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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

NÃO ESQUEÇA: A CULPA É TODA SUA!


Como funciona o lobby da Nestlé, Unilever e Danone para esconder o excesso de sal, gordura e açúcar nos rótulos


Por João Peres.

A ANVISA quer novos rótulos para os alimentos. O órgão, que dita as regras de venda de alimentos e remédios no Brasil, criou em maio de 2018 uma proposta que pode obrigar fabricantes a incluir alertas gráficos sobre a presença de componentes nocivos à saúde, como sal, açúcar e gorduras nas embalagens. O sistema também busca padronizar informações, como as medidas básicas usadas para indicar a proporção de nutrientes e ingredientes. Sem essa padronização, a indústria confunde o consumidor diante da prateleira, que precisa decidir sobre a influência de 1g de sal em embalagens de quantidades diferentes.

No mundo inteiro, governos buscam soluções criativas para lidar com a obesidade e as doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e câncer, que se transformaram nas maiores ameaças à saúde pública. No Brasil, três em cada quatro mortes são causadas por elas. A tentativa da Anvisa de aprovar um rótulo mais claro, com alertas sobre componentes nocivos à saúde e relacionados a essas doenças, seria uma maneira de incentivar a população a optar por alimentos mais saudáveis.

A proposta, no entanto, incomodou empresas como Coca-Cola, Nestlé, Unilever e Danone, gigantes do setor de ultraprocessados – alimentos industrializados prontos para o consumo feitos com componentes químicos e, em geral, cheios de sódio, açúcar e gorduras –, que têm se movimentado fortemente para evitar a aprovação da nova regra. A proposta já passou por uma primeira e turbulenta fase de consulta pública. Agora, deve haver uma nova consulta, e finalmente o texto precisa passar pela diretoria.

A resistência da indústria é encabeçada pela Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação, a Abia, composta por Nestlé, Unilever, Bauducco e Danone, entre outras gigantes do ramo. Para enfrentar a decisão, essas empresas seguem um roteiro bem conhecido: buscam convencer o governo, a opinião pública, a mídia e os cientistas de que, talvez, os malefícios de seus produtos não sejam tão grandes assim. É bem parecido com o que faziam as fabricantes de cigarro no passado, uma comparação que a indústria de alimentos odeia. Normalmente funciona.

O lobby dos alimentos foi descrito em 2015 pela pesquisadora francesa Mélissa Mialon, atualmente no Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, a Universidade de São Paulo. E, na briga contra a mudança nos rótulos, a estratégia de lobby já mostrou resultado: as empresas conseguiram estender o prazo da consulta pública da Anvisa graças a uma liminar.

Entenda como as empresas tentam impor suas vontades goela abaixo:

1. Elas exageram números
Assim que surge uma nova política que interfere nos negócios, a indústria corre para superdimensionar o seu impacto. A Abia, por exemplo, diz que alterar os rótulos pode levar ao fechamento de mais de 10% dos postos de trabalho no setor.

Na verdade, em menos de um mês foram apresentadas três estimativas diferentes: 145 mil, 180 mil e 200 mil – isso num segmento responsável por 1,8 milhão de empregos. Pedimos à associação que nos mostrasse como o levantamento foi feito, mas a explicação foi breve, dizendo apenas se tratar de relatório preliminar.

A entidade calcula que o total de prejuízos chegaria a R$ 100 bilhões e, num efeito-dominó, já fala em outros 1,9 milhão de postos de trabalho fechados em várias áreas. Apesar de a associação não divulgar o documento, tivemos acesso a ele. E vimos que o cálculo foi feito a partir da extrapolação dos números de uma pesquisa Ibope e não de um levantamento científico. A GO Associados, consultoria responsável pelo cálculo, levou em conta a preferência das pessoas por um modelo ou outro para supor o que ocorreria com o consumo. E ignorou a possibilidade das pessoas começarem a optar por produtos mais saudáveis (na projeção deles, é como se as pessoas tivessem parado de comer).

Há cálculos, no entanto, sobre qual seria o impacto de rótulos mais claros na saúde pública. No Canadá, país que começará em breve a implementar os alertas nos rótulos, a economia no sistema de saúde pode chegar ao equivalente a R$ 10 bilhões – em uma estimativa conservadora. Também procuramos os dados disponíveis no Chile, único país que já colocou em prática as advertências. Lemos o relatório financeiro das maiores empresas. E, lá, não encontramos sinal de fechamento de vagas de trabalho: pelo contrário, algumas até contrataram. A produção aumentou em alguns casos: os setores de alimentos e bebidas seguem crescendo, de acordo com o último relatório anual de vendas, publicado em junho, pela entidade que representa a indústria.

2. Pressionam autoridades

Como a Anvisa se mostrou irredutível, a Abia buscou a intervenção do Ministério da Saúde. Deu certo. Gilberto Occhi, que assumiu a função em abril, chegou a se colocar contra os alertas. “Não se pode mudar de forma radical uma embalagem sob pena de destruir produtos ou empregos e empresas”, disse.

A escadinha subiu e chegou ao Palácio do Planalto. “É importantíssimo. Essa coisa do triângulo, que é sinal de perigo, se não tomar cuidado daqui a pouco bota tarja preta no alimento. Vai prejudicar o setor”, disse Michel Temer durante almoço com industriais em São Paulo – ignorando que o excesso de sal e açúcar também prejudica as pessoas. O presidente da Abia chegou a pedir claramente a nomeação de um diretor da Anvisa alinhado às empresas. Mais tarde, o ministro Occhi baixou o tom.

