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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Cuidado com os 'homens de bem'

Por Ruy Castro, para Folha de São Paulo

Incrível como tantos patriotas de Bolsonaro se envolvem com crimes de toda espécie

O patriota com camiseta de Bolsonaro que vandalizou o relógio no Palácio do Planalto tem três passagens pela polícia em Goiás, por ameaça física, tráfico de drogas e receptação de carros roubados. A patriota que, enrolada na bandeira do Brasil na invasão do STF, gabou-se de ter emporcalhado o banheiro dos ministros, também tem uma condenação por tráfico, em Santa Catarina. E outro patriota capturado nos distúrbios, munido de bombas, estilingues e material para coquetel molotov, era foragido por ter matado um homem a facadas no Pará em 2018.

Um patriota do Paraná, suspeito de ter fretado quatro ônibus que levaram golpistas de Londrina a Brasília, já cumpriu dois anos por sonegação de R$ 1,2 milhão em impostos. Outro patriota, este de Mato Grosso, foi acusado em 2021 de ameaçar a ex-mulher com uma barra de ferro e, ao ser preso, jurou matá-la "assim que saísse da cadeia". A quantidade de infratores da Lei Maria da Penha entre os capturados na praça dos Três Poderes é grande, com destaque para um patriota de Minas Gerais, que tentou esfaquear a mãe.

Todos os patriotas de Bolsonaro se dizem "homens de bem". Mas desde quando "homens de bem" estão associados a tantos problemas com a lei?

O cardápio de crimes em que se envolvem é infinito: genocídio dos yanomamis, contrabando de madeira, garimpo ilegal, assassinato de sertanistas, intimidade com milicianos, arsenais domésticos clandestinos, cocaína no avião presidencial, Viagra e próteses penianas para generais, venda de cloroquina, comissão na aquisição de vacinas, Bíblias a peso de ouro, rachadinhas, compra de mansões com dinheiro vivo, cheques para a primeira-dama, militares com salários de seis dígitos, mamatas com o cartão corporativo, empresários financiadores de terrorismo etc. etc.

Desconfie de gente de camisa amarela e ficha na polícia. Pode ser um "homem de bem".

 

No terceiro andar do Palácio do Planalto, um pedaço vivo da história do país, o relógio que Dom João VI trouxe para o Brasil em 1808 foi destruido as 15h33 . imagens inéditas das câmeras de segurança do Palácio do Planalto. As cenas registradas mostram a destruição promovida pelos extremistas bolsonaristas.

 

domingo, 10 de outubro de 2021

O ódio que o Facebook espalha

 


Por Pedro Dória, para canalmeio.com.br.

O discurso poderia ser de um nazista contra judeus — mas quem o faz em nada parece com um nazista. O monge Wiseitta Biwuntha, mais conhecido por Wirarthu, tem os olhos amendoados, a pele corada tão comum no Sudeste Asiático e a cabeça completamente raspada. Sempre que está em público, veste a roupa típica dos budistas teravada — dhonka e shemdap, que juntos parecem um manto só dum vermelho escuro, quase vinho. Pela aparência, não destoaria se estivesse ao lado o Dalai Lama. Mas não pelo discurso. “Se você comprar de uma loja de muçulmano”, Wirarthu afirma, “o dinheiro não para ali. Este dinheiro, ao fim, será gasto para destruir nossa raça a religião. Esse dinheiro será usado para atrair mulheres budistas e força-las a se converter ao Islã e, quando os muçulmanos tiverem população maior, vão nos engolir, tomar o poder em nosso país e transformá-lo numa nação demoníaca islâmica.” Em Myanmar, mais de 90% da população se identifica como budista. Hoje aos 53, o monge é o rosto mais conhecido do Movimento 969, que defende que budistas devem se casar com budistas, comprar em negócios budistas e trabalhar pela expulsão dos muçulmanos do país.

Wirarthu é um dos mais ávidos defensores da limpeza étnica em Myanmar. É, também, um importante aliado político dos militares nacionalistas.

O monge Wirarthu não está mais no Facebook. Foi expulso em 2018, após o genocídio da minoria rohingya no ano anterior. Mas, até lá, a rede foi a principal plataforma para seu discurso de ódio étnico. E não houve nada de acidental. Em Myanmar, o Facebook foi propositalmente utilizado como ferramenta para construção de um ambiente político instável que levasse à violência. O surgimento da internet do país, um fenômeno recente, coincidiu com a radicalização seguida de colapso da democracia, no início deste ano.

Até 2011, Myanmar era uma ditadura militar, um dos regimes mais fechados do mundo, que tinha como principal rosto Aung San Suu Kyi, a política que venceu o Nobel da Paz, em 1991. Suu Kyi foi libertada no momento em que o regime começou a abrir. Embora não tenha sido permitido a ela concorrer às eleições no primeiro pleito, seu partido venceu 43 das 45 cadeiras do Parlamento e iniciou uma lenta liberalização do país.

Um dos marcos da democratização foi acesso à internet. O preço de um cartão SIM para smartphones despencou, em 2012, de milhares de dólares para centenas. Continuava muito caro, mas tornou-se acessível para uma crosta da classe média alta. Em 2013 o monopólio estatal sobre as telecomunicações caiu e duas operadoras estrangeiras entraram — uma catari, a outra norueguesa. Em 2014, o SIM já custava um dólar, as lojas se encheram de smartphones chineses baratos e o uso de internet, principalmente em plataformas móveis, explodiu.

Como criar um ambiente de desinformação

A cultura digital que se desenvolveu no país a partir dali foi uma centrada no Facebook — a adoção da rede social no país foi a mais acelerada em qualquer nação já registrada pela empresa. Quase instantaneamente, no arco de um ano, mais da metade da população abriu uma conta na plataforma. O fenômeno não passou batido pelo monge Wirarthu. Muito menos pelos militares.

Antes do golpe militar de fevereiro deste ano, Myanmar nunca chegou a ser uma democracia plena. Os generais mantiveram, por toda década de 2010, o poder isolado de reformar a Constituição que havia sido promulgada na ditadura anterior. E a Carta determinava que o poder civil não poderia intervir nas Forças Armadas, que atuavam com orçamento próprio e plena liberdade.

Em 2017, dois anos após a ampla adoção da internet no país, o Exército já tinha um setor com 700 militares responsáveis por uma extensa campanha de desinformação no Face. Controlavam milhares de contas e páginas na rede, dentre elas as de celebridades, pop stars e até a popular Miss Myanmar, Shwe Eain Si, conhecida como SES. A população buscava seus ídolos sem saber que os influenciadores trabalhavam para o Exército, produzindo peças publicitárias de nacionalismo extremo e horror étnico. Em um de seus vídeos, narrado em inglês com legendas em birmanês, com a voz suave e um filtro difusor, SES prega a paz enquanto mostra fotografias falsas, gráficas de um verdadeiro terror, acusando os muçulmanos de ataques bárbaros contra budistas. (Ainda é possível assistir a este vídeo — mas o alerta cabe. É forte. E as acusações nele feitas são comprovadamente falsas.)

