Mostrando postagens com marcador Holocausto. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Holocausto. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

“OK, Google: deflagre a III Guerra Mundial”




EUA preparam a hiperguerra: armas autônomas e decisões de ataque (inclusive nuclear) tomadas por máquinas, em vez de humanos. Quais as consequências? Como China e Rússia responderão?



Por Michal T. Klare, em TomDispatch Traduzido por Marianna Braghini e Felipe Calabrez



Nada é mais certo de que o lançamento de armas atômicas poderia provocar um holocausto nuclear. O presidente norte-americano John F. Kennedy deparou-se com tal momento durante a Crise dos Mísseis de Cuba em 1962. Depois de pressentir o resultado catastrófico de um confronto nuclear entre EUA e União Soviética, ele chegou à conclusão que as potências atômicas deveriam impor barreiras ao uso precipitado uso de tal armamento. Entre as medidas, ele e outros líderes globais adotaram diretrizes, requerendo que funcionários de alto nível, não apenas militares, tivessem um papel em qualquer decisão de lançamento de armas atômicas.

O risco existia antes e, claro, perdura. E como! Como a inteligência artificial, (IA) exerce um papel cada vez maior em assuntos militares — aliás, em toda nossa vida — o papel dos humanos, mesmo em uma decisão do uso nuclear, tende a ser progressivamente minimizado. Aliás, em algum futuro mundo saturado de IA, este papel poderia desaparecer completamente, deixando que as máquinas determinem o futuro da humanidade.

Isso não é uma conjectura qualquer, baseada em filmes de ficção científica ou narrativas distópicas. É bem real, aqui e agora ou ao menos aqui e em breve. Quando o Departamento de Defesa dos EUA — o Pentágono — e o comando militar de outras grandes potências olham para o futuro, o que eles veem é um campo de batalha altamente disputado — alguns chamaram de um ambiente de hiperguerra [hyperwar] — com vastos enxames de armas robóticas guiadas por IA, que se enfrentarão em uma velocidade superior ao que os comandantes militares conseguem acompanhar no curso de uma batalha. Em tal momento, pensa-se, os comandantes podem cada vez mais ser forçados a depender de máquinas, nunca antes tão “inteligentes”, para tomar decisões sobre qual armamento deve ser utilizado, quando e onde. A princípio, isso pode não se estender para armas nucleares, mas à medida em que a velocidade da batalha aumenta e as fronteiras entre estas e o armamento convencional se reduzem, pode ser impossível prevenir a automação até mesmo na tomada de decisão de lançamento de armas nucleares.

A “minimização da tomada de decisão por humanos” terá profundas implicações para o futuro dos combates. Tal resultado só pode crescer, à medida em que a força militar dos EUA se realinhar, transformar de uma organização voltada para guerras assimétricas e contra-terrorismo para outras, voltada ao combate direto contra China e Rússia. Essa mudança foi demandada pelo Departamento de Defesa em sua Estratégia de Segurança Nacional (National Security Strategy,) em dezembro de 2017. Em vez de se focar majoritariamente em armamento e táticas voltadas ao combate de insurgentes mal armados em conflitos perpétuos de pequena escala, o poder militar americano está sendo redesenhado para combater as bem equipadas forças russas e chinesas em diversas dimensões (céu, mar, terra, espaço, ciberespaço) e envolvendo sistemas de múltiplos ataques (tanques, aviões, mísseis, foguetes) e operando com mínima supervisão humana.

“O principal efeito/resultado de todas estas capacidades, quando articuladas, será uma inovação que a guerra jamais viu antes: a minimização das tomadas de decisão por humanos na vasta maioria de processos tradicionalmente requeridos para promover uma guerra,” observaram o General dos Marines, John Allen, e o empreendedor de AI, Amir Hussain. “Nesta era próxima era da hiperguerra, veremos humanos provendo insumos amplos e de alto nível, enquanto as máquinas realizam o planejamento, execução e adaptação à realidade das missões, e retiram o fardo de milhares de decisões individuais sem nenhum insumo adicional.

“O principal efeito/resultado de todas estas capacidades, quando articuladas, será uma inovação que a guerra jamais viu antes: a minimização das tomadas de decisão por humanos na vasta maioria de processos tradicionalmente requeridos para promover uma guerra,” observou o General dos Marines, John Allen, e o empreendedor de IA, Amir Hussain. “Nesta era próxima da hiperguerra [hyperwar], veremos humanos provendo insumos amplos e de alto nível, enquanto as máquinas realizam o planejamento, execução e adaptação à realidade das missões, e retiram o fardo de milhares de decisões individuais sem nenhum benefício adicional.

A “minimização da tomada de decisão por humanos” terá profundas implicações para o futuro do combate. Geralmente, líderes nacionais buscam controlar o ritmo e a direção da batalha para assegurar o melhor desfecho possível, mesmo que isso signifique cessar o conflito para evitar maiores perdas ou prevenir um desastre humanitário. Máquinas, ou até mesmo máquinas inteligentes, são provavelmente incapazes de avaliar o contexto social e político do combate. Ativá-las pode muito bem desembocar em situações que se agravam descontroladamente.

Podem passar anos, talvez décadas, antes que as máquinas substituam o papel dos humanos em decisões militares sérias, mas este tempo está no horizonte. Quando se trata de controle do sistema de armamentos por IA, como afirmou o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, em uma entrevista recente: “No futuro próximo, haverá um elemento humano significativo. Talvez por dez anos, talvez por quinze. Mas não por cem.”

Por que Inteligência Artificial?


Mesmo cinco anos atrás, havia poucos no establishment militar que davam atenção ao papel de IA ou da robótica quando se tratava de grandes operações de combate. Sim, aeronaves pilotadas remotamente (RPA), ou drones, foram amplamente usadas na África e Grande Oriente Médio para caçar combatentes inimigos. Mas são operações largamente auxiliares (e as vezes da CIA), que visam aliviar pressão nos comandos dos EUA e forças aliadas, lançadas contra bandos dispersos de extremistas violentos. Além disso, os RPA’s de hoje são ainda controladas por operadores humanos, mesmo de suas remotas localizações e fazem pouco uso de sistemas de ataque e de identificação de humanos providos de IA. No futuro, no entano, espera-se que estes sistemas povoem grande parte de qualquer espaço de batalha, substituindo humanos em muitos ou mesmo na maioria das funções de combate.

Para acelerar esta transformação, o departamento de Defesa já está gastando centenas de milhões de dólares em pesquisas relacionadas a IA. “Não podemos esperar sucesso nas lutas de amanhã com o pensamento, armamento ou equipamento de ontem,” disse o secretário Mattis ao Congresso, em abril. Para assegurar uma contínua supremacia militar, ele adicionou, o Pentágono teria que focar mais em “investimento em inovação tecnológica para aumentar letalidade, incluindo pesquisas de avançados sistemas autônomos, inteligência artificial e hipersônicos.”

Por que a repentina enfase em IA e robótica? Tudo começa, é claro, com o surpreendente progresso feito pela comunidade tecnologica — muito dela assentada no Vale do Silício, Califórnia — no aprimoramento de IA e sua aplicação em múltiplas funções, incluindo identificação de imagens e reconhecimento de voz. Uma dessas aplicações, a Alexa Voice Services, é o sistema de computação por trás do alto falante inteligente da Amazon, que pode usar a Internet não só para executar, mas interpretar seus comandos. (“Alexa, toque música clássica.” “Alexa, me diga a previsão do tempo de hoje.” “Alexa, ligue as luzes.”) Outro tipo de aplicação são os veículos autônomos, que talvez revolucionem o transporte.

Inteligência Artificial é uma tecnologia omni-uso, empregável para tudo, explicam analistas do Congressional Research Service, uma agência apartidária de informação, “ao passo em que tem o potencial de ser virtualmente integrada a tudo”. É também uma tecnologia de uso dual que pode ser aplicada apropriadamente tanto para propósitos militares como para civis. Carros autônomos, por exemplo, dependem de algoritmos especializados para processar informação de qualquer matriz de sensores monitorando condições de tráfego, e então decidir por qual rota seguir, quando mudar de faixa e assim por diante. A mesma tecnologia, e versões reconfiguradas dos mesmos algoritmos, um dia serão aplicadas para tanques autônomos soltos no campo de batalha. Similarmente, um dia, aeronaves drone — sem operadores humanos em localidades distantes — serão capazes de analisar um campo de batalha para alvos determinados (tanques, sistemas de radar, combatentes), determinando que aquilo que “vê” está de fato em sua lista de alvos, e “decidindo” lançar um míssel sobre a pessoa ou objeto.

Não é necessário um cérebro particularmente ágil para entender por que oficiais do Pentágono buscariam se munir com tal tecnologia. Eles acham que ela lhes dará uma considerável vantagem em futuras guerras. Qualquer conflito de grande escala entre EUA, China ou Rússia (ou ambas) seria, para dizer o mínimo, extremamente violento, com possivelmente centenas de navios de guerra e muitos milhares de aeronaves e veículos armados. Em tal ambiente, a velocidade na tomada de decisão, desdobramento e envolvimento será, sem dúvidas, um importante acessório. Num futuro de armamentos super inteligentes, precisamente guiados, quem atirar primeiro terá uma melhor chance de sucesso, ou até mesmo sobrevivência, do que um adversário que só consegue atirar devagar. Humanos podem se mover rapidamente em tais situações quando forçados a fazê-lo, mas as máquinas futuras irão agir muito mais rápido, além de acompanhar mais variáveis do campo de batalha.