A pressão chega ao Congresso também. Lá, desde 2008 tramita um um projeto de lei que propõe um outro método de sinalização de perigos no alimentos. O Projeto de Lei do Senado 439, de 2008, propõe adotar o semáforo, um sistema que prevê a colocação das cores verde, amarelo e vermelho para os nutrientes críticos. Se aprovado, o semáforo torna nulo o novo método que a Anvisa defende. Esse projeto ficou estacionado por muitos anos por pressão do setor privado, mas o surgimento dos alertas da Anvisa fez as empresas abraçarem esse sistema como uma estratégia de mal menor.
Você consegue saber se esse alimento é saudável? Esse é o rótulo que a indústria quer aprovar.


Detalhe: quem decidiu movimentar o PL foi o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, o tucano Tasso Jereissati, do Ceará. Ele é o maior engarrafador e distribuidor de Coca-Cola do Brasil depois da própria corporação. Jereissati entregou o projeto nas mãos de Armando Monteiro Neto, do PTB de Pernambuco, ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria. O relatório favorável foi aprovado e o texto seguiu para a Comissão de Assuntos Sociais.

3. Chamam o jurídico

As multinacionais do setor alimentício não hesitam em colocar seus escritórios de advocacia para trabalhar – mesmo que seja só para intimidar quem incomoda. Em julho, a Abia conseguiu por meio de uma liminar prorrogar por 15 dias a primeira fase de consulta pública sobre os rótulos. A Anvisa diz que o Judiciário foi induzido a erro e classificou as alegações da indústria como “infundadas”, “inverídicas”, “imprecisas” e “descontextualizadas”.

As associações empresariais aproveitaram a primeira fase de consulta pública para reforçar o jogo psicológico. Dizem que a agência está extrapolando seu papel, o que pode causar a “nulidade” do processo graças a medidas “inconstitucionais”.

4. Andam juntinho com cientistas

A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, a Sban, é uma entidade relevante no mundo científico, promovendo eventos de formação de profissionais e emitindo posicionamentos sobre questões-chave na comunidade de saúde. Em debates, em geral, seja em grupos de trabalho na Anvisa, seja em vídeos e documentos, a entidade se posiciona a favor das empresas.

Parece ilógico que uma sociedade de nutricionistas se posicione contra uma medida que visa alertar sobre excesso de componentes prejudiciais à saúde e dar transparência para a composição de alimentos, mas é isso o que acontece. A Sban aderiu até à campanha oficial da indústria, chamada Sua Liberdade de Escolha.

5. Perseguem opositores

O pesquisador brasileiro Carlos Monteiro, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, pesquisa o impacto dos alimentos ultraprocessados na saúde humana. Foi ele quem criou o sistema de “classificação de alimentos por extensão e propósito de processamento”. Foram suas as diretrizes que serviram de base para a elaboração do Guia Alimentar da População Brasileira, criado pelo Ministério da Saúde em 2014, que propõe uma alimentação baseada em comida de verdade com o mínimo de industrializados e ultraprocessados, aquelas formulações alimentícias repletas de sal, açúcar, gorduras e aditivos que você não entende muito bem como foram fabricadas.

Monteiro se tornou persona non grata para a indústria alimentícia. As organizações da ciência patrocinadas pelas empresas têm se articulado em ataques a Monteiro e ao novo rótulo. No ano passado, Mike Gibney, um pesquisador financiado pela Nestlé e por uma coalizão das fabricantes de cereais matinais, escreveu um artigo no qual dizia que a teoria do brasileiro não se sustenta. Ele deixou de lado evidências científicas que associavam o consumo de ultraprocessados com desfechos negativos.

“Não vamos acabar com todas as fábricas e voltar a cultivar apenas grãos. Não vai dar certo”, disse o pesquisador em entrevista ao The New York Times. “Se eu pedisse para 100 famílias brasileiras que parem de consumir alimentos processados, teria que me perguntar: o que elas comerão?”.

Gibney, vinculado à Universidade de Dublin, na Irlanda, tem rodado o mundo na tentativa de desacreditar Monteiro. Em maio, ele esteve no Brasil. Não em uma organização científica, mas na Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. A palestra foi promovida pelo Instituto Tecnológico de Alimentos, estatal paulista vinculada à Secretaria de Agricultura, que se posiciona contra as diretrizes de “comida de verdade” propostas pelo Ministério da Saúde no Guia Alimentar para a População Brasileira. E, claro, foi aplaudida pelos diretores da Abia. Também durante o Congresso Internacional de Nutrição, em outubro do ano passado, em Buenos Aires, pesquisadores com elos com a indústria buscaram desacreditar o trabalho de Monteiro. Associações de engenheiros de alimentos na América Latina se tornaram o braço mais ativo desses ataques, que nunca oferecem espaço ao grupo do pesquisador brasileiro.

6. E jogam a culpa em você

Essa foi uma das estratégias favoritas da indústria tabagista durante a sua batalha para evitar as restrições ao cigarro durante as décadas de 70, 80 e 90: afirmar que o fumante é o culpado, mesmo que se saiba que a nicotina provoca dependência e que a grande maioria jamais consegue deixar de fumar.

A indústria alimentícia, vale lembrar, se especializou em desenvolver produtos “impossíveis de comer um só”. O jornalista Michael Moss, autor do livro Sal, açúcar, gordura, narra em detalhes a estratégia das empresas para driblar os mecanismos de saciedade do nosso organismo. O que se descobriu é que a junção de açúcar e gordura na medida certa tapeia o corpo. “Os maiores sucessos — Coca-Cola, Doritos ou o prato semipronto Velveeta Cheesy Skillets, da Kraft — têm sua origem nas fórmulas que provocam as papilas gustativas o suficiente para serem atraentes sem ter um único sabor mais acentuado que diga ao cérebro: já chega!”

Mas os tempos mudaram e agora as empresas dizem recomendar moderação. Assim, se houver exagero, a culpa é do obeso, que não sabe fechar a boca. “A educação nutricional até pode parecer alguma coisa utópica. Mas a gente tem que lembrar que o rótulo não é um fim em si. A gente tem que ensinar o consumidor a ler. As pessoas não sabem, mas vão aprender. Não sabem interpretar, vão aprender”, disse Marcia Terra, coordenadora da Sban, em vídeo gravado para a Abia.

