Mostrando postagens com marcador Oposição. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Oposição. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A Petrobrás e a campanha do capital internacional

 
Fonte da Imagem: http://blogdaengenharia.com/wp-content/uploads/2014/06/plataforma-de-petroleo-blog-da-engenharia.jpg

Entrevista com Fernando Siqueira

Prossegue a oportunista campanha da imprensa que instrumentaliza as revelações do esquema de corrupção atuante na Petrobras para justificar a desnacionalização e entrega do petróleo brasileiro ao cartel internacional, ainda mais corruptos, já que se apoiam também em guerras e no uso de mercenários para garantir seus interesses em diversas partes do mundo.

A entrevista é de Rennan Martins, publicada pelo portal Desenvolvimentistas, 20-01-2015.

Cumprindo nossa missão de fazer o contraponto à narrativa hegemônica, atuando na guerrilha semiológica, como propôs Umberto Eco, o Blog dos Desenvolvimentistas segue colhendo e disseminando informações a fim de retratar o mundo de uma perspectiva que não a dos poderosos, essa já fartamente propagandeada.

É pra isso que entrevistei mais uma vez Fernando Siqueira, vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET). Siqueira defende que se deve investigar cada indício de corrupção, mas que a Petrobras é vítima dos saqueadores, “e não um antro de corrupção como eles tentam mostrar”. Ressalta que é uma companhia em melhor situação que as outras cinco grandes petrolíferas internacionais, lastreada em 84 bilhões de barris, e é justamente por essa riqueza que é tão atacada.

Eis a entrevista.

Qual a posição da AEPET em relação ao cartel/propinoduto que saqueou a Petrobras?

Achamos essa prática execrável, que deve ser punida com o máximo de rigor e prisão de todos os envolvidos. Em todo o Brasil. O ponto positivo é que a operação lava-jato trouxe as informações necessárias, inclusive dos corruptores, o que só foi possível com as delações premiadas. Vimos denunciando em todas as AGO´s (Assembleia Geral Ordinária, anual, dos acionistas) os indícios da corrupção (por exemplo, a cartelização pela prática de EPCismo – contratação de obras por pacote fechado – que sistematizou a cartelização). Mas não dispúnhamos das provas concretas. Sabíamos que o Duque (segundo dizem, concunhado do Zé Dirceu), o Paulo Roberto, o Barusco tinham procedimentos suspeitos, mas faltavam as provas. Agora temos a chance de deflagrar um combate sem tréguas à corrupção. Em todos os segmentos do País. Mas alguns membros do Ministério Público têm alertado para o risco de impunidade. A sociedade não pode aceitar um novo Satiagraha, que deu em nada.

Procedem os rumores de que a estatal está atolada em dívidas?

A Companhia tem realmente uma grande dívida. Porque tem a maior carteira de campos de petróleo a serem postos em produção. Portanto é uma dívida positiva, visto que é uma dívida para investimentos, os quais dão retorno superior a 80% ao ano. O retorno demora um pouco, mas já temos uma produção superior a 700 mil barris por dia no pré-sal. E o pré-sal já tem uma reserva descoberta de cerca de 70 bilhões de barris, que somada aos 14 bilhões pré-existentes, chegam a 84 bilhões de barris. Portanto, a dívida, além de ser positiva, tem um grande lastro.

O que explica a grande queda nos preços das ações da estatal? Em que extensão o escândalo de corrupção influencia nessa questão?

Há vários fatores. A queda do preço internacional do petróleo (temporária), a explicitação da nefasta corrupção, além da campanha sistemática da mídia defensora do capital internacional. Eles querem tirar a Petrobrás da condição de operadora única do pré-sal, pois isto inibe os dois focos de corrupção: superdimensionamento dos custos de produção, ressarcidos em petróleo e a medição fraudulenta da produção. Embora haja corrupção dessas empreiteiras em todos os segmentos do País, a da Petrobrás foi exacerbada ao máximo para desmoralizar a empresa. Na realidade a Petrobrás é vítima, e não um antro de corrupção como eles tentam mostrar. Ela tem 88000 empregados sérios, honestos e competentes.

Na esteira das revelações do esquema muitos analistas criticaram o modelo de partilha. Que pensa a AEPET sobre o atual modelo de exploração?

