segunda-feira, 26 de maio de 2008

O desafio é chegar aonde o povo está


EcoAgência:

"Pobre gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual." – Joãozinho Trinta

Por Vilmar Sidnei Demamam Berna*

Com a demissão da Ministra Marina Silva, a queda de braço entre progresso e meio ambiente está assumindo contornos cada vez mais claros no governo Lula. Por trás deste embate existe um mito, o de que a destruição ambiental é o preço amargo a pagar pelo progresso, emprego, comida, moradia, pontes e estradas, etc. Trata-se de um equívoco comprovado por Carlos E. F. Young, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre 1985 e 1996, nos estados do Sul e do Sudeste, a Mata Atlântica perdeu mais de 1 milhão de hectares enquanto, no mesmo período e região, houve a redução de 2,4 milhões de postos de trabalho na agropecuária. Em outras palavras, a sociedade aceitou e tolerou a destruição ambiental, na esperança de ver atendidas as suas necessidades, e continuou com as mesmas carências de antes, só que agora em pior situação, com desempregos e continuando a conviver com a miséria e agora também com poluição e degradação ambiental.

Quando Lula diz em relação à Amazônia que "se manter a floresta em pé é tão importante para o mundo, é importante que o mundo compreenda que isso tem custo, por que na região moram 25 milhões de habitantes que querem acesso aos benefícios que todos têm" (O Globo – 15/05), na verdade está afirmando que com a floresta em pé não há como atender as necessidades das pessoas que moram lá e isso não é verdade por que a floresta em pé é capaz de atender muito mais as necessidades da população que uma terra arrasada. O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, foi mais claro em entrevista à Folha, em 24/04: "não há como produzir mais comida sem fazer a ocupação de novas áreas e a derrubada de árvores".

São visões que refletem na verdade o que vai no sentimento da população. No fundo, a maioria pensa assim mesmo, e não é por acaso. Existe, na verdade, uma guerra não declarada entre diferentes modelos econômicos, um predatório e concentrador de renda e outro sustentável. A opinião pública, sem saber, se torna refém dos manipuladores. Na verdade, não há negociação fácil entre o motosserra e a floresta. Não é possível pretender que a população tenha tal capacidade de consciência do problema se não recebe informações adequadas.

O problema não é exatamente como ser sustentável, por que já existem tecnologias e conhecimentos suficientes que nos permitiriam combinar crescimento econômico e preservação ambiental, sendo este, portanto, um falso dilema. O problema principal é ser SUSTENTÁVEL PARA QUEM? O atual modelo tem usado o planeta mais para concentrar a riqueza e o poder na mão de poucos que para atender a necessidade de muitos. O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) comprovou que apenas 10% dos brasileiros mais ricos concentram 75,4% da riqueza do país e até hoje o Brasil não conseguiu aprovar um imposto sobre grandes fortunas e heranças, como já existe em outros países avançados.

Sempre que questionados, os poluidores e destruidores da natureza usam a esperteza de justificar a depredação ambiental como o preço a pagar para atender à necessidade de todos a uma vida melhor. Colocam-se junto à opinião pública como `amigos do Brasil e dos brasileiros', e acusam os ambientalistas de serem os `inimigos do Brasil e dos
brasileiros', uma manobra diversionista que tem confundido a opinião pública. Para assegurar que não serão desmascarados pela imprensa livre, tratam de dominar os meios de comunicação. O Epcom (Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação), por exemplo, cruzou os dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) com a lista de prefeitos, governadores, deputados e senadores de todo o país e comprovou que os políticos de direita são os "donos da mídia" nacional. Ao total, 271 políticos são sócios, proprietários ou diretores de emissoras de rádio e TV.

Este número, porém, corresponde apenas aos políticos que possuem vínculo direto e oficial com os meios de comunicação – não estão contabilizadas as relações informais e indiretas (por meio de parentes e laranjas), que caracterizam boa parte das ligações entre os políticos e os meios de comunicação do país. E mais. Para não correrem o risco de perderem privilégios em função das ações de legisladores e administradores públicos independentes, os poluidores e destruidores do meio ambiente financiam campanhas para assegurar uma maioria de políticos comprometida com seus interesses privados e não com os interesses públicos.

O Brasil tem tido a sorte de ter ministros do meio ambiente competentes e comprometidos com a causa socioambiental, como o Sarney Filho, o José Carlos Carvalho, a Marina Silva, entretanto, o que pode fazer um ministério para preservar e cuidar do meio ambiente se praticamente todos os outros querem fazer o contrário? A ex-Ministra Marina Silva combateu o bom combate, ganhou algumas vezes a queda de
braço interna dentro do Governo e perdeu muitas outras. E quando ela perdia, perdia o meio ambiente com o transgênico sendo aprovado mesmo contra o parecer técnico do Ibama e da Anvisa, o desmatamento aumentando, a aprovação das hidrelétricas no rio Madeira, etc.

Nossas esperanças e nosso olhar se voltam agora para o novo ministro, Carlos Minc, com tradição na militância ambiental carioca, também Prêmio Global como o Chico Mendes, o Betinho, o Fábio Feldmann, entre outros. Numa democracia não vence quem tem mais armas, mas quem tem mais argumentos. E de todos os talentos do Minc que eu conheço, talvez o que mais se destaque é a sua capacidade de dialogar com os contrários sem abrir mão de princípios, seu jogo de cintura diante das situações mais difíceis e, especialmente, sua habilidade em falar com a imprensa, transformando temas áridos e de difícil entendimento em frases e conceitos claros para a população.

É preciso encontrar formas e maneiras de chegar ao povo, de mostrar que a destruição ambiental muito longe de assegurar o progresso e o atendimento às necessidades humanas tem significado a perda dos serviços da natureza que mantém a fertilidade do solo, o regime de chuvas, os mananciais de abastecimento, etc. Precisamos muito de alguém que consiga traduzir o ecologês para uma linguagem que chegue até ao povo e o Minc sabe fazer isso.

*Vilmar é escritor, jornalista e ambientalista. Por quase oito anos foi companheiro de ativismo do Minc nos Defensores da Terra e no mandato de deputado estadual e, assim como o Minc, também recebeu o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente, em 1999, por indicação do Fábio Feldmann.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Revendedora nos EUA dá revólver para quem compra carro


BBC:

Uma revendedora de carros em Butler, no Estado do Missouri, nos Estados Unidos, está oferecendo uma arma de fogo para cada cliente que comprar um automóvel.

A promoção Guns and Gas (Armas e Gasolina), da revendedora de veículos Max Motors, dá ao cliente que comprar um carro a chance de escolher entre um revólver ou um cupom de gasolina no valor de U$250 (R$ 415).

