quinta-feira, 16 de outubro de 2008
PORNOGRAFIA NA TV BRASILEIRA
agradecimentos, uma resposta e uma síntese
Pedro Cardoso, ator, no blog do filme Todo Mundo Tem Problemas Sexuais
Eu gostaria de agradecer a todas as pessoas que leram o meu texto e àqueles que se manisfestaram. As manisfestações de apoio, em muito diminuem a sensação de solidão e me ajudam a perseverar nessa questão, e as manisfestações contrárias, ou com algumas ponderações, são sempre reveladoras e, convidando-me a conhecer a diferença, ainda haverão de incrementar este debate. A todos, muito obrigado pela atenção. Jorge Furtado escreveu um comentário no blog da Casa de Cinema que é uma ótima contribuição. Vale a pena ler.
Eu gostaria de agradecer também àqueles que se manisfestaram através do jornal. Todos são igualmente bem-vindos.
Percebo, pela opinião de alguns, que eles falaram sem ter lido o meu texto antes, apenas provocados pela pergunta do jornalista. Peço a eles, e a todo mundo, que leiam o que eu escrevi. E este blog, onde o texto está integralmente publicado, é a única fonte confiável. Edições por outros, geralmente, corropem o sentido e a intenção do que eu disse.
Eu gostaria também de responder ao cineasta Walter Lima Júnior porque ele me dirigiu palavras ofensivas. Primeiro, quero esclarecer que eu não citei o nome dele em nenhum momento, aliás, não citei o nome de ninguém nem de nenhuma empresa específica. Nem eu nem a Claudia Abreu. Ele se considerou envolvido por seus próprios critérios e consciência. Tomou para si uma afirmação genérica, que dizia respeito a fatos não especificados. Eu, por convicção ética, em assuntos de possível divergência, não cito pessoas que não estão presentes. Seria uma covardia fazer ataque público a pessoa que não está alí para se defender. Acho que ele não leu o meu texto (nem viu o filme) antes de me ofender. Caso o tivesse feito, certamente teria compreendido melhor as minhas intenções, e, a julgar pela obra que produziu, ele teria descoberto muitos pontos de afinidade entre nós. Ele deve ter me ofendido num momento infeliz, e tenho certeza que ele está imaginando uma maneira gentil de se desculpar.
A ofensa que ele me fez, me dá a oportunidade de esclarecer que eu não acho que devemos particularizar essa questão. Estou falando de um ataque generalizado que vem sendo feito a toda atividade profissional dos atores por conta da constância com que a pornografia, disfarçada de obra de arte, está presente no audiovisual, e da conivência (com maior ou menor consciência) que autores e diretores têm com ela (uma vez que não sendo eles que ficam nus, são, no entanto, eles que determinam a pretensa necessidade da nudez ou de outro qualquer artifício que busque produzir um momento pornográfico). Determo-nos nesse ou naquele caso em particular, irá apequenar a discussão. Entre a pornografia e a arte há muitas nuances, mas elas não são a questão aqui. O que eu digo é que há pornografia na imensa maioria da produção audiovisual para atender a ambição de ganho financeiro, e que isto está tornando a vida dos atores um tormento. Quase não há ofertas de trabalho onde a pornografia não se insinue. As exceções existem, mas não cabe a mim discutir quais elas seriam, mesmo porque não tenho o monopólio de uma verdade, que é, por sua própria natureza, bastante afetada pela subjetividade de cada um. Agora, a invasão da pornografia é um fato bastante objetivo e facilmente comprovável. Sua presença é tão evidente, e o desconforto que causa já me foi tantas vezes relatado por colegas, que eu me sinto confiante para apontá-la. Será difícil encontrar uma atriz (ou espectadora) que não tenha passado ao menos por uma situação onde não tenha se sentido constrangida.
A contribuição de cada um para esta situação é uma questão que cada um terá que averiguar consigo mesmo, e poderá se manisfestar caso queira fazê-lo. Eu disse o que penso (inclusive que somos todos vítimas da mesma ganância), e aqui estou para ouvir o que os outros pensam e para insistir na minha defesa da autoridade do ator sobre o seu trabalho. Nós atores somos os donos da arte de representar e donos do nosso ofício. Não temos que obedecer. Não estamos abaixo de escritores ou diretores nem dos produtores. Não somos menos donos do que eles do resultado final de um trabalho que é coletivo! Só devemos fazer aquilo que queremos, só devemos dar voz aos autores que admiramos, só devemos atender as solicitações dos diretores com as quais concordamos! Devemos fazer apenas o que quisermos! E devemos, também, nos responsabilizar integralmente por isso.
Essa é a minha questão, e nenhuma outra. Acredito que o ator, novamente senhor do seu trabalho, não produzirá pornografia (com raras exceções). Por isso anseio pelo dia em que diremos “não” às cenas que não queremos fazer. E, quando formos muitos a dizer esse “não”, o mercado terá que se submeter a nossa vontade e a história mudará. É uma questão ética e política para mim.
Não quero me perder em discussões sobre este ou aquele episódio; isso é assunto de cada um. A advertência que faço é a todos (a mim mesmo, inclusive), e não a ninguém em particular. E as acusações de abuso de poder e deslealdade por parte de diretores e escritores, são dirigidas a quem as merece. Eles sabem quem são. Eu não preciso dizer. Mesmo porque não os conheço a todos, apenas a alguns. Quero me manter, por agora, distante de questões particulares para poder tratar do assunto com a abrangência e a consequente importância que ele tem.
É isso. Espero ter sido claro, e, mais uma vez, obrigado pela atenção de todos.
Ah! Quem por ventura encontrar aqui algum erro de ortografia, por favor me ajude. Eles são muito frequentes por conta de uma renitente dislexia que me acompanha desde a classe de alfabetização. Conto com vocês.
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