Mostrando postagens com marcador Revolução. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Revolução. Mostrar todas as postagens

domingo, 30 de agosto de 2015

Trotsky



Por Eduardo Mancuso

Lev Davidovitch Bronstein nasce na Ucrânia, em 1879, filho de um proprietário de terras judeu. Aos 18 anos juntamente com sua esposa Alexandra e um pequeno grupo de militantes, funda a União dos Trabalhadores do Sul da Rússia. Preso pela polícia czarista, é condenado a quatro anos de deportação na Sibéria. Em 1902, após adotar o pseudônimo que o identificará por toda a vida (copiado de um de seus carcereiros), Trotsky foge da prisão e vai encontrar-se com Lenin em Londres, onde era editado o jornal Iskra (Centelha), órgão do Partido Operário Social-Democrata Russo.

No II Congresso do partido, em 1903, ocorre a divisão entre bolcheviques (maioria), liderados por Lenin e os mencheviques (minoria), que defendem o protagonismo da burguesia liberal na revolução democrática, contra a monarquia czarista.  Trotsky diverge radicalmente da estratégia menchevique, mas vota contra os bolcheviques na questão da organização partidária, fazendo duras críticas às concepções leninistas, que considerava centralizadoras e autoritárias. Às portas da revolução de 1917, quando adere ao bolchevismo, Trotsky fará autocrítica das posições que havia adotado durante e após o histórico congresso, sobre concepção partidária e sua insistência em buscar a conciliação entre mencheviques e bolcheviques (subestimando, inclusive, suas brilhantes análises naquele debate).

A revolução russa de 1905 teve destacada participação de Trotsky, que assume a presidência do primeiro soviete (conselho) da história da classe trabalhadora, em São Petersburgo (futura Petrogrado), e após a derrota do movimento escreve o seu relato. Primeira revolução do século XX, iniciada com a crise do regime czarista, provocada pelas greves dos trabalhadores e pela derrota militar frente ao Japão, teve como marco o “domingo sangrento”, em que milhares de manifestantes foram fuzilados pelas tropas, diante do palácio do czar. A revolução de 1905 marca o surgimento dos sovietes e da greve geral de massas como criações políticas revolucionárias da luta de classes, e exerce forte impacto nas concepções teóricas de Trotsky, Lenin e Rosa Luxemburgo.

Após a revolução de 1905, Trotsky publica um pequeno livro que se mostra profético, “Balanço e Perspectivas”, onde antecipa a estratégia vitoriosa da Revolução Russa. Nessa obra ele resgata o conceito de revolução permanente de Marx, e sustenta o caráter socialista e internacional da revolução na Rússia, sob a direção política da classe operária em aliança com os camponeses – ao contrário dos bolcheviques, que defendiam o caráter democrático burguês da revolução. Uma década depois, Lenin adota essa estratégia em suas “Teses de abril”, reorientando o partido bolchevique para a vitória comunista de 1917.

Em 1914, explode a Primeira Guerra Mundial, com a capitulação da social-democracia frente à guerra imperialista, e seus 10 milhões de mortos marcam tragicamente a traição histórica da Segunda Internacional ao socialismo. Em 1915, a esquerda internacionalista contrária à guerra se encontra na Conferência de Zimmerwald, na Suiça, e as posições de Lenin e Trotsky se reaproximam. Com a fome e a mortandade provocada pela guerra, explode a revolução de fevereiro de 1917, que derruba o czarismo e implanta o governo provisório. Trotsky embarca de volta à Rússia, e chega a Petrogrado um mês depois de Lenin ter desembarcado na famosa Estação Finlândia, e reorientado os rumos do partido bolchevique na oposição ao governo provisório (formado por burgueses liberais e monarquistas constitucionalistas, e depois com a participação de socialistas-revolucionários e mencheviques) que insistia em manter a Rússia na guerra, barrava a reforma agrária e reprimia os trabalhadores e os camponeses.

“Todo o poder aos sovietes” foi a palavra de ordem que Lenin lançou às massas radicalizadas pela guerra e a fome, abrindo o caminho para a revolução de outubro. Em julho, Trotsky ingressa no partido e no comitê central bolchevique com a sua organização Interdistrital. Em setembro, é eleito novamente presidente do Soviete de Petrogrado, e logo depois coordenador do Comitê Militar Revolucionário, órgão responsável pela organização da tomada do poder. Em novembro (outubro pelo antigo calendário russo), irrompe vitoriosa a primeira revolução socialista da história, sob direção bolchevique e o lema de “Paz, pão e terra”.

Porém, havia a guerra com a Alemanha, o bloqueio e a intervenção militar das potências ocidentais contra a Rússia. Trotsky torna-se Comissário do Povo para as Relações Exteriores, chefia as negociações com o alto comando alemão e desenvolve nesse período uma intensa agitação dirigida ao proletariado europeu, em que denuncia as chantagens imperialistas. Porém, no início de 1918 a jovem república soviética é obrigada a assinar a Paz de Brest-Litovsk, imposta pela superioridade militar alemã. No plano interno, era o caos com a guerra civil e os exércitos brancos contrarrevolucionários atacando em três frentes, a oposição de mencheviques e socialistas-revolucionários, e a terrível crise econômica, com o colapso da produção agrícola, industrial e dos transportes. A revolução estava em perigo.

Trotsky torna-se Comissário do Povo para Assuntos Militares e organiza o Exército Vermelho, onde combina oficiais do antigo exército czarista, que se mantém leais ao novo governo com a supervisão de comissários políticos bolcheviques. Depois de passar dois anos atravessando a Rússia em um trem blindado, de onde comanda o Exército Vermelho durante a guerra civil (e onde escreve “Terrorismo e comunismo”, provavelmente seu pior livro), Trotsky conquista a vitória sobre os exércitos brancos em 1920. Porém, em março de 1921, o X Congresso do Partido Bolchevique defronta-se com a revolta dos marinheiros do Kronstadt e revoltas camponesas, ambas, sob influência anarquista, são esmagadas pelo poder soviético. Nesse contexto, o Congresso bolchevique suspende, em caráter extraordinário o direito de tendências no partido, e Lenin lança a Nova Política Econômica (a NEP), que substitui a fase do comunismo de guerra. Após as derrotas das revoluções na Alemanha, na Finlândia e na Hungria, o isolamento da Rússia soviética era total.

Em 1919 Lenin convoca o congresso de fundação da Internacional Comunista e Trotsky redige seu Manifesto (ele vai escrever, também, o Manifesto do II e as Teses do III Congresso). Em 1923 Lenin propõe a Trotsky uma aliança contra Stalin (que detinha a secretaria-geral do partido) e o combate conjunto à nascente burocratização da revolução. Trotsky organiza a Oposição de Esquerda, mas em janeiro de 1924 Lenin morre. Stalin lança uma campanha de filiação partidária de massas, chamada de “recrutamento Lenin”, e apresenta a teoria antimarxista do “socialismo em um só país”.

Entre 1925 e 1927, Trotsky é afastado das suas funções no governo e na direção do partido, até sua expulsão da União Soviética, em 1929. Nesse período, Trotsky escreve algumas de suas obras mais importantes: “Literatura e Revolução”, em defesa de uma arte e cultura socialista; “A Internacional Comunista depois de Lenin”, onde faz um balanço devastador da política internacional do stalinismo; “A Revolução Desfigurada”, onde responde às calúnias e falsificações históricas sobre o seu papel na revolução, e defende a luta política da oposição contra a burocracia stalinista; “Minha Vida”, sua autobiografia; e “A Revolução Permanente”, em que retoma e desenvolve suas teses formuladas anos antes.

