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quinta-feira, 3 de agosto de 2023

EFEITO DUNNING-KRUGER

 


O que é o efeito Dunning-Kruger?

Fenômeno descrito e estudado em 1999 pelos psicólogos Justin Kruger e David Dunning da Cornell University, se refere a indivíduos que não têm competência em uma determinada área, mas acreditam verdadeiramente que sabem mais do que os mais preparados e versados no tema. Os especialistas investigaram o que levava essas pessoas a tomarem decisões ruins e alcançar resultados indevidos pela insistência em um conhecimento que não possuem. Dunning e Kruger concluíram que esses indivíduos sofrem com uma superioridade ilusória e que sua incompetência os impede de entender seus próprios erros. São pessoas que superestimam as suas habilidades no campo intelectual e/ou social. As duas principais dificuldades nesse caso são ter que administrar os resultados negativos obtidos de seus erros e a incapacidade cognitiva de perceber que não sabem o que acreditam saber.

 

Tópicos importantes do efeito Dunning-Kruger 
 
Os estudos de Dunning e Kruger permitiram tirar algumas conclusões bem interessantes a respeito de pessoas incompetentes, listei abaixo um pequeno resumo que permitirá entender melhor a questão. 
 
 – Os incompetentes não conseguem reconhecer a sua incompetência, podendo passar a acreditar que são injustiçados por não conseguirem os resultados esperados. Mesmo que estejam passando por problemas decorrentes de erros cometidos por não terem conhecimento, esses indivíduos pensam que sabem mais do que a maioria e que estão acima dos demais. 
 
 – Outro ponto curioso é que os incompetentes não são capazes de reconhecer a competência em outros indivíduos, pois tendem a acreditar que são os mais sabidos no grupo em que se encontram. Se alguém disser o contrário, é bem provável que eles identifiquem como inveja ou como o desejo de lhes roubar o seu status diferenciado.

– A incompetência rouba dos indivíduos a capacidade cognitiva de entender que não têm conhecimento numa área específica. Dunning comparou essa incapacidade a anosogosia, que é uma condição em que uma pessoa que possui alguma deficiência simplesmente a ignora, independente do grau de severidade. O incompetente não tem exatamente o que precisa para saber que nada sabe. 
 
– Os indivíduos que sofrem com o efeito Dunning-Kruger podem reconhecer e aceitar que eram incompetentes se passarem por um processo de qualificação e adquirirem conhecimentos. A melhor solução é sempre o aprendizado e, quando se percebe que boa parte da população está caminhando para um efeito Dunning-Kruger coletivo, é um sinal de alerta para pensar em políticas de educação para essas pessoas.
 
 

Ideias preconcebidas e crenças arraigadas 
 
Indivíduos que estão sob o efeito Dunning-Kruger não têm o conhecimento necessário para reconhecer a sua ignorância, mas, ao contrário do que se possa imaginar, não são espaços vazios. Esses indivíduos estão repletos de certezas e crenças preconcebidas que impedem que enxerguem seus erros.



LEIA O TEXTO COMPLETO:

https://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=17338




quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Acampados dos Quartéis sofrem de Alucinações Coletivas? Leia o Artigo.

Bolsonaristas em Porto Alegre pedem ajuda fazendo sinais de luz com celular na cabeça.


Alucinações são mais comuns do que se imagina

Fred Schwaller, para Deutsche Welle

Todo mundo tem alucinações. Elas são parte da percepção sensorial normal, e não apenas o resultado de transtornos mentais ou drogas, apontam teorias científicas atuais.

Felix Yarwood, um designer de produto de 32 anos do Reino Unido, tem alucinações. Ele não vê pessoas imaginárias, nem ouve vozes que lhe dizem o que fazer. Mas às vezes sente coceiras inexistentes e ouve sons que podem ou não estar em sua cabeça – ele nunca tem certeza. De acordo com teorias atuais, as experiências de Yarwood são perfeitamente normais.

"Todo mundo tem alucinações", afirma Anil Seth, neurocientista da Universidade de Sussex, no Reino Unido.

"É importante reconhecer que alucinações podem ir e vir durante nossas vidas, em momentos de estresse ou cansaço", aponta. "Há um pouco de estigma em torno de alucinações, associadas a doenças mentais e com as pessoas sendo chamadas de loucas."

Na realidade, trata-se de algo muito comum e que acontece até mesmo diariamente. A experiência de Yarwood com coceiras imaginárias, por exemplo, é particularmente comum, especialmente depois de beber álcool.

"Também é comum que pessoas com capacidade de audição ou visão reduzida tenham alucinações naquele ouvido ou olho", afirma Rick Adams, psiquiatra da University College London. "Trata-se de alucinações não clínicas, pois não são associadas a um diagnóstico psiquiátrico."

 

Percepção é alucinação controlada

Para entender o que realmente acontece quando se tem alucinações, é preciso observar como o cérebro cria percepções sensoriais.

Intuitivamente, podemos pensar que a percepção é o resultado da leitura de informações externas que chegam ao cérebro. Algo que Seth contesta.

"Na verdade, é o contrário: a percepção é o cérebro gerando representações do mundo a partir de dentro. A informação vinda dos sentidos calibra as percepções", explica.

Ou seja, o cérebro é um órgão preditivo que tenta antecipar ou entender o que está acontecendo com base no que aconteceu antes, aponta o especialista.

