kerbala donde los califas omeyas derrotaron en el año 680 a los que podríamos llamar los padres fundadores del chiísmo. Los peregrinos se cuentan por millones, y entre ellos puede haber unos 600.000 extranjeros, muchos de ellos procedentes de Irán.

La conexión religiosa entre Irán e Irak (un Irak gobernado por chiíes) es indestructible y se basa en siglos de persecuciones. La idea del mártir está firmemente sellada en las dos culturas. Los neoconservadores norteamericanos pensaban que un Irak sin Sadam Hussein y dominado por los chiíes sería un aliado natural de EEUU en Oriente Medio frente al resto de gobiernos árabes suníes. En el colmo de la ignorancia, políticos como Wolfowitz pensaban que el nuevo Irak podría en el futuro reconocer al Estado de Israel.

La realidad fue muy diferente. Los nuevos dirigentes iraquíes habían gozado del apoyo de Irán durante la dictadura de Sadam. Ya en el poder, su relación siempre ha sido muy buena con Teherán. Por eso, se dijo que Irán había sido el gran vencedor político de la guerra de Irak. Otros países les libraron del odiado Sadam, que había iniciado la guerra con Irán en 1980, y permitieron que la mayoría demográfica chií se hiciera con el poder en Bagdad.

Desde la retirada de las tropas norteamericanas, la influencia de Washington se ha reducido. Ni siquiera ha conseguido que Irak colabore en el aislamiento de Irán en la campaña de sanciones por su programa nuclear.

Seis meses

El Gobierno presentó su proyecto de presupuestos para este año en octubre de 2012. No se aprobó hasta el 7 de marzo. La razón principal del retraso fue la discusión entre el Gobierno central y el Gobierno kurdo sobre la compensación que debería recibir el Kurdistán por las compañías petrolíferas que operan en el norte del país. Los kurdos pedían 3.500 millones de dólares. Bagdad sólo ofrecía 650 millones.

La capital no era entonces demasiado generosa, pero hay que tener en cuenta que llevan años acusando a los kurdos de firmar acuerdos unilaterales con empresas extranjeras o sencillamente vendiendo por su cuenta parte de la producción de crudo.

Lo mejor que se puede decir de las relaciones entre árabes y kurdos es que no ha desembocado en una guerra civil por la ciudad de Kirkuk. En realidad, este conflicto no tiene solución porque ninguno de los dos grupos renunciará nunca a su control, pero al menos hasta ahora esa paz fría se ha mantenido.

95%

El 95% de los ingresos del Estado iraquí procede del petróleo. La dependencia es absoluta. Los datos del último presupuesto parten de un objetivo de producción de 2,9 millones de barriles a un precio medio de 90 dólares el barril. En numerosas ocasiones, el Gobierno ha prometido que su objetivo es diversificar la fuente de ingresos, como suelen decir muchos estados petroleros, pero sin mucho éxito. El 60% del PIB procede del petróleo.

En octubre y noviembre de 2012, Irak produjo 2,62 millones de barriles de petróleos diarios. No sólo significaba superar ampliamente la producción anterior a la invasión, sino que era la cifra mayor desde los años 80. La mayor parte, justo por encima de los dos millones, procedía de los campos petrolíferos del sur. En enero la producción bajó a 2,35 millones. Irak puede haber alcanzado el máximo de su capacidad productiva, a menos que afronte inversiones que están más allá de las capacidades del Estado.

En cualquier caso, con el precio actual del crudo, eso asegura una inyección constante de fondos. Sólo en enero el Estado ingresó 7.672 millones de dólares gracias al petróleo. 
 
23% de pobreza 

La tasa del 23% de la población viviendo bajo el umbral de la pobreza es otra cifra oficial que conviene revisar al alza, aunque en algunos aspectos no se puede negar la mejora producida en los últimos años. Un estudio de Unicef de 2011 en 2011 a partir de los datos facilitados por 36.000 familias revela algunos de esos avances. La mortalidad de los niños de cinco años o menor edad fue de 37 por cada mil ese año. Con ser alta, era inferior a la cifra de 45 registrada por la OMS un año antes. Ahora casi todas las mujeres tienen a sus bebés en hospitales o clínicas, incluso en el medio rural. El 99% de los niños están registrados por la Administración.

La clave es la vacunación. La mitad de los niños de entre 18 y 29 meses de edad fueron vacunados a tiempo. Pero aunque sobrevivan las condiciones de vida de muchos son terribles. Uno de cada cuatro niños sufre algún problema de crecimiento a causa de la malnutrición. Los casos de malnutrición extrema sólo son el 4%.