Trotsky vive exilado na Turquia até 1933, onde escreve os três volumes de sua magistral “História da Revolução Russa” e os “Escritos sobre a Alemanha” (editado no Brasil por Mário Pedrosa, sob o título “Revolução e contrarrevolução na Alemanha”), duas obras primas do marxismo. Depois de passar pela França e pela Noruega, sob pressão diplomática e ameaças constantes, Trotsky finalmente encontra abrigo no México, graças ao presidente nacionalista Lázaro Cárdenas.

No exílio mexicano, hospedado com sua segunda esposa, Natália Sedova, inicialmente na casa do grande muralista Diego Rivera e da artista plástica Frida Khalo, e depois na casa da rua Viena, a atividade de Trotsky continua sendo o combate incansável contra a burocracia stalinista. Ele denuncia a traição histórica do partido comunista e da social-democracia ao movimento operário alemão, por se recusarem a cerrar fileiras em uma frente única, permitindo a chegada do nazismo ao poder, sem luta; denuncia a traição da revolução espanhola pelo stalinismo e os abjetos Processos de Moscou na Rússia (nos quais Stalin elimina fisicamente toda a “velha guarda” bolchevique).

Em 1936, Trotsky escreve “A Revolução Traída”, caracteriza a União Soviética como um “Estado operário burocraticamente degenerado”, defende a derrubada da ditadura stalinista pelos trabalhadores, através de uma “revolução política”, que resgate a democracia socialista e o poder dos sovietes com pluripartidarismo. Ele afirma então que, ou a classe operária derruba o regime burocrático, ou cedo ou tarde, haverá o retorno ao capitalismo, e declara: “um rio de sangue separa o stalinismo do bolchevismo”. Eram tempos contrarrevolucionários: stalinismo, fascismo, a Grande Depressão capitalista. “Era meia-noite no século”, declara o companheiro de Oposição de Esquerda e biógrafo de Trotsky, Victor Serge. A Segunda Guerra Mundial apontava no horizonte.

Trotsky passa seus últimos anos de vida no México, tentando organizar a Quarta Internacional – fundada em Paris, em 1938, sem a sua presença, por razões de segurança. Escreve o Programa de Transição, com o objetivo de formar uma nova geração de marxistas revolucionários (ele não chama o seu movimento de “trotskista” mas “bolchevique-leninista”), que garantisse a herança e a continuidade da Revolução de Outubro e da Oposição de Esquerda. Após sobreviver ao atentado organizado por membros do Partido Comunista mexicano, armados de metralhadoras, finalmente o braço assassino de Stalin alcança Trotsky. Em 20 de agosto de 1940, o agente stalinista Ramón Mercader, infiltrado na casa-fortaleza de Coyoacan, ataca-o pelas costas em seu escritório, e fura o seu cérebro com uma picareta. Ele resiste por mais um dia, vindo a falecer em 21 de agosto. Na mesa de trabalho de Leon Trotsky, os seus últimos escritos sobre a polícia secreta e os métodos criminosos de Stalin, restam manchados de sangue.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Trotsky, un hombre de estilo

Fonte desta imagem AQUI.
Por Eduardo Grüner, para Página/12

Opinión

En uno de los films de la estupenda Tetralogía del Poder de Alexander Sokurov, Stalin visita a un Lenin ya casi agonizante en su dacha, y le entrega un bastón con el puño exquisitamente labrado, que le envía de regalo el Comité Central. Compungido (cínicamente, hay que entender: al ascendente Stalin no se le puede escapar la simbología de regalarle un bastón al declinante Lenin), le informa que se había pensado inscribir en él una dedicatoria: al más grande hombre de la URSS, padre del socialismo, héroe titánico de la revolución, cosas por el (deplorable) estilo. El problema es que una decisión tan importante (¿?) requiere el voto unánime de todos los miembros del Comité y ha habido un voto en contra. Lenin lo interrumpe sin vacilar: “Ya me imagino: Trotsky”. La tragedia que ya ha empezado a atravesar a la Revolución Rusa está plenamente condensada en este episodio –sea verídico o imaginario–: poco tiempo después Lenin estará muerto, Trotsky será un paria, Stalin transformará el gobierno de los soviets en su personal dictadura burocrática y sanguinaria. La anécdota también pinta de cuerpo entero una posición política e intelectual de Lev Davidovitch Bronstein (a) Trotsky: los liderazgos son respetables y necesarios, pero la causa revolucionaria, llevada adelante por las masas en su conjunto, no puede ni debe reducirse al culto de la personalidad, así la “personalidad” sea el mismísimo Lenin. Cuando eso termina triunfando, se puede decir que ya está casi todo perdido. Las personas sin duda existen: no hay dos hombres que sean iguales, los “estilos” (políticos, literarios, lo que fuere) de los líderes pueden hacer mucha diferencia en la historia. Pero la diferencia es en la historia: los individuos y las masas la hacen, en condiciones que no pueden elegir –para hacer una cita canónica–. Tampoco pudo elegirlas Trotsky. Pero sí eligió no traicionar la parte de la historia de la que había sido un protagonista central. Y no traicionarse a sí mismo, ni siquiera –y quizá sobre todo– en el “estilo”.

También elige, Trotsky, escribir su autobiografía (en 1929, ya en el exilio, del cual sólo saldrá con su asesinato por los esbirros de Stalin en 1940) en primera persona. Y titularla Mi Vida. Ese hombre se piensa a sí mismo como, nuevamente, persona: no deja de lado las singularidades de su existencia, sus pasiones, angustias, placeres, gustos. Sin embargo, lo que ocupa el centro de la escena, prácticamente en cada página, es su persona política: aquellas singularidades “existenciales” nunca dejan de serlo, pero están atravesadas y “sobredeterminadas” por el papel que cree le ha sido dado cumplir en la historia que, lejos de ser un “ya fue” (como reza cierta sintomática jerga actual), es una historia en curso, en la cual hay que “seguir participando”, y en la primera línea. Con mucha frecuencia, y con razón, se ha señalado la pasmosa personalidad de alguien que, mientras dirige el Ejército Rojo en medio del fragor de la batalla revolucionaria, escribe Literatura y Revolución. Es decir: con una mano, apunta los cañones o diseña las cargas de infantería al mismo tiempo que debate la lógica política de las decisiones militares (porque no es un “militarista”, sino alguien a quien la política y la historia han obligado a tomar las armas); con la otra –caso único de apertura intelectual entre los grandes dirigentes revolucionarios– teje palabras para hablar de Tolstoi, Maiakovski, Gorki o Gogol, pero también de Céline, de Silone, de Jack London o de Malraux, y para defender –con las reservas y matices que correspondan, pero defender al fin– cosas tan poco “proletkult” como el surrealismo, la literatura de vanguardia o el psicoanálisis, y en general la libertad más absoluta en el arte, la literatura, la filosofía o la ciencia.

El título mismo, Mi Vida, adquiere pues una nueva resonancia: es lo que se intuye que está en juego, que muy probablemente se va a perder, pero que sin embargo hay que defender –como un león– hasta el último aliento: no sola ni principalmente por un comprensible instinto de supervivencia, sino porque está indeleblemente inscripta en toda una historia que debe ser defendida contra la barbarie.