Na visão, por exemplo, o cérebro cria hipóteses sobre as informações sensoriais vindas do olho. Ele faz previsões rápidas sobre o que um objeto pode ser com base no que você viu no passado. Outras informações sensoriais dos olhos ou de outros sentidos ajustam e corrigem essa previsão para torná-la mais precisa. 

"Isso significa que a percepção cotidiana é uma espécie de alucinação controlada ou sonho acordado. É gerada de dentro, mas controlada pelo mundo por meio de sinais sensoriais", conclui Seth.

 

Pareidolia e ilusões 

Pode parecer estranho pensar que o olho desempenha um papel secundário na percepção visual, mas há situações em que você pode perceber isso acontecendo. 

A primeira é a pareidolia – a tendência de ver padrões nas coisas quando não há nenhum, como ver um rosto na Lua. Aqui, o cérebro está gerando a percepção de um rosto, apesar de informações sensoriais dizerem que é impossível a Lua ter uma face. Desse modo, podemos saber que a Lua não tem rosto, mas ainda assim o vemos. 

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Em segundo lugar estão as ilusões visuais, como a ilusão do caçador lilás. Se você olhar para a cruz no centro da imagem por 30 segundos, poderá ver os discos lilás desaparecendo e um disco verde correndo ao redor do círculo no lugar da lacuna.

https://youtu.be/RKm_bmHoTFs

Mas é claro que não há disco verde. De acordo com Seth, o cérebro gerou a percepção do disco verde para preencher a lacuna de cor. 

 

Quando alucinações se tornam um problema? 

Embora todos nós tenhamos alucinações "simples" em alguma medida, as alucinações "complexas" são muito mais comuns em pessoas diagnosticadas com condições psiquiátricas: 89% das pessoas com esquizofrenia e 40% das pessoas com doença de Parkinson experimentam alucinações. 

De acordo com Adams, alucinações simples do dia a dia se tornam preocupantes quando começam a atrapalhar a vida normal.

"Não se trata de com que frequência você tem alucinações ou de que tipo elas são, mas de se elas têm algum tipo de efeito danoso sobre a própria pessoa. Elas também invadem a vida e não podem ser controladas", explicou. 

Muitas pessoas com esquizofrenia, por exemplo, tendem a ouvir vozes ou ver coisas que são desagradáveis ​​e perturbadoras, como vozes que as fazem lembrar de seus medos mais sombrios ou as dizem para machucar a si mesmas. Seth descreve esse tipo de alucinações como uma percepção descontrolada. 

Cientistas realmente não sabem por que alucinações perceptivas normais, como as que Yarwood experimenta, tornam-se fortes e complexas em condições como a esquizofrenia. Adams acredita que uma chave para o quebra-cabeça possa ser o fato de que as vozes parecem vir do mundo exterior, apesar de serem geradas dentro do cérebro.

"Achamos que existe um módulo envolvido na percepção no cérebro que de alguma forma ganha autonomia. Esse espaço do cérebro começa a jorrar previsões perceptivas que não têm base em informações sensoriais. O resto do cérebro recebe essas previsões e naturalmente assume que elas vieram de fora", diz o psiquiatra. 

A ideia é que o módulo autônomo de geração de percepção perdeu o feedback das informações sensoriais do olho ou dos ouvidos, que normalmente corrigiriam a percepção. Portanto, a alucinação parece estar desassociada do seu corpo. 

 

Diversidade nas percepções 

Mas quão comum são alucinações? Cientistas não sabem exatamente. Ainda não foram realizados estudos rigorosos sobre a frequência com que as pessoas têm alucinações de qualquer tipo. Até agora, o foco tem sido apenas as alucinações associadas a estados mentais alterados pelo uso de drogas ou distúrbios mentais.

Seth tem como objetivo entender melhor alucinações em nível populacional. Ele acha que os mundos perceptivos individuais das pessoas diferem uns dos outros mais do que pensamos.

"Chamamos isso de diversidade perceptiva. Essas diferenças são subjetivas e particulares, ao contrário da nossa pele ou cor de cabelo, mas moldam nossas vidas", diz. 

O neurocientista lidera atualmente um estudo em andamento medindo variações entre os mundos perceptivos individuais, com o objetivo de entender os tipos de alucinações ou estranhezas perceptivas que experimentamos todos os dias.

Contudo, esse estudo, denominado Censo de Percepção, vai além da simples percepção. Seth acredita que a pesquisa ainda nos ajudará a entender como percebemos o mundo ao nosso redor – quais partes compartilhamos e quais são únicas, e como isso nos torna quem somos.

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sábado, 25 de dezembro de 2021

2021: O ANO QUE MUDOU NOSSAS VIDAS

 


 Por Julia Ribeiro, para Canal Meio (canalmeio.com.br)

O ano parecia que não ia terminar. Muitas perguntas sem respostas. Horas de trabalho excessivas, crises de pânico, sobrecarga parental, exaustão materna, crescimento no número de divórcios e estresse prolongado. Casa virou trabalho, computador virou escola. Os sintomas da síndrome de burnout antes confinados aos ambientes laborais, transbordaram para outros âmbitos da vida cotidiana. A louça se acumulou. Os boletos não pararam de chegar. Conflitos latentes. Tensões antes veladas foram descortinadas.

“Nós nos revelamos para nós mesmos e para os outros. A sociedade se revelou em seus mecanismos cruéis, desiguais ou exploradores. Os pais, os filhos, os amantes, os chefes, os miseráveis e os ultrarricos: tudo está exposto”, resume a psicanalista Maria Homem, que escreveu o livro Lupa da Alma – Quarentena-revelação (Todavia).