Embora não trabalhasse para o Exército, o monge Wirarthu passou a ter uma das páginas de Facebook mais visitadas no país. E ele republicava todos os boatos de violência, pregava que os muçulmanos secretamente controlavam o poder no novo governo, além de serem os donos do dinheiro em Myanmar. Em janeiro de 2017, um dos maiores advogados do país e conselheiro pessoal de Suu Kyi foi assassinado. Era um dos muçulmanos de maior visibilidade. Entre agosto e setembro do mesmo ano, pelo menos três mil pessoas da etnia rohingya foram assassinadas em manobras militares e mais de 800 mil fugiram do país para Bangladesh. Tentando ainda se manter no poder, Syy Kyi calou. Em dezembro a ONU classificou a ação como uma de limpeza étnica. Ou genocídio.

O governo civil nunca se recuperou da crise política aberta ali e dos constantes ataques via Facebook. Em 1o de fevereiro deste ano, caiu perante um novo golpe militar.

Uma das primeiras ações do regime democrático em Myanmar foi ampliar acesso à internet acreditando que, assim, abriria portas para o livre debate na sociedade. Mas quando o Facebook foi adotado espontaneamente como principal plataforma de diálogo, o elo quebrou.

Um estudo da ong jornalística Global Witness mostra o processo. Os investigadores criaram um perfil limpo, sem histórico passado, na rede de Myanmar. Fizeram então uma busca por notícias relacionadas ao Exército — o que qualquer um por lá inevitavelmente faz, tamanho o poder da instituição. No momento em que o primeiro like numa página relacionada aos militares foi dado, começaram a brotar recomendações de outras páginas. Em minutos o perfil antes vazio havia sido completamente dominado por desinformação racista, discurso de ódio e pró-golpe militar. Não é preciso grande esforço, o próprio algoritmo leva qualquer um a este tipo de conteúdo.

Durante a ditadura anterior, os militares acreditavam que se liberassem a internet, perderiam o controle do país. No Face, descobriram no curto período democrático que a internet poderia se tornar sua principal aliada. Com a ajuda da rede conseguiram criar o ambiente de incitação aogenocídio e tornar ao poder.

O monge Wirarthu foi expulso do Face em 2018, alguns meses após o genocídio. Àquela altura, ele já era habitualmente tratado como o ‘bin Laden budista’ pela imprensa internacional fazia muitos anos. Não era uma figura obscura e a natureza de seu discurso tampouco era desconhecida. O Facebook nunca explicou por que não havia tomado qualquer ação nos anos anteriores. Também foram expulsos generais, incluindo o comandante do Exército, num conjunto de 484 páginas, 157 contas e 17 grupos que “atuavam de forma coordenada em comportamento inautêntico”.

Mas, quando um tribunal internacional cobrou do Facebook, em 2020, informações que pudessem ajudar a reconstruir o caminho que o discurso do ódio online tomou para terminar em genocídio, a empresa se negou a entregar. O pedido, de acordo com a empresa, era “excessivamente amplo”. É também “intrusivo e oneroso”. Daria trabalho demais.

O Facebook também não informa quantos funcionários compreendem birmanês e são capazes de avaliar o conteúdo publicado.

No país vizinho

Em agosto de 2020, mais ou menos quando o Face se negava a entregar à Justiça dados que ajudassem a compreender o genocídio rohingya, outro monge budista começou a agir não muito longe de Myanmar. Mas, diferentemente de Wirarthu, Luon Sovath precisou fugir de seu país. O Camboja. Conhecido em todo o país, um ávido defensor dos direitos humanos, Luon Sovath foi vítima de uma campanha massiva de desinformação — ele não ameaçava, era ameaçado. Dentre o material que circulou no Facebook a seu respeito estava um vídeo muito pouco nítido que sugeria relações sexuais suas com uma mãe e as três filhas. Não só estaria violando o juramento de castidade como cometendo algo próximo do incesto num país particularmente conservador. A ameaça se mostrou tão relevante que ele teve de deixar o país.

O Camboja é uma ditadura e vem sendo governado, desde 1985, pelo primeiro-ministro Hun Sen, um homem de 69 anos que atuou como soldado durante o genocídio promovido pelo Khmer Vermelho durante a década de 1970. Assim como em Myanmar, por lá a internet é, em essência, o Facebook. A plataforma que todos usam. E, assim como as Forças Armadas de Myanmar, o governo tem um departamento dedicado a produzir conteúdo falso para a rede.

No caso de um dos vídeos envolvendo o monge Luon Sovath, repórteres do New York Times descobriram indícios ligando o material a dois funcionários deste departamento de propaganda.

Advogados de políticos da oposição, nos EUA, tentam já há três anos conseguir dados sobre a compra de publicidade no Facebook, para divulgação de conteúdo pró-governo. Um conjunto de e-mails vazados em 2017 sugerem que, por dia, o Estado gastava US$ 15 mil por dia para atrair visitas para suas páginas. Num país com 15 milhões de habitantes, a página do premiê tem quase 14 milhões de seguidores. Em sua campanha mais recente online, Hun Sen vem promovendo uma campanha de ‘moralização’ das mulheres que usam roupas ‘reveladoras’ online.

Morte africana

O cantor pop Hachalu Hundessa dirigia seu carro, no dia 29 de junho do ano passado, quando um homem se aproximou, disparou e o matou em um bairro periférico de Addis Ababa, capital da Etiópia. Hundessa tinha 34 anos e, por toda vida, alternou a militância política com a carreira de músico. Foi preso aos 17 por sua defesa de autonomia para o povo Oromo, ao qual pertence, e permaneceu nas cadeias da ditadura etíope por cinco anos. A carreira musical veio depois — “ele compôs a trilha sonora da revolução Oromo”, explicou um professor da Universidade Keele, na Inglaterra. “Um gênio lírico que incorporou as esperanças e aspirações do povo.”

Segundo a polícia, o assassino pertencia a sua etnia. O rapaz matou Hundessa porque o cantor se aproximara do premiê Ahmed Abiy, também Oromo, e que hipernacionalistas criticavam por contemporizar com outros grupos. Imediatamente após o assassinato, o Facebook se incendiou em acusações diversas, boatos e incitação. Nas horas seguintes, hordas tomaram as ruas da capital etíope. Propriedades foram destruídas e incendiadas. Houve uma série de linchamentos que terminaram com decapitações públicas.

Apenas um ano antes, em 2019, o corredor etíope Haile Gebreselassie tentou usar sua fama internacional para chamar atenção para outra explosão de ódio na região de Oromia. Ela deixou 81 mortos após informações falsas circularem no mesmo Facebook de que grupos rivais estavam sendo armados para ataques. Gebreselassie, recordista mundial de maratonas em 2008, foi ouvido na época por toda imprensa.

Em 2020, o Facebook dizia ter uma equipe de 100 pessoas responsáveis pela moderação de conteúdo no continente africano. Não revelava quantos compreendiam algum dos mais de 50 dialetos falados na Etiópia. Durante as eleições que ocorreram em junho deste ano no país, a empresa diz ter contratado falantes nativos de oromo, amharic e somali, que de fato são os troncos linguísticos mais importantes. Não afirmou quantos. Entre março e março, de 2020 a 21, o Face afirma ter retirado mais de 87 mil postagens de desinformação no país. O arco cultural do continente africano abarca mais de duas mil línguas.