"Até agora 80% dos clientes optaram pelo revólver", disse Walter Moore, um dos gerentes da loja, à rede de televisão KMBC.

De acordo com Moore, a loja entrega um certificado ao cliente para receber a arma, que só é entregue após a verificação de sua ficha criminal.

Sucesso

Na página da revendedora na internet, o anúncio da promoção, que está em vigor até o final do mês, afirma: "Sabemos que a América tem problemas com o crime e com a gasolina. A Max Motors quer ser parte da solução, não do problema".

O anúncio comenta o sucesso da promoção e diz: "A América ama armas de graça!"

A página traz ainda alguns comentários de clientes ou pessoas que apóiam a iniciativa da loja.

"Boa idéia, rapazes e não se preocupem com o que aqueles que odeiam armas irão dizer. Proteção é a chave e acho que isso ainda é a América", escreveu Danny Haines em um comentário publicado na quinta-feira.

Em entrevista à KMBC, um policial da região afirmou que a promoção pode acontecer, contanto que as armas não sejam entregues na revendedora.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

ALTA-COSTURA


JUREMIR MACHADO DA SILVA:

Como eu perdi tempo na minha vida. Houve uma época em que eu atravessava as noites lendo filosofia ou a grande literatura universal. Cheguei a ler duas vezes 'Em Busca do Tempo Perdido', de Marcel Proust, uma em português e outra em francês. Eu achava que podia encontrar as frases mais geniais e as reflexões mais profundas em livros e em autores ditos sofisticados. Engano meu. Caro leitor, aqui vai uma dica imperdível: as sacadas mais desconcertantes de cada semana estão na Folha Online. Às vezes, são tantas as tiradas espirituosas que já não penso mais em Mencken, Karl Kraus, George Bernard Shaw ou mesmo no meu amigo Michel Houellebecq. Nenhum deles conseguiria esta genial definição de Victoria Beckham: 'O salto alto não só me aumenta de tamanho... Aumenta também minha capacidade cerebral'. Ou esta, impagável, da brasileira Carla Perez: 'Minha bunda não faz nada se eu não estiver junto'.
Sejamos justos, isso não é para qualquer um. A sentença de Carla Perez resolve uma antiga controvérsia sobre a existência ou não de um pensamento brasileiro. A resposta é uma só: sim, existe. Mas ele não se encontra mais nas páginas de Gilberto Freyre ou de Sérgio Buarque de Hollanda. É um pensamento virtual e desinibido. Por exemplo, Leila Lopes, de quem eu, ignorante, nunca tinha ouvido falar, revelou a única diferença entre uma novela de televisão e um filme pornográfico: 'Já fiz tanta cena de amor em novela, a única diferença é que nessa tem penetração'. Como se vê, um mero detalhe. A experiência etnográfica, de resto, permite a Leila dar mais uma informação antropológica: 'Já vi muito mais pegação nos bastidores de novela do que nos de um filme erótico'.
Confesso que eu não imaginava isso. Eu pensava que do beijo ao sexo tudo era técnico na televisão. Boa parte dessas frases citadas pela Folha Online têm como fonte as novas bíblias da vida bem-sucedida e pensante, as revistas Quem, Contigo! e Caras. Falo sério. É divertido e permite refletir. O antropólogo Claude Lévi-Strauss, que faz 100 anos em 2008, provou que tudo pode ser bom para pensar, inclusive o pensamento dos pensadores, quando se consegue entendê-los. Talvez uma frase de Lévi-Strauss apareça na Quem. A frase mais esclarecedora da última semana foi mesmo da verossímil Fátima Bernardes: 'É muito mais difícil criar filho do que apresentar o ‘Jornal Nacional’'. Eu não tinha dúvida alguma sobre isso. Para apresentar o 'Jornal Nacional', basta saber ler letrinhas em movimento e estar bem penteado. Já trigêmeos exigem um pouco mais de talento.
Agora, quem realmente conseguiu sair do trivial, descobrindo evidências inimagináveis, foi Lúcio Mauro Filho: 'Tive experiência com várias drogas: cocaína, ácido... Mas não curti, porque elas alteram o estado de consciência'. Uau! Deborah Secco e Cláudia Jimenez ridicularizaram o consumismo com duas boutades bestiais. Deborah: 'Comprei para a minha mãe uma bolsa Gucci pequena onde ela carrega seus dois cãezinhos da raça Chihuahua. Agora, toda vez que eles vêem uma bolsa Gucci, tentam entrar!'. É a prova de que a moda obedece a um reflexo condicionado. Quem usa grife é como o cão de Pavlov, quer dizer, como os cães da mãe da Deborah Secco. Cláudia, negando ter dado um mimo de R$ 100 mil ao namorado: 'Sou muito gostosinha! Não preciso dar um carro para alguém me desejar!'. Nem todo mundo é interesseiro.

juremir@correiodopovo.com.br

quarta-feira, 21 de maio de 2008

A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO?


BLUE BUS:

Marinho | Brasileiros, enfim. fazem seus planos para o futuro

Apesar da preocupaçao com a inflaçao, da subida dos juros e da altíssima carga tributária, o país continua sua jornada rumo a um novo tempo, especialmente no que diz respeito aos consumidores de classe média e de baixa renda. Prova disso sao os resultados de uma pesquisa feita pelo Ibope Mídia com 19 mil brasileiros de 9 regioes metropolitanas e cidades do interior das regioes Sul e Sudeste, que mostram que o consumidor agora faz planos de médio e longo prazo e se arrisca a assumir dívidas mais longas para concretizar sonhos mais ambiciosos. Para você ter uma idéia, entre os principais planos dos brasileiros para os próximos 12 meses estao comprar uma casa, comprar o primeiro carro, reformar a residência, trocar de emprego e viajar para o exterior pela primeira vez. Vale ressaltar que 47% dos que pretendem comprar uma casa nos próximos 12 meses pertencem a classe C e ainda que 25% sao das classes D e E.

Outro dado importante obtido pela pesquisa do Ibope Mídia é o aumento na intençao de mudança de emprego. Cerca de 10% dos entrevistados disseram que o evento mais importante nas suas vidas nos últimos 12 meses foi exatamente arrumar um novo trabalho. E novamente quem liderou esse movimento foi a classe C – 48% dos que arranjaram um emprego melhor eram desse extrato social. Prova de que isso é um movimento consistente sao os dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, que mostram que o número de empregos com carteira assinada bateu novo recorde nos 4 primeiros meses de 2008. Na comparaçao com o primeiro quadrimestre de 2007, houve um aumento de 21% no emprego formal. E o acumulado de 12 meses registrou crescimento pouco maior que 6%.