Según el Programa Mundial de Alimentos de la ONU, 1,9 millones de iraquíes pasan hambre. Eso es el 5,7% de la población. El porcentaje era del 7,1% cuatro años atrás.

En la escuela primaria, la presencia de las niñas es ya masiva. Hay casi una niña por cada niño. Esa presencia no asegura el éxito escolar. Aunque el 90% de los niños comienzan la educación primaria, sólo la acaban el 40%. En el campo, eso afecta especialmente a las niñas. Obviamente, el país necesita escuelas mejores y el Gobierno no las está facilitando.

Lo que es difícil es recuperar el retraso anterior. El 30% de las mujeres de entre 15 y 25 años son analfabetas.

10% de paro

La tasa oficial de paro es del 10%, un número irreal que nadie se cree. Algunos análisis independientes elevan esa cifra al 35%, pero la cifra real es imposible de conocer. En 2008, el porcentaje de empleados públicos sobre el total de personas con empleo era de un 43%, uno de los mayores del mundo en estados mínimamente desarrollados. El empleo en la Administración es en la práctica una forma de control político y de mantener la lealtad de caudillos locales al servicio del Gobierno.

La incompetencia de la Administración es uno de los factores más evidentes a la hora de explicar por qué el país vive absolutamente del dinero fácil del petróleo. Irak es uno de los peores países del mundo para hacer negocios, según el Banco Mundial. Cada Ministerio es un baluarte de un jefe político cuya función principal es dar empleo a sus partidarios y presentar todo tipo de obstáculos a los que se presentan para pedir permisos. 
 
58% de presupuesto ejecutado

No es raro que al final del año varios ministerios no hayan consumido todo el dinero asignado para inversiones. De hecho, es lo habitual. En 2011, el Ministerio de Sanidad gastó el 58% del presupuesto asignado. El de Educación, el 57%. El de Vivienda, el 70%. El de Industria, el 94%. Los grandes proyectos industriales son fáciles de detectar por su capacidad de crear empleo. El gasto social en educación y sanidad no se ve tan beneficiado por los ingresos procedentes del petróleo porque la Administración no es efectiva ni cuenta con personal cualificado.
 
10.800 millones de dólares

Turquía terminó siendo el vencedor comercial de la guerra de Irak. Las exportaciones turcas a Irak han aumentado de forma constante año a año hasta alcanzar una cifra de 10.800 millones de dólares en 2012. Para Turquía, su vecino se ha convertido en un mercado fundamental. Sólo exporta más a Alemania. Las relaciones entre los dos gobiernos nunca han sido buenas, pero era lógico que las empresas turcas se aprovecharan del aumento de fondos iraquíes por la mayor producción de petróleo. Y no es sólo el comercio. Las compañías de Turquía intervinieron en proyectos de infraestructuras en 2012 por valor de 3.500 millones de dólares.


Fuente original: http://www.eldiario.es/internacional/cifras-anos-Irak_0_112689469.html

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Gaza: de la última catástrofe a un esperanzado alto el fuego