En ningún momento se escucha, en esa escritura, ni una nota de arrepentimiento (que no es lo mismo que “autocrítica”), mucho menos de autoconmiseración: no se permite la indulgencia consigo mismo que hubiera significado salirse de su posición protagónica en el campo de batalla. Esa también es, para él, una cuestión de “estilo”: otra vez, el mismo estilo vital que lo sostiene en ese campo de batalla es el que le hace generar concepciones teóricas decisivas como el desarrollo desigual y combinado y la revolución permanente (que tantos bien poco simpatizantes de Trotsky usan incluso sin saber de dónde las sacaron: hasta ese grado ha fracasado su “borradura”). No son muchos los que en el siglo XX, incluso estando en una posición similar, han sido capaces de hacer algo así, y encima de regalarnos una gran escritura, ante la cual es imposible no conmocionarse cualquiera sea la opinión sobre posiciones políticas particulares. Después de la citada y magistral biografía de Deutscher (y a su manera, la de Victor Serge), no ha sido capaz de estar a esa altura ninguna de las biografías o novelas biográficas que nos han caído en la última década –y cabría preguntarse por este verdadero “síntoma” en el contexto de la feroz crisis mundial que está atravesando el capitalismo–: con la muy estimable excepción de la novela del cubano Leonardo Padura, las demás oscilan entre un estúpido odio reaccionario que lleva hasta la más delincuencial falsificación, y las tonterías apenas epidérmicas que insultan la inteligencia de cualquier lector mínimamente sensible.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O poder é partilhado na revolução do século XXI


Por Ricardo Abramovay | Para o Valor, de São Paulo

 Não é inocente o uso da palavra revolução no nome de batismo das eras econômicas. Mais do que técnicas e possibilidades de mercado, o que está em jogo na terceira revolução industrial anunciada por Jeremy Rifkin é um novo poder: partilhado, descentralizado, colaborativo ou, para usar a expressão do título de seu último livro, lateral. Em comum com as duas revoluções industriais anteriores, a do século XXI também emerge da convergência entre novos meios de comunicação e formas inéditas de produção de energia. A coerência dos grandes períodos históricos dos últimos dois séculos é dada por essa unidade entre comunicação e energia. O carvão e o vapor, no século XIX, abrem caminho não só para estradas de ferro, e imensas frotas navais, mas também para a massificação de materiais impressos, o que favorece o surgimento da educação pública na Europa e nos Estados Unidos. Na segunda revolução industrial, que domina todo o século XX, o petróleo e a eletricidade permitem o motor a combustão interna, o automóvel individual e, sobretudo a comunicação apoiada em grandes centrais elétricas: telégrafo, telefone, rádio e televisão.
 
A terceira revolução industrial tem como marca central a rede de energia/internet. O fundamental não está na energia, na internet ou na noção de rede, e sim na junção das três: não só a energia, mas parte crescente da prosperidade do século XXI virá de uma organização social assinalada pela descentralização, pela cooperação e pela partilha.

O prognóstico já seria intrigante se partisse de um destacado acadêmico ou de um ativista ligado a movimentos sociais globais. Mas Rifkin tem ainda a qualidade de hábil articulador voltado ao diálogo com importantes dirigentes políticos contemporâneos e personalidades centrais na formulação e execução das estratégias de empresas globais. Professor do Wharton School's Executive Education Program, da Universidade da Pensilvânia, autor de 18 livros (entre eles, já traduzidos para o português, "A Era do Acesso", "O Fim dos Empregos", "A Economia do Hidrogênio" e "O Sonho Europeu"), Rifkin, nos últimos dez anos, manteve estreito contato com figuras como Angela Merkel, Manuel Barroso e José Luiz Zapatero, o que contribuiu para que o termo terceira revolução industrial se incorporasse a inúmeros documentos da União Europeia. Ao mesmo tempo, em torno da terceira revolução industrial reúne-se hoje uma centena de dirigentes empresariais globais. Muito mais do que um conjunto abstrato de normas e prescrições, a terceira revolução industrial está na agenda de algumas das mais importantes forças sociais e políticas contemporâneas.

Pelas resistências que desperta e pela mobilização que exige, seu sucesso depende de uma nova narrativa. A do período que se esgota agora é clara: concentrar recursos, fortalecer os regimes exclusivos de propriedade e favorecer a busca estreita dos interesses individuais são condições para a eficiência alocativa, da qual decorreriam produção de riqueza e bem-estar crescentes. A crise desencadeada em 2008 foi a pá de cal que retirou coerência a essa narrativa, como mostra o livro em sua primeira parte.

A narrativa da terceira revolução industrial, também exposta no livro, apoia-se em cinco pilares, que trazem consigo uma reorganização na cultura, nos modos de vida e nas formas de se fazer negócio. O primeiro está na passagem (nada trivial, é claro) das energias fósseis para as renováveis. O segundo, e talvez mais importante dos cinco pilares, é a transformação do estoque de construções de todo o mundo em microusinas de coleta (e de distribuição) de energia. Na União Europeia, onde essa ideia se converteu em orientação de política pública, Rifkin fala da existência de 190 milhões de microusinas. Cada edificação tem o poder de absorver e transformar localmente energia vinda dos ventos, do sol e da reciclagem daquilo que seus ocupantes produzem e consomem. O princípio é que, contrariamente aos combustíveis fósseis ou ao urânio (energias de elite, que se encontram apenas em alguns lugares), as renováveis estão por toda parte. E, embora distante do horizonte brasileiro, Rifkin cita numerosos exemplos em que esse aproveitamento das energias descentralizadas e renováveis permite novos modelos de negócio.

O terceiro pilar está em tecnologias que permitirão armazenar (para se poder, então, distribuir) o produto dessas fontes inevitavelmente instáveis de energia de que são potencialmente dotadas as edificações. Rifkin prevê que, até meados deste século, a União Europeia terá uma economia do hidrogênio inteiramente apoiada em energias renováveis. Mas isso supõe - quarto pilar - que os dispositivos da economia da informação em rede possam promover a integração e a partilha desse fluxo de energia produzido de maneira descentralizada. Aí reside a nova unidade entre comunicação e energia. São redes inteligentes, mas que operam com base em energias produzidas localmente, ao contrário das duas revoluções industriais anteriores. Além de resolver um problema de oferta de energia, essas redes dão lugar a uma nova forma de poder, não mais hierárquico, mas distributivo, colaborativo, em rede. Não se trata apenas de substituir a centralização dos fósseis, da energia nuclear e das grandes hidrelétricas por gigantescas unidades solares ou eólicas. O mais importante é promover a oferta desconcentrada e partilhada de energia.

O quinto pilar está no sistema de transportes, que dará maior peso aos equipamentos coletivos e também, no que se refere aos veículos individuais, aos carros elétricos e baseados em células combustíveis, integrados igualmente a esse sistema descentralizado de redes inteligentes.

Nada garante, é claro, o triunfo do poder lateral. Mas o livro de Rifkin mostra condições especialmente privilegiadas para que colaboração social, partilha e descentralização formem a base da prosperidade no século XXI.

Ricardo Abramovay é professor titular do departamento de economia e do Instituto de Relações Internacionais da USP, pesquisador do CNPq e da Fapesp. Twitter: @abramovay - www.abramovay.pro.br

"The Third Industrial Revolution"

Jeremy Rifkin. Palgrave Macmillan. 304 págs., US$ 27,95

Fonte da imagem AQUI.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Revoluções de 2011 'me lembram 1848', diz Hobsbawm

Revolução de 1848 em Berlin. Fonte: Wikipedia.

Andrew Whitehead

O prestigiado historiador britânico Eric Hobsbawm comparou as revoltas no mundo árabe em 2011 às revoluções que explodiram na Europa no fatídico ano de 1848.

Em entrevista à BBC, Hobsbawm ressaltou que desta vez os movimentos de contestação são impulsionados pela classe média, e não pelo proletariado.

"Foi uma grande alegria redescobrir que é possível que as pessoas saiam às ruas para se manifestar e derrubar governos", disse o historiador, que passou toda sua vida ligado às revoluções.

Hobsbawm nasceu poucos meses antes da Revolução Russa, de 1917, e foi comunista a maior parte de sua vida, assim com um influente pensador marxista. Um de seus livros mais conhecidos, a Era das Revoluções, que retrata justamente as revoltas de 1848, é um clássico da historiografia.

Além de escrever sobre as revoluções, Hobsbawm também apoiou algumas revoltas. Com mais de 90 anos, sua longa paixão pela política aparece no título de seu mais novo livro: How to change the World (Como mudar o mundo) e em seu enorme interesse pela Primavera Árabe.

