Rio Uruguai:
FRED MARCOVICI, para Correio do Povo
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As 15 entidades ambientalistas de cidades brasileiras, uruguaias e argentinas que compõem o Movimento Transfronteiriço estão denunciando os graves problemas enfrentados pela Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai, a terceira mais importante da bacia do Prata. Segundo Juraci Luques Jacques, presidente da Comissão Binacional Brasil-Argentina e dirigente da entidade trinacional, um documento alertando sobre o descaso com que o assunto tem sido tratado foi enviado ontem à Presidência da República. O material chama a atenção para o fato de que a bacia banha cidades da Argentina, Brasil e Uruguai, além de sustentar 1.997 famílias da tríplice fronteira e que tem se transformado em grave problema de saúde pública. As organizações requerem que haja, imediatamente, a elaboração de política comum dos três países para conservação de fauna e flora do rio e seus afluentes.
O ministro da Pesca e Aquicultura, Altamir Gregolin, anunciou, no início da semana, que 55 espécies de peixe estão extintas das águas da Bacia do Rio Uruguai. Análises elaboradas pelo Ibama e as agências Nacional de Águas (ANA) e Nacional de Energia Elétrica (Aneel), coletadas em vários pontos ao longo do rio, constataram alto teor de cobalto (2,9 miligrama) e de alumínio (4,8 mg). Os metais restantes ficaram abaixo de 1 mg, exceto o ferro, com teor médio de 17,3 mg. Entre as amostras de músculos de peixes, 10% não atendem às recomendações para consumo humano, em razão dos índices de mercúrio e de cromo. 'No momento em que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, preocupado com a gripe A, repassa R$ 2 milhões mensais ao Rio Grande do Sul, parte de um montante de R$ 247 milhões para outros setores de prevenção à saúde da população, também deveria avaliar a situação da bacia como política de saúde pública prioritária', enfatiza Jacques.
No ponto de captação de água no trecho do rio Uruguai entre Uruguaiana e Paso e los Libres, na Argentina, os coliformes fecais chegam a 160 mil para cada 100 mililitros de água. Oficialmente, são jogados ao leito do rio 5 metros cúbicos de esgoto in natura por segundo, além de metais pesados e outros químicos. Diante desse quadro, Jacques frisa que a prevenção é a única maneira de evitar novas doenças. Para o ecologista, o rio Uruguai corre o risco de ser conhecido no futuro apenas por fotos, filmes e documentos.
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