Como o General Paul Selva, vice-diretor do Grupo Conjunto de Comando dos EUA, disse ao Congresso de seu país, em 2017, “é muito convincente quando se obseva as capacidades que a inteligência artificial pode trazer para a velocidade e precisão dos comandos e controle, e as capacidades que a robótica avançada pode trazer para um campo de batalha complexo, particularmente de interação entre máquinas no espaço e ciberespaço, onde velocidade é a essência.”

Além de buscar a exploração de IA no desenvolvimento de seu próprio armamento, os oficiais militares dos EUA estão intensamente conscientes de que seus principais adversários também estão avançando no armamento de IA e robótica, buscando novas maneiras de superar as vantagens norte-americanas em armamento convencional. De acordo com o Congressional Research Service, por exemplo, a China está investindo pesado no desenvolvimento de inteligência artificial e sua aplicação para propósitos militares. Apesar de não ter a base tecnologica nem da China nem dos EUA, a Rússia esta similarmente correndo para desenvolver IA e robótica. Qualquer liderança significativa da Rússia ou China em tais tecnologias emergentes, que podem ameaçar a superioridade militares dos EUA, seria intolerável para o Pentágono.

Não é surpreendente então, na tendência das corridas armamentistas passadas (desde o desenvolvimento de navios de guerra pré I Guerra Mundial ao armamento nuclar da Guerra Fria), que uma “corrida armamentista pela IA” esteja a caminho, com os EUA, China, Rússia e outras nações (incluindo Grã-Bretanha, Israel e Coréia do Sul) buscando ganhar uma vantagem significativa no armamento da inteligência artificial e robótica. Oficiais do Pentágono regularmente citam o avanço da China em IA quando buscam financiamento do Congresso aos seus projetos, assim como oficiais militares chineses ou russos sem dúvida citam os norte-americanos para financiar seus próprios projetos nacionais. Na corrida armamentista clássica, essa dinâmica já está acelerando o ritmo de desenvolvimento de sistemas operados por IA e assegurando sua predominância na futura guerra.

Comando e Controle


No ritmo em que se desdobra essa guerra armamentista, a inteligência artificial será aplicada a todo aspecto da guerra, de logística e vigilância até identificação de alvos e gerência de batalhas. Veículos robóticos acompanharão tropas no campo de batalha, carregando suprimentos e atirando contra posições inimigas. Enxames de drones armados irão atacar tanques inimigos, radares e centros de comando. Veículos submarinos não tripulados (UUV) irão perseguir submarinos inimigos e navios na superfície. No início do combate, todos estes instrumentos serão, sem dúvidas, controlados por humanos. Ao passo em que se intensifica o combate, entretanto, a comunicação entre as sedes e linhas de frente pode muito bem ser perdida, e tais sistemas irão, de acordo com cenários militares que já estão sendo escritos, agir por si mesmos, com o poder de tomar ações letais sem nova intervenção humana.

A maior parte do debate sobre a aplicação de IA e seu futuro campo de batalha focou na moralidade de empoderar máquinas totalmente autônomas — às vezes chamadas de robos assassinos” — com a capacidade de tomar decisões de vida ou morte por si mesmas, ou se o uso de tais sistemas violaria a legislação de guerra e o direito humanitário internacional. Tais convicções requerem que os promotores da guerra sejam capazes de distinguir entre combatentes e civis no campo de batalha e poupar danos a estes últimos na maior extensão possível. Defensores da nova tecnologia alegam que máquinas irão se tornar inteligentes o suficiente para realizar tais distinções por elas mesmas, enquanto oponentes insistem que elas jamais irão se provar capazes de realizar tais distinções no calor da batalha e seriam incapazes de demonstrar compaixão quando apropriado. Um conjunto de organizações de direitos humanos e organizações humanitárias lançaou a Campanha para Parar Robôs Assassinos, com o objetivos de obter um banimento internacional do desenvolvimento de sistemas bélicos integralmente autônomos.

Ao mesmo tempo, um debate de consequências provavelmente mais importantes está emergindo no meio militar sobre a aplicação de IA no sistemas de comando e controle (CC) – isto é, para que os oficiais superiores comuniquem as principais ordens às suas tropas. Generais e almirantes sempre buscam maximizar a confiabilidade dos sistemas CC para garantir que suas intenções estratégicas sejam cumpridas da forma mais completa possível. Na era atual, tais sistemas são profundamente dependentes de sistemas seguros de comunicação por rádio e satélite que se estendem da sede até as linhas de frente. Entretanto, os estrategistas temem que, em um futuro ambiente de hiper-guerra, tais sistemas possam ser bloqueados ou degradados, assim como a velocidade dos combates comece a exceder a capacidade dos comandantes de receber relatórios de campo de batalha, processar os dados e despachar pedidos em tempo hábil. Considere isso como uma definição funcional do infame nevoeiro da guerra multiplicado pela inteligência artificial – com a derrota como um resultado provável. A resposta para tal dilema para muitos oficiais militares: deixar que as máquinas assumam esses sistemas também. Como um relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA sustenta, no futuro, “os algoritmos de inteligência artificial podem fornecer aos comandantes cursos de ação viáveis ​​baseados na análise em tempo real do espaço de batalha, o que permitiria uma adaptação mais rápida aos eventos que se desdobram”.

E algum dia, é claro, é possível imaginar que as mentes por trás de tal decisão deixarão de ser humanas. Os dados recebidos dos sistemas de informação do campo de batalha seriam canalizados para processadores de IA focados na avaliação de ameaças iminentes e, dadas as limitações de tempo envolvidas, executando o que eles consideram as melhores opções sem instruções humanas.

Oficiais do Pentágono negam que busquem qualquer um desses propósitos em sua pesquisa relacionada à IA. Eles reconhecem, no entanto, que podem pelo menos imaginar um futuro em que outros países delegam a tomada de decisões às máquinas e os EUA não veem outra opção senão seguir o exemplo, para não perder o terreno estratégico. “Não delegaremos autoridade letal a uma máquina para tomar uma decisão”, disse Robert Scharre, subsecretário de Defesa Robert Work, do Centro para uma Nova Segurança Americana em uma entrevista de 2016. Mas ele acrescentou a advertência usual: no futuro, “podemos nos colocar contra um concorrente que está mais disposto a delegar autoridade às máquinas do que nós e quando a competição se desenrolar, teremos que tomar decisões sobre como competir. “

“A decisão do juízo final”


A suposição na maioria desses cenários é a de que os EUA e seus aliados estarão engajados em uma guerra convencional contra a China e/ou Rússia. Tenhamos em mente então que que a própria natureza de uma futura hiperguerra promovida por IA só aumentaria o risco de que conflitos convencionais pudessem cruzar um limiar que nunca foi atravessado antes: uma guerra nuclear real entre dois Estados nucleares. E, caso isso aconteça, esses sistemas CC com tecnologia IA poderão, mais cedo ou mais tarde, encontrar-se em posição de lançar armas atômicas.

Tal perigo surge da convergência de múltiplos avanços na tecnologia: não apenas IA e robótica, mas o desenvolvimento de capacidades de ataque convencionais como mísseis hipersônicos capazes de voar a cinco ou mais vezes a velocidade do som, canhões eletromagnéticos e lasers de alta energia. Tais armas, embora não nucleares, quando combinadas com sistemas de identificação de alvos e vigilância de IA, poderiam até atacar as armas de retaliação de um inimigo, ameaçando assim eliminar sua capacidade de lançar uma resposta a qualquer ataque nuclear. Dado tal cenário de “use-os ou perca-os”, qualquer potência pode estar inclinada a não esperar, mas a lançar suas armas nucleares ao primeiro sinal de possível ataque, ou mesmo, temendo perda de controle em um engajamento incerto e acelerado, delegar autoridade de lançamento para suas máquinas. E uma vez que isso acontecesse, poderia ser quase impossível impedir uma nova escalada.

Surge então a questão: as máquinas tomariam melhores decisões que os humanos em tal situação? Elas certamente são capazes de processar grandes quantidades de informação em breves períodos de tempo e pesar os prós e contras de ações alternativas de uma maneira completamente sem emoção. Mas as máquinas também cometem erros militares e, acima de tudo, carecem da capacidade de refletir sobre uma situação e concluir: parem com essa loucura. Nenhuma vantagem de batalha vale a aniquilação humana global.

Como Paul Scharre pontuou em Army of None, um novo livro sobre IA e guerra, “Humanos não são perfeitos, mas eles podem criar empatia pelos seus oponentes e enxergar o quadro maior. Ao contrário deles, armas autônomas não teriam capacidade de compreender as consequências de suas ações, nem a capacidade de se afastar da beira da guerra.