O modelo de partilha, não é o ideal, faltando, inclusive fixar o percentual do óleo-lucro que fica com a União. Mas é muito melhor do que o de concessão que eles defendem. A concessão dá todo o petróleo para quem produz. Por ela, o Brasil fica com 10% de royalties e cerca de 20% em impostos – tudo em dinheiro. No mundo, os países exportadores ficam com a média de 80% do petróleo produzido. Em nossa visão o modelo ideal é a volta do modelo existente antes da era FHC, previsto no artigo 177 da Constituição Federal de 1988: o Monopólio Estatal do Petróleo, conforme constava na Lei 2004/53. Ou a contratação por prestação de serviços, como é na Venezuela.

A proposta de retorno do regime de concessões interessa ao país? Quem ganha e quem perde com este modelo?

O modelo de concessão é pernicioso para o País, é puro entreguismo, pois conforme dito acima, só favorece as concessionárias integrantes do cartel internacional, em detrimento do povo brasileiro. Quem ganha com esse modelo é esse cartel do petróleo e os defensores do modelo, que, provavelmente, não fazem essa defesa gratuitamente.

A narrativa da grande mídia retrata nossa estatal como se estivesse à beira da falência. Por quê? Com que objetivos?

Faz parte da campanha do capital internacional. A Petrobrás, comparada às cinco grandes companhias petrolíferas internacionais, está muito melhor que elas. Aumentou suas reservas, aumentou a produção, o faturamento bruto, enquanto as outras têm indicadores negativos nesses quesitos. Ela ainda tem 70 bilhões de barris de petróleo descobertos no pré-sal, que fazem dela uma potência econômica e tecnológica. Aliás, ela poderia estar bem melhor se o Governo Dilma, por ditames eleitoreiros, não a houvesse obrigado a importar derivados e revender para suas concorrentes por preços inferiores. Segundo o Conselheiro Administrativo eleito, Silvio Sinedino, presidente da Aepet, esse rombo já atingiu a R$ 60 bilhões.

Que postura devem assumir os brasileiros que valorizam uma Petrobras forte e nacional?

Devem assumir a sua defesa como vítima da corrupção e combater sem tréguas essa prática. Lembrar que a Companhia é a mais estratégica do País e que ela pode alavancar o desenvolvimento tecnológico, econômico e financeiro, gerando empregos, tecnologia e desenvolvimento sustentado. Gosto sempre de citar a Noruega, que passou de segundo país mais pobre da Europa para o mais evoluído do Planeta: tem o melhor IDH – Índice de Desenvolvimento Humano - de todos por cinco anos consecutivos, o melhor bem-estar social e a segunda renda per capta do planeta. Por que a Noruega cresceu assim? Porque soube usar o petróleo que descobriu no Mar do Norte na década de 70. Desenvolveu-se magistralmente e criou um fundo soberano pós-petróleo, que já chega a US$ 900 bilhões. E nós temos muito mais petróleo do que eles, além de imensas riquezas fora do ramo petróleo – minérios, biodiversidade, água.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os quatro maiores

VERDE E AMARELO (fonte da imagem AQUI)


Texto de Juremir Machado da Silva, publicado hoje no CP:

Não tem para ninguém. Os quatro maiores presidentes da história do Brasil são Getúlio, JK, Jango e Lula.

Avançamos de um nome, tratado, às vezes, pelo sobrenome, para uma sigla e finalmente chegamos aos apelidos. Sintomas de uma evolução da democracia. Deixamos para trás os sobrenomes pomposos da elite quatrocentona paulista. O povo saiu da planície para o Planalto. Lula está com câncer. Alguns abutres vibram sem muita discrição. Imaginam-no fora do jogo. Nunca poderão, no entanto, apagar a sua figura imensa da biografia do Brasil. Getúlio e Lula são os maiores personagens políticos de todos os tempos em nossa história. Se Cabral descobriu o Brasil, se D. Pedro I o tornou independente, se D. Pedro II deu-lhe algum ar de civilização, se a República caiu no colo de Deodoro da Fonseca, Getúlio reinventou o Brasil. Arrancou-o do atraso mais profundo e imobilizador. Empurrou-o para a sua industrialização.