Richard Falk · · · · · 

Los dobles raseros mediáticos en Occidente sobre la nueva y trágica escalada de violencia israelí dirigida contra Gaza fueron resumidos en un titular de una parcialidad absurda en la primera plana del New York Times: "Cohetes atacan Jerusalén; Israel se prepara para invasión de Gaza". (NYT, 15 de noviembre de 2012). Algo descodificado, el mensaje es el siguiente: Hamás es el agresor, e Israel cuando y si lanza un ataque por tierra contra Gaza tiene que contar con más ataques de cohetes. Es una paráfrasis sorprendentemente orwelliana de la realidad.
La verdadera situación es, por supuesto, todo lo contrario: Es decir que se puede asumir que la población indefensa de Gaza esté terriblemente temerosa de un inminente ataque general israelí, aunque también es verdad, sin minimizar la realidad de una amenaza, que algunos cohetes lanzados desde Gaza cayeron sin causar daños (aunque hay que admitir con implicaciones amenazantes) en los alrededores de Jerusalén y Tel Aviv. Hay una desproporción tan brutal en la capacidad de los dos lados de infligir daños y sufrimiento debido a la total dominación militar israelí como para hacer que sea perversa esa inversión de las preocupaciones por lo que podría ocurrir a la sociedad israelí si el ataque contra Gaza se intensifica.
La confianza de Hamás y de las diversas milicias en Gaza en cohetes indiscriminados, aunque sean totalmente inexactos y generalmente innocuos, es una violación criminal del derecho humanitario internacional, pero la baja cantidad de víctimas causadas y el ínfimo daño causado, tienen que ser evaluados en el contexto general de la masiva violencia infligida a los palestinos. La generalizada percepción no occidental del nuevo ciclo de violencia que involucra a Gaza es que parece ser una repetición de la agresión israelí contra Gaza a fines de 2008, principios de 2009, que ocurrió de la misma manera entre el fin de elecciones presidenciales estadounidenses y elecciones parlamentarias programadas en Israel.
Buscando culpables
Existe la discusión usual sobre dónde colocar la responsabilidad por el acto inicial de este nuevo despliegue de violencia. ¿Son algunos disparos desde Gaza a través de la frontera contra un jeep blindado israelí o fue el asesinato selectivo por un misil israelí de Ahmed Yabari, líder del ala militar de Hamás, unos días después? ¿O algún otro acto por un lado o el otro? ¿O es la continua violencia contra el pueblo de Gaza originada por el bloqueo que ha sido impuesto desde mediados de 2007?
El asesinato de Yabari tuvo lugar unos pocos días después de la negociación gracias a los buenos oficios de Egipto de una tregua informal, y acordada de modo bastante irónico por ningún otro que Yabari actuando por cuenta de Hamás. Matarlo tenía el evidente propósito de realizar una importante provocación, trastornando un esfuerzo cuidadosamente negociado de evitar otra secuencia de ojo por ojo - diente por diente de violencia del tipo que ha tenido lugar periódicamente durante los últimos años.
El asesinato de un personaje político palestino de tan alto perfil como Yabari no es un acto espontáneo. Se basa en vigilancia detallada durante un largo período, y es obviamente planificado con la suficiente antelación en la esperanza de evitar daño colateral, y por lo tanto limitar la publicidad desfavorable. Un asesinato extrajudicial semejante, aunque forma parte integral de la nueva cultura estadounidense de la guerra de drones, sigue siendo una táctica de conflicto ilegal, que niega a dirigentes políticos del adversario, separados del combate, toda oportunidad de defenderse contra acusaciones, e implica el rechazo de toda disposición de buscar una solución pacífica de un conflicto político. Equivale a la imposición de la pena capital sin debido proceso, una negación de los derechos elementales de enfrentar a un acusador.
Dejando de lado las sutilezas legales, la dirigencia israelí sabía exactamente lo que estaba haciendo cuando rompió la tregua y asesinó a un dirigente tan destacado de Hamás, alguien del que se pensaba generalmente que era superado solo por el primer ministro de Gaza, Ismail Haniya. Ha habido rumores, y amenazas disimuladas durante meses de que el gobierno de Netanyahu planifica un importante ataque contra Gaza, y la oportunidad de los actuales ataques parece coincidir con la dinámica de la política interna israelí, especialmente la práctica tradicional israelí de reforzar la imagen dura de la dirigencia existente en Tel Aviv como medio para inducir a los ciudadanos israelíes a sentirse temerosos, pero protegidos, antes de depositar sus votos.
Sitiados