Então, talvez devêssemos pensar duas vezes antes de dar à futura versão militarizada do Alexa o poder de lançar um Armagedon provocado por uma máquina.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Dom Dadeus polemiza com judeus


CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, SEXTA-FEIRA, 27 DE MARÇO DE 2009

A declaração do arcebispo metropolitano, dom Dadeus Grings, de que 'morreram mais católicos do que judeus no Holocausto', provocou reação da comunidade judaica no Estado. Por meio de nota, o presidente da Federação Israelita do RS, Henry Chmelnitsky, lamentou as afirmações do arcebispo. 'Reduzir ou relativizar o Holocausto agride a memória de milhões de mortos numa guerra iniciada pelo fanatismo e pela intolerância', diz a nota.
A entrevista com o arcebispo foi publicada na edição da revista Press, que começou a circular nesta semana. Na reportagem, o líder da Igreja Católica foi além. 'Os judeus falam em 6 milhões de mortos. O nazismo matou 22 milhões de pessoas. Eles se dizem as maiores vítimas do Holocausto. Mas as maiores vítimas foram os ciganos. Foram exterminados. Isso eles não falam. Os judeus têm a propaganda do mundo', declarou à revista.
Para Chmelnitsky, as afirmações agridem não somente os judeus, mas também homossexuais e tantos outros. 'Esperamos que dom Dadeus reflita suas declarações. Ele é um homem de fé e paz', diz a nota.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

El pensamiento vivo de un dinosaurio


Dice que Roma es “neocomunista” y que Ratzinger es “modernista”. Desprecia la democracia y sostiene que los políticos deberían someterse a la Iglesia. Ayer se fue del país, apenas conteniendo las ganas de golpear a un periodista que lo perseguía.

Por Gustavo Veiga, para Página/12

El último acto público del obispo británico Richard Williamson antes de abandonar la Argentina fue levantar su puño derecho de manera desafiante hacia un periodista. Se trató de un gesto coherente. Sus escasos acólitos del seminario Nuestra Señora Corredentora de La Reja nunca lo hubieran perdonado si elevaba el puño izquierdo. En una conferencia dictada el 16 de mayo de 2008 titulada Nueva Eclesiología, había instruido a sus oyentes con una máxima política: “La democracía (así, acentuando la i, decía con su tonada gringa) es una buena palabra, pero debajo el caos”. Conceptos de este tipo solía lanzar desde su llegada al país en 2003 bajo una coartada falsa: sostenía ser empleado administrativo de la asociación civil La Tradición, negando su verdadero propósito como evangelizador integrista.

A Williamson se le va la vida –y también la lengua– tanto en temas de doctrina como el Concilio Vaticano II o el exterminio que practicaron los nazis antes y durante la Segunda Guerra Mundial. Dirigiéndose al Papa, cierta vez dijo: “Estos modernistas como Benedicto XVI están convencidos de que son católicos y quieren ser católicos”. No hay tema para el que no disponga de un sofisma, ya sea para cuestiones de la fe o de la relación entre el estado y la iglesia.

“La libertad religiosa no es la libertad de elegir cualquier religión” o “los políticos tienen que someterse a la iglesia, pero no quieren”, son algunas de sus frases que dejaron huella en aquella conferencia dictada en el Priorato San Pío X, de la calle Venezuela 1318, en el barrio de Monserrat. Pero el ultraconservador Williamson, que tiene un blog en inglés (www.dinoscopus.blogspot.com) donde aparece caricaturizado con cuerpo de dinosaurio, no estaba solo en sus seminarios.

Su superior del distrito para América del Sur, el padre Christian Bouchacourt, en vísperas de la última Navidad, escribió el editorial de la revista Jesús Christus (número 119) con frases muy poco piadosas para el eterno descanso de las almas: “Sorprende comprobar que hoy todo el mundo tiene derecho a un entierro católico. Un homosexual, un comunista, un divorciado vuelto a casar, un concubino o un masón notorio, que ayer era señalado como pecador público, observa cómo se le abren las puertas de la Iglesia sin que voz episcopal o sacerdotal alguna levanten la más mínima objeción”. Cuando el obispo británico abandonaba ayer el aeropuerto de Ezeiza, declaró: “Lo importante es que se fue, no queremos decir dónde”, citó la agencia Efe.

A Bouchacourt no se le atribuyen declaraciones antisemitas como a Williamson, pero hoy sigue conduciendo la Orden que, según datos actualizados a fines de 2005, contaba con una casa general, seis seminarios, dos institutos universitarios, diecinueve distritos, 159 prioratos, 725 centros de misa, 83 escuelas, 463 sacerdotes, 160 seminaristas, 85 hermanos, 57 hermanas y 75 oblatas.

La Fraternidad Sacerdotal San Pío X (en honor al Papa de ese nombre, 1835-1914), mantiene lazos estrechos en la Argentina con la asociación civil La Tradición, que había hecho figurar a Williamson como empleado, el argumento que utilizó el gobierno nacional para conminarlo a “hacer abandono del país en el plazo perentorio de diez días bajo apercibimiento de tener decretada su expulsión”. Esa sociedad está inscripta en la Inspección General de Justicia desde 1994 y, según el último registro que se tiene de ella en el sistema de la IGJ, su presidente sería Juan Carlos Seviani, su vicepresidente Guillaumne Devillen, su secretario Edgardo Albamonte y su tesorero Ricardo Félix Olmedo.

Williamson, un hombre alto, de 58 años (que aparenta más edad de la que tiene) y que solía utilizar en las ordenaciones de sacerdotes frases como “si resistimos a Roma, a Roma neocomunista, es por razones de doctrina y no sólo por la misa”, se define a sí mismo como un “experto en generalidades no muy esquemáticas”. A un grupo de aspirantes a clérigos, los empapó de su filosofía integrista en un castellano a menudo titubeante, que no se compadece del gesto con que se despidió en el aeropuerto. “Si hay católicos de buena voluntad que buscan un acuerdo con estos neocomunistas es que no han comprendido el problema”, los adoctrinó sobre la Iglesia de Roma y de Benedicto XVI.

Todos estos conceptos están al alcance de la mano en Internet, donde los sermones o conferencias del obispo que minimizó el Holocausto se mimetizan con las de otros integrantes de Fraternidad San Pío X, como su superior general de la Orden, Bernard Fellay, quien ahora tiene en sus manos el destino del pastor que se quedó sin rebaño.

La copiosa cantidad de definiciones integristas que durante casi seis años les entregó Williamson a sus fieles que acudían al seminario de La Reja (del que era director), desbordarían está página. Entre sus preocupaciones están el paganismo que acecha al culto católico, la nueva iglesia tiránica, el imperialismo cultural de Europa, los desvíos del Concilio Vaticano II, la falta de autoridad y las herejías.

Pero lo que mejor define sus concepciones del mundo es el dibujo que adorna su blog y en el que también puede leerse la frase en inglés “The home of the weekly columns of Bishop Richard Williamson, of the Society of St Pius X” (El sitio de las columnas semanales del obispo Richard Williamson, de la Sociedad San Pío X). Esa caricatura que se ajusta mejor que ninguna definición a sus cánones religiosos. Mitad hombre mitad dinosaurio.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

El Papa alemán


Por Osvaldo Bayer, para Página/12

Desde Bonn, Alemania

El horno se ha recalentado. La Iglesia Católica alemana está entre desolada y furiosa. Justamente un Papa alemán cometió el gravísimo error –o no error desde su punto de vista anterior a los hechos– de haber levantado la excomunión a cuatro sacerdotes del sector de Lefebvre, uno de ellos –nada menos– había negado la existencia del Holocausto nazi contra los judíos. Fue el obispo británico Williamson, quien sostuvo que “no fueron seis millones los judíos muertos por los nazis sino entre 200 mil y 300 mil”, y negó la existencia de cámaras de gas en los campos de concentración nazis, como Auschwitz, por ejemplo. Todo esto ocurrió hace más de dos semanas, pero la discusión –en especial en Alemania– no amaina sino que adquiere cada vez más fuerza, con la reacción de cientos de feligreses que renuncian a seguir perteneciendo a la Iglesia Católica, y declaraciones de obispos, curas, teólogos y decanos que censuran abiertamente al papa Ratzinger. Sí, en Alemania, cuyo pueblo llevará siempre la carga del genocidio hitlerista.

Quiere decir que, salvo algunas minorías, la mayor parte de la población alemana aprendió la lección. El propio jefe de redacción de Radio Vaticano, Eberhard von Gemmingen, se adelantó a decirlo en una conferencia de prensa: “El Vaticano ha cometido un error... lo califico como un error. Se han originado con ello muchos daños, ahora hay que repararlos”... Ha comenzado una corriente de fieles que abandonan la Iglesia; ahora tienen los obispos que salir y decir lo que ya algunos obispos han señalado: que la Iglesia de hoy sigue sosteniendo el II Concilio Vaticano. También tiene que ratificarlo el Papa. Ellos tienen que consolar a los fieles, tienen que decir que la Hermandad Pío XII, conservadora de derecha, no va a ser jamás aceptada en la Iglesia. No hay que hacer como si esto no fuera importante. Sin ninguna duda, las relaciones entre el Vaticano y los obispos alemanes se han enfriado.