O ponto

Com muita frequência, o que se publica a respeito de desinformação nas redes sociais trata de Estados Unidos, Europa, ou alguns outros países como o Brasil. O Brasil, noves fora a baixa autoestima local, é um país rico e importante na geopolítica mundial. Por conta de Jair Bolsonaro, tornou-se também um dos focos da imprensa internacional atenta ao drama da recessão democrática que ocorre no mundo.

Myanmar, Camboja, Etiópia e tantos outros não são foco. Em países como estes, as línguas faladas são pouco relevantes na economia mundial. Ninguém as fala com exceção de quem as tem como línguas maternas. Tensões étnicas não são novas em nenhum destes lugares. Ódio, autoritarismo ou violência muito menos. A história é longa. A diferença é a velocidade — de uma hora para a outra, pelas redes, boatos são espalhados espontaneamente ou por meio de uma máquina organizada para isto — e uma explosão se dá.

O Facebook já tem pelo menos um genocídio com seu nome.

A questão é simples: o algoritmo faz discurso de ódio circular com facilidade. Ele, o algoritmo, desmontou como a internet funcionava. Antes, pessoas precisavam buscar a informação que consumiriam. O algoritmo leva informação a elas. A nós. E, invariavelmente, é o tipo de material que atiça conflito. Assim como campanhas presidenciais como as de Jair Bolsonaro e Donald Trump utilizaram a ferramenta para ampliar o impacto de suas mensagens, outros movimentos autoritários no mundo já dominaram a técnica.

E a usam livremente. Muitas vezes, sem os holofotes da imprensa.

 

 

Fonte da Imagem: The Phantoms of the Brain by richworks on DeviantArt

segunda-feira, 18 de março de 2019

50 CIDADES MAIS PERIGOSAS DO MUNDO

 
 
Uma organização mexicana independente classificou as 50 cidades mais perigosas do mundo com base na taxa de homicídios (* número de assassinatos por 100.000 habitantes).  
 
42 delas estão na América Latina.
 
Dados de 2018.
 
Fonte da Matéria: https://www.travelbook.de/orte/gefaehrliche-orte/mordrate-die-gefaehrlichsten-staedte-der-welt?ref=1
 
 Fonte da Imagem: http://www.arthit.ru/surrealism/0055/surrealism-25.jpg
 
Ranking
Cidade
País
Assassinatos
População
Taxa*
1 Tijuana Mexiko 2640 1,909,424 138.26
2 Acapulco Mexiko 948 857,883 110.50
3 Caracas Venezuela 2,980 2,980,492 99.98
4 Victoria Mexiko 314 365,089 86.01
5 Ciudad Juárez Mexiko 1,251 1,462,133 85.56
6 Irapuato Mexiko 473  580,808  81.44
7 Ciudad Guayana Venezuela 645  823,722  78.30
8 Natal Brasilien 1185  1587055  74.67
9 Fortaleza Brasilien 2,724  3,939,460  69.15
10 Ciudad Bolívar Venezuela 264 382,095  69.09
11 Kapstadt Südafrika 2,868  4,322,031  66.36
12 Belém Brasilien 1,627  2,491,052  65.31
13 Cancún Mexiko 547  848,465  64.47
14 Feira de Santana Brasilien 386  609,913  63.29
15 St. Louis USA 187  308,626  60.59
16 Culiacán Mexiko 585  966,609  60.52
17 Barquisimeto Venezuela 683  1,205,142  56.67
18 Uruapan Mexiko 189  346,640  54.52
19 Kingston Jamaika 639 1,180,771  54.12
20 Obregón Mexiko 179  343,613  52.09
21 Maceió Brasilien 521  1,012,382  51.46
22 Vitória da Conquista Brasilien 172  338,885  50.75
23 Baltimore USA 309  611,648  50.52
24 San Salvador El Salvador 906  1,800,336  50.32
25 Aracaju Brasilien 463  949,342 48.77
26 Coatzacoalcos Mexiko 162  335,077 48.35
27 Palmira Kolumbien 149  310,608  47.97
28 Maturín Venezuela 257  544,069  47.24
29 Salvador Brasilien 1,849 3,914,996  47.23
30 Macapá Brasilien 233  493,634  47.20
31 Cali Kolumbien 1,209  2,570,905  47.03
32 Celaya Mexiko 240  510,787  46.99
33 San Pedro Sula Honduras 363  777,877 46.67
34 Ensenada Mexiko 253  542,896  46.60
35 Campos dos Goytacazes Brasilien 233  503,424  46.28
36 Tepic Mexiko 230  512,387  44.89
37 Manaus Brasilien 944  2,145,444  44.00
38 Guatemala-Stadt Guatemala 1,411  3,226,974  43.73
39 Recife Brasilien 1,738  3,975,411  43.72
40 Distrito Central Honduras 538  1,242,397  43.30
41 San Juan Puerto Rico 143  337,288  42.40
42 Valencia Venezuela 678  1,600,662  42.36
43 Reynosa Mexiko 295  711,130  41.48
44  João Pessoa Brasilien 460  1,112,304  41.36
45 Nelson Mandela Bay Südafrika 478  1,220,616  39.16
46 Detroit USA 261  673,104 38.78
47 Durban Südafrika 1,562  4,055,969  38.51
48 Teresina Brasilien 324  861,442  37.61
49 Chihuahua Mexiko 352  938,713  37.50
50 New Orleans USA 145  393,292  36.87    
  

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Relacionamento abusivo: 15 sinais de que você pode estar em um

Antes do soco e da pancada, muitas outras formas de violência já dão indícios de uma relação abusiva.


por Helena Bertho –
26 de novembro de 2018


Você sabe o que é um relacionamento abusivo? 

Saberia identificar se alguém próximo (ou você mesma) está em um? Estar em um relacionamento abusivo não quer dizer, necessariamente, apanhar. Muitas vezes, a violência toma outras formas, como a violência psicológica, sexual e financeira. Elas são muito mais sutis que a agressão física e, por isso mesmo, mais difíceis de identificar.

O que acontece é que muitas pessoas acabam ficando nessas relações e sofrendo, sem conseguir entender o abuso que sofrem. “Isso sempre é bem sutil no começo. O primeiro caminho é sempre psicológico. Afinal, se o relacionamento começa num tapa, a mulher não continua. Até criar envolvimento e dependência emocional, é um príncipe. Quando ela está envolvida e fragilizada, aí sim ele vira um sapo”, diz a psicóloga e advogada especialista em violência contra a mulher Vanessa Paiva.

É importante saber que a violência pode acontecer em qualquer relação, hetero ou homossexual. Trata-se de uma questão de poder. Mas, como é mais comum em relações entre homem e mulher, usaremos o masculino para definir o abusador nesse texto.

 

1. Ciúme excessivo

 

Com a justificava de “amar demais” o ciúme deixa de ser normal e vira justificativa para o controle. É normal que uma pessoa sinta medo de perder aquela que ama. Mas quando isso passa a virar argumento para controlar a tomada de decisão do outro, agressões, ofensas ou invasão de privacidade, é excessivo.