Tente ler o rótulo do Cup Noodles:
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Imagem: Reprodução
Está difícil? A culpa é sua.





Fonte: http://desacato.info/

Imagem Inicial: https://www.absolutearts.com/portfolios/m/mipagan/ (Trabalho de Michael Irrizarypagan: "POISON THE CHICKEN").

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

MONSANTO E OS AGROTÓXICOS



A Monsanto sofreu um duro golpe na última sexta-feira: foi condenada nos EUA por não advertir que seu agrotóxico podia ser cancerígeno. Deverá pagar quase US$ 290 milhões a Dewayne Johnson, vítima de um linfoma incurável causado pelo produto. Johnson, de 46 anos, atribui o câncer ao fato de ter aplicado herbicidas baseados em glifosato nos terrenos da escola onde trabalhou entre 2012 e 2014. A Monsanto, que enfrenta milhares de processos semelhantes, afirmou que vai recorrer e que décadas de estudos comprovam que o pesticida é seguro.

Enquanto isso... O Brasil é o campeão mundial de uso de agrotóxicos. Dados preliminares do Censo Agropecuário mostram que a quantidade de propriedades rurais que usam essas substâncias aumentou: comparada com a edição anterior da pesquisa, de 2006, a cifra cresceu em 20,4% no levantamento realizado ao longo de 2017.

Fonte: www.canalmeio.com.br

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

CANIBALISMO CORPORATIVO


Imagem: http://chriscold.deviantart.com/art/Scorched-Earth-500232998

Canibalismo corporativo: lo que sigue
 

Silvia Ribeiro*
La fusión entre Monsanto y Syngenta, dos de las más grandes y combatidas empresas de semillas transgénicas y agrotóxicos a escala mundial, parecía una mala fantasía. Hoy es probable y sólo una de las fusiones espectaculares que están ocurriendo. Aunque Syngenta rechazó por segunda vez a Monsanto –quiere más dinero–, otras dos gigantes, DuPont (dueña de Pioneer) y Dow Chemicals, acordaron apenas hace unos días fusionarse. Monsanto sigue intentando con Syngenta. Es apenas un rincón del escenario: los planes de las corporaciones van más allá, en pos de controlar sectores claves y cada vez más grandes de la producción agroalimentaria.

En 1981, el Grupo ETC (entonces llamado RAFI) denunció que las empresas de agroquímicos estaban comprando las semilleras y que su objetivo era desarrollar cultivos que toleraran los tóxicos de las propias empresas, para crear dependencia de los agricultores y vender más veneno, su negocio más lucrativo. Nos llamaron alarmistas, dijeron que tal tecnología nunca iba a existir; hasta que en 1995 la industria comenzó a plantar transgénicos: exactamente ese tipo de semilla.

En ese entonces había en el mundo más de 7 mil empresas que producían semillas comerciales, la mayoría familiares, y ninguna controlaba más de uno por ciento del mercado; 34 años después, seis trasnacionales controlan 63 por ciento del mercado global de semillas y 75 por ciento del mercado global de agrotóxicos. Monsanto, Syngenta, DuPont, Dow, Bayer y Basf, todas originalmente fabricantes de veneno, son las seis gigantes que controlan agrotóxicos, semillas y 100 por ciento de los transgénicos agrícolas, expresión de la fusión de ambos negocios. Como casi no quedan empresas, se dedican ahora al canibalismo. Syngenta es la más grande productora de agrotóxicos a escala global, por lo que hasta la empresa china de agrotóxicos, ChemChina, ofertó por ella, pero no le llegó al precio.

Monsanto insiste porque necesita desesperadamente acceder a nuevos agrotóxicos, ya que su producto estrella, el glifosato, está en crisis. En dos décadas de transgénicos el uso masivo de glifosato ha generado 24 malezas resistentes que colocan en inmensos problemas a los agricultores. El aumento de cáncer, abortos y malformaciones neonatales en las zonas de cultivo de transgénicos en Argentina, Brasil, Paraguay es de proporciones epidémicas. Que hijos de campesinos mueran no parece importarle a Monsanto, pero la Organización Mundial de la Salud declaró en 2015 que el glifosato es cancerígeno en animales y probablemente en humanos y eso sí fue un golpe. Por esto y más, a Monsanto le urge cambiar de agrotóxicos, cambiar de nombre por su enorme desprestigio y, si puede, cambiar de sede para evitar impuestos.

El glifosato inventado por Monsanto es el agrotóxico más vendido en la historia de la agricultura. Sólo por maíz y soya transgénica, su uso aumentó 20 veces en Estados Unidos en 17 años, cifras similares en Brasil y Argentina, y 10 veces a escala global. Pero ese negocio va en declive. Y Monsanto, engolosinada con su cuasi monopolio de transgénicos, no ha hecho investigación: en 2013, el maíz transgénico tolerante a glifosato representaba 44 por ciento de sus ventas totales, la soya tolerante a glifosato 11 por ciento, y más de 30 por ciento de sus ventas provienen de formulaciones de glifosato (RoundUp, Faena, Rival y otras marcas).


El glifosato ya no funciona, sus impactos son muy graves, pero los maíces transgénicos de Monsanto van casados con éste. Por eso le urge que se autorice su siembra en México, lo cual le daría un respiro para vender sus semillas obsoletas, hasta que aquí pase lo mismo: malezas resistentes, baja producción, semillas mucho más caras y patentadas, epidemia de cánceres y deformaciones fetales. Todo junto a contaminar transgénicamente el centro de origen mundial del maíz, dañando gravemente el patrimonio genético, cultural y de agrobiodiversidad más importante del país. Huelga decir hay mucho mejores opciones para producción de maíz y que México no necesita sembrar transgénicos para abastecer su consumo.