Es que en Alemania hay un fuerte movimiento para una renovación de la Iglesia y para que no se cometan los errores del pasado. Se nota en la reacción de muchos obispos que salieron a criticar abiertamente la decisión del Papa. Por ejemplo, el obispo Gerhard Müller-Ludwig, de Regensburgo, prohibió la entrada a Williamson en todas las iglesias y organizaciones católicas de su obispado. La Conferencia de Obispos Alemanes resolvió tratar el tema de Williamson en la reunión de marzo. El presidente de esa Conferencia, el obispo Zollitsch, señaló en un comunicado que “en la Iglesia Católica alemana jamás habrá lugar para quien niegue el Holocausto”. Y se deslizó en muchos sacerdotes la pregunta: ¿por qué el Papa le abre la puerta a la Hermandad Pío XII de extrema derecha, y no a los sacerdotes del tercer mundo? ¿Por qué no se revisan las penas a los dos teólogos, Eugen Drewermann y Hans Küng, que promovían un cambio hacia una nueva sociedad sin diferencias sociales?

Justo a Hans Küng –el más sabio de los teólogos vivientes, sin ninguna duda– lo fueron a buscar los periodistas en esos días de fiebre por saber quién podía tener razón. Le preguntaron si el Pontífice había querido demostrar un cambio de rumbo hacia la derecha explícita. A lo que respondió el teólogo alemán: “El papa Benedicto ha tomado, desgraciadamente, un curso cada vez más a la derecha. Justo da por terminada la excomunión a los sacerdotes que niegan los resultados del II Concilio Vaticano, cuando se va a cumplir medio siglo de ese acontecimiento vital. Eso lo demuestra todo. Poco a poco, el Papa actual se ha puesto en marcha para terminar con los logros progresistas de ese Concilio, por ejemplo con el retorno de la antigua misa en latín, con la reimplantación del pedido a Dios de la conversión de los judíos y ahora justo con el levantamiento de las penas contra los enemigos de ese Concilio que trajo tanto progreso a la Iglesia. Este Papa tuvo la oportunidad –como prefecto de la Congregación de la Fe, que trata de todos los procedimientos inquisitoriales– de aprovechar para avanzar, y no para volver al viejo rostro de la Iglesia. El lleva a cabo un profundo conservadorismo, que él mismo había superado –sólo por breve tiempo– en los años ’60. Fue cuando, después de haber estado en la Universidad de Tübingen, donde trabajamos juntos y donde durante tres años se respiró un aire fresco renovador, volvió a lo de antes. Volvió a un rumbo absolutamente reaccionario, que siguió teniendo cuando fue cardenal en Munich y ahora como Papa, para gran daño de toda la Iglesia Católica. Desde entonces él votó por todos los documentos reaccionarios de Juan Pablo II, por ejemplo, dentro de la enseñanza ‘sagrada’ de que nuestro bondadoso Dios no desea a ninguna mujer como sacerdote. O la medida que ha tomado contra los teólogos de la liberación, Jon Sobrino, de El Salvador, y el padre jesuita norteamericano Roger Haigh, a quienes les ha prohibido la enseñanza y la publicación de sus escritos. En el pasado abril, el papa Benedicto festejó su cumpleaños 81 en compañía de George W. Bush. Sería bueno ahora que tomara alguna de las ideas de cambio del sucesor de Bush, Obama. La Iglesia Católica necesita avanzar y no retroceder”.

Hasta ahí, el teólogo Hans Küng. Por otra parte, las universidades católicas de Münster, Friburgo y Tübingen criticaron abiertamente la decisión del Papa, y veintitrés profesores de ellas firmaron un documento donde censuran el acercamiento del Papa con la derechista cofradía Pío XII. Entre ellos, el profesor Johann Merz, colega del actual Papa cuando éste enseñó Dogmática en esa universidad. Merz es un abierto defensor de la Teología de la Liberación.

El diario de Bonn señala en su editorial que “pocas veces se han cometido tantos daños como con la resolución del Papa. El quiso unir y logró la división. En el futuro, el Papa debe buscar mejores consejeros”. Y, por primera vez, un miembro del gobierno alemán criticó en público al Papa, como lo hizo la primera ministra Angela Merkel.

Los medios alemanes dieron un gran espacio a reportajes a obispos, sacerdotes y creyentes. Casi todos los interrogados señalaban que estaban “sorprendidos de que Roma se preocupara tanto por los derechistas y nada acerca de la Teología de la Liberación”. Otros, decepcionados, contestaron: “Esta no es la Iglesia que yo he amado tanto”. El obispo de Rottenburg-Stuttgart señaló: “La unidad de la Iglesia es un bien muy valioso, y servir a ella es el deber del Papa y de sus obispos. Pero esa unidad jamás se logrará negando los avances obtenidos en el II Concilio Vaticano”. Justo ese día, el papa Ratzinger nombraba a un sacerdote austríaco ultraconservador como obispo adjunto de Linz. Pareció una respuesta dura a tanta crítica, demostrando quién es el que tiene el máximo poder. Es decir, en resumen, ni el anuncio de ayer de que Ratzinger va a visitar Israel puede borrar su mal paso de los últimos días. Es que el Papa alemán se comportó como un elefante en una tienda de porcelanas.

Toda esta discusión, de la cual podríamos llenar páginas enteras, se produjo en medio de la otra gran polémica mundial, el ataque de Israel a los palestinos. ¿Por qué –y aquí se hizo la pregunta– el Papa toma la decisión de lavar de pecados a un negador del Holocausto justo en ese período? Hay muchas respuestas, pero la búsqueda de razones y motivos nos harían caer en interpretaciones que no podrían ajustarse a la realidad. Fue así. El Papa alemán ha perdido mucho prestigio, principalmente aquí, en su país, Alemania. Es que no se puede jugar con la ética. Antes de tomar esa decisión, Ratzinger tendría que haberse informado profundamente –si no lo estaba– de que ya no es posible tomar decisiones sin analizar que el mundo, pese a la actualidad cargada de nubarrones, va avanzando de a poco, pero avanza. Ni los crímenes de la Inquisición son ya posibles hoy, ni tampoco la palabra de “Dios” es indiscutible.

Pero, claro, siempre se presenta en la vida diaria el cinismo. En especial el cinismo de ciertos políticos para que todo cambie, pero nada se transforme. Como corolario a la interminable discusión de la campaña de plomo absolutamente desproporcionada de Israel contra Palestina, pondremos a un oportunista ejemplar, el primer ministro turco Erdogan, quien en el encuentro de Davos le gritó al presidente israelí Shimon Peres estas palabras: “Usted entiende mucho de matar, como cuando mata a los niños palestinos en las playas”, y se retiró. Y por eso fue recibido por miles de turcos en Ankara con el título de “Héroe de Turquía” y “Ahora sí lo entendemos a Hitler”. Erdogan, nada menos, cuando Turquía nunca reconoció el genocidio cometido contra el pueblo armenio. Además guarda silencio ante el crimen del periodista Hrant Dink, de enero de 2007, que investigaba a fondo ese genocidio. Hrant Dink había sido amenazado por nacionalistas turcos, pero con valentía enfrentó todos los peligros, hasta que fue asesinado. Los armenios titularon así este asesinato: “Hrant Dink, la víctima 1.500.001 del genocidio”. Ya Dink había sido condenado a seis meses de prisión por la Justicia turca por sus investigaciones. Luego de ese aviso, su asesinato. Y en octubre pasado, el hijo de Hrant Dink fue condenado a un año de cárcel por insultos a la “entidad turca”.

Erdogan califica a otros de “sabios en matar”. No sólo eso sino que habla de niños muertos, pero basta leer las condenas a niños kurdos, que acompañaron a las protestas de las minorías kurdas en Turquía cuando Erdogan visitó esas regiones. Seis niños de entre 13 y 14 años fueron condenados a veinte años de prisión por los jueces turcos. Realidades de nuestra humanidad.

¿Y las iglesias qué hacen? ¿Por qué no se unen con el solo objeto de terminar con la muerte y al hambre? ¿O es más importante el tema de si las misas hay que darlas en latín, o que a las mujeres hay que prohibirles que puedan ser sacerdotes, que defender la vida?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Un jefe 'lefebvriano' afirma que el Vaticano II fue una "herejía, una cloaca"


Desafía así la petición de la Santa Sede de que aceptasen el concilio para readmitirlos

Ciudad del Vaticano. (EFE).- El jefe de los "lefebvrianos" en el noreste de Italia, el sacerdote Floriano Abrahamowicz, ha desafiado a la exigencia de la Santa Sede de que reconozcan el Vaticano II al afirmar que ese concilio "es una herejía, una cloaca".

"El Concilio Vaticano II ha sido peor que una herejía, ya que significa tomar una parte de la verdad, hacerla absoluta y negar el resto. En ese contexto digo que fue una cloaca, la máxima", afirmó el sacerdote tradicionalista en declaraciones al canal de televisión "Canale Italia".

Dos días después de que el Vaticano endureciera su postura con los 'lefebvrianos' y les exigiera para readmitirlos que acepten el concilio y que el obispo que ha negado el Holocausto se retracte públicamente, las declaraciones de Abrahamowicz son vistas por observadores vaticanos como un "desafío abierto" de los tradicionalistas al Papa y a la Santa Sede.