Por debajo de la horrible violencia, que pone al descubierto la extrema vulnerabilidad de todos los que viven como cautivos en Gaza, una de las comunidades más abarrotadas y empobrecidas del planeta, está una horrenda estructura de abuso humano a la que la comunidad internacional sigue volviendo la espalda, mientras predica en otros sitios la adherencia a la norma de "responsabilidad de proteger" cada vez que le conviene a la OTAN. Más de la mitad de los 1,6 millones de habitantes de Gaza son refugiados que viven en un área total de solo el doble del tamaño de la ciudad de Washington, DC. La población ha sufrido un bloqueo punitivo desde mediados de 2007, que hace intolerable la vida diaria, y Gaza ha sido duramente ocupada desde 1967.
Israel ha tratado de engañar al mundo presentando su narrativa de retirada de buena fe de Gaza en 2005, que fue explotada por militantes palestinos en aquel entonces como una oportunidad de lanzar mortíferos ataques con cohetes. La contra-narrativa, aceptada por la mayoría de los observadores independientes, es que la retirada israelí de tropas y colonias fue poco más que un simple redespliegue a las fronteras de Gaza, con absoluto control sobre lo que entra y lo que sale, manteniendo una temporada de caza para matar a su gusto, sin tener que rendir cuentas y sin consecuencias adversas, respaldada sin cuestionamiento por el gobierno de EE.UU.
Desde el punto de vista del derecho internacional, la supuesta "desconexión" de Gaza de Israel no puso fin a su responsabilidad como Potencia Ocupante según las Convenciones de Ginebra, y por lo tanto su plan maestro de someter a toda la población de Gaza a severas formas de castigo colectivo corresponde a un continuo crimen contra la humanidad, así como a una flagrante violación del Artículo 33 de Ginebra IV. No es sorprendente que tantos que han observado de cerca el sufrimiento de Gaza la hayan descrito como "la mayor prisión al aire libre del mundo".
El gobierno de Netanyahu mantiene una política que se comprende mejor desde la perspectiva del colonialismo mediante asentamientos. Lo que distingue el colonialismo de asentamientos de otras formas de colonialismo es la decisión de los colonialistas de no solo explotar y dominar, sino de apropiarse de las tierras y superponer su propia cultura sobre la de la población indígena. Al respecto, Israel se aprovecha de la división entre Hamás y Fatah, y trata de inducir a los palestinos oprimidos a renunciar a su identidad junto con su lucha de resistencia llegando incluso a exigir a los palestinos en Israel que juren lealtad a Israel como "Estado judío".
En realidad, a diferencia de Cisjordania y Jerusalén Este, Israel no tiene ambiciones territoriales a largo de plazo en Gaza. La solución israelí a corto plazo para su así llamado "problema demográfico" (es decir, sus preocupaciones por el aumento de la población de palestinos en relación con los judíos) podría ser considerablemente facilitada si Egipto absorbiera Gaza, o si Gaza se convirtiera en una entidad permanentemente separada, siempre que pudiera ser desmilitarizada de un modo fiable. Lo que hace que Gaza sea actualmente útil para los israelíes es su capacidad de manejar el nivel de violencia, tanto como distracción de otras preocupaciones (por ejemplo ceder en relación con Irán; la expansión acelerada de las colonias) y como un medio de convencer a su propio pueblo de que siguen existiendo enemigos peligrosos y que deben ser encarados con el puño de hierro del militarismo israelí.
Ninguna paz
En el trasfondo, pero no muy lejos del entendimiento de los observadores, existen dos eventos estrechamente relacionados. El primero es el grado en el cual la continua expansión de las colonias israelíes ha hecho poco realista suponer que un Estado palestino viable llegue a emerger de negociaciones directas. El segundo, subrayado por la reciente fusión de las Fuerzas de Netanyahu y Lieberman, es la medida en la cual el proceso de gobierno israelí ha adoptado indirecta e irreversiblemente la visión de un Gran Israel que incluya todo Jerusalén y la mayor parte de Cisjordania.
El hecho de que los dirigentes mundiales en Occidente sigan repitiendo el mantra de la paz mediante negociaciones directas es una expresión de la más burda incompetencia o de total mala fe. Por lo menos, Washington y los otros que piden la reanudación de negociaciones directas nos deben a todos una explicación de cómo será posible establecer un Estado palestino dentro de las fronteras de 1967, cuando significa el desplazamiento de la mayoría de los 600.000 colonos armados que actualmente son defendidos por el ejército israelíes y presentes en toda Palestina ocupada. Una explicación semejante también tendría qué mostrar por qué se permite que Israel legalice silenciosamente las cerca de 100 colonias "avanzadas" esparcidas por Cisjordania que previamente habían sido ilegales, incluso según la ley israelí. Semejantes acciones hacia la legalización merecen la urgente atención de todos los que siguen proclamando su fe en una solución de dos Estados, pero son ignorados.