Aunque Monsanto es el caso más evidente, todas las gigantes de transgénicos tienen iguales intenciones, con otros químicos también muy tóxicos. Pero todas están topando con los límites de su propia ambición. Así emergen nuevos escenarios corporativos al entrar en juego otros sectores, como las trasnacionales de fertilizantes y maquinaria agrícola. El Grupo ETC analiza esta coyuntura en un nuevo informe sobre fusiones corporativas: Breaking Bad: Big Ag MegaMergers in Play (http://tinyurl.com/nz3g2at).

Según ventas de 2013, el mercado mundial de semillas fue 39 mil millones de dólares (mmdd), el de agrotóxicos 54 mmdd, el de maquinaria agrícola 116 mmdd y el de fertilizantes 175 mmdd. La tendencia parece ser que los dos últimos engullirán a los otros, creando un escenario de controles oligopólicos aún más amplios. Por ejemplo, la trasnacional de maquinaria John Deere tiene contratos con cinco de las seis gigantes de transgénicos para aumentar sus ventas a través de pólizas de seguro que condicionan a los agricultores a usar sus semillas, agrotóxicos y maquinaria. Tecnologías de automatización, drones, sensores y datos del clima también están concentrados en esas empresas y se ofertan en el paquete.

Si esas fusiones se permiten, vamos hacia nuevos oligopolios que controlarán semillas, variedades, agrotóxicos, fertilizantes, maquinarias, satélites, datos informáticos y seguros. Y que dañarán, contaminándolas y por otras vías, a las opciones reales para la alimentación y el clima: la producción campesina, descentralizada, diversa, con semillas propias, que son quienes alimentan a la mayoría de la población.

*Investigadora del Grupo ETC


Fonte: La Jornada

domingo, 5 de fevereiro de 2012

MONSANTO E GOVERNO DOS EUA


É a tal política das portas giratórias: os políticos saem do governo e entram para a Monsanto (e vice-versa).

Provavelmente já trabalhavam para a Monsanto quando estavam no Governo.

Pergunto: quais seriam, no Brasil, os políticos que trabalham para Monsanto? Seria a tal bancada ruralista?

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CONTRA OS AGROTÓXICOS


Cinco esclarecimentos sobre agrotóxicos e alimentos orgânicos e agroecológicos.

    Na primeira semana de 2012, veículos da mídia de grande circulação divulgaram informações parciais e incorretas sobre o uso de pesticidas nos alimentos.

    Nós, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, contestamos essas informações e, com base no conhecimento de diversos cientistas, agrônomos, produtores e distribuidores de alimentos orgânicos, aproveitamos essa oportunidade para dialogar com a sociedade e apresentar nossos argumentos a favor dos alimentos sem venenos.

1 - O nome correto é agrotóxico ou pesticida e não “defensivo agrícola”.

    Como afirma a engenheira agrônoma Flavia Londres: “A própria legislação sobre a matéria refere-se aos produtos como agrotóxicos.”

    E o engenheiro agrônomo Eduardo Ribas Amaral complementa: “Mundialmente o termo utilizado é ‘pesticida’. Não conheço outro país que adote o termo ‘defensivo agrícola”.

2 - O nível de resíduos químicos contido nos alimentos comercializados no Brasil é muito preocupante e requer providências imediatas devido aos sérios impactos que gera na saúde da população.

    Voltamos a palavra à engenheira agrônoma Flavia Londres: “A revista se propõe a tranquilizar a população, certamente alarmada pelo conhecimento dos níveis de contaminação da comida que põe à mesa. Os entrevistados na matéria são conhecidos defensores dos venenos agrícolas, alguns dos quais com atuação direta junto a indústrias do ramo. Os limites ‘aceitáveis’ no Brasil são em geral superiores àqueles permitidos na Europa – isso pra não dizer que aqui ainda se usam produtos já proibidos em quase todo o mundo”.

    O engenheiro agrônomo Eduardo Ribas Amaral nos traz outra informação igualmente importante: “A matéria induz o leitor a acreditar que não há uso indiscriminado de agrotóxicos no país, quando a realidade é de um grande descontrole na aplicação desses produtos, fato indicado pelo censo do IBGE de 2006 e normalmente constatado a campo por técnicos da extensão rural e por fiscais responsáveis pelo controle do comércio de agrotóxicos”.

3 - Agrotóxicos fazem muito mal à saúde e há estudos científicos importantes que demonstram esse fato.

    Com a palavra a Profª Dra. Raquel Rigotto, da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará: “No Brasil, há mais de mil produtos comerciais de agrotóxicos diferentes, que são elaborados a partir de 450 ingredientes ativos, aproximadamente. Os agrotóxicos têm dois grandes grupos de impactos sobre a saúde. O primeiro é o das intoxicações agudas, aquelas que acontecem logo após a exposição ao agrotóxico, de período curto, mas de concentração elevada. O segundo grande grupo de impactos dos agrotóxicos sobre a saúde é o dos chamados efeitos crônicos, que são muito ampliados. Temos o que se chama de interferentes endócrinos, que é o fato de alguns agrotóxicos conseguirem se comportar como se fossem o hormônio feminino ou masculino dentro do nosso corpo; enganam os receptores das células para que aceitem uma mensagem deles. Com isso, se desencadeia uma série de alterações – inclusive má formação congênita; e hoje está provado que pode ter a ver com esses interferentes endócrinos. Pode ter a ver com os cânceres de tireóide, pois implica no metabolismo. E cada vez temos visto mais câncer de tireóide em jovens. Pode ter a ver com câncer de mama. E também leucemias, nos linfomas. Tem alguns agrotóxicos que já são comprovadamente carcinogênicos.Também existem problemas hepáticos relacionados aos agrotóxicos. A maioria deles é metabolizada no fígado, que é como o laboratório químico do nosso corpo. E há também um grupo importante de alterações neurocomportamentais relacionadas aos agrotóxicos, que vão desde a hiperatividade em crianças até o suicídio.”