Estas declaraciones, difundidas en anoche, se han conocido a la misma vez que, según publicó ayer el semanario alemán "Kolner Stadt Anzeiger", el superior de la Fraternidad San Pío X, Bernard Fellay, uno de los cuatro obispos a los que el Papa levantó la excomunión, tiene previsto ordenar nuevos sacerdotes.

Fellay, según el medio alemán citado por los italianos, habría ya ordenado varios diáconos. Aunque Fellay ya no está excomulgado, el Vaticano precisó hace dos días que tanto él como los otros tres prelados ordenados en 1988 por el cismático arzobispo Marcel Lefebvre, que causó un cisma en la Iglesia, siguen estando suspendidos "a divinis" (no pueden celebrar misa, ni administrar los sacramentos, ni predicar).

Según los observadores vaticanos, las nuevas manifestaciones de Abrahamowicz, unidas al hecho de que el obispo Richard Williamson -que negó el Holocausto- aún no se haya retractado públicamente como le exigió el Papa y las eventuales nuevas ordenaciones suponen un "fuerte obstáculo" en el camino para el regreso de los "lefebvrianos" al redil.

Fuentes vaticanas, por su parte, no descartan que detrás de esas manifestaciones se esconda "el deseo" de una parte de los tradicionalistas de boicotear el regreso a la Iglesia de Roma.

Abrahamowicz saltó a la opinión pública el pasado 29 de enero al relanzar las tesis revisionista sobre el Holocausto hecha por el obispo Williamson al asegurar que la "única cosa segura sobre las cámaras de gas es que se usaron para desinfectar". "No se si las víctimas murieron por el gas o por otros motivos. No lo sé, de verdad. Sé que las cámaras de gas existieron por lo menos para desinfectar, pero no sé decir si también mataron o no, ya que no he profundizado sobre el tema", dijo el sacerdote a un diario italiano.

Williamson, por su parte, afirmó que "no existieron las cámaras de gas" y que sólo unos 300.000 judíos "y no seis millones" murieron en los campos de concentración nazis, "pero ninguno gaseado", lo que puso en pie de guerra a la comunidad judía, levantó numerosas protestas de destacados políticos y obligó al Papa a reiterar su condena al Holocausto y a los que lo niegan.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

El costo de los lefebvristas

Daniel Paz & Rudy:

El Rabinato de Israel exige una disculpa por la anulación papal de la excomunión a los cuatro obispos integristas. Intentando frenar la polémica, Benedicto XVI condenó en la audiencia pública de los miércoles la negación del Holocausto.


Página/12

En un principio fue la anulación de la excomunión de cuatro obispos cismáticos lefebvristas. Luego se hizo pública la parcialidad histórica del obispo ultraconservador Richard Williamson: “Las evidencias están inmensamente en contra de que seis millones de judíos murieran asesinados en cámaras de gas”, afirmó a una cadena televisiva sueca. Entonces, las críticas estallaron, al obispo y al Papa por haberle levantado la sanción. Ayer, el Rabinato de Israel escaló la polémica y cortó todos sus lazos con el Vaticano e, incluso, suspendió un encuentro judeo-cristiano programado para marzo. El anuncio de ruptura de Jerusalén fue recibido con preocupación por el Vaticano y obligó a Benedicto XVI a condenar públicamente el revisionismo sobre el Holocausto. Mientras tanto, Williamson se encuentra “guardando silencio” en una comunidad de la Fraternidad San Pío X de La Reja, en el partido de Moreno.

“Sin una disculpa pública será difícil continuar con este diálogo”, aseguró Oded Weiner, director general del Rabinato de Israel, en una carta enviada directamente al Vaticano, luego de las declaraciones de Williamson. Weiner comunicó su indignación por la rehabilitación del obispo británico y suspendió la reunión interreligiosa entre el Rabinato –organismo oficial en Israel– y la Comisión vaticana para las Relaciones Religiosas con el Judaísmo –presidida por el cardenal Walter Casper– que debía celebrarse del 2 al 4 de marzo próximo en Roma.

Recientemente, Williamson descartó, en una entrevista con un medio sueco, la posibilidad de que seis millones de judíos murieran a manos de los nazis durante la Segunda Guerra Mundial. El obispo estimó que a lo sumo se trata de “entre 200 y 300 mil muertos en campos de concentración, pero ninguno en cámaras de gas”, según dijo el 21 de enero, tres días antes de que Benedicto XVI concretara la ya por entonces anunciada anulación de la excomunión.

El rabino Shear Yishuv Cohen, colega de Weiner en la Comisión israelí paralela, se mostró esperanzado en que el obispo lefebvrista corrija su postura y dichos antes de volver al diálogo interreligioso.

La creciente polémica entre el Vaticano y miembros de la comunidad judía llevó a Ratzinger a condenar públicamente y con dureza las posturas negacionistas sobre el Holocausto. Ante varios miles de fieles, que asistían a la audiencia de los miércoles, el Papa reiteró su “plena e indiscutible solidaridad” con los judíos y condenó, nuevamente, “la matanza de millones de víctimas inocentes de un ciego odio racial y religioso”. Asimismo, a partir de la referencia al “revisionismo”, el Pontífice descalificó las declaraciones de Williamson: “La Shoá debe ser para todos una advertencia contra el olvido, la negación o el reduccionismo, ya que la violencia hecha contra un solo hombre es violencia contra todos”, subrayó el Papa.

Paralelamente, Benedicto XVI debió explicar su decisión de levantar la excomunión a los cuatro prelados ordenados en 1988 por el arzobispo Marcel Lefebvre, sin el consentimiento de Juan Pablo II. Ratzinger subrayó que la misión del Papa es “trabajar por la unidad de todos los cristianos” y con esa medida se trató de hacer un gesto de “paterna misericordia”. No obstante, el Pontífice exigió a los cuatro prelados que reconozcan su magisterio y autoridad y acaten, sobre todo, el Concilio Vaticano II, negado por Lefebvre y sus seguidores en los ’60. En realidad, tanto Juan Pablo II como Benedicto XVI han dado durante años numerosos pasos –entre ellos la recuperación en 2007 de la misa en latín– para que los “lefebvrianos” regresaran a la obediencia oficial de la Iglesia.

Sin embargo, durante 20 años los tradicionalistas se mantuvieron firmes en sus planteos y demandaron el levantamiento previo de las excomuniones para el inicio del diálogo. Luego de las exigencias papales pronunciadas ayer, el obispo Bernard Fellay –uno de los cuatro rehabilitados y superior de la Fraternidad San Pío X– reiteró, en una carta enviada a sus seguidores, sus “reservas” sobre el Concilio Vaticano II.

Mientras los intercambios interreligiosos continúan, Williamson descansa en una comunidad cristiana del conurbano bonaerense. “Sí está, pero no va a hablar”, aseguró el cura francés Jacques Barrou al confirmar que el obispo británico dirige un seminario ultraconservador en la localidad de La Reja, a unos 50 kilómetros al oeste de Buenos Aires. El religioso aseguró que Williamson vive en esa localidad “de manera estable” y que en la actualidad “está descansando porque no hay clases” en el seminario.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Pelo imediato rompimento com Israel!


É possível romper relações com Israel sem declarar apoio ao Hamas ou abandonar a posição neutra em relação ao conflito palestino-israelense. O que não dá mais é para assistir calado ao extermínio de um povo.

Maurício Thuswohl, para Carta Maior

“Muitas crianças palestinas estão morrendo e quase nenhuma criança israelense foi morta. Por quê? Porque nós cuidamos das nossas crianças.” (Shimon Peres, presidente de Israel, em 6 de janeiro de 2009)

De acordo com os dados divulgados periodicamente pela ONG internacional Save the Children, foi ultrapassada na terça-feira (6) a marca de 100 crianças palestinas assassinadas desde o início da última onda de agressões perpetrada por Israel. No mesmo dia, ataques aéreos israelenses destruíram três escolas da ONU na Faixa de Gaza, deixando cerca de 30 mortos. Horas antes, uma bomba caiu sobre uma casa onde cerca de 20 jovens recebiam de dois militantes dos Hamas treinamento de primeiros-socorros para ajudarem parte das milhares de vítimas palestinas. Não houve sobrevivente.

Ocorridos num único dia de combate, em meio aos milhares de episódios estarrecedores vividos em Gaza na última semana, esses eventos mereceram o repúdio internacional e fizeram crescer a pressão sobre o governo israelense para um cessar-fogo imediato. Respaldado pelo sólido apoio político e diplomático dos Estados Unidos, no entanto, os falcões-de-guerra israelenses, até o momento em que escrevo estas linhas, admitiram apenas a abertura de um “corredor humanitário” durante três horas por dia para que comida e medicamentos finalmente cheguem aos palestinos.

Face à impotência do Conselho de Segurança da ONU e ao bloqueio das discussões exercido pelos EUA, a tentativa de costura de uma solução que leve ao fim imediato das hostilidades sobrou para a União Européia. Capitaneados pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, os esforços europeus, no entanto, têm encontrado maior eco junto aos países árabes, Egito à frente, do que propriamente junto a Israel, que, como faz nos últimos 60 anos, mantém postura de arrogância e desprezo em relação à via diplomática multilateral.