"A verdade é que eu tenho um sentimento de excitação e alívio", disse, ao receber a reportagem em sua casa em Hampstead Heath, bairro no norte de Londres.

 

Democracias árabes?

Para Hobsbawm, 2011 lembra outro ano de revoluções.

"Me lembra 1848, outra revolução impulsionada de forma autônoma, que começou em um país e depois se estendeu por todo um continente em pouco tempo", diz.

Naquele ano, um levante popular em Paris acabou se alastrando pela área da atual Alemanha e Itália e pelo Império Habsburgo (hoje Áustria).

Para quem ajudou a encher a praça Tahir, no Cairo, derrubando o regime de Hosni Mubarak, em fevereiro, e agora teme pelo destino da revolução egípcia Hobsbawm tem uma palavra de alento.

"Dois anos após 1848, tudo parecia como se houvesse fracassado. Mas no longo prazo não houve fracasso. Conseguiu-se uma boa quantidade de avanços liberais. De modo que foi um fracasso imediato, mas um êxito parcial no médio prazo, ainda que não tenha sido na forma de revolução", diz.

Talvez com exceção da Tunísia, Hobsbawm não vê grandes possibilidades da democracia liberal ou governos representativos ao estilo ocidental triunfarem no mundo árabe.

O historiador ressalta ainda as diferenças entre os vários países varridos pela atual onda revolucionária.
"Estamos no meio de uma revolução, mas não de uma única revolução", diz.

"O que une (os árabes) é um descontentamento comum e forças de mobilização comuns: uma casse média modernizadora, sobretudo jovem, estudantes e, principalmente, uma tecnologia que permite que hoje seja muito mais fácil mobilizar os protestos", afirma.

 

Indignados e 'Occupy'

A importância das redes sociais também ficou evidente em outro movimento que marcou 2011: os protestos dos indignados e as ocupações que ocorreram na Europa e na América do Norte.

Segundo Hobsbawm, o movimento remonta à campanha eleitora de Barack Obama, em 2008. Na ocasião, o então candidato mobilizou com sucesso uma juventude até então apática à política por meio da internet.

"As ocupações, em sua maioria, não foram protestos de massa, não foram os 99% (da população), mas de estudantes e membros da contracultura. Em momentos, isso encontro eco na opinião pública. É o caso dos protestos contra Wall Street e as ocupações anticapitalistas", afirma.

De todo modo, a velha esquerda, da qual Hobsbawm tomou parte, manteve-se às margens das manifestações.

"A esquerda tradicional estava orientada para um tipo de sociedade que já não existe mais ou está deixando de existir. Acreditava-se sobretudo no movimento operário como o grande responsável pelo futuro. Bem, nos desindustrializamos e isso já não é possível", destaca o historiador.


"As mobilizações de massa mais efetivas hoje são aquelas que começam em meio a uma classe média moderna e em particular em um grupo grande de estudantes. São mais efetivos em países onde, demograficamente, os jovens são mais numerosos", diz.

 

Compreender o passado

Eric Hobsbawm não espera que as revoluções árabes tenham maiores ecos no mundo, ao menos não como uma antessala de uma revolução mais ampla.

Será mais provável, assegura, uma dinâmica que compreenda reformas graduais do estilo das que "ocorreram na Coreia do Sul nos anos 1980, quando uma classe média jovem passou a disputar o poder com os militares".

Sobre o drama político que ainda se desenrola nos países árabes, o historiador diz que vale a pena recordar o Irã de 1979, cenário da primeira revolução que teve o Islã como elemento político.

Esse aspecto da revolução iraniana teve reflexos na Primavera Árabe.

"Quem fez concessões ao Islã sem ser religioso acabou marginalizado. Dentre eles os reformistas, liberais e comunistas", diz, destacando outros grupos que se somaram aos religiosos para derrubar a monarquia iraniana alinhada ao Ocidente.

"A ideologia das massas não é a ideologia dos que começaram as manifestações", pontua.

Embora diga que a Primavera Árabe lhe tenha causado alegria, Hobsbawm diz que o elemento religioso no movimento é "desnecessário e não necessariamente bem-vindo".

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Greve geral na Grécia é ápice de situação que está se tornando revolucionária

Acropolis

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Imagina un Lennon revolucionario

Oscar Martínez · · · · ·   



… ellos tenían algo que era artístico. (Yoko: "Muy sensible") Les dijimos: "Sois artistas, escribís libros, hacéis teatro, sois como artistas”. Y ellos dijeron: "Vosotros sois como revolucionarios".

John Lennon en una entrevista para tv

La participación en 1971 de John Lennon en un concierto a favor de la liberación del activista John Sinclair supuso que el ex-líder de los Beatles se convirtiera en el enemigo público número 1 de la administración Nixon. El concierto denunciaba dos incongruencias de las muchas que padecía el país en esos tiempos. La primera es que el aparato judicial de los EEUU condenara a 10 años de cárcel a personas como Sinclair por el “delito” de fumar marihuana mientras cada semana el gobierno norteamericano lanzaba sobre Vietnam bombas cuyo poder explosivo era equivalente al de dos Hiroshimas y medio. Y la segunda incongruencia era la de un presidente de los EEUU -Richard Nixon- que había llegado a la Casa Blanca con la promesa de poner fin a la guerra mientras, por el contrario, ésta se intensificó, e incluso se extendió a otros países bajo su mandato.

La ultraderecha que gobernaba -y gobierna todavía en el fondo- en EEUU no podía consentir que alguien con el carisma y el poder de atracción de John Lennon se convirtiera en un líder político capaz de oponerse con eficacia a los crímenes de la más poderosa potencia imperial que había conocido la historia. Así que Lennon fue durante años vigilado y acosado por el FBI en manos del siniestro J. Edgar Hoover, tristemente célebre por ser la bestia negra de la izquierda norteamericana durante nada menos que cinco décadas.

El documental “Los EEUU contra John Lennon” narra cómo Lennon llegó a convertirse, a su llegada a dicho país, en una amenaza realmente seria para el sistema. La imagen del mismo que ofrece esta película dista bastante de la que nos suele ofrecer la prensa. Las retrospectivas sobre su carrera por lo común pasan de puntillas sobre sus ideas políticas y a lo más que llegan es a caricaturizarlo como líder del “flower power”. Sorprenderá a muchos que vean este documental comprobar como Lennon apoyó abiertamente en televisión la causa de un partido político radical como los Panteras Negras, muchos de cuyos miembros fueron encarcelados e incluso asesinados por el gobierno. Fue el caso de Fred Hampton, cuyo cadáver fue hallado en su cama, tras ser tiroteado por la policía de Chicago y el FBI en 1969.

Lennon fue durante años vigilado y acosado por el FBI

Y es que Lennon llegó mucho más lejos del “all you need is love”. Él mismo reconoció el fracaso del excesivamente ingenuo “flower power” y llegó a la conclusión de que se necesitaba algo más que buena voluntad para poner fin a los problemas del mundo. Y eso se vería con mayor evidencia en las letras de algunas de sus canciones de su época post-beatle. “Working Class Hero”, donde el artista reclama su origen social con estos versos, es un buen ejemplo de hasta qué punto Lennon era consciente de lo absurda y superflua que era la fama que le había dado el pertenecer a los Beatles:

“Keep you doped with religion and sex and tv
and you think you’re so clever and classless and free
but you’re still fucking peasants as far as i can see
a working class hero is something to be”

Te drogan con religión, sexo y tele
y tú te crees tan listo, independiente y libre
pero a mí me parece que sigues siendo un jodido paleto
un héroe de la clase obrera es algo que tienes que ser”

Lennon, hijo de un marino mercante, nació en Liverpool en 1940 y creció prácticamente huérfano. Su madre se negó a criarlo y lo dejó a cargo de su hermana. Su padre lo abandonó también. Tal circunstancia y el ambiente social en que vivió, hicieron de él un rebelde durante toda su vida. Quizá fue eso lo que impidió que la fama y el dinero le hicieran cerrar los ojos a la responsabilidad social que tenía como artista una vez alcanzó el éxito, a diferencia de tantos y tantos otros en su misma situación.