Empregos melhores e carteira assinada dao mais confiança ao consumidor e mais garantias ao comércio. O resultado é mais consumo. Em resumo, creio que estamos assistindo a um momento histórico. Afinal, o brasileiro médio está finalmente tendo mais acesso aos itens de conforto com os quais sempre sonhou.

21/05 Luiz Alberto Marinho

segunda-feira, 19 de maio de 2008

E POR AQUI?


Seis de cada dez europeus preferem futebol a sexo, diz pesquisa

Anelise Infante
De Madri para a BBC Brasil

A chegada de dois grandes eventos esportivos do ano – a Eurocopa em junho e as Olimpíadas em agosto – pode ser motivo de preocupação entre namoradas de torcedores na Europa.

Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira indica que seis de cada dez europeus preferem ver um jogo de futebol a ter relações sexuais.

Os suecos foram os que confessaram mais fanatismo pelo esporte e menos interesse pelo sexo: 95% dos entrevistados responderam nunca ou quase nunca trocariam uma partida de futebol por uma relação sexual.

Os espanhóis aparecem em segundo lugar na lista dos que deixam o sexo para mais tarde: 72% admitiram que entre o futebol e as relações sexuais, preferem ver os jogos mesmo que seja pela televisão.

'Chorões'

A pesquisa foi feita em 17 países da Europa. O questionário com 18 perguntas relacionadas com a paixão e emoção dos torcedores às vésperas dos grandes eventos esportivos de 2008 foi preparado pelo Centro Europeu de Investigação de Assuntos Sociais.

Nas respostas, os torcedores definiram até que ponto o esporte influi em decisões básicas como planejar um fim-de-semana ou escolher namorados.

A maioria (63%) disse que planeja seu tempo livre em função do calendário de competições esportivas. Só marca programas se não tiver que perder a transmissão de alguma partida.

O time ou seleção também conta como quesito na hora de encontrar uma namorada. Quatro de cada dez entrevistados preferem que a parceira torça pela mesma equipe.

A pesquisa ainda revelou dados sobre o comportamento dos torcedores na hora do gol e da vitória ou derrota de seu time.

A maior parte dos torcedores (88%) respondeu que já abraçou ou beijou a um desconhecido durante a celebração de um evento esportivo.

Na hora de soltar a emoção, 66% admitiram chorar habitualmente nas vitórias ou derrotas de seus times ou atletas favoritos.

Os portugueses são os mais "chorões" do ranking. Oito de cada dez confessaram que já choraram muito ou bastante por culpa do futebol. Os portugueses são seguidos na lista de "chorões" por belgas, alemães e britânicos.

Para liberar a emoção do esporte o melhor remédio é berrar. Essa foi a opção mais votada pelos entrevistados: 95% responderam que gritam muito quando assistem a alguma competição e se sentem aliviados por essa atitude.

Quanto às crendices, 40% disseram que repetem os mesmos rituais nos dias de finais ou eliminatórias. Os espanhóis são os que mais acreditam na influência da sorte e do azar - 69% afirmaram que são influenciados pela superstição no esporte.

As competições, especialmente o futebol, estão tão presentes no inconsciente dos torcedores europeus que, segundo a pesquisa, seis de cada dez chegam a sonhar com a vitória de seus times.

sábado, 17 de maio de 2008

Carta Abierta


PÁGINA 12:

Este documento fue presentado el martes en la librería Gandhi por una mesa conformada por Horacio Verbitsky, Nicolás Casullo, Ricardo Forster y Jaime Sorín. Fue firmado por más de 750 intelectuales, entre los que se cuentan decanos de la UBA, David Viñas, Norberto Galasso, Noé Jitrik, Eduardo Grüner, Horacio González, José Pablo Feinmann y muchos más nombres, que por limitaciones de espacio es imposible reproducir.

Como en otras circunstancias de nuestra crónica contemporánea, hoy asistimos en nuestro país a una dura confrontación entre sectores económicos, políticos e ideológicos históricamente dominantes y un gobierno democrático que intenta determinadas reformas en la distribución de la renta y estrategias de intervención en la economía. La oposición a las retenciones –comprensible objeto de litigio– dio lugar a alianzas que llegaron a enarbolar la amenaza del hambre para el resto de la sociedad y agitaron cuestionamientos hacia el derecho y el poder político constitucional que tiene el gobierno de Cristina Fernández para efectivizar sus programas de acción, a cuatro meses de ser elegido por la mayoría de la sociedad. Un clima destituyente se ha instalado, que ha sido considerado con la categoría de golpismo. No, quizás, en el sentido más clásico del aliento a alguna forma más o menos violenta de interrupción del orden institucional. Pero no hay duda de que muchos de los argumentos que se oyeron en estas semanas tienen parecidos ostensibles con los que en el pasado justificaron ese tipo de intervenciones, y sobre todo un muy reconocible desprecio por la legitimidad gubernamental.

Esta atmósfera política, que trasciende el “tema del agro”, ha movilizado a integrantes de los mundos políticos e intelectuales, preocupados por la suerte de una democracia a la que aquellos sectores buscan limitar y domesticar. La inquietud es compartida por franjas heterogéneas de la sociedad que más allá de acuerdos y desacuerdos con las decisiones del Gobierno consideran que, en los últimos años, se volvieron a abrir los canales de lo político. No ya entendido desde las lógicas de la pura gestión y de saberes tecnocráticos al servicio del mercado, sino como escenario del debate de ideas y de la confrontación entre modelos distintos de país. Y, fundamentalmente, reabriendo la relación entre política, Estado, democracia y conflicto como núcleo de una sociedad que desea avanzar hacia horizontes de más justicia y mayor equidad.

Desde 2003 las políticas gubernamentales incluyeron un debate que involucra a la historia, a la persistencia en nosotros del pasado y sus relaciones con los giros y actitudes del presente.

Un debate por las herencias y las biografías económicas, sociales, culturales y militantes que tiene como uno de sus puntos centrales la cuestión de la memoria articulada en la política de derechos humanos y que transita las tensiones y conflictos de la experiencia histórica, indesligable de los modos de posicionarse comprensivamente delante de cada problema que hoy está en juego.

En la actual confrontación alrededor de la política de retenciones jugaron y juegan un papel fundamental los medios masivos de comunicación más concentrados, tanto audiovisuales como gráficos, de altísimos alcances de audiencia, que estructuran diariamente “la realidad” de los hechos, que generan «el sentido» y las interpretaciones y definen “la verdad” sobre actores sociales y políticos desde variables interesadas que exceden la pura búsqueda de impacto y el rating. Medios que gestan la distorsión de lo que ocurre, difunden el prejuicio y el racismo más silvestre y espontáneo, sin la responsabilidad por explicar, por informar adecuadamente ni por reflexionar con ponderación las mismas circunstancias conflictivas y críticas sobre las que operan.