No segundo ano de pandemia, especialistas registraram um aumento vertiginoso nos casos de transtornos mentais. A explicação é que a excessiva vigilância contra o vírus estressou nosso sistema hormonal e endócrino de maneira prolongada, tornando-nos mais vulneráveis a patologias psiquiátricas.  A Organização Mundial da Saúde (OMS) denominou de fadiga pandêmica o cansaço derivado do esgotamento gerado pela hipervigilância e pelo medo. Um estudo da Universidade de Oxford revelou que 34% dos que tiveram covid-19 desenvolveram problemas psicológicos dentro de seis meses após terem sido infectados. Publicada na revista The Lancet Psychiatry, a pesquisa aponta ainda que 17% dos pacientes contaminados pelo coronavírus foram diagnosticados com distúrbios de ansiedade e 14% com distúrbios de humor.

Burnout como doença ocupacional

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de trezentos milhões de pessoas, no mundo todo, sofrem de depressão. Na América Latina, o Brasil é o país com mais casos. Eles aumentaram ao longo da pandemia. Até 2030, esta será a doença mais comum no país. Entre os distúrbios, um dos mais relatados pelos médicos é o burnout. A partir de janeiro de 2022, entrará em vigor a nova categorização da síndrome pela OMS, a CID 11 (classificação de transtornos mentais e comportamento).

O que muda na prática? Segundo especialistas, a nova classificação vai facilitar o reconhecimento pelo INSS do direito ao afastamento por doença ocupacional, já que a classificação relaciona a doença diretamente ao trabalho, o que não ocorre com outras síndromes. A mudança abre espaço para pedidos de indenização, por exemplo.

Alterações repentinas de humor, cansaço extremo e irritabilidade. Os sintomas do burnout muitas vezes são semelhantes aos de outras condições de saúde como a ansiedade e a depressão.

Apesar de a OMS destacar que o esgotamento “se refere especificamente a fenômenos relativos ao contexto profissional”, para muitos, a falta de fronteiras entre trabalho e vida pessoal foi o grande gatilho - eis outro termo que marcou 2021.

Contornos, limites e angústias

Foi um ano indigesto. Corpos não velados, casas e relações bagunçadas. Intermináveis ciclos de recomeços para uns, ponto final para outros. Se antes a pergunta Como você está? era meramente protocolar, respostas mais honestas começaram a aparecer ao longo do ano. Já que não tivemos para onde fugir, fomos forçados a dialogar com nossas dores, medos e sombras mais profundas?

“Para aqueles que têm saúde mental suficiente, sim. Foi e está sendo uma oportunidade de se deparar com aquilo que se é, com aquilo que se teme. Seja individualmente, entre casais e em família, nunca estivemos tão debruçados nas relações com o convívio intenso gerado pelo isolamento. Ao olhar para nossos contornos e limites, muitos se viram diante de angústia”, responde a Maria Homem.

Para ela, ainda estamos digerindo esse ano tão pesado. A psicanalista faz uma síntese radical: “assustamo-nos com a violência em jogo nas relações íntimas, sociais e globais. Estamos sofrendo de transtorno pós-trauma e com todo o lixo que jogamos debaixo do tapete nos longos tempos pré-trauma”.

Maria Homem registrou em seu livro que as emoções ficaram à flor da pele neste ano. Se estávamos buscando formas de mantê-las sob controle, ou sob anestesia, agora parecem ter obtido um passe livre para circular sem tanta repressão.

“A semente de inquietação ou loucura dentro de nós parece que se expande. Irrequietos não conseguem ficar quietos ou em casa. Deprimidos ficam mais tristes e ansiosos. Loucos ficam mais delirantes. Agudizar seria o verbo destes tempos?”

A psicanalista Márcia Luna Azulay contradiz o senso comum de que a pandemia causou o adoecimento psíquico das pessoas.  “Os quadros se intensificaram porque já existiam dentro de cada um. Sejam transtornos alimentares ou crises conjugais. Eles apareceram, ficaram visíveis. Apesar da síndrome ser considerada um fenômeno estritamente associado ao âmbito profissional, o estresse crônico se instalou na sala de casa. E nas relações. Na pandemia, o burnout passou a acontecer dentro de casa. E essas características ligadas ao trabalho, como o excesso de tarefas e cobranças, atingiram as outras áreas da vida”, opina Márcia.

“Variações” do burnout clássico não se restringiram ao campo ocupacional. Exaustão emocional, mental e física são os componentes que resumem a síndrome de acordo com Ayala Malach Pines (1945-2012) psicóloga, pioneira na investigação do tema e autora de Couple Burnout: Causes and Cures (Burnout de Casais: Causas e Curas, em tradução livre). Para a pesquisadora, a síndrome resultante consiste em sentimentos de desamparo, desesperança, de estar preso numa armadilha, com sintomas de irritabilidade e apatia.

Até que a pandemia nos separe

A “torta de climão” servida na mesa de jantar. As mudanças drásticas na rotina impulsionaram um novo recorde de divórcios no primeiro semestre de 2021.  Dados do Colégio Notarial do Brasil indicam que de janeiro a junho de 2021, foram 37.083 divórcios, um aumento de 24% em relação ao primeiro semestre do ano passado, com o início da pandemia da covid-19. Há dois anos, 75.033 casais oficializaram a separação.  A quarentena é apontada como principal responsável pelo fenômeno, além da facilitação dos trâmites, que agora podem ser feitos pela internet.