Ya durante su época como beatle, Lennon había expresado su inconformismo con la sociedad que le rodeaba, pero fue el enamorarse de la artista conceptual Yoko Ono lo que actuó como catalizador de toda su rabia contra el sistema. Yoko le proporcionó la suficiente valentía como para romper con su pasado de estrella del rock y reencontrarse consigo mismo. A partir de entonces, ambos protagonizarían la aventura un poco loca de querer cambiar el mundo a través de la música, el arte y la provocación fruto de la suma de sus grandes talentos. Por poner un ejemplo, un día dieron una rueda de prensa ocultos por una sábana con el fin de reivindicar la igualdad de los seres humanos, independientemente de su raza, su sexo, o su aspecto físico.

Yoko y John querían cambiar el mundo a través de la música, el arte y la provocación

Vietnam y la lucha por los derechos civiles eran por aquel entonces los temas políticos más candentes. La juventud era apaleada por protestar contra una guerra promovida por un gobierno que estaba matando a millones de personas en un país que luchaba por su independencia. La palabra “revolución” estaba en el aire y ése fue precisamente el título de la primera canción de los Beatles que hablaba abiertamente de política y que fue grabada poco tiempo después del asesinato de Martin Luther King y de la muerte de Brian Epstein, manager del grupo, que siempre se había negado a que los Beatles se metieran en política. La participación de Yoko Ono en el proceso de grabación de “Revolution” provocó la primera crisis del grupo y, finalmente, conduciría a su disolución dos años más tarde.

Pero aunque tanto Yoko Ono como John Lennon se declararan abiertamente revolucionarios, ello no quiere decir que renunciaran a su pacifismo militante. Es más, estaban lejos de creer que ambas cosas fueran incompatibles y decidieron utilizar su imagen pública para promover la causa de la paz. La foto de ambos en la cama durante su luna de miel con un cartel detrás de ellos que decía “Bed Peace” dio la vuelta al mundo y se convirtió en un poderoso icono que atrajo la atención de millones de personas sobre la guerra de Vietnam. Ono y Lennon estaban diciendo a sus fans que su imagen de estrellas del espectáculo no era lo realmente importante, que lo realmente importante era acabar con la guerra.

Para que el lector se haga una idea de lo que supuso la agresión norteamericana en Vietnam citaré unos fragmentos de la obra del historiador Howard Zinn, “La otra historia de los Estados Unidos”:

«Grandes zonas de Vietnam del Sur fueron declaradas “zonas de fuego libre”. Significaba que se consideraba enemigos a todas las personas que se quedaban en ellas: civiles, ancianos y niños, y que se lanzaban bombas a discreción. Las aldeas que estaban bajo sospecha de dar cobijo al Viet Cong eran sometidas a misiones de “búsqueda y destrucción”: se mataba a los aldeanos en edad militar, se quemaban las casas y las mujeres, los niños y los ancianos eran enviados a campos de refugiados.

«La CIA, en un programa llamado Operación Fénix, ejecutó -en secreto y sin juicio- a por lo menos veinte mil civiles en Vietnam del Sur, por ser sospechosos de ser miembros del movimiento comunista clandestino.

(…) Al acabar la guerra se habían lanzado 7 millones de toneladas de bombas sobre Vietnam, Laos y Camboya: más del doble de las bombas lanzadas sobre Europa y Asia en la II Guerra Mundial.»

Fue en este contexto de muerte y destrucción en masa que Lennon compuso la canción que llegaría a ser el himno oficial de las protestas contra la guerra, “Give Peace a Chance”, que fue coreada por un cuarto de millón de manifestantes contra la Guerra de Vietnam el 15 de octubre de 1969, en Washington.

Lennon era demasiado peligroso por su enorme influencia entre la juventud norteamericana

A su llegada a New York, en 1971, Yoko Ono y John Lennon se hacen amigos de Jerry Rubin, de Abbie Hoffman y de Bobby Seale, éste último presidente y fundador de los Panteras Negras. Todos ellos formaban parte de los “8 de Chicago”, que fueron detenidos y juzgados por encabezar las protestas que miles de personas realizaron contra la guerra de Vietnam durante la celebración de la Convención Nacional del Partido Demócrata en esa ciudad, en 1968. Durante cinco días, cientos de manifestantes fueron golpeados y atacados por la policía con gases lacrimógenos. Su amistad con Bobby Seale, condujo a Lennon a financiar a los Panteras Negras, lo cual iba mucho más allá de escribir bellísimos himnos de paz y amor como “Imagine”. Suponía convertirse en un verdadero activista político, en un enemigo declarado del stablishment. Había dado un paso decisivo que iba a conducirle a ser tratado por el gobierno estadounidense como tal. Así que cuando el concierto que dio Lennon en favor de la liberación de Sinclair efectivamente consiguió su excarcelación gracias al carisma del ex-beatle, el gobierno se puso muy nervioso y decidió deshacerse de él a toda costa. Lennon era demasiado peligroso por su enorme influencia entre la juventud norteamericana en edad de votar y más teniendo en cuenta que el movimiento contra la guerra había decidido apostar fuerte por el voto joven como estrategia para salir de Vietnam. El plan era organizar una gira de conciertos y manifestaciones que persiguiera a Nixon durante su periplo electoral con el fin de tumbarlo en las elecciones presidenciales de 1972 y la figura de Lennon era clave en dicho plan.

No es de extrañar, pues, que el gobierno pusiera todo su empeño en deshacerse de Lennon y Yoko. Comenzaron a acosarlos, les seguían a todas partes, les pincharon el teléfono y amenazaron con deportarles, utilizando como excusa una condena por posesión de marihuana que Lennon había afrontado en el Reino Unido años atrás.

La amenaza surtió efecto y aunque John y Yoko ganaron finalmente el juicio por deportación y consiguieron quedarse en el país, renunciaron a participar en la campaña contra Nixon por miedo a lo que pudiera pasarles. No debemos olvidar la larga lista de asesinatos políticos que tenía EEUU en su haber: Fred Hampton, Medgar Evers, George Jackson, Malcom X, Martin Luther King, etc., todos ellos culpables de querer cambiar las cosas, todos ellos asesinados por un gobierno demasiado acostumbrado a eliminar físicamente a sus disidentes. Es comprensible que el matrimonio Lennon no quisiera engrosar dicha lista.

Y sin embargo una bala conseguiría cruzarse en el camino de John Lennon a la edad de 40 años, poco después de que Ronald Reagan ganara las elecciones presidenciales. Un crimen que sigue produciendo rabia y consternación aunque hayan pasado 31 años desde entonces.

“Los EEUU contra John Lennon” tiene la virtud de completar la figura de un personaje público que durante décadas ha permanecido sesgada, al igual que la época en que vivió. Es una obra digna de figurar en nuestros “Favoritos” del género documental, altamente recomendable para todas aquellas personas que pensamos que la cultura es algo más que puro entretenimiento.