Lo que nos hace volver a Gaza y Hamás. Los máximos dirigentes de Hamás han dejado muy claro una y otra vez que están abiertos a una paz permanente con Israel si se realiza una retirada total a las fronteras de 1967 (22% de Palestina histórica) y este acuerdo es apoyado por un referendo de todos los palestinos que viven bajo la ocupación.
Israel, con el respaldo de Washington, adopta la posición de que Hamás es "una organización terrorista" que debe ser permanentemente excluida de los procedimientos diplomáticos, excepto, por supuesto, cuando la negociación sirve los propósitos de Israel. Lo hizo en 2011 cuando negoció el intercambio de prisioneros en el cual varios cientos de palestinos fueron liberados de las prisiones israelíes a cambio del soldado israelí cautivo, Gilad Shalit, o cuando parece conveniente aprovechar la mediación egipcia para obtener altos del fuego temporarios.
Como nos recuerda el celebrado activista israelí por la paz, y ex miembro de la Knéset, Uri Avnery, un alto el fuego en la cultura árabe, hudna en árabe, es considerado como santificado por Alá, ha tendido a ser utilizado y fielmente observado desde el tiempo de las Cruzadas. Avnery también informa que hasta que fue asesinado, Yabari estuvo en contacto con Gershon Baskin de Israel, tratando de explorar posibilidades de un alto el fuego a largo plazo, lo que fue informado a los dirigentes israelíes que, como era de esperar no mostraron ningún interés.
Esperando justicia
Hay otro hecho en esta renovación del conflicto que involucra ataques contra Gaza. Israel insiste a veces en que ya que no es, según sus afirmaciones, un poder ocupante, se encuentra en un estado de guerra con Gaza gobernada por Hamás. Pero si esto fuera considerado como la descripción legal adecuada de la relación entre los dos países, Gaza tendría los derechos de un combatiente, incluida la opción de utilizar la fuerza proporcionada contra objetivos militares israelíes. Como argumentara anteriormente, una descripción legal semejante de la relación entre Israel y Gaza es inaceptable. Gaza sigue siendo ocupada y esencialmente indefensa, e Israel como ocupante no tiene derecho legal o ético de ir a la guerra contra el pueblo y el gobierno de Gaza, que incidentalmente fue elegido en elecciones libres, bajo control internacional, a principios de 2006.
Al contrario, su obligación decisiva como Ocupante es proteger a la población civil de Gaza. Incluso si la cantidad de víctimas en la actual violencia es hasta ahora baja en comparación con la Operación Plomo Fundido, la intensidad de los ataques aéreos y marítimos contra el indefenso pueblo de Gaza, provoca terror en los corazones y las mentes de cada persona que vive en la Franja, una forma de violencia indiscriminada contra el espíritu y la salud mental de todo un pueblo que no puede ser medida en sangre y carne, sino refiriéndose al miedo traumatizante que ha sido generado.
Escuchamos muchas afirmaciones en Occidente en cuanto a una supuesta disminución en la guerra internacional desde el colapso de la Unión Soviética hace veinte años. Semejantes afirmaciones son en cierta medida bienvenidas, pero la gente en Medio Oriente aún no se ha beneficiado de esta tendencia, menos que nada el pueblo de Palestina Ocupada, y especialmente el pueblo de Gaza que sufre del modo más agudo. Este espectáculo de una guerra unilateral en la cual Israel decide cuánta violencia desencadenar, y Gaza espera a ser atacada, disparando salvas de cohetes insignificantes desde el punto de vista militar como gesto de resistencia, representa una violación vergonzosa de los valores de la civilización. Esos cohetes propagan el miedo y causan trauma entre civiles israelíes incluso cuando no alcanzan objetivos, y representan una táctica inaceptable. Pero esa inaceptabilidad tiene que ser vista en el contexto de las tácticas inaceptables de un Israel que tiene todo en su mano en el conflicto.
Es verdaderamente alarmante que ahora incluso la más sagrada de las ciudades, sea amenazada por ataques, pero la continuación de las condiciones opresivas para el pueblo de Gaza, lleva inevitablemente a crecientes niveles de frustración, en efecto, gritos pidiendo ayuda que el mundo ha ignorado por su cuenta y riesgo durante décadas. ¡Son gritos pidiendo ayuda! ¡Darse cuenta no es exagerar! Para obtener una perspectiva basta con leer un reciente Informe de la ONU que concluye que el deterioro de los servicios y las condiciones hará que Gaza sea inhabitable en el año 2020.
Totalmente aparte de los méritos de los motivos de queja de los dos lados, un lado es omnipotente en lo militar y el otro se agazapa atemorizado sin posibilidad de defensa. Una realidad tan grotesca pasa desapercibida por la conciencia del mundo debido al escudo geopolítico detrás del cual Israel recibe luz verde para hacer lo que le dé la gana. Una circunstancia semejante es moralmente insoportable, y debiera ser políticamente inaceptable. Toda persona, gobierno, e institución de buena voluntad tiene que oponerse activamente en todo el globo.
Traducido para www.rebelión.org: Germán Leyen