Selvageria do inconsciente

O “cérebro pandêmico” é um termo não clínico que chegou a ser usado por cientistas para definir os efeitos do estresse crônico e prejuízos psíquicos decorrentes da covid-19.  Os danos na área da saúde mental compõem uma pandemia silenciosa. Só o tempo para sublimar, elaborar e compreender as suas consequências.

“Ainda precisaremos de alguns anos (décadas?) para mensurar. De certa forma, um dos mecanismos de defesa, ainda em voga, foi minimizar ou mesmo precisar negar o medo e a angústia diante dessa ameaça. O que, por sua vez, não é sem efeitos – e cobra seu preço. A própria estratégia defensiva delirante tem alto custo psíquico”, reflete a Maria Homem.

Para fugir do tédio, uns aprenderam a fazer pão, outros a costurar. Teve gente que comprou cursos on-line por impulso e não teve paciência (ou foco) de fazê-los. Uns aprenderam a lidar com a falta de intimidade com o digital. Quem pôde fugiu para as montanhas. Nos sentimos cansados. Mais do que isso: foi inevitável olhar para si.

Dentro de um ambiente de confinamento forçado, nossos aspectos psíquicos pularam para fora sem dó nem piedade. “Lá fora é perigoso, o que temperou mais ainda a selvageria do inconsciente que aproveitou o medo para puxar todo mundo para dentro”, resume o terapeuta junguiano Gustavo Otero.

“Todos foram expostos às tempestades internas que antes eram solenemente negadas. Na tentativa de fugir, muitos se jogaram no trabalho. Mas não tem jeito, o inconsciente foi claro: tem que olhar para dentro. Então, tivemos uma onda gigantesca de burnouts, não só no trabalho”, explica Gustavo.

Para ele, a sociedade hiperestimulada e superconectada se viu em 2021 com uma tarefa que nunca poderia imaginar: “O trabalho foi dado: convivam, mas não só com quem está do lado, conviva e aprenda a conhecer os muitos que existem dentro de nós mesmos e que antes, talvez, nem fazíamos ideia de que existiam”, destaca o terapeuta.

Quando isso vai acabar? Quando chega a minha vez de vacinar? É gripe ou covid? Deu negativo? Ufa. Fulano foi internado. Piorou. Não, não vai ter velório. Faz o que com essa dor? Os processos de luto mudaram. Os reais e simbólicos.

Maria Homem destaca sobre a necessidade de escuta das pessoas. Espaços simbólicos que buscam elaborar a experiência bruta via palavra e linguagem são necessários em todas as instituições. Das empresas às escolas, das famílias aos círculos sociais.

Este 2021 que termina foi um ano distopicamente trágico. Mesmo diante de tantos conflitos pessoais e traumas coletivos, houve brechas para alegrias e (re)descobertas. Situações caóticas foram oportunidades de renegociação de acordos na convivência familiar. Novas formas de interagir, de brincar e de se amparar. A tensão foi dissipada com afeto. Solidão virou solitude. Perdemos. Celebramos pequenas vitórias. Novo. Normal. É tempo de revisar o que é normal e o que é verdadeiramente novo.

 

Fonte da Imagem: https://michiganvirtual.org/blog/your-brain-in-crisis-why-its-so-hard-to-learn-during-difficult-times/ 


quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

POR QUE QUEM SABE MENOS, ACREDITA QUE SABE MAIS?

 


 

Efeito Dunning-Kruger e o paradoxo da ignorância: por que quem sabe menos, acredita que sabe mais?

Você já ouviu falar do efeito Dunning-Kruger ? É um viés cognitivo que leva as pessoas com menos habilidade e conhecimento a pensar que sabem mais do que as outras. Quanto menos elas sabem, mais pensam que sabem.

Muitas vezes, aqueles que têm esse problema tendem a impor suas ideias, em vez de simplesmente dar uma opinião, considerando-as verdades absolutas. Os outros são vistos como totalmente ignorantes e incompetentes, mesmo que não o sejam.

Como esse efeito foi identificado? Em 1995, McArthur Wheeler assaltou dois bancos consecutivos no mesmo dia na cidade de Pittsburg, na Pensilvânia, Estados Unidos. Detalhe: ele não usou nenhuma máscara para esconder seu rosto. Flagrado pelas câmeras, ele foi obviamente reconhecido e facilmente capturado. Ao ser preso, estava profundamente desolado. Ele havia passado suco de limão no rosto e acreditava que, com isso, teria ficado totalmente invisível.Uns amigos seus o haviam “ensinado” o truque e ele tinha verificado: aplicou suco de limão no rosto e logo tirou uma fotografia sua. Ele pôde comprovar que a sua imagem não saía nela. No entanto, o mesmo limão o tinha impedido de ver que ele não tinha focado o seu rosto, mas sim o teto. “Como alguém pode ser tão idiota?”, perguntou-se David Dunning.”

A história chegou aos ouvidos do profissional de psicologia social da Universidade de Cornell, David Dunning, que se perguntou se a incompetência pode nos fazer desconhecer o quanto somos incompetentes. Então, iniciou uma série de experimentos com seu colega Justin Kruger e foi esse estudo que deu origem ao efeito Dunning-Kruger.

Durante quatro experimentos, os dois psicólogos analisaram as habilidades de algumas pessoas no campo da gramática, raciocínio lógico e humor, pedindo-lhes para estimar seu nível de competência e, em seguida, realizando testes de avaliação.

Eles perceberam que, quanto mais incompetente era uma pessoa, menos consciente disso ela era. Enquanto as pessoas mais competentes se subestimavam.