 

2. Controle

 

“Porque eu te amo demais” ou “é para o seu bem” são frases comuns usadas pelo abusador para controlar a outra pessoa. O controle acontece quando ele começa a decidir o que a outra pessoa pode ou não fazer. Que roupas vestir, onde pode ir, quais atividades fazer e até, em casos mais extremos, que trabalhos a outra pessoa pode ou não ter.

 

3. Invasão de privacidade

 

Por mais que sejam parte de um casal, as pessoas devem ter privacidade e individualidade. Em um relacionamento abusivo, é comum que o abusador não respeite o espaço individual da outra parte. Roubar senhas, mexer no celular, ler e-mails e mensagens, instalar programas de rastreamento. Tudo isso é invasão de privacidade. Ela pode acontecer em segredo, sem que o outro saiba, ou ser aberta, com a justificativa de que “quem ama não tem nada a esconder”. Mas não permitir que o outro tenha um espaço só seu, na verdade, é demonstração de falta de confiança.

 

4. Afastamento de outras pessoas

 

As justificativas podem ser muitas: fulano é má influência, ciclano dá em cima de você, não gosto daquela pessoa, aquela outra me trata mal. O fato é que ele vai exigindo que a companheira se afaste das pessoas mais próximas. A psicóloga Vanessa explica que “o objetivo é que você passe a depender somente dele”.

 

5. Chantagem

 

A manipulação é uma ferramenta central no relacionamento abusivo. Se a parceira não aceita de forma pacífica do que é cobrada, o abusador costuma, então, usar de chantagem para conseguir o que quer. Seja dizendo que vai ficar doente ou vai se matar se a companheira não fizer algo, seja ameaçando terminar o relacionamento. A chave é saber o que mexe com a parceira e usar disso para manipulá-la.

 

6. Destruição da autoestima

 

Se no começo da relação a pessoa era incrível para a outra, aos poucos isso vai mudando. A mudança começam com “críticas construtivas”, que vão se tornando cada vez mais comuns e pesadas. Sem perceber, a vítima vai perdendo a autoestima até o ponto de achar que é alguém tão ruim que nenhuma outra pessoa vai amá-la se essa relação terminar.

 

7. Invalidação de sentimentos

 

A parte abusadora da relação vai dizer que aquilo que o outro sente é besteira ou não é nada. “Toda vez que você invalida o sentimento, você condiciona a pessoa a não falar nada e a achar que o que sente é bobagem”, explica Vanessa. Assim, o medo, a dor e a tristeza de estar passando pelo abuso passam a ser enxergados como besteira pela própria vítima, fazendo com que ela permaneça no relacionamento abusivo, mesmo infeliz.

 

8. Falta de diálogo sobre dinheiro

 

Não é fácil conversar sobre dinheiro. Mas a falta de diálogo abre espaço para que uma das partes da relação abuse financeiramente da outra. Por exemplo, se a mulher para de trabalhar para cuidar dos filhos, a dinâmica financeira da família precisa ser combinada antes. Assim, ela vai ter condições de sair da relação se precisar. No relacionamento abusivo, a falta de diálogo é usada para levar o outro à dependência econômica.

 

9. Controle financeiro

 

É comum nas relações abusivas que uma das pessoas controle todo o dinheiro do casal e, por isso, passe a controlar também as atividades da outra. Quando uma tem que pedir dinheiro para tudo, passa a existir espaço para que a outra pessoa negue e, assim, decida o que a companheira pode ou não fazer.

 

10. Uso do dinheiro sem acordo conjunto

 

Dentro de um relacionamento, a forma como o dinheiro vai ser usado deveria ser decidida em acordo. Os recursos são dos dois? Quem decide quanto gastar ou quanto poupar? São questões respondidas em conjunto. No entanto, nas relações abusivas pode acontecer de uma das pessoas fazer compras ou investimentos com o dinheiro do casal sem consultar o outro. O resultado é que o  outro pode ficar sem recursos e nem saber.

 

11. Pegar, roubar ou destruir itens do outro

 

Quando a relação abusiva evolui, pode chegar ao ponto da pessoa esconder ou quebrar os pertences da outra como forma de controle. São comuns os casos em que o abusador esconde os documentos da outra pessoa ou quebra objetos pessoais durante  acessos de raiva.

 

12. Usar os filhos em chantagens

 

Quando o casal tem filhos, as coisas ficam mais complicadas. No relacionamento abusivo, a pessoa usa os filhos como ferramenta de chantagem. Ao invés de se preocupar com o bem estar das crianças, é comum que o abusador as use como chantagem para conseguir o que quer.

 

13. Exigir relação sexual

 

O estupro dentro de relacionamentos não é raro. Se o sexo é forçado, é estupro. E isso nem sempre acontece de forma explícita: não respeitar a vontade da outra pessoa, chantagear ou fazer ameaças para ter uma relação também são formas de abuso. 

14. Ameaças

 

Quando a relação abusiva já está avançada, ameaças se tornam comuns. Elas podem ser dos mais diferentes tipos: tirar o dinheiro, sumir com os filhos, agressões e até ameaças de morte. “A fala de que ‘cão que late não morde’ é muito perigosa. No caso das relações abusivas, em geral as ameaças são o principal indício de que a violência física vai chegar a acontecer. Elas são sinal de que o agressor está criando coragem”, explica Vanessa.


Fonte: http://costaadvogados.adv.br/relacionamento-abusivo-15-sinais-de-que-voce-pode-estar-em-um/

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

O que esperar do Brasil em 2018


por André Lara Resende

O poder voltou a estar associado à riqueza e ao dinheiro, agora desmaterializados, ao sabor exclusivo das expectativas

O sentimento que hoje dá a tônica no Brasil é o de desalento. Depois de três anos da mais grave recessão da história do país, a economia dá sinais de recuperação, mas ainda não há investimento para garantir um novo ciclo de crescimento. Não há investimento porque a confiança não se recuperou. O país está à espera das eleições presidenciais de 2018. A esperança que ainda tempera o desalento é que o presidente eleito em 2018 seja capaz de recolocar o país nos trilhos. Recolocar o país nos trilhos tem diferentes interpretações, mas há um relativo consenso sobre os problemas a serem enfrentados. Corrupção, criminalidade e violência nas cidades, saúde pública, desigualdade de educação e de riqueza são questões que há décadas nos atormentam e só se agravaram. São questões eminentemente políticas, que dependem do poder público, questões incapazes de serem resolvidas por iniciativas individuais, ou mesmo corporativas, com ou sem fins lucrativos. Temos a impressão de que são problemas nossos, uma especificidade do país que atravessou o século XX sem conseguir chegar ao Primeiro Mundo, mas a verdade é que são problemas que afligem, em maior ou menor grau, todas as grandes democracias contemporâneas. Basta observar os Estados Unidos hoje. A lista acima, dos nossos grandes problemas, seria integralmente aceita para descrever as questões que afligem a mais rica e bem-sucedida democracia contemporânea.