Oscar Martínez es licenciado en Historia Contemporánea, fotoperiodista y realizador de documentales, miembro fundador de la asociación cultural Roig y editor de la revista D'un roig encès.
sinpermiso electrónico se ofrece semanalmente de forma gratuita. No recibe ningún tipo de subvención pública ni privada, y su existencia sólo es posible gracias al trabajo voluntario de sus colaboradores y a las donaciones altruistas de sus lectores. Si le ha interesado este artículo, considere la posibilidad de contribuir al desarrollo de este proyecto político-cultural realizando una DONACIÓNo haciendo una SUSCRIPCIÓN a la REVISTA SEMESTRALimpresa.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

El Movimiento del 15 M, después del 19 de junio


Antoni Domènech · G. Buster · Daniel Raventós · · · 

El éxito de participación en las manifestaciones convocadas el pasado 19 de junio en todas las ciudades del Reino de España confirma que el Movimiento 15 M está aquí para quedarse como elemento fundamental de la nueva dinámica política y social que se ha instalado en nuestro país. [1]


Fue multitudinaria, arrancando varias columnas de la periferia obrera, la de Madrid. Sorprendió muy gratamente la masividad y la alegre combatividad de la de Valencia. Pero resultó especialmente significativa la de Barcelona. No sólo porque fue la de mayor participación popular –más de un cuarto de millón, según los organizadores, unas 75.000 personas, según la guardia urbana, más de 100.000, según el poco sospechoso diario El País—, sino sobre todo porque constituyó una contundente respuesta ciudadana a los peligrosos intentos de criminalización del Movimiento 15 M por parte del establishment mediático y político.  Como es harto sabido, esos intentos encontraron terreno abonado a raíz de los episodios violentos registrados ante el Parlament de Cataluña el pasado 15 de junio, cuando una gestión, como poco, incompetente –y como más, artera—, del conseller de interior, Felip Puig, permitió que varios diputados autonómicos de a pie terminaran agredidos por grupitos de exaltados –acaso provocadores infiltrados—, mientras el president Mas y varios consellers hacían aparatosa y fotogénica entrada en helicópteros y furgones policiales en un Parc de la Ciutadella policialmente tomado. 

El 27 de mayo la policía autonómica había agredido, tan brutal como innecesariamente, a los acampados en la Plaça de Catalunya de Barcelona, en una actuación que todo el mundo pudo ver en distintas filmaciones. El apoyo ciudadano a los acampados apaleados fue tan grande, que en pocas horas la figura de Felip Puig quedó totalmente desacreditada. El prepotente conseller de Interior buscó el 15 de junio el desquite. Pero a despecho de la mezquina mediocridad pisicológica del personaje, se puede conjeturar que no era nada personal. Eran negocios: las derechas catalanistas, como las españolistas, han entendido cabalmente que el principal obstáculo que se atraviesa en su empeño de desmantelar los restos del Estado Social y Democrático de Derecho con suicidas políticas económicas procíclicas de austeridad fiscal neoliberal e injustas políticas públicas de segregación social en sanidad y educación es precisamente el desarrollo del Movimiento 15 M. El propio señor Puig declaraba provocadoramente en el diario monárquico madrileño ABC que, si los Mossos no bastaban, no tendría inconveniente en recurrir a la Guardia Civil para la represión de los indignados (ABC, 20 junio 2011) [2], uniéndose al coro mediático y político de la extrema derecha madrileña que venía exigiendo desde hace semanas acciones represivas enérgicas contra los acampados en Puerta del Sol, y en general, contra los indignados madrileños. Que el antiguo dirigente de ERC ahora convertido en hombre de orden, Josep Lluís Carod Rovira, criticara qua catalanista a los indignados de Plaça Catalunya por hablar demasiado en castellano y se avilantara a recomendar su transterramiento a "Espanya" –"que se vayan a mear a su país"—, [3] que ABC fingiera escandalizarse –muy levemente— con el extremismo de Carod, [4] no quita validez a la afirmación. Al contrario: lo cierto es que las derechas patrias parecen haber entendido muy bien el viejo y probado principio de la buena táctica militar que tanto les sigue costando entender, y no digamos aplicar, a las izquierdas: "marchar por separado, golpear unidos". 

Los tambores de criminalización del movimiento del 15-M ya se escucharon el mismo15 de junio en el interior del Parlament. El presidente, Artur Mas, dijo: "Hoy se han traspasado las líneas rojas, una cosa es la discrepancia, legítima, ciudadana, periodística o política, pero nunca con violencia o coacciones." Al día siguiente, se subía de intensidad, y las agresiones fueron calificadas de "circunstancia excepcional". Y aún más: "Del pacifismo que se anunció, se pasó a la violencia, a la intimidación y a la coacción. Y en este sentido es evidente que el dispositivo policial, seguramente, estaba previsto en unas circunstancias de mayor tranquilidad y se tuvo que enfrentar a una kale borroka organizada por una gente de extrema violencia". Y para no quedarse emocionalmente corto: "actuaron como auténticos cafres".  

El gobierno de la Generalitat no pudo empezar peor el pasado otoño: con una amplia y contundente reprobación profesional, social y ciudadana a los primeros pasos recortadores y privatizadores dados por su estridente conseller de Sanidad, ese genuino elefante en cacharrería que es Boi Ruiz, apagado luego del revolcón ciudadano. El govern dels millors no había quedado mejor parado el pasado 17 de mayo con la energuménica torpeza represora de Felip Puig, que no cometió Rubalcaba en Madrid, ni siquiera Camps en Valencia. Pero los sucesos del 15 de junio ante el Parlament parecían brindar a Mas la ocasión de dar el golpe de gracia al Movimiento 15 M. Con un triple objetivo:  hacer pasar más fácilmente sus planes de austeridad contra la población no estrictamente rica, marcar el camino a seguir por otros gobiernos y deshacerse de una protesta que amenaza con ser cada vez mayor, gozando de una enorme simpatía entre la población trabajadora, así como de un creciente respeto por parte de las distintas organizaciones políticas, sindicales y sociales nominalmente de izquierda.

Para decir toda la verdad, resultó un tanto penoso que buena parte de la izquierda política institucional, en cuyo programa y en cuyas actuaciones parlamentarias figuran muchos de los puntos programáticos popularizados por el 15 M, pareciera no entender la situación creada y el evidente propósito político que se escondía tras la jactancia represiva de Puig y Mas, y diera la impresión de ceder antes a la tentación de cerrar filas con el resto de la "clase política" indignada con los indignados a cuenta del "ataque al Parlament", que a escuchar las voces de la población, y a aprender de ellas. Que la "indignación con los indignados" no podía sino ser farisaica, habida cuenta de que el grueso de la clase política abdicó expressis verbis de la democracia y de la soberanía popular en favor de los mercados financieros internacionales en mayo de 2010, es cosa que por lo visto ha terminado por entender muy bien la población catalana. En uno de los espacios más groseramente manipulatorios de la televisión pública (TV3), el programa matutino dirigido por el redicho y banderizo periodista Josep Cuní, se improvisó una encuesta televisiva sobre los sucesos violentos del Parlament, con la capciosa pregunta: "¿Por quién se siente usted más representado: por los representantes parlamentarios o por el Movimiento 15 M?". Tras las primeras 6.000 respuestas, el resultado era abrumador: cerca del 80% se decían mejor representados por el Movimiento 15 M que por los parlamentarios. [5]
 
El movimiento del 15-M hizo un comunicado, tras una asamblea celebrada el mismo día 15 de junio, en el que su compromiso con la acción no violenta quedaba terminantemente reafirmado: "Queremos aclarar que la acción de bloqueo de esta mañana se enmarca en una estrategia de desobediencia civil pacífica y colectiva ante la aprobación de leyes injustas, un derecho legítimo y practicado por este país en varios episodios de su historia reciente, como por ejemplo la Transición. Esta desobediencia activa no violenta, pacífica pero determinada, es la expresión de los acuerdos a los que ha llegado el movimiento del 15-M a lo largo de las asambleas celebradas en Plaza Catalunya durante el último mes. Las acciones que no han seguido esta estrategia no representan al movimiento."