      De acordo com o relatório final aprovado na subcomissão da Câmara dos Deputados que analisa o impacto dos agrotóxicos no país (criada no âmbito da Comissão de Seguridade Social e Saúde), há realmente uma “forte correlação” entre o aumento da incidência de câncer e o uso desses produtos. O trabalho aponta situações reais observadas em cidades brasileiras. Em Unaí (MG), por exemplo, cidade com alta concentração do agronegócio, há ocorrências de 1.260 novos casos da doença por ano para cada 100 mil habitantes, quando a incidência média mundial encontra-se em 600 casos por 100 mil habitantes no mesmo período.

Como afirma o relator, deputado Padre João (PT-MG), “Diversos estudos científicos indicam estreita associação entre a exposição a agrotóxicos e o surgimento de diferentes tipos de tumores malignos. Eu concluo o relatório não tendo dúvida nenhuma do nexo causal do agrotóxico com uma série de doenças, inclusive o câncer”, sustenta. Fonte: Globo Rural On-line, 30/11/2011.

4 - Não é possível eliminar os agrotóxicos lavando ou descascando os alimentos já que eles se infiltram no interior da planta e na polpa dos alimentos.

    A única maneira de ficar livre dos agrotóxicos é consumir alimentos orgânicos e agroecológicos. Não adianta lavar os alimentos contaminados com agrotóxicos com água e sabão ou mergulhá-los em solução de água sanitária ou, mesmo, cozinhá-los. Os resíduos do veneno continuarão presentes e serão ingeridos durante as refeições.

Além disso é importante lembrar que o uso exagerado de agrotóxicos também faz com que estes resíduos estejam presentes nos alimentos já industrializados, portanto, a melhor forma de não consumir alimentos contaminados com agrotóxicos, é eliminar a sua utilização.

5 - Os orgânicos não apresentam riscos maiores de intoxicação por bactérias, como a salmonela e a Escherichia coli.

    Segundo a engenheira agrônoma Flavia Londres: “Ao contrário dos resíduos de agrotóxicos, esses patógenos– que também ocorrem nos alimentos produzidos com agrotóxicos – podem ser eliminados com a velha e boa lavagem ou com o simples cozimento”.

A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida recomenda o documentário “O Veneno está na Mesa”, de Silvio Tendler, totalmente disponível no site da campanha (www.contraosagrotoxicos.org) bem como todos os materiais disponíveis na página.

    Participe você também nos diferentes comitês da campanha organizados nos diversos estados do Brasil, para maiores contatos envie e-mail para contraosagrotoxicos@gmail.com.

Fonte da imagem AQUI.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Uso de agrotóxicos e impactos na qualidade da água

Fonte da imagem: AQUI.

Levantamento do uso de agrotóxicos sugere ampliação da análise da água no Rio Grande do Sul


A Secretaria Estadual da Saúde realizou um levantamento do uso de agrotóxicos e o seu impacto na qualidade da água dos mananciais gaúchos. O estudo apontou que muitos tipos de químicos não fazem parte da lista de produtos que têm limites aceitáveis normatizados pelo Ministério da Saúde. Apesar deles serem eliminados no tratamento antes do consumo humano, garantindo a sua potabilidade, o estudo propõe que esses outros pesticidas também passem a ter sua concentração na água verificada nas análises laboratoriais feitas rotineiramente.

O estudo - realizado entre 2009 e 2010 - foi coordenado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) e abrangeu as 24 bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul. Através da aplicação de questionários com agricultores de 72 cidades gaúchas (três por bacia hidrográfica), ele levantou dados sobre o tipo e volume dos agrotóxicos utilizados em 15 diferentes culturas. Também foram analisadas as características físicas-químicas dos agrotóxicos em uso. 

A região Noroeste do Estado foi a que apresentou os maiores volumes de agrotóxicos por área cultivada, chegando a 919 litros por quilômetro quadrado ao ano na Bacia do Alto Jacuí. A região é grande produtora de milho, soja e trigo. A estimativa do uso de agrotóxicos no RS para a safra 2009/2010 teve, de acordo com a análise, média de 320,2 L/Km2/ano. Com base nos cálculos, foram identificado os compostos mais utilizados no Estado, destacando-se o glifosato, amplamente utilizado em diferentes culturas por ser um herbicida sistêmico não seletivo. Entre os dez compostos mais usados, ele é o único que consta na atual norma nacional de controle. 

O estudo identificou os produtos mais usados para depois classificá-los por criticidade e bacia hidrográfica, possibilitando monitorar na água de consumo humano os princípios ativos dos agrotóxicos de acordo com a realidade local. 
No Brasil, a Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. O texto deve ter uma atualização publicada ainda este ano, mas mesmo assim continuará sem incluir alguns dos produtos utilizados no RS. 
Munido do levantamento, o governo do Estado estudará junto às concessionárias de distribuição e aos laboratórios que prestam serviço à Secretaria Estadual da Saúde que incluam estes produtos na análise laboratorial. Dessa forma, certifica-se que a água consumida no RS continue livre desses químicos. 

O levantamento foi apresentado durante o 26º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, que ocorreu em Porto Alegre entre o último domingo (25) e esta quinta-feira (29). Na oportunidade, a representante do Ministério da Saúde, Mariely Daniel, apresentou a proposta nacional para a revisão nova portaria de potabilidade da água de consumo humano. Após a mostra do estudo, a presidente do congresso da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES), Ellen Pritsch, falou do impacto econômico de ampliar as análises de controle d`água.