Os países árabes, por sua vez, também repetem o velho cenário que se divide entre os regimes aliados dos Estados Unidos, liderados pela Arábia Saudita, e os regimes inimigos declarados ou velados de Israel, como Síria e Jordânia, entre outros. A história ensina que, na hora em que Israel resolve atacar com A maiúsculo, nenhum dos dois lados da elite árabe costuma mover uma palha em favor de palestinos, libaneses ou quem quer que seja.

Qual papel deve assumir o Brasil, postulante a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, diante dessa paralisia? O melhor e mais corajoso caminho a ser seguido é o imediato rompimento de relações diplomáticas com o governo assassino de Israel. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem diante de si a oportunidade de fazer valer todo o capital político acumulado no cenário internacional ao longo dos últimos seis anos e indicar claramente que a construção de um novo patamar de entendimento entre as nações, desejo manifesto de seu governo, não mais tolerará demonstrações unilaterais e desproporcionais de força militar.

É possível romper relações com Israel sem declarar apoio ao Hamas ou abandonar a posição neutra em relação ao conflito palestino-israelense. O que não dá mais é para assistir calado ao extermínio de um povo. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, como bem demonstrou o governo da Venezuela. No mesmo dia em que foi ultrapassada a marca de 100 crianças palestinas mortas, o presidente Hugo Chávez declarou o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países e expulsou de Caracas o embaixador de Israel. Para justificar seu ato, Chávez afirmou que “Israel está promovendo um holocausto na Faixa de Gaza”.

Seguir o mesmo caminho da Venezuela consolidaria o papel político de liderança entre os países emergente exercido pelo Brasil no cenário diplomático internacional. Significaria também, mesmo que isso traga pouca conseqüência prática e imediata para quem está recebendo bomba na cabeça, um importante gesto de solidariedade do “mundo real” face ao martírio do povo palestino. Lula, se tomar essa atitude corajosa, mais uma vez colocará a política externa de seu governo a serviço da construção de um mundo menos injusto.

A simpatia do presidente brasileiro pela causa palestina não é segredo para ninguém. Em entrevista ao jornal Valor publicada na segunda-feira (5), o assessor especial de Política Externa da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, classificou a ofensiva israelense em Gaza como “terrorismo de Estado”. Em nota assinada por seu presidente, Ricardo Berzoini, o PT também condenou a ofensiva israelense e rechaçou o argumento de “autodefesa” utilizado por Israel. O rompimento temporário com Israel nas atuais circunstâncias seria, portanto, um caminho natural e coerente para o governo Lula.


Maurício Thuswohl é jornalista.

A las puertas del infierno, otra vez


Líderes occidentales avalan la idea de que Israel se cuida mucho de evitar víctimas cuando emprende una ofensiva militar. En doce días de operación, la cifra de muertos asciende a 760. Después Occidente se pregunta “¿por qué nos odian?”.

Por Robert Fisk *

Una vez más, Israel abrió las puertas del infierno para los palestinos. Cuarenta refugiados civiles muertos en una escuela de Naciones Unidas, otros tres en otro plantel de este tipo. No está mal para una noche más de trabajo en Gaza a cargo del ejército israelí, que cree en la “pureza de las armas”. ¿Debería sorprendernos?

Ya se nos olvidaron los 17.500 muertos –casi todos civiles, la mayoría mujeres y niños– durante la invasión de Israel a Líbano, en 1982; los 1700 palestinos muertos durante la matanza de Sabra y Chatila; la masacre de Qanaen en que murieron 106 civiles libaneses refugiados, más de la mitad de ellos niños, en una base de la ONU; la matanza de los refugiados de Marwahin, a quienes Israel ordenó salir de sus casas en 2006 para luego ser asesinados por helicópteros israelíes; los mil muertos en el mismo bombardeo del mismo año y en la invasión a Líbano, y lo mismo, casi todos civiles.

Lo que es sorprendente de los líderes occidentales, tanto presidentes como primeros ministros y, me temo, directores de medios y periodistas, es que se han tragado la vieja mentira de que Israel se cuida mucho de evitar víctimas civiles. “Israel hace todo el esfuerzo posible para evitar afectar a civiles”, aseguró de nuevo otro embajador israelí horas antes de la matanza en Gaza.

Y cada presidente y primer ministro que ha repetido esta mendacidad como excusa para no exigir un cese del fuego tiene en las manos la sangre de la carnicería de anoche. Si George W. Bush hubiera tenido el valor de exigir un cese del fuego hace 48 horas, todos esos ancianos, mujeres y niños, esos 40 civiles, estarían vivos.

Lo que ocurrió no sólo es una vergüenza: fue una desgracia. ¿Sería exagerado llamarlo crimen de guerra? Porque así es como llamaríamos a esta atrocidad si Hamas la hubiera cometido. Por lo tanto, me temo, estamos ante un crimen de guerra.

Después de cubrir tantos asesinatos masivos a manos de ejércitos de Medio Oriente –por soldados sirios, iraquíes, iraníes e israelíes–, supongo que debería yo reaccionar con cinismo. Pero Israel proclama que está combatiendo en la guerra “internacional contra el terror”. Los israelíes aseguran luchar en Gaza por nosotros, por nuestros ideales occidentales, por nuestra seguridad y para salvarnos, de acuerdo con nuestras normas. Y así somos cómplices de las salvajadas que se cometen en Gaza.

Ya he reportado las excusas que en el pasado ha dado el ejército israelí por estos atropellos. Como está claro que serán recalentadas en las próximas horas, aquí les obsequio algunas: los palestinos mataron a sus propios refugiados, los palestinos desenterraron cuerpos de los cementerios y los plantaron en las ruinas. Y al final de cuentas, los palestinos tienen la culpa por haber apoyado a una facción armada, y además porque los palestinos armados deliberadamente utilizan a refugiados inocentes como escudos humanos.

Cuando la derechista Falange libanesa, aliada de Israel, perpetró la matanza de Sabra y Chatila, los soldados israelíes se quedaron ahí, observándolos durante 48 horas, sin hacer nada, y esto fue revelado por una investigación a cargo de una comisión israelí.

Posteriormente, cuando Israel fue acusado de esa matanza, el gobierno de Menachem Begin acusó al mundo de calumniar con sangre a su país. Después de que la artillería israelí disparó bombas contra una base de la ONU en Qana, en 1996, los israelíes afirmaron que hombres armados de Hezbolá también se refugiaban en dicha base. Era mentira. Los más de mil muertos en 2006 en una guerra que comenzó cuando Hezbolá capturó a dos soldados israelíes en la frontera simplemente se achacaron a Hezbolá.

Israel aseguró que los cuerpos de niños asesinados en la segunda matanza de Qana fueron tomados de un cementerio. Esa fue otra mentira.

Nunca hubo excusas para la masacre en Marwahin. Se ordenó a los pobladores de la aldea que huyeran y ellos obedecieron sólo para ser atacados por barcos artillados israelíes. Los refugiados tomaron a sus niños y los colocaron en torno de los camiones en que viajaban, para que los pilotos israelíes pudieran ver que eran inocentes. Fue entonces cuando los helicópteros israelíes les dispararon a corta distancia. Sobrevivieron sólo dos personas, haciéndose pasar por muertos. Israel ni siquiera ofreció disculpas por este episodio.

Doce años antes, otro helicóptero israelí atacó una ambulancia que llevaba civiles de una aldea a otra –de nuevo obedeciendo órdenes de Israel– y mató a tres niños y dos mujeres. Los israelíes aseguraron que había un combatiente de Hezbolá en la ambulancia. Era mentira. Yo cubrí todas estas atrocidades, investigué, hablé con sobrevivientes. Lo mismo hicieron varios colegas. Nuestro destino, desde luego, fue enfrentar la más vil de las calumnias: se nos acusó de antisemitas.

Y escribo lo siguiente sin la menor duda: escucharemos de nuevo estas escandalosas fabricaciones. Nos repetirán la mentira de que Hamas tiene la culpa. Dios sabe que éste es culpable de suficientes cosas sin tener que añadir este crimen. Probablemente nos salgan también con la mentira de “los cuerpos sacados del cementerio”, y seguramente también escucharemos de nuevo la mentira de que “Hamas estaba dentro de la escuela de la ONU”. Y definitivamente, nos dirán de nuevo la mentira del antisemitismo. Y nuestros líderes soplarán y resoplarán y le recordarán al mundo que fue Hamas el que rompió el cese del fuego.

Sólo que no fue así. Israel lo rompió primero, el 4 de noviembre, cuando dio muerte a seis palestinos durante un bombardeo a Gaza, y de nuevo el 17 de noviembre, al matar con otro bombardeo a cuatro palestinos más.

Sí, los israelíes merecen seguridad. Veinte israelíes muertos en los alrededores de Gaza en 10 años es, desde luego, una cifra horrible. Pero 760 palestinos muertos en diez días y miles de muertos desde 1948, a partir de cuando la matanza israelí de Deir Yassin impulsó el éxodo palestino de esa parte de Palestina que se convertiría en Israel, es una escala totalmente distinta.

Esto recuerda, no lo que sería el normal derramamiento de sangre en Medio Oriente, sino una atrocidad del nivel de la guerra de los Balcanes en los años ’90.

Desde luego, cuando un árabe se levante y con furia sin freno arroje hacia Occidente su ira incendiaria y ciega, diremos que eso nada tiene que ver con nosotros. “¿Pero por qué nos odian?”, nos preguntaremos. No vayamos a decir que no sabemos la respuesta.