Daí o efeito Dunning-Kruger, segundo o qual pessoas com baixo nível de competência tendem a pensar constantemente que sabem mais do que sabem, considerando-se mais inteligentes.

Por que se tem essa percepção distorcida? Porque se você não possui um mínimo de habilidades em uma determinada área, não pode fazer uma estimativa realista de seu desempenho e limites.

Todos nós podemos “sofrer” com essa percepção distorcida, como podemos sair dela? Os especialistas aconselham tentar primeiro estar cientes da existência desse viés cognitivo, estar aberto à dúvida e evitar impor o próprio ponto de vista, aceitando também o dos outros.

O efeito Dunning-Kruger é uma realidade contundente nesta era onde quase toda nossa interação pessoal acontece virtualmente, mas, não se limita à vida on line.

Perceber esse fenômeno em si mesmo e nos outros é um grande passo para a evolução do aprendizado (ler e ouvir de quem sabe mais!) e da melhoria no compartilhamento de informações úteis (evitar propagar dados não seguros e opiniões eivadas de emoção, que não condizem com a verdade).

Fonte: Journal of Personality and Social Psychology – via GreenMe

Publicado em www.desacato.info.

Fonte da Imagem: Pinterest.

domingo, 13 de janeiro de 2019

MASCOTES





“Hoje em dia a criação de animais de estimação ... alcança escala sem precedentes na história humana. Ela reflete a tendência dos homens e mulheres contemporâneos a se refugiar em família para maior satisfação emocional. Cresceu rapidamente com a urbanização; a ironia é que apartamentos apertados e sem jardins efetivamente estimulam a manutenção de animais desse tipo. Esterilizado, isolado e geralmente sem contato com outros animais, o mascote é uma criatura com o mesmo modo de vida que seu dono; e o fato de que tantas pessoas considerem necessário, para sua integridade emocional, criar um animal dependente diz-nos muita coisa sobre a sociedade atomizada em que vivemos. A difusão dos animais domésticos entre as classes médias urbanas no início do período moderno é, dessa maneira, um processo de grande envergadura social, psicológica e, inclusive, comercial.”

Keith Thomas em “O Homem e o Mundo Natural” (1983)


Nota do Omar: Não estou me posicionando ao publicar esse pequeno texto. Tenho muitas amigas e amigos que convivem de forma harmônica e prazerosa com seus mascotes e não tenho absolutamente nada contra isso. O que me chamou a atenção é que já em 1983 (36 anos atrás), esse viés comercial já era constatado, tendo se aprofundado bastante desde então.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Relacionamento abusivo: 15 sinais de que você pode estar em um

Antes do soco e da pancada, muitas outras formas de violência já dão indícios de uma relação abusiva.


por Helena Bertho –
26 de novembro de 2018


Você sabe o que é um relacionamento abusivo? 

Saberia identificar se alguém próximo (ou você mesma) está em um? Estar em um relacionamento abusivo não quer dizer, necessariamente, apanhar. Muitas vezes, a violência toma outras formas, como a violência psicológica, sexual e financeira. Elas são muito mais sutis que a agressão física e, por isso mesmo, mais difíceis de identificar.

O que acontece é que muitas pessoas acabam ficando nessas relações e sofrendo, sem conseguir entender o abuso que sofrem. “Isso sempre é bem sutil no começo. O primeiro caminho é sempre psicológico. Afinal, se o relacionamento começa num tapa, a mulher não continua. Até criar envolvimento e dependência emocional, é um príncipe. Quando ela está envolvida e fragilizada, aí sim ele vira um sapo”, diz a psicóloga e advogada especialista em violência contra a mulher Vanessa Paiva.

É importante saber que a violência pode acontecer em qualquer relação, hetero ou homossexual. Trata-se de uma questão de poder. Mas, como é mais comum em relações entre homem e mulher, usaremos o masculino para definir o abusador nesse texto.

 

1. Ciúme excessivo

 

Com a justificava de “amar demais” o ciúme deixa de ser normal e vira justificativa para o controle. É normal que uma pessoa sinta medo de perder aquela que ama. Mas quando isso passa a virar argumento para controlar a tomada de decisão do outro, agressões, ofensas ou invasão de privacidade, é excessivo.

 

2. Controle

 

“Porque eu te amo demais” ou “é para o seu bem” são frases comuns usadas pelo abusador para controlar a outra pessoa. O controle acontece quando ele começa a decidir o que a outra pessoa pode ou não fazer. Que roupas vestir, onde pode ir, quais atividades fazer e até, em casos mais extremos, que trabalhos a outra pessoa pode ou não ter.

 

3. Invasão de privacidade

 

Por mais que sejam parte de um casal, as pessoas devem ter privacidade e individualidade. Em um relacionamento abusivo, é comum que o abusador não respeite o espaço individual da outra parte. Roubar senhas, mexer no celular, ler e-mails e mensagens, instalar programas de rastreamento. Tudo isso é invasão de privacidade. Ela pode acontecer em segredo, sem que o outro saiba, ou ser aberta, com a justificativa de que “quem ama não tem nada a esconder”. Mas não permitir que o outro tenha um espaço só seu, na verdade, é demonstração de falta de confiança.

 

4. Afastamento de outras pessoas

 

As justificativas podem ser muitas: fulano é má influência, ciclano dá em cima de você, não gosto daquela pessoa, aquela outra me trata mal. O fato é que ele vai exigindo que a companheira se afaste das pessoas mais próximas. A psicóloga Vanessa explica que “o objetivo é que você passe a depender somente dele”.