Primeras impresiones, esperanzadas, tras el alto el fuego

Richard Falk

Si el alto el fuego se mantiene, podría significar el fin del bloqueo israelí de la Franja de Gaza, que ha durado ya cinco años, tras la toma del poder por Hamas, después de ganar unas elecciones democráticas (AFP).

El alto el fuego de Gaza, a diferencia del alto el fuego alcanzado después de la Operación Plomo Fundido, hace cuatro años, es un evento que tiene probablemente un significado que va mucho más allá de poner fin a la violencia después de ocho días de ataques asesinos. Es muy posible que se pueda interpretar en el futuro como un punto de inflexión en la larga lucha entre Israel y Palestina.

Muchos han hablado sobre "la niebla de la guerra", pero es mucho menos densa que la "niebla de la negociación de treguas", y en nuestro enrarecido ambiente mediático, los resultados son interpretados de todas las maneras posibles. Los partidarios de cada bando dan su toque personal, permitiendo a todo el mundo proclamar la "victoria". Pero como en las fases violentas del conflicto, conviene distinguir las interpretaciones más persuasivas de las que son menos convincentes. Lo que sigue es un intento de este tipo de aclaración.

Sigue siendo demasiado pronto para decir si el alto el fuego se mantendrá durante mucho tiempo, y si lo hace, si sus disposiciones esenciales se llevarán a cabo de buena fe. En este momento, al principio, las perspectivas no son alentadoras. Israel ya ha recurrido a una violencia excesiva para dispersar a los palestinos que se congregaron en su lado de la frontera de Gaza para celebrar lo que creían que era su nueva libertad para aventurarse cerca de la frontera. Las fuerzas de seguridad israelíes, después de efectuar disparos de advertencia, mataron a un civil palestino e hirieron a otras 20 personas con munición real. La explicación israelí fue que se habían hecho advertencias, y que como no había habido ningún acuerdo de aplicación del alto el fuego, el viejo protocolo de control seguía vigente. Es de destacar que Hamas protestó, pero no hizo ningún movimiento para denunciar el alto el fuego o tomar represalias violentas. Pero la situación sigue siendo tensa y frágil.

Factores del alto el fuego

Dejando a un lado la precariedad de la situación actual y las incertidumbres que la acompañan, todavía puede ser útil analizar el proceso por el que se ha llegado al alto el fuego, ver que luz arroja sobre la cambiante dinámica del conflicto, incluidos los cambios subyacentes en los equilibrios miliares regionales y globales.

En primer lugar, el papel y la actitud de los gobiernos árabes fue mucho más pro activa que en los últimos interludios de la intensificación de la violencia entre Israel / Palestina. Durante los ataques que acaban de concluir, varios importantes ministros de asuntos exteriores de la región visitaron Gaza y fueron recibidos por las autoridades de la Administración de Hamas, socavando así el viejo esfuerzo israelí de aislar a Hamas y excluirlo de los ámbitos diplomáticos. Egipto desempeñó el papel decisivo en la negociación del acuerdo, a pesar de la pertenencia a los Hermanos Musulmanes de sus líderes. Mohamed Morsi, el presidente egipcio, emerge como la figura diplomática clave , ampliamente elogiado por Occidente por su "pragmatismo", lo que puede entenderse como su capacidad para abordar las preocupaciones de ambas partes sin verde influido por su propia posición pro-palestina. De hecho, la negociación de este acuerdo invierte lo que los estadounidenses han puesto sobre la mesa en negociaciones anteriores, una pretensión de equilibrio, un realismo de las partes.

En segundo lugar, el texto del acuerdo, reconoció implícitamente a Hamás como la autoridad gobernante en Gaza, y por lo tanto le da, al menos temporalmente, un estatus mucho mayor entre los palestinos, regional e internacionalmente. Su pretensión de ser el representante legítimo del pueblo palestino se ha convertido en verosímil, lo que hace a Hamas un actor político al que se saca del gélido limbo terrorista. Aunque Hamas sigue siendo formalmente una "organización terrorista" para Israel, Estados Unidos y Europa. Durante todo este reciente esfuerzo febril para llegar a un alto el fuego en el conflicto, Hamas ha sido tratado como "un actor político" con autoridad soberana para hablar en nombre de los habitantes de Gaza. Ello implica un cambio potencial en función de si se hace un esfuerzo para aprovechar el impulso logrado o se vuelve a la fútil política de Israel / EE UU de excluir a Hamas de la vía diplomática, insistiendo en que solo se le puede tratar como una organización terrorista. Paralelamente, la Autoridad Palestina, y su líder, Mahmud Abbas, han sido marginados torpemente, puenteados, y se les hace aparecer como algo irrelevante en esta última ordalía del pueblo palestino.

En tercer lugar, Israel aceptó como condiciones integrales del alto el fuego dos cláusulas de obligaciones con el pueblo de Gaza que nunca hubiera aceptado antes de lanzar su operación "Pilar defensivo": (1) No lanzar "incursiones y ataques contra personas" y (2) reunirse para organizar la "apertura de los pasos fronterizos y facilitar el movimiento de personas, la circulación de bienes, y abstenerse de restringir el libre movimiento de los residentes, y atacar a residentes en las zonas fronterizas". Si Israel lo aplica, significa el fin de los asesinatos selectivos y el levantamiento del bloqueo que ha atormentado a Gaza durante más de cinco años. Estas son las principales concesiones políticas israelíes. La aceptación política por parte de Tel Aviv de la prohibición de asesinatos selectivos, si se respeta, supone renunciar a una táctica favorita de los gobiernos israelíes desde hace muchos años que, a pesar de considerase ilegal en general, Israel sigue practicando con impunidad. De hecho, el evento desencadenante más dramático de la actual crisis fue el asesinato de el 14 de noviembre Ahmed Jabari, un líder político-militar de Hamas, que estaba negociando en ese momento una tregua de la violencia transfronteriza.