Esta práctica de auténtica barbarie política diaria, de desinformación y discriminación, consiste en la gestación permanente de mensajes conformadores de una conciencia colectiva reactiva.

Privatizan las conciencias con un sentido común ciego, iletrado, impresionista, inmediatista, parcial. Alimentan una opinión pública de perfil antipolítica, desacreditadora de un Estado democráticamente interventor en la lucha de intereses sociales. La reacción de los grandes medios ante el Observatorio de la discriminación en radio y televisión muestra a las claras un desprecio fundamental por el debate público y la efectiva libertad de información. Se ha visto amenaza totalitaria allí donde la Facultad de Ciencias Sociales de la UBA llamaba a un trato respetuoso y equilibrado del conflicto social.

En este nuevo escenario político resulta imprescindible tomar conciencia no sólo de la preponderancia que adquiere la dimensión comunicacional y periodística en su acción diaria, sino también de la importancia de librar, en sentido plenamente político en su amplitud, una batalla cultural al respecto. Tomar conciencia de nuestro lugar en esta contienda desde las ciencias, la política, el arte, la información, la literatura, la acción social, los derechos humanos, los problemas de género, oponiendo a los poderes de la dominación la pluralidad de un espacio político intelectual lúcido en sus argumentos democráticos.

Se trata de una recuperación de la palabra crítica en todos los planos de las prácticas y en el interior de una escena social dominada por la retórica de los medios de comunicación y la derecha ideológica de mercado. De la recuperación de una palabra crítica que comprenda la dimensión de los conflictos nacionales y latinoamericanos, que señale las contradicciones centrales que están en juego, pero sobre todo que crea imprescindible volver a articular una relación entre mundos intelectuales y sociales con la realidad política. Es necesario crear nuevos lenguajes, abrir los espacios de actuación y de interpelación indispensables, discutir y participar en la lenta constitución de un nuevo y complejo sujeto político popular, a partir de concretas rupturas con el modelo neoliberal de país. La relación entre la realidad política y el mundo intelectual no ha sido especialmente alentada desde el gobierno nacional y las políticas estatales no han considerado la importancia, complejidad y carácter político que tiene la producción cultural.

En una situación global de creciente autonomía de los actores del proceso de producción de símbolos sociales, ideas e ideologías, se producen abusivas lógicas massmediáticas que redefinen todos los aspectos de la vida social, así como las operaciones de las estéticas de masas reconvirtiendo y sojuzgando los mundos de lo social, de lo político, del arte, de los saberes y conocimientos. Son sociedades cuya complejidad política y cultural exige, en la defensa de posturas, creencias y proyectos democráticos y populares, una decisiva intervención intelectual, comunicacional, informativa y estética en el plano de los imaginarios sociales.

Esta problemática es decisiva no sólo en nuestro país, sino en el actual Brasil de Lula, en la Bolivia de Evo Morales, en el Ecuador de Correa, en la Venezuela de Chávez, en el Chile de Bachelet, donde abundan documentos, estudios y evidencias sobre el papel determinante que asume la contienda cultural y comunicativa y las denuncias contra los medios en manos de los grupos de mercado más concentrados. Es también en esta confrontación, que se extiende al campo de la lucha sobre las narraciones acerca de las historias latinoamericanas, donde hoy se está jugando la suerte futura de varios gobiernos que son jaqueados y deslegitimados por sus no alineamientos económicos con las recetas hegemónicas y por sus «desobediencias» políticas con respecto a lo que propone Estados Unidos.

Reconociendo los inesperados giros de las confrontaciones que vienen sucediéndose en esta excepcional edad democrática y popular de América latina desde comienzos de siglo XXI, vemos entonces la significación que adquiere la reflexión crítica en relación con las vicisitudes entre Estado, sociedad y mercado globalizado. Uno de los puntos débiles de los gobiernos latinoamericanos, incluido el de Cristina Fernández, es que no asumen la urgente tarea de construir una política a la altura de los desafíos diarios de esta época, que tenga como horizonte lo político emancipatorio.

Porque no se trata de proponer un giro de precisión académica a los problemas, sino de una exigencia de pasaje a la política, en un tiempo argentino en el que se vuelven a discutir cuestiones esenciales que atraviesan nuestras prácticas. Pasaje hacia la política que nos confronta con las dimensiones de la justicia, la igualdad, la democratización social y la producción de nuevas formas simbólicas que sean capaces de expresar las transformaciones de la época. En este sentido es que visualizamos la originalidad de lo que está ocurriendo en América latina (más allá de las diferencias que existen entre los distintos proyectos nacionales) y los peligros a los que nos enfrentamos, peligros claramente restauracionistas de una lógica neoliberal hegemónica durante los años noventa.

Teniendo en cuenta esta escena de nuestra actualidad, nuestro propósito es aportar a una fuerte intervención política –donde el campo intelectual, informativo, científico, artístico y político juega un rol de decisiva importancia– en el sentido de una democratización, profundización y renovación del campo de los grandes debates públicos. Estratégicamente se trata de sumar formas políticas que ayuden a fecundar una forma más amplia y participativa de debatir.

Nos interesa pues encontrar alternativas emancipadoras en los lenguajes, en las formas de organización, en los modos de intervención en lo social desde el Estado y desde el llano, alternativas que puedan confrontar con las apetencias de los poderes conservadores y reactivos que resisten todo cambio real. Pero también que pueda discutir y proponer opciones conducentes con respecto a los no siempre felices modos de construcción política del propio gobierno democrático: a las ausencias de mediaciones imprescindibles, a las soledades enunciativas, a las políticas definidas sin la conveniente y necesaria participación de los ciudadanos. Una nueva época democrática, nacional y popular es una realidad de conflictos cotidianos, y precisa desplegar las voces en un vasto campo de lucha, confiar, alentar e interactuar.

En este sentido, sentimos que las carencias que muchas veces muestra el Gobierno para enfocar y comprender los vínculos, indispensables, con campos sociales que no se componen exclusivamente por aquellos sectores a los que está acostumbrado a interpelar, no posibilitan generar una dinámica de encuentro y diálogo recreador de lo democrático-popular. Creemos indispensable señalar los límites y retrasos del Gobierno en aplicar políticas redistributivas de clara reforma social. Pero al mismo tiempo reconocemos y destacamos su indiscutible responsabilidad y firmeza al instalar tales cuestiones redistributivas como núcleo de los debates y de la acción política desde el poder real que ejerce y conduce al país (no desde la mera teoría), situando tal tema como centro neurálgico del conflicto contra sectores concentrados del poder económico.