Não conseguiu, contudo, nem na ditadura nem na democracia, arrumá-lo totalmente. As resistências foram poderosas. Enfrentou quatro inimigos: os "carcomidos" paulistas, derrotados de 1930, os comunistas, os integralistas e alguns dos seus aliados de primeira hora. JK entrou no jogo como um campeão da modernidade, do dinamismo e da renovação tecnológica. Deu ao Brasil uma nova capital e uma nova maneira de se ver. Melhorou a nossa autoestima e fez-nos crer que o futuro havia chegado. Sempre tivemos a impressão de viver no passado. Com JK, passamos a viver no futuro. Jango tentou completar Getúlio e ir além de JK. Quis criar um presente satisfatório para os brasileiros. As reformas de base eram necessidades vitais. Como disse Darci Ribeiro, Jango caiu pelos seus acertos, não pelos seus erros. É perigoso demais estar certo antes do tempo. Jango pagou caro.

Passaram-se 40 anos até um homem do povo ser eleito para retomar as iniciativas de Getúlio, JK e Jango. Conta-se com a ciência para curar Lula e mantê-lo firme e forte para os próximos combates. Aos que já o estão secando, salivando pelos cantos da boca, é preciso lembrar que hoje Dilma é o segundo chefe de Estado mais popular da América Latina. O Brasil só melhora realmente quando um presidente consegue distribuir renda, desconcentrar a riqueza e gerar inclusão. Um assessor de Tancredo Neves escreveu para ele discursar: "Esforçar-nos-emos para criar uma nação mais inclusiva". Tancredo traduziu: "Lutaremos por um país em que ninguém fique de fora". Jango tentou. JK nem tanto. Getúlio e Lula conseguiram. Não tudo. Mas um grande salto. Atenção aos corvos: isto não é um obituário. É um elogio em vida. Os grandes também adoecem. Felizmente a medicina evoluiu.

Dentro de 500 anos, os historiadores ainda falarão de Getúlio, o maior de todos, de JK, o modernista, de Jango, o injustiçado, e de Lula, o metalúrgico desqualificado como semianalfabeto que, com seu apelido povão, fez mais e melhor do que a maioria dos doutores tratados por nome e sobrenome sonoros. Ah, antes que alguém tenha essa ideia, não sou petista nem pedetista.

Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br

sexta-feira, 13 de março de 2009

La crisis jaquea a Sarkozy


Los desaciertos de su gestión, la omnipresencia de su persona, las promesas electorales incumplidas, las protestas sectoriales que acarrean sus reformas y los privilegios fiscales que otorgó conformaron una auténtica oposición ciudadana.

Por Eduardo Febbro

Desde París, para Página/12

El antisarkozismo es un negocio fructífero y un movimiento de oposición aún desorganizado que va ganando espacios a medida que crecen los descontentos. Entre huelgas, bloqueos sectoriales, alejamiento de la base electoral que lo votó, protestas por las reformas que lleva a cabo y rechazo virulento a lo que él representa, se va formando poco a poco un sólido eje de oposición. Los estantes de las librerías rebasan de libros –ahora críticos– sobre el presidente francés y algunos de sus emblemáticos ministros. Los medios de prensa de alcance nacional no reflejan aún con pertinencia esa realidad, pero lo cierto es que el presidente Nicolas Sarkozy paga en los sondeos de opinión y en muchos núcleos de adversarios el tributo de lo que, antaño, construyó su propio éxito. Sarkozy paga también de forma indirecta el precio del escandaloso chupamedismo verticalista que impera en casi todos los medios de comunicación, radio, prensa escrita y televisión. Hay una generación de periodistas hechos a la medida del presidente, cuya actitud agranda la impresión de que Sarkozy no sólo ocupa todos los espacios públicos sino que, además, les impone su ley. Una idea exagerada pero que se ha impuesto con fuerza.