Num pequeno livro publicado originalmente em 1993, "O Fim da Democracia", Jean-Marie Guéhenno, diplomata francês, professor da Universidade de Columbia, defendia uma tese que, à época, parecia precipitada e provocadora. Sustentava que havíamos chegado ao fim de uma era. O período da modernidade, da democracia, iniciado com o Iluminismo do século XVII, cujo apogeu se deu no século passado, se encerrava com o fim do milênio. Diante do mal-estar que hoje se percebe, em toda parte, não apenas em relação à democracia representativa, mas em relação à própria política, a releitura do ensaio de Guéhenno nos deixa com a impressão de se tratar de uma reflexão profética sobre a crise deste início de século.

A modernidade se organizou a partir da crença nas instituições democráticas, na força das leis para organizar e controlar o poder. Difundiu-se a tese de que a melhor maneira de regular a convivência, organizar a sociedade era limitar o poder pelo poder, distribuindo-o entre vários polos e instâncias. As construções institucionais que organizam essa distribuição do poder, de maneira que impeça a usurpação por um deles, ou colusão entre eles, num delicado equilíbrio de distribuição, não apenas do poder, mas também da riqueza, é o que caracteriza a democracia moderna.

No passado, antes do enriquecimento que acompanhou a era da razão e da indústria, a riqueza fundiária era o único poder. O poder político não se distinguia do poder econômico, ser poderoso era, sobretudo, escapar da miséria generalizada. A democracia institucional da modernidade foi um extraordinário progresso em relação à concentração do poder e da riqueza das épocas passadas, mas, nessa passagem de século, as instituições democráticas se tornaram obsoletas. Há dificuldade em admiti-lo, porque não temos o que pôr no lugar da democracia representativa. Não conhecemos uma forma de melhor organizar a sociedade. As palavras democracia, política, liberdade definem o espectro de nossa visão de um mundo civilizado, mas não temos mais certeza de saber o seu verdadeiro sentido. Nossa adesão, à construção institucional e aos valores da democracia moderna, é mais um reflexo condicionado do que uma opção refletida.

Com a densidade demográfica e o progresso tecnológico, sobretudo nas comunicações, a sociedade dos homens se tornou grande demais para formar um corpo político. Não há mais cidadãos, pessoas que compartilham um espaço físico e político, capazes de expressar um propósito coletivo. Todos se percebem como titulares de muitos direitos, e cada vez menos obrigações, num espaço nacional pelo qual não se sentem responsáveis, nem necessariamente se identificam. Na idade das redes, da mídia social, a vida pública e a política sofrem a concorrência de uma infinidade de conexões estabelecidas fora do seu universo. Longe de ser o princípio organizador da vida em sociedade, como o foi até algumas décadas atrás, a política tradicional passa a ser percebida como uma construção secundária e artificial, incapaz de dar resposta aos problemas práticos da vida contemporânea. Sem a política como princípio organizador, sem homens públicos capazes de definir e representar o bem comum, a pulverização dos interesses, longe de resultar num consenso democrático, leva à radicalização na defesa de interesses específicos e corporativos. Na ausência de um princípio regulador, universalmente aceito como acima dos interesses específicos, a tendência é a da radicalização na defesa de seus próprios interesses. Não há mais boa vontade com os que discordam de nós, nem crédito quanto à suas intenções.

Sem confiança e boa-fé, os elementos essenciais do chamado capital cívico, não há como manter viva a ideia de nação, de uma memória e de um destino compartilhado. Num primeiro momento, tem-se a impressão de que a confiança e a boa-fé, vítimas da sociedade de massas, poderiam ser substituídas, sem prejuízo do bom funcionamento da sociedade, pela institucionalização e pela formalização jurídica das relações. O que é um avanço, o domínio da lei, quando levado ao paroxismo, quando se depende da lei, dos contratos jurídicos para regular até mesmo as mais comezinhas relações cotidianas, é sinal inequívoco da erosão do capital cívico. O sistema jurídico, os advogados, se tornam o campo de batalha, os exércitos, de uma guerra onde cada um, cada grupo, se agarra obstinadamente aos seus interesses e "direitos" particulares. Quebrar um contrato, desobedecer à lei, é passível de punição, mas fora dos contratos e da lei tudo é permitido, não há mais princípios nem obrigação moral. Quando não existe mais terreno comum fora dos contratos jurídicos, quando não é mais possível, de boa-fé, baixar as armas e confiar, é porque não há mais terreno comum e a decomposição da sociedade atingiu um estado avançado. O estágio final é a decomposição das próprias instituições que fazem e administram as leis.

Talvez a mais polêmica das teses de Guéhenno, à época da publicação de seu ensaio, fosse a de que o princípio organizador do poder no mundo contemporâneo fragmentado é a riqueza. Não mais o capital, capaz de organizar e explorar o trabalho, como queria a tradição marxista, mas a riqueza em abstrato. Com a desmaterialização da economia, provocada pela revolução digital, o capital e o trabalho caminham rapidamente para se tornar dispensáveis. A riqueza é criada e destruída com extraordinária velocidade e de forma completamente dissociada do que restou do sistema produtivo do século XX. No mundo contemporâneo o poder voltou a estar associado à riqueza e ao dinheiro, agora desmaterializados, ao sabor exclusivo das expectativas, das percepções coletivas, que tanto se expressam como se validam na criação de riquezas abstratas, tão impressionantes como voláteis.

Para Guéhenno, é sob este prisma, do dinheiro como o princípio organizador do poder, que se deve analisar a corrupção no mundo contemporâneo. Longe de ser um fenômeno arcaico, lamentável sinal de uma sociedade subdesenvolvida, incapaz de distinguir entre a fortuna particular e o bem público, a corrupção é um elemento característico da sociedade contemporânea. Quando o Estado e a política deixam de ser o princípio organizador do bem comum, quando políticos e funcionários passam a serem percebidos e a se perceber como meros prestadores de serviços para uma multiplicidade de interesses específicos, é natural que sejam remunerados, diretamente pelos interessados, pelos serviços prestados.

No mundo onde o relacionamento vale mais do que o saber, onde o poder público é visto apenas como facilitador de interesses particulares, a chamada corrupção, desde que não saia de controle, é apenas uma forma de aumentar a eficiência da economia. O valor supremo é a eficiência da economia na geração de riqueza. A política e a alta função pública, há tempos, perderam importância e prestígio. Os sucessivos "escândalos" de corrupção com recursos públicos nas democracias contemporâneas não são uma anomalia, mas a consequência lógica do triunfo do único valor universal que sobrou no mundo pulverizado das redes, o dinheiro, como indicador de sucesso pessoal e de sucesso das sociedades. A riqueza se tornou o gabarito comum, a única referência através da qual é possível estabelecer comunicação entre indivíduos e tribos que nada mais compartilham, a não ser a reverência em relação à riqueza.