Todo lo expresado y resumido da pie a la necesidad de creación de un espacio político plural de debate que nos reúna y nos permita actuar colectivamente. Experiencia que se instituye como espacio de intercambio de ideas, tareas y proyectos, que aspira a formas concretas de encuentro, de reflexión, organización y acción democrática con el Gobierno y con organizaciones populares para trabajar mancomunadamente, sin perder como espacio autonomía ni identidad propia. Un espacio signado por la urgencia de la coyuntura, la vocación por la política y la perseverante pregunta por los modos contemporáneos de la emancipación.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

SARKOZY E O MILHO TRANSGÊNICO


DW:

Um ano após assumir a presidência da França, Nicolas Sarkozy não tem muito o que comemorar. Suas bases se mostram enfraquecidas e os próprios correligionários do UMP não parecem satisfeitos com os rumos de sua política.

Esta não foi definitivamente a semana de Nicolas Sarkozy. Embora o presidente francês veja a si próprio como um vencedor absoluto, que conduz reformas estrondosas em seu país e, ainda de tabela, trata de implementar mudanças na União Européia, surge em seu próprio partido, o UMP (União por um Movimento Popular), uma resistência nada discreta a sua pessoa.

A primeira derrota de Sarkozy se deu na última terça-feira (13/05): a proposta do Partido Comunista de derrubar a chamada "lei do milho transgênico" foi supreendentemente acolhida pela Assembléia Nacional com uma maioria apertada. Isso num Parlamento no qual o Partido Conservador, de Sarkozy, dispõe de quase dois terços das cadeiras.

A segunda ducha de água fria para o presidente viria na quarta-feira (14/05): a Comissão Extraordinária, dominada pelo UMP, rejeitou a proposta de uma reforma constitucional. Nos dois casos, no entanto, as propostas ainda podem, com o auxílio de regras consideravelmente complicadas, ser aprovadas pelo Parlamento.

"Homem em dificuldades"

Dos quatro votos contra a reforma dentro da Comissão, três vieram de membros do partido de Sarkozy. "Os parlamentares não acreditam mais no funcionamento de suas reformas. Sua personalidade e seus métodos os deixam apreensivos", afirmou recentemente um deputado do UMP.

Segundo Wolfgang Neumann, do Instituto Franco-Alemão de Ludwigsburg, Sarkozy desprezou a Assembléia Nacional, ao considerar a mesma um mero órgão de despachos. Isso teria desencadeado a reação dos parlamentares, responsáveis pelos fracassos na aprovação de propostas do governo. Em meados de março último, o UMP já teve que amargar boas perdas nas eleições municipais.

Sarkozy é "um homem em dificuldades", explica Philippe Moreau Defarges, do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI), sediado em Paris. "Ele tem, acima de tudo, um problema de comunicação", afirma o analista. Há meses que o clima se tornou péssimo nos bastidores do UMP: ministros e vice-ministros se opõem uns aos outros e as críticas ao estilo autoritário de Sarkozy ecoam cada vez mais alto.

Até a relação do presidente com o premiê François Fillon parece ter sofrido. Em parte porque o primeiro-ministro foi obrigado a assumir publicamente determinados erros, que, na verdade, teriam que ter sido atribuídos ao presidente. Por essas e por outras, a imagem de Sarkozy, segundo uma enquete feita no país, está arranhadíssima. Mais de 65% dos franceses não vêem sua presidência com bons olhos.

Promessas não cumpridas

Antes de assumir o cargo, Sarkozy havia prometido "não decepcionar" os franceses. Passado um ano, o poder aquisitivo da população diminuiu e a economia está crescendo muito mais lentamente que em outros países da UE.

O presidente não é, sozinho, o responsável pela miséria política, diz Moreau Defarges, uma vez que as dívidas públicas são uma herança do governo Chirac, a serem pagas sob um controle acirrado da UE, que ameaça com uma advertência ao país.

"Mas Sarkozy também está pagando pelos próprios erros", diz o especialista, que vê como fracassadas as tentantivas de polir a imagem do presidente, ao apresentá-lo na mídia como um homem próximo ao povo e um estadista. Acima de tudo, o propósito de expor sua vida privada prejudicou enormemente sua popularidade, acredita Moreau Defarges.

Mudanças mais que necessárias

Aos poucos, o presidente parece perceber que não se encontra no caminho certo. Em meados de abril último, ele já havia tentado, ao discursar frente às câmeras de TV, reaver a confiança da população. "Errei", assumiu o presidente publicamente.

Há poucos dias, uma equipe de consultores do governo reuniu-se com representantes do Parlamento, a fim de tentar sanar a série de desavenças e arestas surgidas nos últimos tempos. Desde então, diminuíram tanto seus escorregões verbais, quanto as aparições públicas ao lado da nova mulher, Carla Bruni, ou de posse de mais um novo relógio caríssimo no braço, à mostra.

Em termos de conteúdo, Sarkozy deveria continuar a dar curso às reformas anunciadas, defende Moreau Defarges. "Ele não tem escolha", diz o especialista. De inerte, porém, o presidente francês não pode ser acusado. Desde que assumiu o cargo, há um ano, reduziu os impostos a fim de aquecer a conjuntura, cortou os subsídios à família e impôs a extinção da aposentadoria precoce para funcionários públicos.

Neste pouco tempo de governo, o "onipresidente" Sarkozy levou à frente nada menos que 55 projetos de reformas. Projetos demais, apontam as vozes críticas. "Ele não tem uma linha definida e deveria se concentrar em áreas primordiais", diz Neumann.

Revolta de palácio ou revolução de verdade?

Entre os setores mais importantes que carecem de uma reforma está a previdência e o sistema de saúde, além da necessidade de redução de pessoal no serviço público, contra a qual houve na última quinta-feira manifestações no país.

Se Sarkozy, apesar de todas as resistências, conseguir levar adiante sua política de reformas, procurando o diálogo, é possível que ainda possa reaver a confiança da população, acreditam os analistas políticos. "Para ter sucesso, ele precisa mudar o conteúdo de suas propostas e seu estilo pessoal – a fim de evitar que de uma revolta de palácio dentro do próprio partido acabe surgindo uma revolução de verdade."


Torsten Schäfer (sv)

Número de espécies caiu 27% em 35 anos, diz estudo




BBC:

Um estudo divulgado pelo WWF (Fundo Mundial para Natureza) e a Sociedade de Zoologia de Londres mostraram que o número de espécies terrestres, marinhas e de água doce registrou uma queda total de 27% entre 1970 e 2005.