El séptimo círculo del Infierno lo reservó Dante a los violentos: un lugar espantoso y yermo, surcado por el Flegetonte, río infernal al que el poeta describe como: "el río de la sangre, en el que hirviendo / están los que a su prójimo han forzado". Sabio como ninguno, el Dante cuenta entre los violentos a los usureros y a los codiciosos, además de a los tiranos: "Ciega codicia y loca ira, que impeliendo / nos vais por medio de la vida escasa / y en la eterna tan mal nos vais sumiendo! [Infierno, XII, 47-51]

El pasado 19 de junio centenares de miles de ciudadanos salieron pacífica, festiva y combativamente a las calles de Barcelona, de Madrid, de Valencia y de todas nuestras ciudades, grandes y pequeñas, para convalidar esta afirmación, guardando un sentido, precisamente dantesco, de las proporciones: exhibieron pancartas y banderolas con leyendas muchas veces certeras, algunas profundas, y casi todas, rebosantes de ingenio y buen sentido popular contra la violencia con mayúscula, la de las actuales clases rectoras. Y mostraron a Europa y al mundo que la población trabajadora del Reino de España no va a aceptar tan fácilmente su sacrificio y el de la democracia y la soberanía popular ante el altar del euro y de la banca privada al que parecen querer llevarla unas elites políticas y mediáticas tan irresponsables e ignorantes como complacientes. 

Demostraron una humildad sorprendentemente madura para ser un movimiento incipiente y exitoso: lejos de cualquier euforia y de todo sectarismo, no se entienden sino como una parte de un gran proceso de contestación social en marcha, en el que todos deben confluir. Y con su madurez y su humildad, los indignados mostraron también un camino a las debilitadas izquierdas políticas y sindicales tradicionales en nuestro país. Auguremos lo mejor, y esperemos que, como en Grecia, sepan éstas estar a la altura y secundarlo.

NOTAS: [1] Véase, en SinPermiso: Antoni Domènech, "Mejor al revés: ¿cuál es la alternativa real al Movimiento del 15 de Mayo?" (http://www.sinpermiso.info/textos/index.php?id=4183). Gustavo Búster, "Reino de España: las consecuencias de la estrategia del 'mal menor'"  (http://www.sinpermiso.info/textos/index.php?id=4199). Daniel Raventós, "Bildu, el movimiento del 15 de Mayo y la renta básica" (http://www.sinpermiso.info/textos/index.php?id=4208).  [2] Entrevista a Puig en ABC: http://www.abc.es/20110618/espana/abci-entrevista-puig-201106180147.html[3] El artículo de Carod Rovira "Indignació espanyola", en Nació Digital, 16 de junio de 2011: http://www.naciodigital.cat/opinionacional/noticiaON/1964/indignacio/espanyola[4] Reacción de ABC al artículo de Carod: http://www.naciodigital.cat/opinionacional/noticiaON/1964/indignacio/espanyola . [5] Luego, las cifras fueran manipuladas, para que sólo el 46% se sintiera más representado por el Movimiento 15 M, pero si se ve la foto de la pantalla, la evidencia de la manipulación está ahí: el número de respuestau no había subido lo suficiente como para justificar el inopinado cambio en los resultados de la encuesta: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=152702228136950&set=a.148558108551362.38402.148544968552676&type=1&theater

Antoni Domènech es el Editor general de SinPermiso. Gustavo Búster y Daniel Raventós son miembros del Comité de Redacción de SinPermiso.
sinpermiso electrónico se ofrece semanalmente de forma gratuita. No recibe ningún tipo de subvención pública ni privada, y su existencia sólo es posible gracias al trabajo voluntario de sus colaboradores y a las donaciones altruistas de sus lectores. Si le ha interesado este artículo, considere la posibilidad de contribuir al desarrollo de este proyecto político-cultural realizando una DONACIÓN o haciendo una SUSCRIPCIÓN a la REVISTA SEMESTRAL impresa.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

El Movimiento en Egipto


Por Samir Amin *, para Página/12

Egipto es la piedra angular del plan norteamericano para controlar al planeta. Washington no va a tolerar ningún intento de Egipto de poner fin a su total sumisión a los intereses imperiales, algo que también necesita Israel para proseguir colonizando lo que resta de Palestina. Este es el objetivo excluyente de Washington en su “involucramiento” para impulsar una “transición suave” en Egipto. En vista de esta situación, EE.UU. podría considerar que Mubarak debería renunciar. El recién designado vicepresidente, Omar Suleimán, jefe de la inteligencia militar, quedaría a cargo. Pero el ejército fue muy cuidadoso en no quedar pegado a la represión, preservando su imagen ante la sociedad.

Allí aparece entonces El Baradei. El es todavía más conocido fuera que dentro de Egipto, pero podría corregir ese defecto rápidamente. El Baradei es un “liberal”, sin ideas sobre el manejo de la economía, y por eso no puede comprender que es precisamente eso lo que ha producido la actual devastación social en Egipto. Es un demócrata en el sentido de que quiere “elecciones genuinas” y el respeto a la ley (por ejemplo, parar los arrestos y las torturas), pero nada más.

No es imposible que El Baradei pueda ser un aliado en la transición. Pero ni el ejército ni las agencias de Inteligencia están dispuestos a abandonar la posición dominante de que han disfrutado en el manejo de la sociedad. ¿Aceptará esto El Baradei?

En caso de “éxito” y “elecciones”, la Hermandad Musulmana será la principal fuerza parlamentaria. Al parecer, los EE.UU. verían con satisfacción este resultado porque han caracterizado a la HM como “moderada”, dócil, dispuesta a aceptar la sumisión del país a la estrategia norteamericana, dejando además que Israel continúe con la ocupación de Palestina. La Hermandad Musulmana está también a favor de la economía de mercado existente, que hace de Egipto un país totalmente dependiente del exterior. Ellos son, de hecho, los socios y aliados principales de la burguesía “compradora”, enfeudada de mil modos al imperialismo. No es un dato menor que la HM se haya manifestado en contra de las huelgas obreras y de las luchas de los campesinos por la propiedad de la tierra.

El Plan de Estados Unidos para Egipto es similar al modelo paquistaní: una combinación de “Islam político” más Inteligencia Militar. La HM podría compensar su apoyo a estas políticas siendo precisamente “no moderada” en su conducta hacia otras confesiones. Pero, ¿podría un sistema de ese tipo merecer un certificado de “democracia”?

El movimiento actual tiene como sus componentes fundamentales a la juventud urbana, con estudios y diplomas pero sin trabajo, apoyada por segmentos de las clases medias educadas, demócratas. El nuevo régimen podría tal vez hacer algunas concesiones –por ejemplo, garantizar su reclutamiento para servir en los aparatos estatales– pero difícilmente algo más que eso.

Por supuesto, las cosas podrían cambiar si la clase obrera y los movimientos campesinos entran en la escena. Pero por ahora tal cosa no parece estar en la agenda. Por supuesto, en la medida en que el sistema económico sea manejado de acuerdo con las reglas de la “globalización neoliberal”, ninguno de los problemas que dieron origen al actual movimiento de protesta contra Mubarak podrán ser realmente solucionados.

* Economista egipcio. Profesor en la Universidad de París y en el Centro de Investigaciones Africanas y Arabes de El Cairo. Traducción: Atilio A. Boron.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Protesto contra presidente reúne mais de 1 milhão no Egito

Por Marwa Awad e Yasmine Saleh

CAIRO (Reuters) - Pelo menos 1 milhão de egípcios foram às ruas na terça-feira, em cenas nunca antes vistas na história moderna do país, para exigir a renúncia do presidente Hosni Mubarak, no poder há 30 anos, e de seu novo governo.

A promessa feita pelo Exército na segunda-feira de não usar força contra os manifestantes deu coragem aos egípcios de continuarem a fazer pressão pela maior reviravolta no sistema político desde 1952, quando militares depuseram o rei Farouk.