O tempo deu razão a Guéhenno. Suas teses, hoje, parecem menos extravagantes. A revolução digital, a pulverização das identidades, a desmaterialização da economia e o fim do emprego industrial tornaram obsoleta a política das democracias representativas. Nosso desalento não é exclusividade nossa. O que poderia servir de consolo é, na verdade, evidência de que o problema é mais grave do que se imagina. É bom que se tenha consciência, para não depositar esperanças infundadas nas eleições de 2018. Para recolocar o país nos trilhos, para dar fim ao desalento, não basta evitar os radicalismos. É preciso ir além de uma proposta moderada reformista, pautada pelo que o país deveria ter conseguido ser no século passado. É preciso ter o olhar voltado para o futuro, e o futuro é o da economia digitalizada, da inteligência artificial, com profundas repercussões na forma de se organizar a economia e a sociedade. Pode ainda não estar claro onde a estrada nos levará, mas é preciso estar na estrada para não ficar definitivamente para trás.
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André Lara Resende é economista
Fonte: Valor Econômico
Imagem:  https://www.gamespot.com/reviews/violett-review/1900-6415618/

terça-feira, 12 de setembro de 2017

¿Qué hacemos con el miedo?

 

Alberto Tena 05/09/2017


El temor, la inseguridad, la percepción del riesgo son características de las sociedades humanas que no podemos simplemente relegar al núcleo de construcción del fascismo, e incluso rechazar como emociones oscuras.

Que entre los sentimientos más importantes que gobiernan nuestras vidas esté el miedo parece algo que podríamos asegurar sin el apoyo de muchos datos ni contrastados análisis. En la actualidad, se han acuñado conceptos como posverdad para intentar hablar de los populismos, y tratar así de identificar la supuesta irracionalidad de estos sentimientos en política. Pero la verdad es que estos siempre han estado presentes, y entre ellos el miedo y la búsqueda de seguridades, que, como estamos viendo ahora mismo en la campaña electoral francesa, sigue estando en el centro de los problemas europeos.

Para el psicoanálisis, el miedo se produce cuando la angustia, la pulsión del cuerpo sin objeto, encuentra un objeto al que agarrarse. Cuando las personas relacionan directamente la angustia que sienten con algo específico y permanente, la angustia se constituye en una fobia. La fobia aparece para atar ese conflicto entre la pulsión y su representación, su identificación con un objeto concreto que se ata a tu identidad. Cuando vemos que la mayor parte de los derechos y seguridades que tenemos a nuestro alrededor se desmoronan, el miedo puede manifestarse en fobia; como la xenofobia, miedo al extranjero, con la que se está dando una respuesta en todo Occidente en estos momentos. Esta angustia en torno a la que se constituye el miedo es de esas emociones que se vuelven muy pegajosas a nuevas representaciones y que mucho tienen que ver en general con la gente que tiene poca seguridad material a la hora de afrontar al futuro. Por eso, en general, la búsqueda de seguridad y protección ha estado tradicionalmente muy vinculada a las demandas del movimiento obrero y de los colectivos con menos poder social.

Cuando hablamos de seguridad, a secas, pensamos en un posible Ministerio de Seguridad y Defensa, que nos proteja frente a otros externos, y, en los últimos tiempos, se nos vienen a la cabeza con gran preocupación Marine Le Pen y Donald Trump. Desde el primer día que escuchamos hablar de ellos, la seguridad y protección de sus nacionales frente a los extranjeros mexicanos o islámicos, o contra la globalización y la Unión Europea y sus oligarquías, ha sido la bandera que ha ondeado en cada uno de sus discursos. La seguridad como bandera para construir comunidades políticas cerradas, con menos derechos y menos democráticas. Pero el miedo, la inseguridad, la percepción del riesgo son características de las sociedades humanas que no podemos simplemente relegar al núcleo de construcción del fascismo, e incluso rechazar como emociones oscuras. Ya se sabe, el miedo lleva a la ira, la ira lleva al odio, el odio lleva al sufrimiento, el sufrimiento al lado oscuro. En algún momento de esa cadena es fundamental hacernos cargo de estos sentimientos colectivos. Estas emociones han sido en realidad uno de los ejes fundamentales en torno a los que se han construido muchas de las instituciones más útiles y avanzadas para el movimiento obrero y para las personas con menos poder en nuestras sociedades.

“Seguridad Social” probablemente pueda significar cosas distintas para personas distintas, pero en general tenemos la idea de que trata sobre del deseo colectivo de tener una mayor protección frente a los múltiples problemas de la vida (por lo general en el mercado de trabajo), frente a la enfermedad, a las privaciones materiales y a la incertidumbre; e igual nos acordamos del Fondo de Reserva que vemos en los gráficos cada día en el telediario en bajada continua; y alguna gente, en los colectivos, plataformas y centros sociales, que les han permitido construir pequeños espacios de tejido comunitario; o las familias como último resorte de protección al que acudir cuando algo va mal. El 17 de noviembre de 1881, en el célebre discurso de Bismarck en el Reichstag, en el que se dijo eso de “es necesario un poco de socialismo para evitar tener socialistas”, en realidad, también se reconoció por primera vez colectivamente la misión de responsabilizarse del cuidado de todos los miembros de la sociedad sin que fuera la caridad la que tuviera que ocuparse de ello. En los siguientes años se fueron adoptando una serie de leyes sobre seguros contra los accidentes de trabajo, la invalidez y la vejez, y un sistema legislativo del que todavía hoy el sistema alemán conserva muchas de las características. Si tuviéramos que encontrar una única frase para definir el espíritu de lo que han sido los Estados de Bienestar de la posguerra, nos quedaríamos con la definición de Lord Beveridge según la cual todos los países democráticos avanzados deberían aspirar a poder garantizar a todos los ciudadanos la “seguridad de la cuna a la tumba”.

Actualmente nos enfrentamos a nuevos riesgos sociales: la globalización, el desempleo tecnológico, el fenómeno de los trabajadores pobres, los cambios en los roles familiares debido a la incorporación masiva, si bien incompleta y precarizada, de las mujeres al mercado de trabajo, el envejecimiento de la población y la inmensa cantidad de trabajo de cuidados socialmente necesarios que esto conlleva, el desempleo juvenil, o, en el caso español en especial, la extensísima pobreza infantil. Los sistemas de “seguridad social” bismarckianos nunca se imaginaron que podía suceder algo como la aparición de los trabajadores pobres. El pleno empleo y una familia (unas mujeres) constituían las bases para el bienestar. Pero ese sistema de Bienestar no está pensado para los problemas a los que tienen que hacer frente la mayoría de la población porque está construido bajo supuestos sociales que ya no se corresponden con la realidad: el pleno empleo como normalidad a partir de la cual se consolidan derechos; y la familia, fundamentalmente un grupo de mujeres, como institución que se iba a encargar de las tareas que permiten sostener una vida que pueda ser después empleada por alguien en el mercado de trabajo, para producir valor, ganar dinero, estatus social y de ahí una serie de derechos y condición de ciudadanía.