Segundo estes dados, compilados no Living Planet Index (Índice Planeta Vivo), que acompanha cerca de 4 mil populações, as espécies marinhas como o peixe-espada, estão entre as mais atingidas, com queda de 28% apenas entre 1995 e 2005.

Aves marinhas também sofreram uma queda grande, de cerca de 30% desde a metade da década 90.

Outras espécies como o antílope africano e o tubarão-martelo também foram muito afetadas. Outra espécie, o baiji, ou o golfinho do rio Yangtze, pode ter desaparecido completamente.

O índice, que acompanha cerca de 241 espécies de peixes, 83 anfíbios, 40 répteis, 811 aves e 302 mamíferos, revela que espécies terrestres sofreram queda de 25%, espécies marinhas caíram em 28% e espécies de água doce caíram 29% entre 1970 e 2005.

Segundo o WWF, a destruição dos habitats e o comércio de animais selvagens são as grandes causas do declínio destas populações e acrescenta que, nos próximos 30 anos, a mudança climática será um dos fatores de crescente importância que vai afetar as espécies.

Qualidade de vida

Enquanto a biodiversidade continua em queda, um relatório do WWF elaborado em 2006 concluiu que atualmente a humanidade está consumindo cerca de 25% mais recursos naturais do que o planeta consegue repor.

O WWF afirmou que se a perda da biodiversidade não for paralisada, haverá impacto para os humanos também.

"Biodiversidade reduzida significa que milhões de pessoas vão enfrentar um futuro no qual os suprimentos de alimentos são mais vulneráveis a pragas e doenças", disse o diretor-geral do WWF, James Leape.

"Ninguém escapa do impacto da perda da biodiversidade, pois a diversidade global reduzida se traduz de forma clara em menos medicamentos, maior vulnerabilidade a desastres naturais e maiores efeitos do aquecimento global", acrescentou.

Convenção

As descobertas foram divulgadas dias antes do início da reunião Convenção sobre Biodiversidade, que começa no dia 19 de maio na cidade alemã de Bonn.

A Convenção foi assinada em 1992 com o objetivo de estabelecer o tamanho da perda de espécies. Em 2002, os países integrantes da convenção prometeram atingir uma "redução significativa" na atual taxa de perda de biodiversidade até 2010.

Mas a Sociedade de Zoologia de Londres afirmou que, desde então, os governos não estabeleceram as políticas necessárias para alcançar este objetivo.

O WWF, por sua vez, pediu que os governos que vão se reunir em Bonn honrem seus compromissos e estabeleçam áreas de proteção para a vida selvagem, além de adotarem uma meta, para alcançar índice zero de devastação de florestas até 2020.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Amazônia é 'lixeira' de políticas públicas, diz economista


Pablo Uchoa
Enviado especial da BBC Brasil a Montecristi, Equador

O economista Alberto Acosta, presidente da Assembléia Constituinte do Equador
Economista quer desenvolvimento em nível 'glocal'
O economista e presidente da Assembléia Constituinte do Equador, Alberto Acosta, braço direito do presidente Rafael Correa, diz que a Amazônia tornou-se "uma lixeira de políticas públicas".

Em entrevista à BBC Brasil, o especialista em Amazônia defendeu para a região o que chama de "desenvolvimento glocal": um modelo que atenda à crescente demanda do mundo globalizado por recursos naturais respeitando as populações locais e a sua relação com a natureza.

"Tivemos no passado um processo de depredação organizado sistematicamente pelo Estado, que transformou a Amazônia em uma lixeira de políticas públicas", afirmou.

"Nós sempre imaginamos que no subsolo da Amazônia há riquezas petroleiras e minerais, e há sim. Mas o que esses recursos geram são fluxos financeiros que não se traduzem em desenvolvimento, em reinvestimento produtivo sustentável."

No Equador, um país onde o petróleo – extraído da região amazônica – responde por um em cada dois dólares recebidos com exportações, o dilema é real.

O governo equatoriano tem buscado soluções para compensar a perda de receita caso proíba atividades de extração de petróleo em áreas protegidas, uma demanda freqüente entre comunidades indígenas que enfatizam sua ligação com a terra e a natureza.

"Há 40 anos começou a fluir petróleo da Amazônia. Já extraímos mais de 4 bilhões de barris, recebemos mais de US$ 82 bilhões em termos líquidos, e o desenvolvimento não aparece em lugar nenhum. O Equador não se desenvolveu, pelo contrário. Na Amazônia a situação é mais grave do que antes."

"A verdadeira riqueza da Amazônia é sua cultura, indígena ou mestiça, e sua biodiversidade. Só através da simbiose entre cultura e biodiversidade é possível aproveitar as riquezas regionais como estratégia de desenvolvimento", defende Alberto Acosta.

Recursos naturais

No Equador, as petroleiras estão aguardando para saber se o governo permitirá a exploração de petróleo no campo ITT, que fica no Parque Nacional Yasuní, uma área de proteção ambiental.

Os investimentos estão em marcha lenta até que a Constituinte presidida por Acosta apresente as novas regras do jogo, nos próximos meses.

O governo equatoriano diz que pode proibir a exploração em Yasuní se receber dinheiro em troca. Correa sugere um fundo internacional que garanta US$ 350 milhões ao Equador – o equivalente à metade do que o país estima que ganharia com a atividade petroleira no local.

O problema diz respeito ao Brasil porque a Petrobras é uma das interessadas na área. Em abril de 2007, a disposição para uma parceria com a estatal Petroecuador figura nos memorandos de entendimento assinados bilateralmente.

Mas na prática a indefinição tem mantido em suspenso os investimentos da Petrobras inclusive no campo 31, um bloco que fica na fronteira com Yasuní.

A única extração da Petrobras no Equador é realizada no bloco 18, e ainda assim a atividade é pequena – apenas 35 mil barris diários, em 700 mil barris diários produzidos no Equador.

"Somos muito firmes em lutar para que não se produza petróleo da Amazônia", afirma Alberto Acosta, para quem a extração de petróleo é apenas um aspecto da insustentabilidade do que considera um modelo extracionista aplicado na região.

"Por conta das atividades produtivas baseadas no monocultivo e da extração de madeira, a Amazônia tem índices de desmatamento enormes, de deterioro ambiental muito grande. Justamente nas províncias amazônicas, Sucumbíos e Orellana, se registram os maiores índices de pobreza do Equador."

Poder indígena

Em um livro escrito em 2005, Acosta reconheceu que seu discurso sobre a Amazônia mudou com o tempo.