En cuarto lugar, el papel de los Estados Unidos, aunque sigue siendo importante, se ha reducido considerablemente por estos factores, especialmente la necesidad de permitir a Egipto desempeñar el papel de árbitro principal. Lo que sugiere una regionalización de la diplomacia que disminuye la importancia y erosiona gravemente la legitimidad de la intervención extrarregional. Es una mala noticia para los israelíes. Turquía, que también se cuenta ahora entre los crítico más duros de Israel, ha desempeñado como Egipto un papel importante en la desactivación de la escalada de la crisis. Existe una diferencia reveladora entre la insistencia de EE UU a lo largo de todo el conflicto de que el uso de la fuerza por parte de Israel estaba plenamente justificada, porque cada país tiene derecho a defenderse, y el texto del alto el fuego que establece limites para ambas partes a la violencia en el futuro. Después del alto el fuego, los Estados Unidos deben escoger de una vez por todas: o continuar con su papel como facilitador incondicional de Israel o adoptar un enfoque más "pragmático" en el conflicto a la Morsi. Si sigue siendo ante todo un facilitador, su papel diplomático es probable que disminuya rápidamente, pero si adopta un enfoque equilibrado, todavía puede recuperar la iniciativa para un verdadero proceso de paz que tenga en cuenta los derechos de ambas partes a la luz del derecho internacional . Para que sea creíble esta nueva orientación, el presidente Obama tendría que hacer un importante discurso al pueblo estadounidense en el que explicase por qué es necesario elegir entre el partidismo y la diplomacia en la remodelación de su futura relación con el conflicto. Dicho cambio, lleno de sensatez, sería esencial no solo para la política exterior de Estados Unidos, sino también para la estabilidad de la región, pero es muy poco probable que tenga lugar. No hay nada en el curriculum vitae de Obama que sugiera una voluntad de dirigirse directamente al pueblo para puentear la disfuncional perspectiva del Congreso de los EE UU.

En quinto lugar, Naciones Unidas ha aparecido como algo casi irrelevante, a pesar de la presencia en la región del Secretario General en la última fase de la negociación diplomática. Ban Ki Moon no ayudó a mejorar las cosas haciéndose eco de las preocupaciones de Washington, llamando la atención casi exclusivamente sobre el derecho de autodefensa israelí. La ONU podría proporcionar un ambiente más neutrales para l negociaciones futuras si se distanciase de la geopolítica occidental. Para ello sería necesario que se retirarse del Cuarteto, y se comprometiera con una paz justa y sostenible para ambos pueblos. Al igual que Estados Unidos, es muy poco probable que la ONU adopte esta orientación, al menos no sin permiso de Washington. Al igual que Obama, no hay nada en el historial de Ban Ki Moon como Secretario General que sugiera la voluntad y la capacidad de actuar con independencia cuando los riesgos son altos.

En sexto lugar, la consecuencia inmediatamente del cese el fuego fue un llamamiento popular en Gaza a la unidad palestina, simbolizada por la presencia de las banderas de la Autoridad Palestina, Hamas, la Jihad Islámica y el Frente Popular para la Liberación de Palestina, izadas en armoniosa convivencia. Como el New York Times comentó "un arco iris que no se había presenciado en años". Si la unidad palestina se mantiene, y se convierte en una realidad práctica, incluidas elecciones en toda la Palestina ocupada, puede resultar que el alto el fuego sea más que una tensa tregua temporal, un nuevo comienzo en la larga marcha por que se haga justicia a Palestina.

Derrota para Israel

Con todo, el resultado de la Operación Pilar defensivo fue una derrota rotunda para Israel en al menos tres aspectos: a pesar de los bombardeos contra Gaza durante ocho días y la amenaza de una invasión por tierra, Hamas no cedió a las demandas israelíes de alto el fuego unilateral, la capacidad militar de los cohetes de Gaza ha sido mucho mayor a la hora de producir daños en todo Israel, incluyendo Tel Aviv y Jerusalén, lo que sugiere que su capacidad destructiva será aun mayor en caso de nuevo conflicto, y la política de Israel de promover a la Autoridad Palestina como el único representante legítimo del pueblo palestino, mientras se niega a negociar con Hamas, ha sufrido un duro golpe, tal vez fatal.

