quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
França expulsou 45 mil imigrantes desde posse de Sarkozy
Daniela Fernandes
De Paris para a BBC Brasil
O governo da França expulsou 45 mil imigrantes ilegais desde a posse do presidente Nicolas Sarkozy, em maio de 2007.
Com a introdução de novas restrições na política de imigração e o uso de incentivos para retornos voluntários, o governo conseguiu superar a meta de expulsões fixada para 2008.
No ano passado, cerca de 30 mil clandestinos foram expulsos ou deixaram voluntariamente a França após receber uma ajuda financeira do governo, segundo dados do Ministério francês da Imigração.
A meta inicial do governo era de 26 mil expulsões em 2008. No total, foram expulsos 29.796 clandestinos no ano passado, o que representa um aumento de 28,5% na comparação com 2007, informou o ministro da Imigração, Brice Hortefeux.
Brasileiros
O reforço da política de imigração na França, defendida por Sarkozy, também afeta os brasileiros.
O consulado do Brasil em Paris informa já ter solicitado às autoridades francesas os dados sobre o número de brasileiros expulsos do país no ano passado e preferiu não revelar suas estimativas.
De acordo com o consulado, 1,86 mil brasileiros foram expulsos da França em 2007.
Esse número se refere apenas às pessoas detidas nas ruas do país sem visto de residência e não integra os que tiveram sua entrada negada já nos aeroportos franceses, os chamados “não admitidos” no país.
Segundo o consulado, o número de brasileiros barrados nos aeroportos de Paris também foi de cerca de 1,8 mil em 2007. No ano anterior, o total havia sido de 1,135 mil.
“Em 2008, o total de brasileiros barrados nos aeroportos da França deve ser certamente maior. Há uma evolução exponencial devido à política de imigração mais rigorosa na França”, afirma uma fonte ligada ao governo brasileiro que prefere não se identificar.
Durante a presidência francesa da União Européia, encerrada em dezembro, Sarkozy também incitou a criação do pacto europeu de imigração, com normas mais restritivas para os países do bloco, que resultaram na polêmica “Diretiva do Retorno”.
O aumento do número de expulsões de ilegais foi criticado por associações de defesa dos direitos humanos na França e até mesmo sindicatos de policiais, que denunciam uma pressão “para atingir as cifras exigidas”.
“Ao lutarmos contra a imigração clandestina, controlarmos o fluxo de imigração e favorecermos a integração dos imigrantes, preservamos dessa forma nossa identidade nacional”, disse o ministro da imigração, Brice Hortefeux, que em breve ocupará a pasta do Trabalho.
Ainda segundo o governo francês, um terço dos ilegais expulsos, pouco mais de 10 mil pessoas, deixou o país voluntariamente após receber uma ajuda financeira.
Mas especialistas e também a imprensa francesa relativizaram os números de partidas voluntárias já que a quase totalidade das pessoas que receberam incentivos financeiros para deixar o país é de origem romena e búlgara, países que integram a União Européia.
Eles receberam cerca de 300 euros para deixar a França. Normalmente, a ajuda financeira é de cerca de 2 mil euros.
Os trabalhadores desses dois países ainda não podem trabalhar livremente na França. Especialistas acreditam que eles preferiram receber o dinheiro e que nada os impede de retornar mais tarde ao país.
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