Manifestantes lotaram a Praça Tahrir, no centro do Cairo, e milhares fizeram uma passeata na cidade de Suez, no leste do país. Houve manifestações em Alexandria, no litoral norte, em Ismailia e em cidades do delta do Nilo, como Tanta, Mansoura e Mahalla el-Kubra.

De acordo com uma estimativa da Reuters, o número de manifestantes em todo o país que expressaram sua revolta com Mubarak e seus ministros chegou ao marco de 1 milhão estimado pelos ativistas.

"Acorde Mubarak, este é o último dia", gritaram os manifestantes em Alexandria.

As cenas vistas na Praça Tahrir (da Libertação), que tornou-se o ponto central dos protestos contra a pobreza, a repressão e a corrupção, formaram um contraste acentuado com o que foi visto na sexta-feira, quando policiais espancaram manifestantes, jogaram jatos de água e atiraram bombas de gás lacrimogêneo contra eles.

"Ele vai embora, nós não vamos", gritava uma multidão de homens, mulheres e crianças, enquanto um helicóptero militar sobrevoava o mar de pessoas, muitas delas agitando bandeiras egípcias e faixas.

"Mubarak, você é covarde, agente dos Estados Unidos."

Soldados, alguns deles sentados sobre veículos blindados pichados com frases anti-Mubarak, sorriam e acenavam enquanto manifestantes davam socos no ar e gritavam: "O povo e o Exército estão de mãos dadas. Abaixo, abaixo Hosni Mubarak."

Algumas centenas de manifestantes pró-Mubarak se reuniram perto do prédio do Ministério do Exterior, a pouca distância da Praça Tahrir. "Sim a Mubarak, não a ElBaradei, não a espiões no Egito", gritavam. O pouco número de manifestantes ressaltava a impopularidade do presidente.

Inicialmente desorganizados, os protestos contra Mubarak estão pouco a pouco ganhando a forma de um movimento reformista amplo que engloba muitos setores da sociedade egípcia.

Jovens desempregados se misturavam com membros do movimento islâmico Irmandade Muçulmana, e pobres urbanos davam as mãos a médicos e professores, em sinal de solidariedade.

"Estamos pedindo a derrubada do regime. Temos uma meta, que é retirar Hosni, nada mais. Nossos políticos precisam intervir e formar coalizões e comitês para propor um novo governo", disse o engenheiro de computação Ahmed Abdelmoneim, 25 anos.

Fotos de Mubarak, que a exemplo de todos os seus antecessores foi um oficial militar de alta patente, eram penduradas nos semáforos, simulando um enforcamento.

PRESIDENTE AUSENTE

Mubarak não se manifesta ao país desde sexta-feira, quando demitiu seu gabinete. Na segunda-feira, o recém-nomeado vice-presidente Omar Suleiman anunciou uma proposta de diálogo com todas as forças políticas. O fato animou ainda mais os manifestantes.

"A revolução não vai aceitar Omar Suleiman, nem por um período de transição. Queremos um novo líder democrático", disse Mohamed Saber, membro da Irmandade Muçulmana.

"Somos muito pacientes, podemos ficar aqui por muito tempo... Nos últimos 30 anos este regime tirou o pior de nós. Agora todos estão se manifestando. Antes, todos eram negativos e passivos", disse o funcionário público Mahmoud Ali, 42 anos.

Mas não está claro o que virá depois de Mubarak caso ele renuncie. A oposição egípcia se fragmentou e enfraqueceu sob o atual regime. A Irmandade Muçulmana, embora oficialmente ilegal, tem a maior penetração popular, com seus projetos sociais e de saúde. O grupo diz defender um Estado islâmico pluralista e democrático.

"Nosso país tem muita gente capaz de ser presidente", disse o advogado Essam Kamel, 48, que no entanto rejeitou a figura do Nobel da Paz Mohamed El Baradei, que se ofereceu para comandar o país interinamente.
Mas Kamel acrescentou: "Somos muçulmanos, mas não desejamos um governo islâmico."

(Reportagem adicional de Alexander Dziadosz e Jonathan Wright)

Egípcios usam tecnologias 'retrô' para driblar bloqueios nas comunicações


Aparelhos com tecnologias já antigas, como máquinas de fax, aparelhos de rádio amador e modems discados, estão ajudando manifestantes egípcios a evitar o bloqueio imposto pelo governo à circulação de informações.

No dia 27 de janeiro, a internet foi quase que inteiramente bloqueada no Egito por ordem do governo, devido à onda de protestos contra o regime do presidente Hosni Mubarak.

Mas nessa situação, as tecnologias “velhas” continuaram funcionando e provaram ser uma saída para os manifestantes.

Por meio delas os ativistas tendo acesso a informações vindas do exterior e também circulam dicas sobre como evitar mecanismos de controle de informação dentro do Egito.

Listas de números

Modems discados têm sido uma das mais populares rotas para que os egípcios consigam utilizar a internet. Extensas listas de números internacionais que podem ser conectados aos aparelhos estão circulando no Egito, graças a ativistas da internet.

Provedores de internet em vários países, como França, Estados Unidos, Suécia, Espanha, montaram redes de modems que aceitam chamadas internacionais de modo a receber e passar informações para os manifestantes.
 
Muitos até abriram mão da cobrança de taxas para permitir que mais pessoas se conectem.

Mas são poucas as linhas telefónicas egípcias que permitem realizar chamadas internacionais que permitam uma conexão com os modems.

O blog Manalaa deu dicas sobre como usar conexão discada utilizando bluetooth, um telefone celular e um laptop. De acordo com o blog, o custo das chamadas internacionais pode ser "caro", mas ele é bom o suficiente para "comunicação urgente". O texto foi publicado em vários blogs, copiado e enviado por muitos outros.

O grupo We Re-Build, que milita por acesso de internet sem monitoramento em toda a Europa, disse que também está acompanhando algumas frequências de rádio amador e que vai repassar quaisquer mensagens recebidas, seja por voz ou por código morse.

Máquinas de fax também vêm sendo utilizadas por ativistas online e outros que buscam contactar pessoas dentro do Egito e passar informações sobre como restaurar o acesso à internet.

O grupo de ativistas da internet conhecido como Anonymous, por exemplo, vem utilizando faxes para passar informações para estudantes em diversas escolas do país.

Ajuda internacional

Apesar de a maior parte das conexões de internet do Egito ter sido suspensa, o provedor egípcio Noor parece ter ficado online em grande parte porque ele conecta a Bolsa de Valores do país e as filiais egípcias de muitas empresas ocidentais com outras nações.

Relatos vindos do Cairo sugerem que muitas empresas e pessoas que são assinantes do Noor retiraram as suas senhas, de modo a permitir que outros possam “pegar carona” em suas conexões wi-fi.

Militantes também divulgaram um documento intitulado Vinte Maneiras de Contornar o Bloqueio da Internet pelo Governo Egípcio, contendo as formas mais eficazes de permitir que a população do país troque informações.

Alguns egípcios relataram ter conseguido utilizar sites como Google, Twitter e Facebook, utilizando os endereços numéricos desses sites em vez de o nome deles em inglês.

As redes de telefone celular também não escaparam à interferência oficial. Na sexta-feira, a companhia Vodafone Egypt disse ter sido bloqueada em algumas áreas, assim como todas as demais operadoras do país.

Para contornar esse bloqueio, ativistas fizeram circular os telefones de centrais de envios de mensagens, o que permitiu que alguns locais seguissem usando serviços como o Twitter.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

SOBRE A REVOLUÇÃO



Depois de um vídeo onde o ex-futebolista Eric Cantona apela a uma revolução monetária e incita as pessoas a levantarem todo o seu dinheiro do banco, vários países aderiram a este movimento.

Via JUMENTO.