Autor: Assessoria de Comunicação Social
Fonte: Secretaria da Saúde - RS

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O VENENO ESTÁ NA MESA


CONVITE
O Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA/RS, a Cáritas Regional/RS, o Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos, o Centro de Apoio Operacional de Defesa do Consumidor, o Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual e o Comitê da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, convidam para participar do Debate sobre o DocumentárioO Veneno está na Mesa”, dia 12 de setembro de 2011, às 14 horas,  no Auditório do Palácio do Ministério Público Estadual, na Praça Marechal Deoodoro 110, 3º andar, Porto Alegre, conforme programa anexo.

Serão debatedores: Sr. Leonardo Melgarejo da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)  e a Sra. Maria José Guazelli, Engenheira Agrônoma, Fundadora do Centro Ecológico de IPÊ/RS.

A referida atividade integra a Tenda da Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável que é uma organização menos formal e ocasional, de abrigo a um leque amplo e variado de iniciativas e atividades relacionadas à Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (SANS).

Antecedendo e durante a V Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do RS – V CESANS RS, sob a coordenação geral da Subcomissão de Conteúdo e Metodologia, a Tenda da SANS oferecerá atividades gratuitas, com coordenações próprias e autogestionadas, em diversos locais e horários e aberta ao público interessado nas temáticas programadas que são relacionadas com o tema geral da Conferência: “Implementação do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do RS”.

Maiores informações entrar em contato com Sheila da Comissão de Direitos Humanos do CONSEA/RS (51 9102 1941) ou com Altair da Cáritas Regional (51 3272 1700).

A presença de todos e todas é indispensável!
Atenciosamente!

Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA/RS
Comitê da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos do MPE
Centro de Apoio Operacional de Defesa do Consumidor do MPE
Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente do MPE
Cáritas Regional/RS


PROGRAMA
14h – Abertura: Acolhida dos participantes e Apresentação dos Organizadores
14h 15min – Introdução ao Documentário e Divulgação da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
15h – Debate sobre o Veneno está na mesa:
Sr. Leonardo Melgarejo da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) 
Sra. Maria José Guazelli, Engenheira Agrônoma, Fundadora do Centro Ecológico de IPÊ/RS.
16h - Debate entre os participantes
17h - Encerramento

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Agrotóxicos 'severamente perigosos' serão proibidos no País


Dos 3 produtos que terão regras de comércio mais rígida, 2 estão em processo de retirada do Brasil


Dos três agrotóxicos que sofrerão restrições na comercialização por estarem associados a prejuízos à saúde, dois (endossulfam e aldicarbe) estão em processo de retirada no Brasil. O terceiro (alacloro) está em fase da avaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A decisão sobre a restrição aos três produtos químicos foi tomada na semana passada por representantes de 75 países, reunidos na Convenção de Roterdã. Com isso, esses agrotóxicos passam a ser considerados "severamente perigosos" e, a partir de outubro, terão de ser submetidos a regras rígidas para a venda.

Ratificada pelo Brasil em 2004, a Convenção de Roterdã regula o comércio internacional de produtos químicos perigosos. Durante o encontro, nações também discutiram a proposta de uso controlado e do banimento do amianto de crisotila, mas não chegaram a um acordo.

Para haver uma decisão, é preciso consenso entre todos os participantes. A posição do Brasil foi criticada: a delegação preferiu a neutralidade, considerada uma aposta na falta de acordo. Para ativistas na luta contra banimento do produto, classificado com cancerígeno, o País perdeu uma oportunidade histórica. De quebra, recebeu o prêmio "Culpado por Provocar Câncer", promovido pela uma organização não governamental. Em relação aos agrotóxicos, o Brasil defendeu a restrição do comércio.

"Os países precisam saber e assumir os riscos a que estão expostos quando comercializam esses produtos", avalia o gerente-geral de toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meirelles. Com a mudança, rótulos terão de apresentar informações claras sobre os perigos de seu uso à saúde.

O comércio do endossulfam será banido a partir de 2013. A retirada programada do produto foi determinada pela Anvisa em 2010. O aldicarbe (conhecido por seu uso irregular na formulação do "chumbinho") teve seu uso restringido pela agência e, em dezembro, a fabricante decidiu suspender sua venda.
"Esse agrotóxico, usado em poucas culturas e por um número bastante restrito de produtores, deverá permanecer no mercado até meados deste ano, quando o estoque deve se esgotar", disse Meirelles. O alacloro está em fase de revisão pela Anvisa. A expectativa é de que a retirada do produto seja determinada.

Autor: Lígia Formenti 
Via SisSaúde 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

AGRICULTURA FAMILIAR X EMPRESARIAL

Foto de Sebastião Salgado
Declaração de Nestor Hein, porta-voz da Farsul-RS, esclarecendo que o maior inimigo dos latifundiários é a agricultura familiar:

"O MST não estará entre os grandes temas envolvendo o agronegócio. O embate entre agricultura familiar e empresarial, sim".

Denise Nunes

terça-feira, 29 de junho de 2010

Relatório aponta para uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil


'Encontramos agrotóxicos, que estamos reavaliando, em culturas para os quais não estão autorizados, o que aumenta o risco tanto para a saúde dos trabalhadores rurais como dos consumidores', afirma o diretor da Anvisa, Dirceu Barbano.

Agrotóxicos que apresentam alto risco para a saúde da população são utilizados, no Brasil, sem levar em consideração a existência ou não de autorização do Governo Federal para o uso em determinado alimento. É o que apontam os novos dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta quarta-feira (23), em Brasília (DF).

Em 15 das vinte culturas analisadas foram encontrados, de forma irregular, ingredientes ativos em processo de reavaliação toxicológica junto à Anvisa, devido aos efeitos negativos desses agrotóxicos para a saúde humana. “Encontramos agrotóxicos, que estamos reavaliando, em culturas para os quais não estão autorizados, o que aumenta o risco tanto para a saúde dos trabalhadores rurais como dos consumidores”, afirma o diretor da Anvisa, Dirceu Barbano.