Una de las propuestas de mayor calado en cuanto a cambio de perspectiva en relación a las políticas que tienen que llevar cabo los Estados de Bienestar para afrontar estos nuevos riesgos es la de la Renta Básica. Y aunque tradicionalmente sus defensores hayan apuesto el acento en su capacidad de generar mayor libertad (real) para las personas, la seguridad, es también uno de los elementos clave. De los diferentes proyectos piloto que se han puesto en práctica en todo el mundo, uno de los más famosos es el que se hizo entre 1974 y 1979 en Dauphin, Canadá. El experimento consistió en proporcionar una renta de forma incondicional a toda la población con un cálculo inversamente proporcional a los ingresos que cada persona percibía por su empleo. La mayor estudiosa de lo que ahí sucedió es la economista Evelyn L. Forget, que realizó un trabajo especialmente profundo en lo que tiene que ver con el análisis de variables vinculadas a la salud, hospitalizaciones, salud mental etc. Todos esos indicadores mostraron mejoras considerables, pero no exclusivamente entre los individuos que recibían finalmente esa renta. Cuando Evelyn Forget trató de explicar por qué sucedía esto también entre las personas que no estaban recibiendo esos ingresos -- su salario superaba el umbral establecido en ese momento-- dijo que la clave era que esta renta que se garantizaba a las personas era percibida por los ciudadanos como una especie de póliza de seguros contra la pobreza en el futuro, y era esto lo que activaba toda una serie de mecanismos virtuosos vinculados a la salud en toda la zona de Dauphin. Las políticas de protección social deben ocuparse tanto de quienes ahora mismo están en situaciones de privación total y son los más vulnerables, que se entiende normalmente como los sujetos de las políticas de protección social, como de quienes en este momento están mejor, pero tienen la necesidad de sentirse seguros ante la posibilidad de circunstancias adversas en algún momento de su ciclo vital.

La seguridad ha sido una de las ideas fundamentales que ha sido capaz de organizar el orden político surgido de entreguerras que ahora está en crisis. La existencia de una subjetividad organizada, capaz de imaginar horizontes vitales sin demasiados sobresaltos, ha sido una de las claves que ha permitido mantener y proyectarse a la mayoría hacia posibilidades de progreso personal y colectivo. Este imaginario de seguridad se ha perdido para una gran parte de la población, y es probable que sea tarea nuestra reconstruirlo, hacernos cargo de estos sentimientos colectivos para tratar de darnos una respuesta. Socializar las tareas de cuidados como un derecho, una renta básica que nos asegure la existencia material a todo el que viva en el territorio, abrir todas las posibilidades de generar vínculos colectivos que nos ayuden a construir ese sentimiento de comunidad son tareas que no tienen que ver exclusivamente con la justicia social, ni solo con el progreso económico, sino que probablemente traten sobre una de las pocas garantías de construir un orden nuevo, capaz de sostener la vida de las personas en uno de los momentos de mayor incertidumbre global. En 2011 el colectivo Juventud Sin Futuro declaraba que la única forma de afrontar ese futuro incierto, sin casa, sin curro y sin pensión, era quitarse el miedo. Entonces sonó a una afirmación, pero probablemente es una necesidad, apartar el miedo sigue siendo una tarea política fundamental.


Alberto Tena es politólogo, especialista en políticas públicas y sociales

Fuente:
http://ctxt.es/es/20170524/Firmas/12868/CTXT-seguridad-miedo-Trump-Le-Pen-Tena.htm#.WSaU0CP_KCS.twitter

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Brasil y su mapa de la violencia



Eric Nepomuceno

Entre 2004 y 2007, el conflicto armado de Irak resultó en 76 mil 266 muertes. En Sudán, otro país convulsionado, los muertos fueron 12 mil 719, poco más que los 12 mil 417 registrados en Afganistán. En el mismo periodo, los muertos de Colombia han sido 11 mil 833.

Pues en Brasil, entre 2004 y 2007, ocurrieron 147 mil 343 muertes por armas de fuego. Ese número se hace aún más impactante cuando es comparado con el total de víctimas fatales registradas en 12 países que vivieron conflictos armados, de la República del Congo a Pakistán, pasando por Somalia y los territorios palestinos e Israel: 169 mil 574.

Esos son los datos compilados por el Centro Brasileño de Estudios Latinoamericanos, y que acaban de ser divulgados en Brasilia. Solamente en 2010 han sido asesinadas 36 mil 792 personas en Brasil, una media de 100 al día, o cuatro por hora. Una cada 15 minutos.

Hay otros aspectos del mapa de la violencia en Brasil que llaman la atención. Si antes las muertes violentas estaban concentradas en los dos mayores centros urbanos, Sao Paulo y Río de Janeiro, ahora el fenómeno se nacionalizó. Con eso, Brasil sigue ocupando un lugar destacado entre los países más violentos del mundo, tomándose como base la proporción de asesinatos por cada 100 mil habitantes: 20.4 personas.

Ese número sitúa a Brasil en el octavo puesto entre las 100 naciones con estadísticas consideradas relativamente confiables, según la institución.

La media de asesinatos es el doble de lo que la ONU considera tolerable (10 por cada 100 mil habitantes). Julio Jacobo Waiselfisz, coordinador de la investigación, destaca que la violencia se expandió por todo el país, aunque se haya concentrado en el nordeste y en el norte.

En Alagoas, por ejemplo, se registró en 2010 la tasa de 55.3 homicidios por cada 100 mil habitantes. Es el estado donde más se mata a negros y mujeres. En Maceió, famosa por sus playas y polo de atracción turística, esa media es de 94.5. No sólo es la capital más violenta de Brasil, sino una de las más violentas del mundo.

El problema es que otras capitales muy turísticas, como Salvador de Bahía, también aparecen con índices elevadísimos (59.6 asesinatos por cada 100 mil habitantes). Río de Janeiro, octavo estado con mayor proporción de muertos por arma de fuego (26.4 por cada 100 mil habitantes), tiene una capital relativamente segura, comparada con las demás: 23.54. Más del doble del tope determinado por la ONU.

Sao Paulo, el más rico y poblado del país, es uno de los cuatro, entre los 27 estados brasileños, que se queda por debajo de lo que la ONU dice que es tolerable: 9.3 asesinatos por cada 100 mil habitantes. Ha sido el estado con la disminución más significativa de esa proporción, en el periodo entre 2000 y 2010: 67.5% menos asesinatos. En Río de Janeiro, la caída ha sido de 43%.

Ya en Pará, entre 2000 y 2010 el número de asesinatos creció absurdos 307%. En el vecino Maranhão, también en el norte miserable, 282.2%. En Bahía, 195%.

El estudio abarca un periodo que va de los dos últimos años de la segunda presidencia de Fernando Henrique Cardoso al final de los dos gobiernos de Lula da Silva. El resultado demuestra que pese a haber sido declarado reiteradamente por los gobiernos estatuales, a lo largo de todos esos años, que la seguridad pública era tema prioritario (también el gobierno nacional dio en la misma tecla), los resultados son elocuentes, y preocupantes. Son políticas ineficaces o, en el mejor de los casos, insuficientes.

Hay muchas explicaciones para el fenómeno de la violencia: el narcotráfico, la gran cantidad de armas (legales y principalmente ilegales) en circulación, y la misma cultura de la violencia como vía de solución para conflictos personales.

A eso hay que sumar la corrupción policial, la incompetencia olímpica de la policía a la hora de investigar crímenes, la absurda morosidad y la corrupción de la justicia, el estado degradante y degradado del sistema carcelario.

Con relación a la manera como las muertes por arma de fuego se extendieron rápidamente por todo el país, dejando de concentrarse en los dos o tres mayores centros urbanos de Brasil, la explicación resulta sorprendente: acorde a la investigación llevada a cabo por el Centro Brasileño de Estudios Latinoamericanos, el fenómeno se debe a la desconcentración industrial y a la migración interna provocada por la expansión geográfica de actividades económicas. O sea, cuanto más se desconcentran la industria y la economía, más se desconcentra la violencia.