Las autoridades israelíes han dado a este ataque contra Gaza un frío sesgo. Descaradamente se describe como "un juego de guerra", diseñado para ensayar un ataque inminente contra Irán. En palabras del embajador de Israel en Estados Unidos, Michael Oren, "Israel no se enfrentaba a Gaza, sino a Irán". Teniendo en cuenta que por lo menos 160 habitantes de Gaza resultaron muertos, 1.000 heridos, y muchos más traumatizados, es un sorprendente reconocimiento de la intención de cometer crímenes contra la humanidad. Hay que pedir al menos al Consejo de Derechos Humanos el nombramiento de una misión de investigación para evaluar las denuncias de delitos cometidos durante el ataque militar. La situación exige un informe Goldstone 2, pero esta vez con voluntad política de seguir adelante, cuando se conozcan sus conclusiones incriminatorias.

Estos avances se verán afectados por la incertidumbre generalizada que hace que el alto el fuego sea probablemente una breve tregua en lugar de un giro definitivo de la violencia a la diplomacia. ¿Respetarán las partes el alto el fuego? Israel a menudo ha asumido compromisos internacionales que fueron completamente abandonados más tarde, como fue el caso del desmantelamiento de los numerosos "puestos de avanzada" (es decir, "asentamientos" ilegales incluso para la ley israelí) o en relación con el compromiso de resolver en cinco años el "estatuto final" de numerosos temas recogido en los Acuerdos de Oslo.

No es nada alentador que las autoridades israelíes ya estén cínicamente diciendo a los medios de comunicación que nada han acordado "más allá del cese inmediato de las hostilidades". Los compromisos del texto se minimiza así, tratándolos como "temas de conversación" en lugar de compromisos acordados a los que solo falta mecanismos de implementación. Si Israel se niega a terminar con los asesinatos selectivos y no pone de buena fe fin al bloqueo, no será sorprendente que los cohetes vuelen de nuevo.

Hacia un Estado palestino 

La Autoridad Palestina se dispone a recuperar parte del terreno perdido con la búsqueda del reconocimiento de la Asamblea General de la ONU de su estatus como "estado no miembro" el próximo 29 de noviembre de 2013, una maniobra diplomática a la que se oponen con todas sus fuerzas Tel Aviv y Washington. Probablemente sea demasiado esperar que esa oposición se ablande. Cualquier reclamación de un Estado palestino, aunque sólo sea simbólica, parece amenazar profundamente la postura de Israel de solo aceptar la creación negociada de un Estado palestino en abstracto mientras hace todo lo posible para frustrar los esfuerzos palestinos.

Tales especulaciones debe estar condicionada por la comprensión de que, mientras el reloj sigue avanzando, la solución de consenso internacional del conflicto, una Palestina independiente soberano, se escapa de la esfera de lo posible. La situación de ocupación prolongada ha alterado la demografía y las expectativas de los israelíes. Con nada menos que 600.000 colonos ilegales en Cisjordania y Jerusalén, ningún gobierno israelí sobreviviría previsiblemente si aceptase la menor exigencia de que un pequeño porcentaje de colonos vuelva a Israel. Del lado palestino, ningún arreglo sería sostenible sin que se revierta este proceso de colonización. Mientras campe a sus anchas este gigantesco gorila, lograr una paz genuina basada en el consenso internacional de dos estados para dos pueblos parece un ejercicio de optimismo sin sentido.

Al mismo tiempo, la historia nos ha demostrado una y otra vez que lo "imposible" pasa, "imposible" en el sentido de que observadores informados lo rechazaron como "posible". Sucedió cuando el colonialismo europeo fue derrotado, y de nuevo cuando el imperio soviético de pronto se desintegró interna y externamente, y luego, cuando el régimen del apartheid fue eliminado. El destino de los palestinos parece seguir atrapado por este desahucio imaginario y, sin embargo, hemos aprendido de la historia que las luchas de los pueblos oprimidos en ocasiones pueden lograr lo imposible de prever. Es quizás posible que esta última exhibición de firmeza palestina frente a la operación israelí, junto con una mayor democratización ciudadana en los países vecinos de Israel, de lugar a una secuencia de eventos que cambie el equilibrio de poderes regional y mundial lo suficiente como para dar por fin una oportunidad a la paz.

Traducción para www.sinpermiso.info:  Gustavo Buster

Richard Falk es profesor emérito de  derecho Internacional de la Universidad de Princeton. Desde 2009 es el Relator Especial de Naciones Unidas sobre los derechos humanos palestinos, aunque el gobierno israelí no le ha permitido entrar en los territorios Ocupados.

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