* De The Independent de Gran Bretaña. Especial para Página/12.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

La loca carrera de Israel


Rafael Poch, para La Vanguardia

La única política antiterrorista y de seguridad eficaz es renunciar a la crueldad y devolver la tierra ocupada

Asistimos estos días a lo que Michael Warschawski describe como "loca carrera de Israel hacia su destrucción". El enclave judío en Oriente Medio no es viable a largo plazo si no es capaz de mantener unas relaciones normales con su enorme entorno árabe, lo que pasa por no agredir y no ocupar tierras ajenas. Esa es la única "política antiterrorista y de seguridad" eficaz en este caso. Ni el arma nuclear ni el quinto ejército del mundo, ni el apoyo de Estados Unidos y Europa en esa quimera, sirven de nada.

"El comportamiento de Israel en la escena internacional vuelve aborrecible al Estado judío en todo el mundo, sin mencionar los pretextos dados a los antisemitas de todo pelo que, cerca de sesenta años después del derrumbe del nazismo, comienzan a decir abiertamente lo que nunca dejaron de pensar pero no podían expresar cuando los supervivientes estaban aún con vida", dice Warschawski en su lúcido libro ('A tumba abierta. La crisis de la sociedad israelí', publicado por editorial Icaria).

El derecho de Israel a existir no sólo es obvio, sino que es, además, una responsabilidad histórica europea. Por eso, la Unión Europea debería tener un papel especial y principal para impedir el proceso por el que Israel se ha convertido en un estado paria de incierto futuro a causa, fundamentalmente, de su propia estupidez. La sociedad israelí así lo percibe inconscientemente.

La emigración desde Israel va en aumento y no sólo al calor de las situaciones de crisis. Cada vez más padres pierden la fe en el futuro y quieren ahorrarles a sus hijos una vida marcada por el miedo permanente, explica esta semana en 'Der Spiegel' el ex secretario general de la ONU Butros Butros-Ghali. "Todo sucede como si en el inconsciente colectivo israelí, el fin trágico del Estado judío estuviera inscrito en su código genético, como si en el fondo la sociedad israelí nunca hubiera creído en su propio proyecto".

La autodestrucción de Israel tiene varios círculos pero el primero de ellos es el de la relación hacia los palestinos. La represión contra la población civil se disfraza de "guerra contra el terrorismo". No son mujeres y niños quienes son destrozados por las bombas de fragmentación, ni familias enteras a las que la miseria resultante del bloqueo y la guetización condena a la penuria y a veces al hambre, son "terroristas". Se habla de "guerra", como si un enfrentamiento tan desigual entre el quinto ejército del mundo y la población palestina pudiera ser descrito así. Se habla de Gaza como si fuera una especie de estado, o entidad política normal y no un campo de refugiados de millón y medio de habitantes, sometido a bloqueo, y enloquecido y desesperado por todo tipo de agresiones y carencias, que alimentan todos los extremismos.

Se habla de "terrorismo" por un lado y de "acción militar", o de "defensa desproporcionada" por el otro, como si hubiera alguna diferencia entre matar inocentes lanzando cohetes, en atentados suicidas, o desde helicópteros y aviones. Naturalmente, hay una diferencia: en el nivel de la mortandad. Los cohetes de Hamas mataron a diecisiete israelíes en tres años, menos que el impacto de una sola bomba israelí en una escuela de la ONU esta semana.

Los israelíes sufren también terribles atentados que matan a inocentes, pero por cada uno de ellos mueren cien palestinos, siempre en la misma proporción; primera intifada: 1.500 muertos palestinos en menos de tres años. Segunda intifada, los atentados en Israel comenzaron tres meses más tarde, después de la muerte de varios centenares de palestinos. Y todo resulta incomprensible sin atender al contexto de la colonización y al desprecio a los acuerdos internacionales y resoluciones de la ONU en materia de territorios ocupados; en los siete años que siguieron a los acuerdos de Oslo los palestinos asistieron a un aumento de más del cuarenta por ciento de la colonización judía en las tierras de las cuales Israel se había comprometido a retirarse en cinco años...

Dicen que el lanzamiento de los últimos cohetes de Hamas rompió la tregua a la que siguió la actual masacre. "No hubo sustancial disparo de cohetes desde Gaza durante la tregua hasta que Israel lanzó un ataque el 4 de noviembre contra lo que dijo eran militantes palestinos en Gaza matando a varios de ellos, fue entonces cuando los disparos de cohetes desde Gaza se intensificaron", dice el relator de la ONU para derechos humanos en los territorios ocupados, Richard Falk.

Uri Avnery, otro disidente israelí, explica esta semana en 'Die Tageszeitung' que la tregua había sido rota previamente por el ejército israelí en varias operaciones en las que murieron milicianos de Hamas, porque se buscaba una excusa para la masacre por los motivos electorales que tantos observadores mencionan estos días: la ministra de exteriores Tsipi Livni mantiene una ajustada carrera con Benyamin Natanyahu que le criticaba por su "suave" actitud ante los palestinos...

La deshumanización sistemática del colonizado conlleva inevitablemente la deshumanización del colono y de su sociedad. Eso explica el apoyo del 80% que la actual masacre encuentra en la sociedad israelí, así como los "graffiti" en favor de la deportación de los palestinos que se ven en Israel; "Jordania es el estado Palestino –Traslado ya", "La paz es una catástrofe, queremos la guerra", "Expulsar al enemigo árabe", o el aun más terrible que Warschawski reporta en la estación de autobuses de Jerusalén; "!Holocausto para los árabes!".

En marzo de 2002, después de que se conociera que se marcaba números en los brazos de los prisioneros palestinos, B. Michael, hijo de un superviviente del holocausto escribió (en Yediot Aharonot): "En los sesenta años que van de 1942 a 2002, el pueblo judío pasó de marcado y numerado a marcador y numerador, de encerrado en guetos a encerrador, de marchar en fila con las manos en el aire a hacer marchar en fila con las manos en el aire". Lo paradójico es que, en ese mismo proceso la propia población israelí resultó encerrada".

Como dice Warschawski: "El sionismo que quería derribar las murallas del gueto, ha creado el mayor gueto de la historia judía, un gueto fuertemente armado, sin duda, pero un gueto de todas maneras, replegado sobre si mismo y convencido que fuera de sus murallas está la jungla, un mundo profunda e irremediablemente antisemita cuyo único objetivo es destruir la existencia judía, en Oriente Medio y en todo el mundo".

La actual emigración desde Israel huye de eso. La mentalidad de este gueto es el "destino judío", una guerra eterna de supervivencia frente a un mundo que siempre ha rechazado la existencia judía y continuará haciéndolo hasta la eternidad. Ese discurso se apoya en una angustia existencial profunda en la mentalidad judía del posjudeicidio nazi, pero también en una historiografía falaz enseñada en las escuelas que redujo 2000 años de historia judía a un inmenso pogrom y a un antisemitismo atemporal, irracional y único, haciendo imposible toda inteligibilidad y fútil toda tentativa en su contra".

Toda critica, incluso la más moderada -como las que se expresan en este diario- es percibida a través del prisma deformante del antisemitismo. Los periodistas que las escriben, reciben montones de comentarios de estos nuevos mamporreros. Hay algo más que una gran paranoia en esa actitud. Escudarse en el holocausto para justificar las actuales masacres y para descalificar las críticas a las manifiestas injusticias del estado de Israel, es de una vileza e inmoralidad sacrílegas.

Toda una serie de publicistas de tercera categoría insisten en calificar de "histeria antiisraelí" lo que es elemental impulso de indignación ante una odiosa masacre. Pretenden ridiculizar como izquierdista y pasado de moda, la elemental preocupación y solidaridad hacia las víctimas, un impulso ético que está más allá de las opciones políticas y cuya actualidad es manifiesta. Pretendiendo ayudar a Israel, su militante estrechez de miras justificando la barbarie, contribuye a la loca carrera hacia la autodestrucción de Israel.

A nivel institucional, el panorama europeo es desolador. "Hasta el momento, desde la perspectiva de los últimos días, nosotros entendemos que este paso es defensivo, no ofensivo", dijo el portavoz checo Jiri Potuznik, desde la responsabilidad de la presidencia de la Unión Europea. "La Unión Europea es el valedor más importante de los palestinos, pero no utiliza la medida de presión del Tratado de Asociación y estatus privilegiado respecto a Israel, renovado hace muy poco. Al mirar de modo significativo en otra dirección, la ONU, los EE.UU. y la UE transmiten a Israel y a su ejército una clara señal: Seguid así", constata el periódico belga 'De Morgen'.

De Estados Unidos, hay poco que esperar, su práctica internacional no difiere mucho de la de Israel, cosa que Obama no va a cambiar en absoluto, pero una actitud europea firme y consecuente de sanciones comerciales a Israel, estimularía a la sociedad israelí para impedir el desastre hacia el que se encamina.