 

5. Chantagem

 

A manipulação é uma ferramenta central no relacionamento abusivo. Se a parceira não aceita de forma pacífica do que é cobrada, o abusador costuma, então, usar de chantagem para conseguir o que quer. Seja dizendo que vai ficar doente ou vai se matar se a companheira não fizer algo, seja ameaçando terminar o relacionamento. A chave é saber o que mexe com a parceira e usar disso para manipulá-la.

 

6. Destruição da autoestima

 

Se no começo da relação a pessoa era incrível para a outra, aos poucos isso vai mudando. A mudança começam com “críticas construtivas”, que vão se tornando cada vez mais comuns e pesadas. Sem perceber, a vítima vai perdendo a autoestima até o ponto de achar que é alguém tão ruim que nenhuma outra pessoa vai amá-la se essa relação terminar.

 

7. Invalidação de sentimentos

 

A parte abusadora da relação vai dizer que aquilo que o outro sente é besteira ou não é nada. “Toda vez que você invalida o sentimento, você condiciona a pessoa a não falar nada e a achar que o que sente é bobagem”, explica Vanessa. Assim, o medo, a dor e a tristeza de estar passando pelo abuso passam a ser enxergados como besteira pela própria vítima, fazendo com que ela permaneça no relacionamento abusivo, mesmo infeliz.

 

8. Falta de diálogo sobre dinheiro

 

Não é fácil conversar sobre dinheiro. Mas a falta de diálogo abre espaço para que uma das partes da relação abuse financeiramente da outra. Por exemplo, se a mulher para de trabalhar para cuidar dos filhos, a dinâmica financeira da família precisa ser combinada antes. Assim, ela vai ter condições de sair da relação se precisar. No relacionamento abusivo, a falta de diálogo é usada para levar o outro à dependência econômica.

 

9. Controle financeiro

 

É comum nas relações abusivas que uma das pessoas controle todo o dinheiro do casal e, por isso, passe a controlar também as atividades da outra. Quando uma tem que pedir dinheiro para tudo, passa a existir espaço para que a outra pessoa negue e, assim, decida o que a companheira pode ou não fazer.

 

10. Uso do dinheiro sem acordo conjunto

 

Dentro de um relacionamento, a forma como o dinheiro vai ser usado deveria ser decidida em acordo. Os recursos são dos dois? Quem decide quanto gastar ou quanto poupar? São questões respondidas em conjunto. No entanto, nas relações abusivas pode acontecer de uma das pessoas fazer compras ou investimentos com o dinheiro do casal sem consultar o outro. O resultado é que o  outro pode ficar sem recursos e nem saber.

 

11. Pegar, roubar ou destruir itens do outro

 

Quando a relação abusiva evolui, pode chegar ao ponto da pessoa esconder ou quebrar os pertences da outra como forma de controle. São comuns os casos em que o abusador esconde os documentos da outra pessoa ou quebra objetos pessoais durante  acessos de raiva.

 

12. Usar os filhos em chantagens

 

Quando o casal tem filhos, as coisas ficam mais complicadas. No relacionamento abusivo, a pessoa usa os filhos como ferramenta de chantagem. Ao invés de se preocupar com o bem estar das crianças, é comum que o abusador as use como chantagem para conseguir o que quer.

 

13. Exigir relação sexual

 

O estupro dentro de relacionamentos não é raro. Se o sexo é forçado, é estupro. E isso nem sempre acontece de forma explícita: não respeitar a vontade da outra pessoa, chantagear ou fazer ameaças para ter uma relação também são formas de abuso. 

14. Ameaças

 

Quando a relação abusiva já está avançada, ameaças se tornam comuns. Elas podem ser dos mais diferentes tipos: tirar o dinheiro, sumir com os filhos, agressões e até ameaças de morte. “A fala de que ‘cão que late não morde’ é muito perigosa. No caso das relações abusivas, em geral as ameaças são o principal indício de que a violência física vai chegar a acontecer. Elas são sinal de que o agressor está criando coragem”, explica Vanessa.


Fonte: http://costaadvogados.adv.br/relacionamento-abusivo-15-sinais-de-que-voce-pode-estar-em-um/

domingo, 4 de novembro de 2018

ALGUMAS TÁTICAS PARA LIDAR COM PESSOAS IRRACIONAIS



A maioria das pessoas vai lidar, pelo menos, com uma “pessoa irracional” em sua vida. Ou seja, alguém que com frequência age de forma ilógica ou estúpida. Se essa pessoa for um chefe irritadiço, um amigo fanático ou um adolescente emocionalmente volúvel, “não é difícil que sua conduta nos leve nós mesmos a perder o controle”. Essa é a opinião de Mark Goulston, psiquiatra e professor da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA, EUA) durante 25 anos. Dessa forma, para preservar nossa saúde, é preciso saber como tratar ou enfrentar essas condutas detestáveis que podem alterar o nosso equilíbrio emocional. (A paciência nunca é tão importante como quando se está a ponto de perdê-la).




São muitas as vítimas que sofrem essas nocivas relações pessoais e que acreditam ser possível controlar as condutas irracionais. Quando têm de enfrentar essas situações, reagem de forma automática se colocando na defensiva ou sendo agressivas. E, em muitos casos, inclusive pretendem mudar os comportamentos irracionais de tais pessoas tentando fazê-las entrar na razão. Buscam fazê-las ver que suas opiniões ou pontos de vista são errôneos ou absurdos. Mas essa estratégia piora ainda mais as coisas. Nas palavras de Goulston, “em vez de aceitar nossa lógica, a pessoa irracional reage ainda mais irracionalmente e a situação pode se encrespar de ambas as partes até uma discussão louca que não leva a lugar nenhum”.

