Sede da BBC (Londres):
Fonte: BBC
Um grupo que reúne entidades de direitos humanos e ONGs britânicas protestou neste sábado contra uma decisão da BBC de não transmitir um apelo para ajudar os palestinos na Faixa de Gaza.
O protesto reuniu cerca de 200 pessoas em frente ao prédio da Broadcasting House, no centro de Londres.
A BBC alega que a transmissão do apelo do Comitê de Desastres Emergenciais (DEC, na sigla em inglês), uma coalizão de 13 agências humanitárias, comprometeria a imparcialidade de sua cobertura do conflito entre palestinos e israelenses.
Segundo o diretor-geral da organização, Mark Thompson, a divulgação do apelo nos canais de rádio e televisão poderia ameaçar a confiança do público na imparcialidade da BBC.
Crítica
A decisão foi criticada pelas entidades do DEC e pelo governo britânico.
Segundo o secretário britânico do Desenvolvimento Internacional, Douglas Alexander, o público sabe distinguir o apoio à ajuda humanitária de uma cobertura parcial sobre o conflito.
Ele pediu a todas as empresas de comunicação para que considerem “o grande sofrimento humano que ainda ocorre em Gaza” na hora de decidir sobre a transmissão do apelo.
O ministro da Saúde britânico, Ben Bradshaw, que já trabalhou como jornalista na BBC, também criticou a decisão da BBC. Segundo ele, a decisão é “inexplicável” e as razões dadas pela direção da empresa seriam “muito fracas”.
Durante o protesto, o político britânico Tony Benn disse que a decisão “trai as obrigações que a BBC deve como um serviço público”.
Outras emissoras britânicas, como a ITV e a Sky haviam concordado em não exibir o apelo.
Depois dos protestos, no entanto, a ITV, o Channel Four e o Five, optaram por transmitir a campanha.
A Sky afirmou que ainda está analisando o pedido da DEC.
Imparcialidade
A chefe de operações da BBC, Caroline Thomson, disse que a empresa é sempre muito cuidadosa ao decidir sobre a transmissão de apelos como esse.
“Temos que ter certeza de duas coisas quando decidimos exibir os apelos: primeiro, que o dinheiro será repassado para as pessoas que precisam. Segundo, que podemos transmitir dentro de nossos princípios editoriais e sem afetar a percepção do público sobre a nossa imparcialidade”, disse Thomson.
Ela afirmou ainda que, em conflitos controversos como a recente crise em Gaza, a imparcialidade é uma grande questão para a BBC.
O presidente da Iniciativa Muçulmana Britânica, Mohammed Sawalha, disse que a BBC deveria se “envergonhar da cobertura sobre a agressão de Israel”.
Segundo ele, a empresa fracassou em mostrar o sofrimento do lado palestino e agora estaria preocupada com a imparcialidade.
“A BBC não foi imparcial ao longo da crise”, disse ele.
COMENTÁRIO REDUNDANTE DO OMAR: A publicação dessa notícia no próprio sítio da BBC deixa margem a algumas interpretações. Uma delas é de que parece haver uma disputa a respeito de sua linha editorial.
Seja como for, o fato mais importante é a população ter ido para a frente da BBC e reclamar!!! Imagina se os movimentos sociais se organizassem e houvesse manifestação em frente a Globo e a RBS, por exemplo, denunciando as suas linhas editoriais parciais, enquanto as empresas juram, de pé junto, que são "imparciais"???
ResponderExcluirDuzentas pessoas é muito gente, não tem como disfarçar...
Sem dúvida o tema é relevante.
ResponderExcluirDe qualquer forma achei interessante que a BBC se apressou em postar notícia sobre a manifestação, com um ar de neutralidade.
Provavelmente a Globo e a RBS não publicariam uma linha em situação similar.