Nesta situação, chama a atenção a grande quantidade de amostras de pepino e pimentão contaminadas com endossulfan, de cebola e cenoura contaminados com acefato e pimentão, tomate, alface e cebola contaminados com metamidofós. Além de serem proibidas em vários países do mundo, essas três substâncias já começaram a ser reavaliadas pela Anvisa e tiveram indicação de banimento do Brasil.

De acordo com o diretor da Anvisa, “são ingredientes ativos com elevado grau de toxicidade aguda comprovada e que causam problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer”. “Apesar de serem proibidos em vários locais do mundo, como União Européia e Estados Unidos, há pressões do setor agrícola para manter esses três produtos no Brasil, mesmo após serem retirados de forma voluntária em outros países”, pondera Barbano.

A Anvisa realiza a reavaliação toxicológica de ingredientes ativos de agrotóxicos sempre que existe algum alerta nacional ou internacional sobre o perigo dessas substâncias para a saúde humana. Em 2008, a Agência colocou em reavaliação 14 ingredientes ativos de agrotóxicos, dentre eles o endossulfan, o acefato e o metamidofós.

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Lavar alimentos pode ser inútil para tirar agrotóxicos


Defensivos agrícolas podem ficar dentro dos alimentos. Instituto pede regras mais rígidas para controlar venenos.

Deixar vegetais de molho no vinagre antes de levá-los à mesa pode ser ótimo para matar micróbios, mas nem sempre vai funcionar quando se quer tirar agrotóxicos de frutas e verduras, relataram especialistas ouvidos pelo G1.

A preocupação com resíduos tóxicos na comida ganhou força nesta quarta-feira (24), quando um relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontou alta presença de agrotóxicos nos alimentos brasileiros. De 3.130 amostras coletadas pela agência, 29% apresentaram algum tipo de irregularidade.

Segundo Anthony Wong, diretor médico do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) da Faculdade de Medicina da USP, “se o agrotóxico for de superfície, de aplicação limitada à parte externa do alimento, elimina-se o risco na maioria das vezes lavando bem”, diz. Os casos do morango e do tomate, por exemplo, poderiam ser “facilmente resolvidos” assim.

A dificuldade cresce nas situações em que há penetração da substância. “Nesse quadro, a fervura pode inativá-la, mas há agrotóxicos à base de zinco ou estanho, à base de metais, que são chamados estáveis”, afirma Wong. “Quando isso ocorre, o aquecimento não inativa, logo não reduz o perigo.”

O médico Wanderlei Pignati, professor de Saúde Ambiental na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), é mais cético em relação à água. "[Lavar os alimentos] não resolve praticamente nada. Vai eliminar o agrotóxico que tem na casca, mas o grande problema está dentro", afirma.

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segunda-feira, 14 de junho de 2010

La salud no es lo primero en el modelo agroindustrial


Una comisión conformada por el gobierno provincial analizó estadísticas en zonas con uso intensivo de agroquímicos. En una década se triplicaron los casos de cáncer en niños y cuadruplicaron los nacimientos con malformaciones.

Por Darío Aranda, para Página/12

Es la primera vez que una provincia aporta estadísticas sanitarias vinculadas con zonas con uso intensivo de agroquímicos. Los datos son contundentes y confirman las denuncias que desde hace años realizan los vecinos: los casos de cáncer en niños se triplicaron y las malformaciones en recién nacidos aumentaron 400 por ciento. Sucedió en sólo una década y corresponden a un estudio oficial de la Comisión de Investigación de Contaminantes del Agua del Chaco, creada por el gobernador en diciembre pasado. “Primer Informe” es el simple título del documento que fue entregado en la Casa de Gobierno provincial y en el Ministerio de Salud local. Los casos de cáncer están focalizados en la localidad de La Leonesa, cercana a Resistencia y epicentro de las denuncias por el uso de herbicidas y plaguicidas. Las malformaciones corresponden a datos de toda la provincia, donde –siempre según datos oficiales– se producen 17 casos por mes. La Justicia ordenó frenar las fumigaciones y exigió urgentes estudios de impacto ambiental.

A Iván le gustaba ver las avionetas que sobrevolaban sobre su casa. Tenía seis meses, escuchaba los motores y pedía upa para salir al patio y saludar el paso del aeroplano. Laura, la mamá, lo levantaba y llevaba al jardín para dar el gusto al bebé. Con el paso de las avionetas, Iván aprendió a saludar con la mano, se reía y festejaba el vuelo rasante. A los 2 años le detectaron leucemia. Fue trasladado de urgencia al Hospital Garrahan, padeció ocho meses de quimioterapia y dos años de tratamiento intensivo.

“Los médicos me preguntaron si vivíamos cerca de plantaciones con agroquímicos. Recién ahí me enteré de que la avioneta que saludábamos con mi bebé lo que hacía era echar veneno en el campo frente a mi casa. Se me vino el mundo abajo”, explica Laura Mazitelli, del barrio La Ralera de La Leonesa. Era 2002, Iván se recuperó, y Laura se transformó en una denunciante de los agroquímicos. La trataron de loca y opositora al desarrollo, pero los casos de cáncer se multiplicaron y los vecinos comenzaron a organizarse.

La Leonesa es una localidad de diez mil habitantes a 60 kilómetros de Resistencia. Desde hace una década denuncian el efecto sanitario de los agroquímicos utilizados en plantaciones de arroz. Apuntan al glifosato, endosulfan, metamidofos, picloran y clopirifos, entre otros químicos usados también en los cultivos de soja.