Essa maneira de lidar com o problema é realmente frustrante, estressante e improdutiva. Nenhuma dessas relações produz resultados satisfatórios. Mas a maioria das pessoas não conhece outra opção. No entanto, tentar convencer com argumentos uma pessoa de conduta irracional não tem sentido porque, do seu ponto de vista, sua conduta é racional. Esse tipo de pessoa tem padrões de pensamento profundamente arraigados em sua (in)consciência. E sua conduta é uma resposta à ameaça que percebe quando alguém põe em dúvida ou discute sua forma de raciocinar.
Render-se não é uma derrota...

Uma forma eficaz de tratar a pessoa irracional é a que propõe a psicóloga clínica Judith Orloff, também professora da UCLA: “Renunciar à necessidade de controlar essas situações difíceis e desistir de obrigar alguém a mudar. Ou seja, aceitar a pessoa irracional tal como ela é, especialmente se já se tentou reverter sua conduta e não se conseguiu nada de positivo”.
...é ser mais tolerante

A atitude de renunciar a mudar comportamentos irracionais pode parecer para muitas pessoas um sintoma de rendição ou fraqueza. Mas, ao contrário do que se pode pensar, a rendição é uma escolha ativa que a vida nos oferece. Uma opção para ser mais flexível e tolerante. Ver além daquilo que nos incomoda ou irrita para descobrir que o que nos convém é desdramatizar as condutas irracionais dos demais para não perdermos nós mesmos a calma. Como apontava a escritora britânica George Eliot, “a maior força para crescer é nossa capacidade de escolher”.

No mesmo sentido se expressa Lauren Zander, professora do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT, EUA): “Se alguém decidiu que uma pessoa lhe faz mal, então também é capaz de renunciar à aversão que sente com relação a essa pessoa”. Não necessariamente tem que transformá-la em sua melhor amiga, mas flexibilizando nosso ponto de vista podemos aprender a tolerar essa pessoa de conduta irracional sem que tenhamos que sofrer um ataque de nervos. Isso significa ignorar seus aspectos negativos e pensar em algo positivo que ela possa ter.



COMO CONTROLAR AS CONDUTAS IRRACIONAIS

As pessoas que agem frequentemente de forma irracional na verdade não querem te prejudicar ou complicar a sua vida. Nem te deixar louco. Só estão preocupadas por suas frustrações e necessidades. Portanto, para enfrentar suas condutas, evitar a escalada do conflito e se manter calmo, o melhor é seguir as orientações dos psicoterapeutas:

Parar: Se está tenso e incomodado ante uma conduta irracional, não diga nada. Você não é obrigado a reagir imediatamente. Respire fundo. Inale e expulse o ar devagar. Isso contraria o impulso a reagir que provoca a irritação e o estresse. Repita para si mesmo: essa é uma oportunidade para aprender a ficar tranquilo.

Escutar sem interromper: Ante uma conduta verbal irracional, o primeiro impulso é cortar o discurso para gritar que a razão está do nosso lado. Mas interromper só intensifica a hostilidade. Não discuta nem tente fazer seu interlocutor entrar na razão. Sua interrupção não mudará a mente de ninguém e só alimenta o conflito. É muito mais fácil o outro mudar sua maneira de agir do que de pensar.

Usar a imaginação: Imagine a água de um rio. Observe como a água não para na mesma pedra, mas sim flui ao redor dos obstáculos que encontra. Da mesma forma, não resista à força irracional de seu interlocutor. Deixe que flua por seu corpo e mente sem que te provoque feridas. “Aquele que não imagina é como quem não sua, armazena veneno”, disse Truman Capote.

Respirar para se acalmar: Pense na primeira coisa que gostaria de dizer ou fazer perante uma pessoa irracional, mas não o faça. Respire e exale o ar devagar. Concentre-se nisso.


Fonte: El País

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

SÍNDROMES

Fonte: https://pixabay.com/


Em 2017 escolha sua síndrome:

 1. SÍNDROME DO SOTAQUE ESTRANGEIRO
Após sofrer uma pancada ou qualquer outro tipo de lesão no cérebro, as vítimas desse distúrbio passam a falar com sotaque francês... ou italiano... ou espanhol. A língua varia, mas, na maioria dos casos, as vítimas desconhecem o novo idioma. Segundo cientistas, a pronúncia não é efetivamente estrangeira, só dá a impressão disso. Pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, acreditam que o sintoma é causado por um trauma em áreas do cérebro responsáveis pela linguagem, provocando mudanças na entonação, na pronúncia e em outras características da fala. Um caso bem recente da síndrome do sotaque rolou com a britânica Lynda Walker, no mês passado. Após um infarto, Lynda acordou falando com sotaque jamaicano.



2. SÍNDROME DE CAPGRAS
Após sofrer uma desilusão com o cônjuge, com os pais ou com qualquer outro parente, a pessoa passa a acreditar que eles foram sequestrados e substituídos por impostores. O sintoma por vezes se volta contra a própria vítima: ao se olhar no espelho, ela também acredita que está vendo a imagem de um farsante. Neurose total! O problema tende a atingir mais pessoas a partir dos 40 anos e suas causas ainda não são conhecidas. A síndrome foi descoberta pelo psiquiatra francês Jean Marie Joseph Capgras, que a descreveu pela primeira vez em 1923. Em graus mais extremos, a vítima acha que até objetos inanimados, como cadeiras, mesas e livros, foram substituídos por réplicas exatas.



