segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Sarkozy sugere estatização parcial de empresas européias
Em reação à crise financeira, presidente francês reivindica a estatização parcial de indústrias estrategicamente importantes e defende uma cúpula para a reforma do sistema financeiro com a presença do G8 e do G5.
O chefe de governo da França, Nicolas Sarkozy, propôs que os países-membros do bloco criem fundos soberanos para adquirir ações de empresas que tenham sido atingidas pela crise financeira internacional.
"Eu não quero que daqui a alguns meses os cidadãos europeus acordem e descubram que empresas européias pertencem a capitais não europeus", justificou Sarkozy, que neste semestre ocupa o cargo de presidente do Conselho da União Européia (UE). "Devemos seguir construindo automóveis, barcos e aviões. Quando a crise estiver superada, as ações poderão ser relançadas no mercado", acrescentou.
"Não podemos ser ingênuos, temos de defender nossa indústria." Segundo Sarkozy, principalmente a indústria automobilística está fortemente ameaçada, por isso ele defendeu a necessidade de um programa de ajuda à indústria européia de veículos.
Ministro alemão rechaça sugestão de Sarkozy
Da mesma forma como o plano de ajuda dos Estados Unidos, que concedeu 25 bilhões de dólares a três fabricantes de automóveis, também os países da UE poderiam apoiar sua indústria automobilística para evitar graves distorções de concorrência, disse o presidente francês em um pronunciamento diante do Parlamento Europeu nesta terça-feira (21/10).
O ministro alemão da Economia, Michael Glos, já respondeu à sugestão de Sarkozy. Em entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, Glos disse que a proposta francesa contradiz todos os fundamentos bem-sucedidos da política econômica alemã. Segundo ele, a Alemanha permanecerá aberta aos capitais de todo o mundo.
Governo econômico europeu
Sarkozy defendeu mais uma vez a criação de um governo econômico claramente identificável com a Zona do Euro, para cooperar com o Banco Central Europeu (BCE).
A independência do BCE é intocável, acrescentou, mas, na atual situação, "não se pode continuar. A crise nos conclama a reformar as instituições européias", disse. A sugestão do presidente francês não tem respaldo internacional. O governo alemão, por exemplo, teme a perda de soberania do BCE.
Cúpula com os principais países emergentes
"Necessitamos de novas regras para dotar o capitalismo mundial com novas bases", anunciou Sarkozy. O encontro de cúpula onde será debatida a reforma do sistema financeiro internacional já havia sido tema da conversa de Sarkozy com o presidente dos EUA, George Bush, no último final de semana.
Esta cúpula deverá ser realizada em Nova York, em novembro, após as eleições norte-americanas. Sarkozy ressaltou nesta terça-feira a importância da participação tanto das nações do G8 – os sete países mais industrializados e a Rússia – como do G5, que reúne as economias emergentes Brasil, México, China, Índia e África do Sul. Este encontro do G8 e do G5 deverá ser preparado numa cúpula extraordinária da União Européia, anunciou Sarkozy.
Ele ressaltou ainda a necessidade de estabelecer novos princípios para bancos e mercados financeiros. A economia mundial não pode continuar financiando o endividamento dos Estados Unidos sem exercer influência sobre sua política, concluiu o presidente francês.
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