“Hoje em dia a criação de animais de estimação ... alcança
escala sem precedentes na história humana. Ela reflete a tendência dos homens e
mulheres contemporâneos a se refugiar em família para maior satisfação
emocional. Cresceu rapidamente com a urbanização; a ironia é que apartamentos
apertados e sem jardins efetivamente estimulam a manutenção de animais desse
tipo. Esterilizado, isolado e geralmente sem contato com outros animais, o
mascote é uma criatura com o mesmo modo de vida que seu dono; e o fato de que
tantas pessoas considerem necessário, para sua integridade emocional, criar um
animal dependente diz-nos muita coisa sobre a sociedade atomizada em que
vivemos. A difusão dos animais domésticos entre as classes médias urbanas no
início do período moderno é, dessa maneira, um processo de grande envergadura
social, psicológica e, inclusive, comercial.”
Keith Thomas em “O Homem e o Mundo Natural” (1983)
Nota do Omar: Não estou me posicionando ao publicar esse pequeno texto. Tenho muitas amigas e amigos que convivem de forma harmônica e prazerosa com seus mascotes e não tenho absolutamente nada contra isso. O que me chamou a atenção é que já em 1983 (36 anos atrás), esse viés comercial já era constatado, tendo se aprofundado bastante desde então.