Los pro Sarkozy y los anti Sarkozy se disputan a menudo el premio de la virulencia. Entre ambos no cabe la más estrecha conciliación. El publicista Jacques Séguéla fue durante muchos años un hombre de izquierda a quien se le atribuye el mérito de haber contribuido a la victoria del difunto presidente socialista François Mitterrand. Ahora, como otros líderes socialistas de gran notoriedad, Jacques Séguéla es un sarkozista. Hace poco, en medio de un debate televisado sobre el pronunciado gusto que tiene el presidente francés por algunos objetos de lujo como los relojes Rolex, Séguéla dijo “vamos, un hombre que a los 50 años no tiene un Rolex es un fracasado en la vida”. Frente a un argumento tan brutal e insultante para el común de los mortales, el otro campo organiza su respuesta. Hace unos días, a un joven informático se le ocurrió idear un plugin para el navegador Firefox que hace desaparecer las imágenes y las referencias sobre Nicolas Sarkozy en Internet. El geek francés desarrolló un programa libre que convierte a Sarkozy en un hombre invisible. Ocurre que la obsesión del presiente por la acción y, por consiguiente, por estar siempre presente, suscitó una vocación contraria: la obsesión de no verlo más. El creador del programa, que se hace llamar Tifrice, explica así su gesto: “A todos aquellos a quienes la hipermediatización y la hiperpersonalización de la presidencia francesa indigestan por una razón o por otra –angustia, náuseas, úlcera, insomnio, pesadillas, etc.– propongo que se declare invisible a Nicolas Sarkozy. Pero no soñemos tanto, sólo en Internet”. En lo concreto, una vez que el plugin se integra a Firefox basta con hacerlo funcionar y poner una cruz donde dice “limpiar las páginas” y así desaparecerán de la navegación todas las fotos y las frases donde figura el nombre deSarkozy y su esposa, Carla Bruni.

Al final, los desaciertos de su gestión, la omnipresencia de su persona en cuanta ventana pública aparece por ahí, las promesas electorales incumplidas, las protestas sectoriales que acarrean sus reformas, los evidentes privilegios fiscales que otorgó a los poderosos antes de la crisis mundial, los efectos de la crisis y el desencanto han terminado por conformar una auténtica oposición ciudadana.

No hay hoy un partido político para organizarla. Entre los socialistas que se pasaron al campo de Sarkozy, los pocos que se salvaron de las luchas internas, los que carecen de ideas y los que siguen enfrascados en peleas fratricidas, no parece haber espacio para darle voz y sentido a esa oposición. Nicolas Sarkozy gobierna sin que nadie sea capaz de oponerse a él. Los únicos que sacan provecho de la situación son los miembros de la extrema izquierda, los antiguos trotskistas que disolvieron la Liga Comunista Revolucionaria para fundar el NPA, el Nuevo Partido Anti Capitalista. La oposición a Nicolas Sarkozy tiene un perfil muy peculiar, ya que es una ola en constante movimiento compuesta por una multitud de aportes: los médicos de urgencia, los universitarios, los anti OGM, los magistrados, los investigadores, los que se oponen a la existencia de ficheros policiales, los que están contra su intervención directa en la administración de los medios de comunicación, los psicoanalistas y los que, de manera global, están en contra de su política. Todos estos anti se fueron aunando al “llamado de los llamados”, un llamado de protesta que se fomentó a principios de año en los medios del psicoanálisis y que luego sumó muchas otras voces. El llamado dice así: “Nosotros, profesionales de la salud, del trabajo social, de la educación, de la justicia, de la información y de la cultura, llamamos la atención de los poderes públicos y de la opinión pública sobre las desastrosas consecuencias sociales de las reformas aplicadas de forma apurada en los últimos tiempos. En la universidad, en la escuela, en los servicios de salud y de trabajo social, en los medios de la justicia, de la información y la cultura, el sufrimiento social no cesa de acrecentarse”. El psicoanalista Roland Gori, uno de los iniciadores de esta llamado, explica hoy que “ha llegado la hora de coordinar esos movimientos diferentes y extraer todo el sentido político”.

Los observadores políticas destacan que esos movimientos, aunque atomizados, compiten con el movimiento eterno de Nicolas Sarkozy. Citado por el vespertino Le Monde, Vincent Tiberj, investigador en el Instituto de Estudios políticos de París, explica que “la lógica del movimiento eterno querida por Nicolas Sarkozy llegó a su agotamiento porque el movimiento social logró establecer el lazo entre movilizaciones tan diferentes como la de los profesores-investigadores y la que estaba contra los despidos en el sector automotriz y en los hospitales”. Un péndulo frente a otro. La lógica de los movimientos perpetuos ha cambiado porque a las preferencias políticas de unos y otros se les ha impuesto otra, que es la lógica del antisarkozismo capaz de federar opiniones y sectores muy dispares.