Por la movilización constante y el reclamo de estudios, el gobierno del Chaco creó por decreto el 9 de diciembre de 2009 la Comisión Provincial de Investigación de Contaminantes del Agua. Incluyó la participación del Ministerio de Salud Pública, la Administración Provincial del Agua (APA), el Ministerio de Salud de Nación, la Universidad Nacional del Nordeste (UNNE) y el Ministerio de Producción. “Tendrá como misión receptar, estudiar, coordinar y conducir las acciones para garantizar y optimizar la contaminación de arsénico, agroquímicos y otros”, señala el breve decreto, de sólo dos páginas.

A cinco meses de su creación, la Comisión Investigadora finalizó su primer informe, que fue publicado por el periodista Brian Pellegrini, del sitio de noticias Chaco Día por Día.

“Respecto de patologías oncológicas infantiles, leucemias, tumores cerebrales y linfomas, se observa un mayor número de casos anuales a partir de 2002. En La Leonesa, en el período 2000-2009 se comprueba un incremento notable, que triplica la ocurrencia de cánceres en niños”, afirma el trabajo de la Comisión oficial, focalizado en La Leonesa.

En la década de 1990-1999 se registró un promedio de 0,2 casos por año (1 caso cada 60 meses). En tanto en el período 2000-2009 se contabilizaron 0,6 casos por año (1 caso cada 20 meses). “Los valores se encuentran por encima de lo esperado, incrementándose notablemente en los últimos diez años, período en el que los casos registrados triplican la ocurrencia de cáncer en niños menores de diez años.”

La media mundial de cáncer en menores de 15 años es de 12-14 casos cada 100.000 niños. Los datos oficiales de Chaco muestran que en La Leonesa el registro trepa a 20,2.

El informe señala la multicausalidad del cáncer, pero llama la atención: “Este incremento de la casuística coincide con la expansión de la frontera agrícola (...) vulnerando la salud de la población, debido a que las prácticas y técnicas de cultivo incluyen pulverizaciones aéreas con herbicidas cuyo principio activo es el glifosato y otros agrotóxicos.” Todas las cifras surgen del Servicio de Estadísticas del Hospital Pediátrico local y destaca que un 25 por ciento más de casos son atendidos directamente en el Hospital Garrahan de Buenos Aires, por lo cual las cifras totales de casos es mayor.

Beatriz Nicolini es pediatra, trabaja desde hace 25 años con pacientes oncológicos, integra la Comisión oficial y confiesa que, “a pesar de la magnitud de las cifras”, no le asombraron los datos. “Hace tiempo que vemos cómo se multiplican los chiquitos con cáncer. Pareciera no detenerse. Y, aunque no hay una sola causa de ese incremento, los casos aumentaron al mismo tiempo que aumentaba el uso de agroquímicos, ya sea en arroceras o soja”, explica y detalla que sobresalen los casos de leucemia, seguidos por tumores cerebrales y linfomas.

“Tatiana de 5 años. Milagros de 8. María de 7. Francisco de 12. Victoria de 6. Son todos vecinos con cáncer. Y lo peor es que la lista sigue. Todas familias humildes que están pasando lo mismo que nosotros”, lamenta Laura Mazitelli, la mamá de Iván, la que llamaron “loca” y ahora reprocha: “¿Hacían falta tantos casos para reconocer que nos están envenenando?”

Las malformaciones crecieron aún más. En una década se cuadruplicaron en toda la provincia del Chaco los casos en recién nacidos. En el lapso de un año, entre 1997-1998, hubo en Chaco 24.030 nacimientos, de los cuales se contabilizaron 46 malformaciones. Una década después, en doce meses entre 2008 y 2009, se registraron menos nacimientos: 21.808, pero se multiplicaron las malformaciones: 186 casos. El informe oficial destaca que se pasó de un índice de 19,1 por cada 10.000 nacidos a 85,3.

Los datos corresponden a la Unidad de Terapia Intensiva (UTI) de Neonatología del Hospital Perrando de Resistencia. De 1997 a 1998 hubo un promedio de 4,9 casos por mes. De 2001 a 2002 creció a 7,5 casos. Y entre 2008 y 2009 aumentó a 16,8 casos mensuales.

Desde el Ministerio de Salud de Nación informaron que no se cuenta con estadísticas nacionales sobre el tema. Desde la Comisión investigadora, una integrante –que pidió mantener el anonimato por “las enormes presiones” que están recibiendo–, consideró que “todos los firmantes del informe tenemos mucha experiencia y antecedentes en lo que estudiamos, pero las empresas arroceras y sojeras están presionando mucho al Gobierno. No sabemos cómo terminará, hay demasiados intereses en juego”.

Dos integrantes de la Comisión confirmaron que están elaborando un segundo informe que aporta estadísticas oficiales sobre el geométrico incremento, en zonas con uso de agroquímicos, de los embarazos que no llegan a término por abortos espontáneos, el aumento de problemas reproductivos en adultos y crecimiento exponencial de cáncer de mamas. No tienen fecha definida para entregarlo a las autoridades, pero alertaron sobre la posibilidad de “intromisiones en el trabajo de la Comisión”.

El primer informe fue elevado al gobernador del Chaco, Jorge Capitanich, y al Ministerio de Salud provincial el 8 de abril. La investigación oficial resalta que sólo son incluidos datos del servicio de salud pública. “Tanto en datos estadísticos de enfermedades oncológicas infantiles como en malformaciones en recién nacidos no están incluidos los registros de instituciones sanitarias privadas, en los cuales las estadísticas son similares, aspecto que las aumentaría considerablemente.”

El informe de la Comisión investigadora solicita que se tomen “medidas precautorias” en La Leonesa hasta que se realice un estudio de impacto ambiental y piden que se amplíen los análisis a otras seis localidades que estarían en las mismas condiciones: Gancedo, Napenay, Santa Sylvina, Tres Isletas, Avia Terai y Colonia Elisa.