3. SÍNDROME DA MÃO ESTRANHA
"Minha mão agiu por conta própria..." Essa desculpa usada por alguns cafajestes pode ser verdadeira. A síndrome em questão alien hand syndrome, em inglês faz com que uma das mãos da vítima pareça ganhar vida própria. O problema atinge principalmente pessoas com lesões no cérebro ou que passaram por cirurgias na região. O duro é que o doente não presta atenção na mão boba, até que ela faça alguma besteira. A mão doida é capaz de ações complexas, como abrir zíperes... Os efeitos da falta de controle sobre a mão podem ser reduzidos dando a ela uma tarefa qualquer, tarefa qualquer, como segurar um objeto.



4. SÍNDROME DE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS
Doença que provoca distorções na percepção visual da vítima, fazendo com que alguns objetos próximos pareçam desproporcionalmente minúsculos. O distúrbio foi descrito pela primeira vez em 1955, pelo psiquiatra inglês John Todd, que o batizou em homenagem ao livro de Lewis Carroll. Na obra, a protagonista Alice enxerga coisas desproporcionais, como se estivesse numa "viagem" provocada por LSD. As vítimas da síndrome também veem distorções no próprio corpo, acreditando que parte dele está mudando de forma ou de tamanho.



5. PICA
Esse nome também estranho não tem nada de pornográfico: pica é uma palavra latina derivada de pêga, um tipo de pombo que come qualquer coisa. E a pica a síndrome, é claro... faz exatamente isso: a pessoa sente um apetite compulsivo por coisas não comestíveis, como barro, pedras, tocos de cigarros, tinta, cabelo... O problema atinge mais grávidas e crianças. Após comerem muita porcaria involuntariamente, os glutões ficam com pedras calcificadas no estômago.Em 2004, médicos franceses atenderam um senhor de 62 anos que devorava moedas. Apesar dos esforços, ele morreu. Com cerca de 600 dólares no estômago...



6. MALDIÇÃO DE ONDINA
O nome bizarro é uma referência a Ondina, ninfa das águas na mitologia pagã européia. A doença, mais estranha ainda, faz com que as vítimas percam o controle da respiração.

Se não ficar atento, o sujeito simplesmente esquece de respirar e acaba sufocado! A síndrome foi descoberta há 30 anos e já existem cerca de 400 casos no mundo. Pesquisadores do hospital Enfants Malades, de Paris, acreditam que a doença esteja relacionada com um gene chamado THOX2B. O sistema nervoso central se descuida da respiração durante o sono e o doente precisa dormir com um ventilador no rosto para não ficar sem ar!



7. SÍNDROME DE COTARD
Depressão extrema, em que o doente passa a acreditar que já morreu há alguns anos. Ele acha que é um cadáver ambulante e que todos à sua volta também estão mortos. Em casos extremos, o sujeito diz que pode sentir sua carne apodrecendo e vermes passeando pelo corpo... Na fase final, a vítima deixa até de dormir e sua ilusão pode efetivamente se tornar realidade. O nome da doença faz referência ao médico francês Jules Cotard, que a descreveu pela primeira vez em 1880. Apesar de depressivo e certo de que está morto, o doente, contraditoriamente, também pode apresentar ideias megalomaníacas, como a crença na própria imortalidade.



8. SÍNDROME DE RILEY-DAY
Se você já sonhou em nunca mais sentir nenhuma dor, cuidado com o que pede... As vítimas dessa doença não sentem dores, mas isso é um problemão. Elas ficam muito mais sujeitas a sofrer acidentes porque param de registrar qualquer aviso de dano nos tecidos do corpo, como cortes ou queimaduras. A doença é causada por uma mutação no gene IKBKAP do cromossomo 9 e foi descrita pela primeira vez pelos médicos Milton Riley e Richard Lawrence Day. Sem o aviso de perigo que a dor proporciona às pessoas comuns, a maioria dos doentes com a síndrome de Riley-Day tende a morrer jovem, antes dos 30 anos, por causa de ferimentos.



9. SÍNDROME DA REDUÇÃO GENITAL
Também conhecido como koro, esse distúrbio mental deixa a pessoa convencida de que seus genitais estão desaparecendo. A maioria dos casos até hoje foi relatada em países da Ásia ou da África, e em muitos deles a síndrome parece ter sido contagiosa! Um dos episódios mais estranhos ocorreu em Cingapura, em 1967, quando o serviço de saúde local registrou centenas de casos de homens que acreditavam que seu pênis estava sumindo. Um único caso da síndrome da redução genital foi registrado até hoje no Brasil, no Instituto de Psiquiatria da USP. Convencido de que seu pênis estava sumindo, o doente tentou se matar com duas facadas no abdômen!



10. CEGUEIRA EMOCIONAL
A expressão "cego de emoção" existe na prática, e pode acontecer com qualquer pessoa normal. O problema foi descoberto recentemente por pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Depois de olhar para alguma imagem forte, principalmente com conteúdo pornográfico, a maioria das pessoas perde a vista por um curto espaço de tempo - décimos de segundo na verdade. Até agora, nenhum especialista conseguiu explicar o porquê dessa reação. A descoberta da cegueira emocional deu origem a um movimento no Congresso americano para que seja banida toda a publicidade com apelo erótico em grandes rodovias do país.


Fonte: http://www.sitedecuriosidades.com/curiosidade/10-doencas-mais-estranhas-do-mundo.html