"La impunidad de la que goza Israel en la comunidad internacional no es sólo una denegación de justicia para las víctimas de su agresión permanente, es también uno de los motivos de la desintegración interna de la sociedad israelí", dice Warschawski. Una actitud europea firme y decente ante lo que está ocurriendo podría frenar la actual "loca carrera de Israel hacia su destrucción". En lugar de eso, asistimos al espectáculo de las "delegaciones europeas", cuya cantidad expresa su impotencia y ausencia de voluntad. Sarkozy viaja como presidente mediterráneo; Solana, como responsable de Exteriores de la UE; el ministro de Asuntos Exteriores checo, Karel Schwarzenberg, por la presidencia de la UE; y el británico Tony Blair, como comisionado del cuarteto de Oriente Próximo: "De este caos no resultará ningún tipo de orden, ni qué decir de la paz", señala el 'Suddeutsche Zeitung'.

Como dice Uri Avnery, "Israel está dejando pasar la oportunidad histórica de hacer la paz con el nacionalismo árabe no integrista, y mañana se las podría tener que ver con un mundo árabe fundamentalista al completo". Un Hamas multiplicado por mil.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Israel lança novos ataques apesar de pressão por trégua

Latuff:

Israel realiza bombardeios na Faixa de Gaza nesta quinta-feira, pelo sexto dia consecutivo, apesar da pressão cada vez maior da comunidade internacional por um cessar-fogo.

Os prédios do Parlamento e do Ministério da Justiça foram atacados durante a madrugada. Testemunhas na Cidade de Gaza dizem que um hospital infantil também foi atingido.

Em uma entrevista exibida na TV, o líder do Hamas na Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh, manteve uma postura desafiadora, dizendo que os árabes serão vitoriosos e Israel não pode vencer.

O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, falou em "ampliar e apronfundar" a operação, num momento em que as pesquisas de opinião em Israel mostram que a ofensiva militar em Gaza continua contando com forte apoio popular no país.

Ao mesmo tempo, foguetes do Hamas voltaram a atingir Beersheba - cidade israelense que fica a cerca de 40 quilômetros da fronteira com os territórios palestinos.

Na quinta-feira, uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi adiada sem que tenha sido obtido um consenso para a aprovação de uma resolução pedindo um cessar-fogo apresentada por Líbia e Egito.

Estados Unidos e Grã-Bretanha alegam que o texto não condenava o lançamento de foguetes contra o território israelense por militantes do Hamas.

As autoridades palestinas dizem que 391 palestinos morreram nos bombardeios israelenses. Quatro israelenses morreram em conseqüência do lançamento de foguetes a partir da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Quarteto pede cessar-fogo 'imediato' na Faixa de Gaza


Daniela Fernandes
De Paris para a BBC Brasil

O Quarteto para a Paz no Oriente Médio, formado por Estados Unidos, União Européia, ONU e Rússia, pediu nesta terça-feira um "cessar-fogo imediato plenamente respeitado na Faixa de Gaza", em comunicado divulgado na sede das Nações Unidas, em Nova York.

Em Paris, os ministros europeus das Relações Exteriores realizaram uma reunião de emergência para discutir o agravamento dos combates entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas na Faixa de Gaza.

Durante o encontro, a União Européia reforçou o apelo por um cessar-fogo imediato e permanente para permitir o envio de ajuda alimentar ao território palestino e o tratamento dos feridos nos bombardeios do Exército israelense.

"Desejamos um cessar-fogo que seja permanente e respeitado, com um corredor humanitário, porque há muitas vítimas e é preciso assegurar os socorros e também um retorno das discussões do processo de paz", declarou o chanceler francês Bernard Kouchner, cujo país preside a União Européia até quarta-feira.

De acordo com médicos palestinos, os ataques israelenses em Gaza, que começaram no último sábado, já mataram pelo menos 370 pessoas e deixaram mais de 1,7 mil feridos.

"Estamos convencidos de que a solução para o conflito não é militar", afirmou Kouchner. "A solução é política e estamos tentando encontrá-la. A União Européia quer se mostrar ativa e para isso precisamos ter acesso às vítimas, mas não por alguns dias nem algumas horas."

Leia também: Lula quer reunião de emergência para discutir Gaza

Na quinta-feira, dia 1º de janeiro, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, vai se reunir em Paris com a ministra israelense das Relações Exteriores para discutir o conflito em Gaza.

Objetivo

Antes do início da reunião de ministros europeus em Paris, o chanceler espanhol, Miguel Angel Moratinos, havia declarado que o objetivo é conseguir obter "um cessar-fogo imediato e sobretudo obter uma trégua humanitária".

"É o que vamos pedir a Israel, e esperamos que o país aceite", declarou Moratinos.

Segundo fontes israelenses, a proposta de um cessar-fogo deve ser examinada em uma reunião entre o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, e os ministros da Defesa, Ehud Barak, e das Relações Exteriores, Tzipi Livni.

Fontes diplomáticas européias afirmaram que os países da União Européia consideram "vital" a reabertura de passagens entre Gaza, o Egito e Israel.

Na reunião desta terça-feira em Paris, os ministros também discutiram a proposta de retomar uma missão de observação da União Européia em Rafah, na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito.

A missão européia foi interrompida em junho de 2007, após o grupo radical islâmico Hamas ter assumido o controle da Faixa de Gaza.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Israel critica intenção da Igreja de beatificar papa Pio 12


Beatificação de Pio 12 causa indisposição entre o Vaticano e Israel, devido à controversa atuação do papa durante o Holocausto.

No Memorial Yad Vashem, em Jerusalém, no chamado "Salão da Vergonha", há uma foto de Pio 12 (1939–1958). Um quadro de informações chama a reação do então papa ao assassinato de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial de "controversa".

"Mesmo quando notícias sobre a morte dos judeus chegaram ao Vaticano, o papa não protestou, nem de forma verbal nem escrita. Em dezembro de 1942, ele optou por se distanciar, não assinando uma declaração dos Aliados na qual se condenava o extermínio dos judeus. Quando os judeus foram deportados de Roma para Auschwitz, o papa não fez nada", pode-se ler entre as informações disponíveis.

Beatificação inaceitável?

No mais tardar desde o convite do presidente Shimon Peres ao papa Bento 16 para que este visitasse Israel, debate-se publicamente a respeito do papel desempenhado por Pio 12 em relação ao Holocausto. A discussão se torna ainda mais acirrada quando se fala em beatificar o referido pontíficie. Isaak Herzog, ministro israelense de Assuntos Sociais, afirmou na última sexta-feira (24/10), em entrevista ao jornal Haaretz, que a beatificação é "inaceitável".

"Depois de uma audiência com este papa, em Roma, meu avô sentiu necessidade de uma mikvá [banho ritual judaico de purificação]", diz Herzog, neto do primeiro rabino-chefe de Israel, que se encontrou com Pio 12 em 1943, numa tentativa fracassada para pedir que o papa intercedesse em prol da salvação de judeus húngaros.

Abertura de arquivos

O Vaticano revida as críticas, afirmando que o assunto é de ordem interna da Igreja Católica e não de interesse público. O padre Peter Gumpel chegou a declarar à imprensa italiana que Bento 16 não poderia visitar Israel antes que a foto de Pio 12 e os comentários sobre ele fossem retirados do Memorial Yad Vashem. Segundo ele, seria difícil para os católicos saber que Bento 16 estaria visitando um museu "onde um de seus antecessores é difamado injustamente". Gumpel, por sua vez, está envolvido no processo de beatificação de Pio 12.

Dan Michmann, especialista israelense em questões ligadas ao Holocausto, ressalta que "se a Igreja Católica beatificar Pio 12, o problema não será nosso". Michmann, no entanto, exige, neste contexto, que o Vaticano abra completamente seus arquivos. "Somente um acesso irrestrito a toda a documentação do período poderia influenciar os resultados das pesquisas feitas até agora sobre o assunto", completa.

Um papa que se calou?

Uma das razões da atual discussão é a publicação de uma pesquisa sobre Pio 12 e seu suposto silêncio frente ao extermínio dos judeus. Dois historiadoes italianos esclarecem, a partir de documentos britânicos, que Pio 12, em 1943, fez declarações que demostravam sua indiferença em relação à então iniciada deportação dos judeus de Roma.

Esses documentos, revida Gumpel, já são há muito conhecidos e foram desmentidos. Além disso, Gumpel afirma que o encontro a que se refere a documentação aconteceu dois dias antes da invasão do gueto de Roma pelas tropas nazistas SS e não dois dias depois.

Pontificado controverso

Um grupo de teólogos católicos e membros do grupo Diálogo Cristão-Judaico defende uma interrupção no processo de beatificação de Pio 12. Um documento assinado por nove professores universitários dos EUA, Reino Unido e Bélgica lembra que o pontificado de Pio 12 desencadeou "controvérsias consideráveis".

Segundo os especialistas, o papa condenou os efeitos da guerra para as vítimas inocentes, não tendo, porém, citado diretamente a perseguição dos judeus. Os professores ressaltam a necessidade de que o Vaticano libere o acesso a mais documentos, a serem analisados pelos "melhores pesquisadores desta área".

Por ocasião dos 50 anos de morte de Pio 12, o atual papa Bento 16 defendeu a continuação do processo de beatificação de Pio 12, iniciado nos anos 1960. O decreto final que beatifica o ex-papa ainda se encontra nas mãos de Bento 16 para ser assinado.