De funcionário da PetroEcuador – "empresa à qual interessava e interessa, sem maiores preocupações ecológicas, maximizar a extração de petróleo na região", escreveu, fazendo um mea culpa –, ele se transformou em um dos mais duros críticos da atividade econômica na floresta.

O novo discurso acompanha as mudanças políticas no Equador, um país no qual a ascensão política da maioria indígena levou à eleição de presidentes que reivindicam soberania sobre os recursos naturais.

É o movimento étnico que encabeça, por exemplo, uma ação na Justiça que espera abocanhar da petroleira americana Chevron uma indenização de US$ 16 bilhões por danos ambientais causados pela Texaco – hoje sua controlada – em duas décadas de operação na Amazônia, entre 1972 e 1990.

Cerca de 30 mil habitantes da Amazônia alegam que foram prejudicados pela contaminação do meio ambiente e pela destruição do patrimônio cultural dos povos nativos. Espera-se que a sentença saia em 2009.

"Os camponeses e indígenas estão assentados em áreas que serão fortemente afetadas por modelos, digamos, extracionistas de matérias-primas", afirma Ricardo Carrillo, porta-voz do principal partido indígena do Equador, Pachakutik.

"O desenvolvimento econômico afeta muito os setores rurais e por isso uma das relações fundamentais do Equador tem de ser com o meio ambiente. Isso nunca foi tomado em conta."

'Maldição da abundância'

Acosta afirma que muitos países "estão dando um passo em direção ao 'neodesenvolvimentismo'". "É mais ou menos fazer o que se fez no passado: fortalecer o papel do Estado, impulsionar os mercados domésticos e forçar um crescimento econômico muito vigoroso", diz.

"Mas em outros países há os que estamos envolvidos com mudanças, e achamos que é preciso fazer diferente. Não é fazer bem o que se fez antes, e sim fazer coisas novas, que passam, por exemplo, pelo respeito à natureza."

Manifestado entre palavras cautelosas, existem temores latentes de que a expansão de países maiores, e em especial do Brasil - nação com "marcado neodesenvolvimentismo", no entender de Acosta -, signifique a apropriação dos recursos naturais de vizinhos em situação de desvantagem.

"Não quero usar um termo duro, mas poderia estar se constituindo na região uma espécie de subimperialismo, e isso não é bom para a região. Se há um país grande, que tem empresas transnacionais com práticas próprias e similares às dos países ricos, esse país não estaria dentro da lógica da integração (regional)."

Há cerca de um ano e meio no governo, a equipe do presidente Rafael Correa ainda tenta definir na prática o modelo de desenvolvimento do país – uma tarefa simbolizada pela própria Assembléia Constituinte presidida por Acosta.

Ele diz que quer pôr em prática no Equador um modelo de desenvolvimento "centrado no ser humano", que fuja da "benção" e da "maldição" que os recursos naturais significam para os países sul-americanos.

"Nós, como o Brasil, como a Argentina, como o Chile, somos exportadores de bens primários: cacau, banana, balsa, café, petróleo. Enquanto financiarmos nossas economias com esses bens naturais, não vamos nos desenvolver", diz Acosta.

"Estamos presos na maldição da abundância. Somos países pobres porque somos ricos em recursos naturais, e não aproveitamos nossas verdadeiras capacidades, nossa verdadeira riqueza, que não está nos recursos naturais, e sim no ser humano."

Portrayal of George W. Bush in international advertisements


George W. Bush is undoubtedly one of the most popular figures of current times. He's infamous for many things he misspoke and his views on how to handle national security. His ideology affected not only the United States, but the whole world in a major way. No wonder he's been on top of mind for many creatives and became the hero of numerous advertisements in the last few years.

Here is a collection of some of the most interesting ads that dissect his character in order to sell an idea or a product. You be the judge whether they are successful in achieving this objective.

CLIQUE NO TÍTULO DESTA POSTAGEM PARA VER A GALERIA DE ANÚNCIOS COM BUSH.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Los datos personales de seis millones de chilenos, expuestos en Internet


EL PAÍS:

Los datos personales de unos seis millones de chilenos fueron subidos este sábado a Internet por un pirata informático que sustrajo archivos de las páginas electrónicas de diversos servicios públicos, según han confirmado distintas fuentes policiales.

Nombres de personas con sus números de identidad, direcciones, teléfonos comerciales y particulares, correos electrónicos e información académica y social aparecieron en la red, precisaron las fuentes. La información fue obtenida por el pirata electrónico desde la

Dirección General de Movilización Nacional, el Servicio Electoral, el Ministerio de Educación, el sitio de la Prueba de Selección Universitaria (PSU) y registros telefónicos.

La documentación apareció primero en FayerWayer, un blog chileno dedicado a temas tecnológicos, que recibió los datos en uno de sus foros y cuyos responsables dieron cuenta de inmediato a la Policía de Investigaciones, cuya Brigada del Cibercrimen comenzó a efectuar las diligencias para esclarecer el caso."De ser cierto, se trataría de un hecho grave. Por ello, se investiga la veracidad de la información", asegura el comisario Jaime Jara al diario El Mercurio.

Más tarde, la información también fue publicada por la página elantro.cl, en la que un usuario dejó disponibles los links de la página donde están almacenados los archivos, y cuyos administradores también procedieron a borrar los datos.

Una demostración que deja al descubierto millones de datos

El aún desconocido pirata informático acompañó un archivo en el que explicó que su intención era demostrar "lo mal protegidos que están los datos en Chile" y afirmó que ya que nadie se esmera en proteger esta información, decidió hacerla pública para todo el mundo. La publicación incluye los registros de los pases escolares para la locomoción colectiva del Ministerio de Educación, los inscritos para la PSU y un listado de números telefónicos equivalente a la guía residencial y comercial de Santiago, según El Mercurio.

El pirata informático, incluso, sostuvo que con los datos se puede generar un mapa virtual con Google Earth o Google Maps, donde se pueda ver gráficamente dónde vive cada persona. Además asegura que con los folios del pase escolar, y según los datos de la tarjeta BIP (tarjeta de pago electrónico del transporte público) se puede acceder a los recorridos diarios de los estudiantes.

domingo, 11 de maio de 2008

EE UU incineró a caídos en Irak en crematorios para perros


EL PAÍS:

Desde el año 2001, los militares de EE UU han estado incinerando cuerpos de soldados caídos en Irak y Afganistán en una instalación del Estado de Delaware que también quemaba perros y otros animales de compañía, según confirmó el viernes por la noche el Pentágono. El secretario de Defensa, Robert Gates, ordenó el final de esta práctica -que ha afectado a más de 200 hombres- y abrió una investigación para saber cómo se han gestionado esas cremaciones.

