HAUPTBAHNHOF DE FRANKFURT (para aumentar a imagem, clique em cima da mesma):
A companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn admitiu em declarações a uma comissão parlamentar de inquérito ter investigado o comportamento 173 mil funcionários numa campanha anticorrupção. Políticos se dizem chocados.
Deutsche Welle
As recentes revelações a respeito de uma intensa ação de espionagem da companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn contra seus funcionários contradizem declarações anteriores da mesma empresa a respeito de suas controversas investigações internas.
Na última semana, a Deutsche Bahn admitiu ter averiguado o comportamento de mais de mil de seus executivos da categoria sênior, num procedimento que faz parte de um processo interno para apurar casos de corrupção. A empresa nega, no entanto, ter espionado esses funcionários.
Na última quarta-feira (28/01), contudo, Wolfgang Schaupensteiner, comissário encarregado de anticorrupção dentro da Deutsche Bahn, declarou, em depoimento a uma comissão parlamentar de inquérito (CPI), que as investigações realizadas sem o conhecimento dos funcionários teria sido muito mais ampla do que o conhecido até agora.
Segundo ele, mais de 66% dos empregados da companhia ferroviária foram espionados secretamente. As espionagens tinham por meta detectar possíveis atividades profissionais externas dos funcionários ou descobrir ligações destes com fornecedores.
"Nova dimensão"
Horst Friedrich, encarregado do Partido Liberal (FDP) de assuntos relacionados ao transporte, acredita que os atos de espionagem da Deutsche Bahn são "um escândalo de dimensão inteiramente nova". Também o Partido Verde acusou a companhia ferroviária de ter violado maciçamente a privacidade de seus funcionários.
Peter Schaar, encarregado do governo federal para proteção de dados, afirmou ter ficado horrorizado com o altíssimo número de empregados investigados pela Deutsche Bahn. "É completamente sem sentido colocar todo e qualquer maquinista sob suspeita", diz ele.
As ações de espionagem aconteceram entre os anos de 2002 e 2003, quando dados como endereço, número de telefone e informações bancárias dos funcionários foram comparadas com uma lista de 80 mil empresas que mantêm negócios com a Deutsche Bahn. De acordo com as declarações dos depoentes perante a CPI, de um total de 173 mil investigações, foram descobertos cem casos de irregularidades.
A Deutsche Bahn, por sua vez, defendeu seus atos de investigação, afirmando terem sido estes legítimos e apropriados. "Ao contrário de várias afirmações, não há nada de errado em comparar os endereços de funcionários e de fornecedores, em procedimentos denominados de screening, não importando o número de empregados investigados", afirmou Oliver Schumacher, porta-voz da Deutsche Bahn.
Sob fogo cruzado
No entanto, a companhia ferroviária foi bombardeada em função de seus programas de espionagem de funcionários, conduzidos nos anos de 2002 e 2003 e descobertos na última semana pela revista Stern. De acordo com a publicação, a vigilância dos funcionários foi feita pela Network Deutschland, a mesma empresa contratada pela operadora de telecomunicações Deutsche Telekom para espionar secretamente seus funcionários.
Schaupensteiner acusou a revista de ter reavivado uma história antiga, baseada em informações que a própria Deutsche Bahn teria divulgado em junho de 2008. "Não ocorreram novos casos desde então", disse o porta-voz da companhia ferroviária.
A reportagem da revista Stern referia-se às duas maiores operações de espionagem conduzidas nos anos de 2002 e 2003, durante a qual executivos e suas mulheres foram espionados sob suspeita de estarem mantendo atividades comerciais paralelas ou alimentando ligações com fornecedores.
Ação legal
Schaupensteiner afirmou que esta teria sido "uma ação legítima e necessária, destinada a manter sob controle um potencial conflito de interesses". Segundo ele, não são raros os casos de empregados de grandes empresas que fundam suas próprias firmas para então fazer pedidos de fornecimento de mercadorias para si mesmos.
Schaar, o encarregado da proteção de dados no governo, reivindicou uma ação legal contra a Deusche Bahn. A comissão parlamentar encarregada de questões relativas ao transporte irá se reunir novamente no dia 11 de fevereiro, a fim de debater novamente o caso.
A comissão, que entregou a Schaupensteiner uma lista com 60 perguntas, deverá questionar ainda outros dois executivos da Deutsche Bahn, encarregados dos departamentos de auditoria e segurança.
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