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sábado, 17 de abril de 2010

HERANÇA MALDITA

Travessia Porto Mauá/Alba Posse. Chegando em Alba Posse.

Visão efêmera no Uruguai

FELIPE DORNELES |fdorneles@correiodopovo.com.br

Quem visitou a cidade de Porto Mauá, na Fronteira-Noroeste do Estado, nesta semana, ou apenas passou pelo local para realizar a travessia de balsa via rio Uruguai, para a cidade argentina de Alba Posse, se deparou com um cenário diferente no rio Uruguai. Com o baixo nível das águas, surgiram bancos de areia no leito do manancial, o que, segundo especialistas, é consequência do impacto ambiental causado pelo mau uso dos recursos naturais pelo homem.

Para a bióloga Elenir Dahmer Linauer, que atua na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), regional de Santa Rosa, podem ser considerados responsáveis pela formação de bancos de areia o assoreamento dos cursos hídricos e problemas de drenagem de banhados. Elenir explica que, apesar de o solo não ser predominantemente arenoso na região, o desmatamento da mata ciliar nas margens do rio facilita o assoreamento. "Hoje este processo conseguiu ser reduzido, e técnicas conseguem evitar com que solos de lavouras sejam levados para as águas. Mas é um problema que ainda existe", afirma. A bióloga ressalta que este cuidado deve ser tomado não apenas no rio Uruguai, mas principalmente em seus afluentes.

Outro fator é a drenagem de banhados, que, segundo a bióloga, funcionam como esponja. "Eles retêm a água da chuva por um período maior e abastecem os rios em época de estiagem", explica. Hoje, muitos banhados foram transformados em lavouras, na beira do rio, perdendo a função de proteção ao meio ambiente.

O cenário no rio Uruguai foi visto durante a semana, quando as águas se encontravam 1 metro abaixo do normal. Ontem, o banco de areia já estava submerso, em consequência da abertura das comportas da barragem de Itá, no estado de Santa Catarina, que interfere diretamente no nível do rio na região.

O grande banco de areia é percebido logo abaixo de uma grande ilha do rio, em Porto Mauá. Conforme o secretário municipal de Agropecuária e Meio Ambiente, Júlio Cesar Rauber, o banco de areia está sendo formado pelo desmoronamento acentuado que ocorre na ilha mais conhecida do município, problema intensificado a cada enchente. "A parte de cima da ilha está desmoronando, e o solo se concentrando logo abaixo, no decorrer da extensão do rio. Como se a ilha estivesse se movimentando", explica o secretário.

As dezenas de árvores da ilha, que diminuem com os constantes vendavais na cidade, auxiliam no desmoronamento das margens. Essa terra, posteriormente, é levada pelas águas das enchentes, que também são frequentes no local. Conforme Rauber, os eucaliptos presentes na ilha são antigos e muito altos. Por isso, sob a ação dos ventos, caem e alteram a estrutura do solo. O município já encaminhou um projeto à Fepam para retirar essas árvores e substituí-las por espécies nativas.

Nota do Blog: Nossos antepassados nos deixaram essa herança maldita. É difícil encontrar no RS, particularmente na Região Noroeste, um rio não poluído ou com seu leito sem acúmulo de terra, areia ou detritos de toda ordem. Reverter essa situação é um grande desafio para as futuras gerações. Será que ainda dá tempo?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ambientalistas apelam ao presidente da República

Rio Uruguai:

FRED MARCOVICI, para Correio do Povo
fmarcovici@correiodopovo.com.br

As 15 entidades ambientalistas de cidades brasileiras, uruguaias e argentinas que compõem o Movimento Transfronteiriço estão denunciando os graves problemas enfrentados pela Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai, a terceira mais importante da bacia do Prata. Segundo Juraci Luques Jacques, presidente da Comissão Binacional Brasil-Argentina e dirigente da entidade trinacional, um documento alertando sobre o descaso com que o assunto tem sido tratado foi enviado ontem à Presidência da República. O material chama a atenção para o fato de que a bacia banha cidades da Argentina, Brasil e Uruguai, além de sustentar 1.997 famílias da tríplice fronteira e que tem se transformado em grave problema de saúde pública. As organizações requerem que haja, imediatamente, a elaboração de política comum dos três países para conservação de fauna e flora do rio e seus afluentes.

O ministro da Pesca e Aquicultura, Altamir Gregolin, anunciou, no início da semana, que 55 espécies de peixe estão extintas das águas da Bacia do Rio Uruguai. Análises elaboradas pelo Ibama e as agências Nacional de Águas (ANA) e Nacional de Energia Elétrica (Aneel), coletadas em vários pontos ao longo do rio, constataram alto teor de cobalto (2,9 miligrama) e de alumínio (4,8 mg). Os metais restantes ficaram abaixo de 1 mg, exceto o ferro, com teor médio de 17,3 mg. Entre as amostras de músculos de peixes, 10% não atendem às recomendações para consumo humano, em razão dos índices de mercúrio e de cromo. 'No momento em que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, preocupado com a gripe A, repassa R$ 2 milhões mensais ao Rio Grande do Sul, parte de um montante de R$ 247 milhões para outros setores de prevenção à saúde da população, também deveria avaliar a situação da bacia como política de saúde pública prioritária', enfatiza Jacques.

No ponto de captação de água no trecho do rio Uruguai entre Uruguaiana e Paso e los Libres, na Argentina, os coliformes fecais chegam a 160 mil para cada 100 mililitros de água. Oficialmente, são jogados ao leito do rio 5 metros cúbicos de esgoto in natura por segundo, além de metais pesados e outros químicos. Diante desse quadro, Jacques frisa que a prevenção é a única maneira de evitar novas doenças. Para o ecologista, o rio Uruguai corre o risco de ser conhecido no futuro apenas por fotos, filmes e documentos.