A pesar de que el portavoz del Pentágono, Geoff Morrell, insistiese en rueda de prensa en que en ningún momento los cadáveres de los uniformados habían sido quemados en los mismos hornos en los que se reducía a cenizas a los animales de compañía, también quiso puntualizar que el Departamento de Defensa consideraba que el uso de ese lugar era "totalmente inapropiado para dar un trato digno a nuestros caídos". "Las familias de los militares fallecidos en acción tienen las más sinceras disculpas del secretario de Defensa", finalizó Morrell.

Oficial indignado

Todo ha salido a la luz -y amenaza con convertirse en un escándalo- después de que un oficial de la Armada que trabaja para el Pentágono viajase el pasado jueves hasta la base aérea de Dover, en Delaware, para atender a la incineración de un colega militar que carecía de familia. Cuando el oficial descubrió que el lugar en cuestión era un crematorio de animales de compañía, ajeno a la base militar, se sintió ofendido y envió un correo electrónico a sus superiores.

La Fuerza Aérea no tiene un crematorio en la base de Dover, puerto de entrada de gran parte de los muertos que llegan de las guerras que Estados Unidos libra en el extranjero. Como consecuencia, en 2001 el Departamento de Defensa se vio obligado a firmar un contrato con dos funerarias que pudiesen hacerse cargo de las cremaciones, la mayoría de ellas de soldados sin familias o amigos cercanos.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Músico toca para taxista que devolveu violino de US$ 4 mi


BBC:

Um conhecido violinista americano que deixou um violino de 285 anos em um táxi nos Estados Unidos fará uma apresentação ao motorista que devolveu o instrumento.

Philippe Quint fará a apresentação de 30 minutos nesta terça-feira no estacionamento de táxis do aeroporto Newark Liberty Internacional.

Quint deixou o violino - um Kiesewetter Stradivarius de 1723 avaliado em US$ 4 milhões (cerca de R$ 6,6 mi) - em um táxi que pegou no aeroporto depois de retornar de uma apresentação em Dallas, no mês passado.

O motorista, Mohamed Khalil, entrou em contato com o violinista no dia seguinte para devolver o instrumento.

Khalil, um imigrante egípcio, recebeu uma recompensa de US$ 100 do violinista e também uma medalha da prefeitura de Newark.

Além da apresentação no aeroporto, Khalil e a família também receberam ingressos para o próximo concerto de Quint em Nova York, no Carnegie Hall, em setembro.

O violino foi feito pelo italiano Antonio Stradivari e pertenceu ao compositor alemão do século 18 Christophe Kiesewetter.

Em 2006, a Sociedade Stradivari organizou o empréstimo do instrumento - que pertence ao casal Clement e Karen Arrison - para Quint, que já foi indicado para um Grammy.

Depois de deixar o violino no táxi, Quint havia telefonado para a polícia e as autoridades portuárias de Nova York e Nova Jérsei.

Khalil ficou sabendo que o músico estava à procura do instrumento, percebeu que havia sido deixado em seu carro e foi colocado em contato com Quint.

De ponta-cabeça


Conheça a simplicidade voluntária, um estilo de vida que perverte velhos conceitos, e descubra de uma vez por todas como simplificar sua vida

por Priscilla Santos

Você deve ter passado a vida inteira ouvindo a expressão: tempo é dinheiro. Como se cada segundo desperdiçado equivalesse a moedas indo pelo espaço. Também deve ter escutado aos montes sobre a sociedade materialista e seus supostos males à humanidade. Agora, suponhamos que tudo isso virasse de cabeça para baixo. Dinheiro é tempo o tempo que você gasta para ganhá-lo. E materialismo pode ser bom desde que você entenda como materialista aquela pessoa que valoriza tanto os bens materiais, mas tanto mesmo, que aproveita tudo o que pode deles, e, por isso mesmo, não precisa de muito para se satisfazer. Essas remexidas em velhos conceitos são algumas das propostas da simplicidade voluntária, um estilo de vida que passou a se propagar nos Estados Unidos nos anos 70, em resposta à sociedade de consumo, ganhou ecos em países como Canadá e França e, devagarzinho, chega ao Brasil. Pesquisas estimam que, nos Estados Unidos, cerca de 20 milhões de pessoas, 10% da população, estejam optando por uma vida materialmente mais comedida, pautada na convivência com a família, os amigos e a comunidade e no respeito à natureza, no sentido de fazer o máximo para preservar seus recursos. Uma maneira de viver que é exteriormente mais simples e interiormente mais rica, diz o escritor norteamericano Duane Elgin em seu livro Simplicidade Voluntária. O título do livro, lançado em 1981, deu nome a essa forma de viver.

A expressão simplicidade voluntária deixa claro que ter uma vida mais simples é questão de escolha, de estarmos mais conscientes do que queremos, de quais são os propósitos da nossa vida. E esclarece: não se deve confundir simplicidade com pobreza. Simplicidade é escolha, pobreza não. Simplicidade tampouco tem a ver com negar a tecnologia afinal, ela é muito útil. E muito menos significa mudar-se para uma cabana na floresta. A idéia é simplificar a vida onde se está, com o que se tem - e a maior parte das pessoas que já fazem isso vive nas cidades.

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terça-feira, 6 de maio de 2008

Aquecimento global ameaça insetos tropicais de extinção, diz estudo


BBC:

Muitos insetos tropicais correm risco de ser extintos até o final deste século caso não consigam se adaptar ao aumento previsto nas temperaturas globais, indica um estudo realizado por pesquisadores americanos.

A pesquisa, coordenada pela Universidade de Washington, sugere que os insetos das regiões tropicais são mais sensíveis às mudanças de temperatura do que aqueles originários de outras partes do planeta.

Segundo os cientistas, em latitudes mais altas pode ocorrer o inverso, com uma explosão na população de insetos.

Os pesquisadores afirmam que essas mudanças no número de insetos em determinadas regiões podem ter efeitos secundários na polinização das plantas e nos estoques de alimentos.

Mudanças de temperatura

No estudo, publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, os pesquisadores americanos analisaram como as mudanças de temperatura entre 1950 e 2000 afetaram 38 espécies de insetos.

Segundo os cientistas, os organismos de sangue frio não conseguem regular a temperatura corporal como os animais de sangue quente.

Suas táticas estão limitadas a buscar abrigo na sombra quando está quente ou ficar ao sol quando está frio.

Os cientistas prevêem que essas espécies terão de lutar para sobreviver com o aumento de 5,4 C na temperatura previsto até 2100.

Os pesquisadores afirmam que, mesmo que algumas espécies sejam capazes de migrar para latitudes mais altas ou evoluir para se adaptar ao clima mais quente, é provável que outras desapareçam.