La responsabilidad directa de la seguridad pública es de los estados, aunque el gobierno nacional igualmente tenga su propia política sobre el tema. De todas formas, los resultados observados deben ser imputados principalmente en los gobiernos estaduales, que se muestran, en la inmensa mayoría, incapaces de frenar la violencia que crece y afecta la oferta de trabajo.

Todo eso hace recordar un viejo dicho brasileño: Si corres, el bicho te atrapa; si te quedas, el bicho te come. Así las cosas. El país diversifica su economía, por todas partes crecen las posibilidades de trabajo, empleo y renta, y crece también la posibilidad de que, frente a una política ineficaz de seguridad pública, te peguen un tiro.

Fonte: La Jornada
Imagem: AQUI.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Un lugar peligroso para las mujeres




Laura Carlsen *
 
CIP Programa de las Américas
http://www.cipamericas.org/

Traducción de Desinformemos
www.desinformemonos.org

La mayoría de nosotros ya escuchó sobre los asesinatos de jóvenes mujeres en Ciudad Juárez o sobre las violaciones genocidas de Congo. En estos casos, dignos de nota, la situación de las víctimas es al menos reconocida - aunque muchas veces perdemos la esperanza ante la falta de un cambio verdadero tras años de noticias y programas de los gobiernos y ONGs. Foros públicos y oficiales hacen notar que son serios estos crímenes, y se hacen intentos de remediarlos.

Quizás si el mundo se hubiera puesto en marcha antes para confrontar estos crímenes, menos mujeres hubieran sido asesinadas. Frecuentemente nosotros, como sociedad, fallamos en responder a los alertas de la creciente violencia contra las mujeres hasta que los desgarradores testimonios de aquellas que la sufrieron, en parte por cuenta de nuestra falta de atención, nos mueven a la acción. Las crisis silenciosas quitan a las mujeres, víctimas y potenciales víctimas, la voz para reclamar sus derechos.

Actualmente las organizaciones de mujeres alzan una bandera roja en Nicaragua. En una audiencia el 12 de marzo, la comisionada de la Comisión Interamericana de Derechos Humanos en Nicaragua, Rose-Marie Antoine, concluyó que el país centroamericano tiene "una tasa inaceptablemente elevada de violencia sexual". Y resaltó que "hay seguramente la necesidad de medidas más proactivas por parte del Estado".

La falta de esas medidas y la complicidad del gobierno con algunos de los casos de violencia es precisamente lo que representantes de organizaciones de mujeres de Nicaragua reportaron a la sesión sobre violencia contra niñas y mujeres. Azahalea Solís, abogada y representante del Movimiento Autónomo de Mujeres de Nicaragua (MAM), declaró que hay un "clima de protección" general a los perpetradores de violencia contra las mujeres en su país, y afirmó que de 85 feminicidios ocurridos durante 2012, únicamente 27 resultaron en detenciones y cuatro en una sentencia de prisión. Trece de esas mujeres ya habían puesto demandas en las oficinas del gobierno y no les fueron garantizadas medidas de protección que pudieran haber salvado sus vidas.

Solís demostró dos tendencias alarmantes: el aumento de la incidencia de violencia en contra de mujeres, y las elevadas estadísticas de violencia cometida contra niñas. Ella dijo que el 84 por ciento de los crímenes de violencia sexual registrados fueron cometidos contra niñas y jóvenes con menos de 17 años de edad.

"En los últimos cinco años, la situación no quedó igual; empeoró continuamente sin una respuesta firme por parte del gobierno de Nicaragua", dijo Solís, y señaló que, a pesar de los avances existentes en el panorama legal, especialmente con la nueva Ley Integral sobre Violencia contra las Mujeres, "el impacto que las mejorías en la ley pudieran tener para estimular las demandas y la reducción de la impunidad, se anuló por el comportamiento de la policía y por las sentencias que vienen del sistema judiciario". Ella describió la "re-victimización" de las mujeres por la policía cuando van a demandar un crimen y que son acosadas o disminuidas por las autoridades.

Es un fenómeno especialmente amenazador, de acuerdo con Solís, la manera como la violencia sexual se mezcla a la violencia política. Citó un caso de noviembre de 2012 en lo cual un grupo de jóvenes mujeres que protestaban contra el partido del gobierno por fraude en las elecciones locales fueron arrestadas, torturadas y amenazadas con violación - sin que haya sido hecho ninguna investigación sobre el caso hasta la fecha; además de otros casos de policías que abusan de su autoridad y protegen criminales. "Somos acusadas de politizar el problema, pero la verdad es que la falta de justicia incrementa la violencia y hay un problema serio de corrupción y de impunidad en el país", dijo.

Martha María Blandon contó a los comisionados que una vez que el gobierno prohibió cualquier forma de aborto terapéutico, niñas que fueron víctimas de violación han sido forzadas a llevar adelante embarazos de alto riesgo. Aunque el código penal considera que el sexo con niñas de menos de 14 años no es consensual, ninguno de los mil 453 nacimientos de madres de entre los 10 y 14 años de edad fue investigado o denunciado para el conocimiento de los defensores de los derechos humanos.

Violet Delgado, experta en derechos de las mujeres y miembro del MAM, identificó un gran abismo entre los alcances de las instituciones y comisiones gubernamentales para lidiar con el tráfico sexual y la falta de demandas, investigaciones y sentencias. "Hay poco acceso a la información, y el abuso y la parcialidad en los casos son más la regla que la excepción", dijo a la audición.

Delgado señaló que hay muchos reportes y artículos de los medios sobre el tráfico en el país. La mayoría de las mujeres están siendo traficadas para la prostitución y otras son forzadas a transportar drogas. Para la trata de personas, la corrupción en el gobierno facilita la actividad criminal.

Ante la falta de acciones efectivas por parte del gobierno, fueron las organizaciones de mujeres quienes construyeron servicios para las víctimas de la violencia. Delgado afirma que "organizaciones de la sociedad civil son las únicas que proveen atención y encuentran los recursos para crear servicios, recursos humanos como psicólogos y abogados para acompañar a las mujeres en su lucha por acceder a justicia, para que las escuchen". Ella resaltó que hay más de 50 organizaciones que proveen apoyo y que de los 11 albergues de mujeres, sólo uno es del gobierno.

Las mujeres en la audiencia de IACHR pidieron una visita de los comisionados de Mujeres, Niños y de Nicaragua. Solís dijo que la contribución más importante de la comunidad internacional y de mujeres de otros países hoy es traer el problema a la luz. "El comportamiento del gobierno de Nicaragua debe ser un punto en la agenda [de las organizaciones de derechos humanos], para evaluar el papel del gobierno en violaciones de derechos humanos y crímenes contra la mujer".

* Laura Carlsen es escritora y directora del CIP Programa de las Américas www.cipamericas.org, basado en la Ciudad de México, donde se publicó originalmente este texto en inglés. Es también integrante del Consejo Editorial de Desinformémonos.