Antes do soco e da pancada, muitas outras formas de violência já dão indícios de uma relação abusiva.
por Helena Bertho –
26 de novembro de 2018
Você sabe o que é um relacionamento abusivo?
Saberia
identificar se alguém próximo (ou você mesma) está em um? Estar em um
relacionamento abusivo não quer dizer, necessariamente, apanhar. Muitas
vezes, a violência toma outras formas, como a violência psicológica,
sexual e financeira. Elas são muito mais sutis que a agressão física e,
por isso mesmo, mais difíceis de identificar.
O que acontece é que muitas pessoas
acabam ficando nessas relações e sofrendo, sem conseguir entender o
abuso que sofrem. “Isso sempre é bem sutil no começo. O primeiro caminho
é sempre psicológico. Afinal, se o relacionamento começa num tapa, a
mulher não continua. Até criar envolvimento e dependência emocional, é
um príncipe. Quando ela está envolvida e fragilizada, aí sim ele vira um
sapo”, diz a psicóloga e advogada especialista em violência contra a
mulher Vanessa Paiva.
É importante saber que a violência pode
acontecer em qualquer relação, hetero ou homossexual. Trata-se de uma
questão de poder. Mas, como é mais comum em relações entre homem e
mulher, usaremos o masculino para definir o abusador nesse texto.
1. Ciúme excessivo
Com a justificava de “amar demais” o
ciúme deixa de ser normal e vira justificativa para o controle. É normal
que uma pessoa sinta medo de perder aquela que ama. Mas quando isso
passa a virar argumento para controlar a tomada de decisão do outro,
agressões, ofensas ou invasão de privacidade, é excessivo.
2. Controle
“Porque eu te amo demais” ou “é para o
seu bem” são frases comuns usadas pelo abusador para controlar a outra
pessoa. O controle acontece quando ele começa a decidir o que a outra
pessoa pode ou não fazer. Que roupas vestir, onde pode ir, quais
atividades fazer e até, em casos mais extremos, que trabalhos a outra
pessoa pode ou não ter.
3. Invasão de privacidade
Por mais que sejam parte de um casal, as
pessoas devem ter privacidade e individualidade. Em um relacionamento
abusivo, é comum que o abusador não respeite o espaço individual da
outra parte. Roubar senhas, mexer no celular, ler e-mails e mensagens,
instalar programas de rastreamento. Tudo isso é invasão de privacidade.
Ela pode acontecer em segredo, sem que o outro saiba, ou ser aberta, com
a justificativa de que “quem ama não tem nada a esconder”. Mas não
permitir que o outro tenha um espaço só seu, na verdade, é demonstração
de falta de confiança.
4. Afastamento de outras pessoas
As justificativas podem ser muitas:
fulano é má influência, ciclano dá em cima de você, não gosto daquela
pessoa, aquela outra me trata mal. O fato é que ele vai exigindo que a
companheira se afaste das pessoas mais próximas. A psicóloga Vanessa
explica que “o objetivo é que você passe a depender somente dele”.
5. Chantagem
A manipulação é uma ferramenta central
no relacionamento abusivo. Se a parceira não aceita de forma pacífica do
que é cobrada, o abusador costuma, então, usar de chantagem para
conseguir o que quer. Seja dizendo que vai ficar doente ou vai se matar
se a companheira não fizer algo, seja ameaçando terminar o
relacionamento. A chave é saber o que mexe com a parceira e usar disso
para manipulá-la.
6. Destruição da autoestima
Se no começo da relação a pessoa era
incrível para a outra, aos poucos isso vai mudando. A mudança começam
com “críticas construtivas”, que vão se tornando cada vez mais comuns e
pesadas. Sem perceber, a vítima vai perdendo a autoestima até o ponto de
achar que é alguém tão ruim que nenhuma outra pessoa vai amá-la se essa
relação terminar.
7. Invalidação de sentimentos
A parte abusadora da relação vai dizer
que aquilo que o outro sente é besteira ou não é nada. “Toda vez que
você invalida o sentimento, você condiciona a pessoa a não falar nada e a
achar que o que sente é bobagem”, explica Vanessa. Assim, o medo, a dor
e a tristeza de estar passando pelo abuso passam a ser enxergados como
besteira pela própria vítima, fazendo com que ela permaneça no
relacionamento abusivo, mesmo infeliz.
8. Falta de diálogo sobre dinheiro
Não é fácil conversar sobre dinheiro.
Mas a falta de diálogo abre espaço para que uma das partes da relação
abuse financeiramente da outra. Por exemplo, se a mulher para de
trabalhar para cuidar dos filhos, a dinâmica financeira da família
precisa ser combinada antes. Assim, ela vai ter condições de sair da
relação se precisar. No relacionamento abusivo, a falta de diálogo é
usada para levar o outro à dependência econômica.
9. Controle financeiro
É comum nas relações abusivas que uma
das pessoas controle todo o dinheiro do casal e, por isso, passe a
controlar também as atividades da outra. Quando uma tem que pedir
dinheiro para tudo, passa a existir espaço para que a outra pessoa negue
e, assim, decida o que a companheira pode ou não fazer.
10. Uso do dinheiro sem acordo conjunto
Dentro de um relacionamento, a forma
como o dinheiro vai ser usado deveria ser decidida em acordo. Os
recursos são dos dois? Quem decide quanto gastar ou quanto poupar? São
questões respondidas em conjunto. No entanto, nas relações abusivas pode
acontecer de uma das pessoas fazer compras ou investimentos com o
dinheiro do casal sem consultar o outro. O resultado é que o outro pode
ficar sem recursos e nem saber.
11. Pegar, roubar ou destruir itens do outro
Quando a relação abusiva evolui, pode
chegar ao ponto da pessoa esconder ou quebrar os pertences da outra como
forma de controle. São comuns os casos em que o abusador esconde os
documentos da outra pessoa ou quebra objetos pessoais durante acessos
de raiva.
12. Usar os filhos em chantagens
Quando o casal tem filhos, as coisas
ficam mais complicadas. No relacionamento abusivo, a pessoa usa os
filhos como ferramenta de chantagem. Ao invés de se preocupar com o bem
estar das crianças, é comum que o abusador as use como chantagem para
conseguir o que quer.
13. Exigir relação sexual
O estupro dentro de relacionamentos não é
raro. Se o sexo é forçado, é estupro. E isso nem sempre acontece de
forma explícita: não respeitar a vontade da outra pessoa, chantagear ou
fazer ameaças para ter uma relação também são formas de abuso.
14. Ameaças
Quando a relação abusiva já está
avançada, ameaças se tornam comuns. Elas podem ser dos mais diferentes
tipos: tirar o dinheiro, sumir com os filhos, agressões e até ameaças de
morte. “A fala de que ‘cão que late não morde’ é muito perigosa. No
caso das relações abusivas, em geral as ameaças são o principal indício
de que a violência física vai chegar a acontecer. Elas são sinal de que o
agressor está criando coragem”, explica Vanessa.
Fonte: http://costaadvogados.adv.br/relacionamento-abusivo-15-sinais-de-que-voce-pode-estar-em-um/
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