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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

NÃO ESQUEÇA: A CULPA É TODA SUA!


Como funciona o lobby da Nestlé, Unilever e Danone para esconder o excesso de sal, gordura e açúcar nos rótulos


Por João Peres.

A ANVISA quer novos rótulos para os alimentos. O órgão, que dita as regras de venda de alimentos e remédios no Brasil, criou em maio de 2018 uma proposta que pode obrigar fabricantes a incluir alertas gráficos sobre a presença de componentes nocivos à saúde, como sal, açúcar e gorduras nas embalagens. O sistema também busca padronizar informações, como as medidas básicas usadas para indicar a proporção de nutrientes e ingredientes. Sem essa padronização, a indústria confunde o consumidor diante da prateleira, que precisa decidir sobre a influência de 1g de sal em embalagens de quantidades diferentes.

No mundo inteiro, governos buscam soluções criativas para lidar com a obesidade e as doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e câncer, que se transformaram nas maiores ameaças à saúde pública. No Brasil, três em cada quatro mortes são causadas por elas. A tentativa da Anvisa de aprovar um rótulo mais claro, com alertas sobre componentes nocivos à saúde e relacionados a essas doenças, seria uma maneira de incentivar a população a optar por alimentos mais saudáveis.

A proposta, no entanto, incomodou empresas como Coca-Cola, Nestlé, Unilever e Danone, gigantes do setor de ultraprocessados – alimentos industrializados prontos para o consumo feitos com componentes químicos e, em geral, cheios de sódio, açúcar e gorduras –, que têm se movimentado fortemente para evitar a aprovação da nova regra. A proposta já passou por uma primeira e turbulenta fase de consulta pública. Agora, deve haver uma nova consulta, e finalmente o texto precisa passar pela diretoria.

A resistência da indústria é encabeçada pela Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação, a Abia, composta por Nestlé, Unilever, Bauducco e Danone, entre outras gigantes do ramo. Para enfrentar a decisão, essas empresas seguem um roteiro bem conhecido: buscam convencer o governo, a opinião pública, a mídia e os cientistas de que, talvez, os malefícios de seus produtos não sejam tão grandes assim. É bem parecido com o que faziam as fabricantes de cigarro no passado, uma comparação que a indústria de alimentos odeia. Normalmente funciona.

O lobby dos alimentos foi descrito em 2015 pela pesquisadora francesa Mélissa Mialon, atualmente no Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, a Universidade de São Paulo. E, na briga contra a mudança nos rótulos, a estratégia de lobby já mostrou resultado: as empresas conseguiram estender o prazo da consulta pública da Anvisa graças a uma liminar.

Entenda como as empresas tentam impor suas vontades goela abaixo:

1. Elas exageram números
Assim que surge uma nova política que interfere nos negócios, a indústria corre para superdimensionar o seu impacto. A Abia, por exemplo, diz que alterar os rótulos pode levar ao fechamento de mais de 10% dos postos de trabalho no setor.

Na verdade, em menos de um mês foram apresentadas três estimativas diferentes: 145 mil, 180 mil e 200 mil – isso num segmento responsável por 1,8 milhão de empregos. Pedimos à associação que nos mostrasse como o levantamento foi feito, mas a explicação foi breve, dizendo apenas se tratar de relatório preliminar.

A entidade calcula que o total de prejuízos chegaria a R$ 100 bilhões e, num efeito-dominó, já fala em outros 1,9 milhão de postos de trabalho fechados em várias áreas. Apesar de a associação não divulgar o documento, tivemos acesso a ele. E vimos que o cálculo foi feito a partir da extrapolação dos números de uma pesquisa Ibope e não de um levantamento científico. A GO Associados, consultoria responsável pelo cálculo, levou em conta a preferência das pessoas por um modelo ou outro para supor o que ocorreria com o consumo. E ignorou a possibilidade das pessoas começarem a optar por produtos mais saudáveis (na projeção deles, é como se as pessoas tivessem parado de comer).

Há cálculos, no entanto, sobre qual seria o impacto de rótulos mais claros na saúde pública. No Canadá, país que começará em breve a implementar os alertas nos rótulos, a economia no sistema de saúde pode chegar ao equivalente a R$ 10 bilhões – em uma estimativa conservadora. Também procuramos os dados disponíveis no Chile, único país que já colocou em prática as advertências. Lemos o relatório financeiro das maiores empresas. E, lá, não encontramos sinal de fechamento de vagas de trabalho: pelo contrário, algumas até contrataram. A produção aumentou em alguns casos: os setores de alimentos e bebidas seguem crescendo, de acordo com o último relatório anual de vendas, publicado em junho, pela entidade que representa a indústria.

2. Pressionam autoridades

Como a Anvisa se mostrou irredutível, a Abia buscou a intervenção do Ministério da Saúde. Deu certo. Gilberto Occhi, que assumiu a função em abril, chegou a se colocar contra os alertas. “Não se pode mudar de forma radical uma embalagem sob pena de destruir produtos ou empregos e empresas”, disse.

A escadinha subiu e chegou ao Palácio do Planalto. “É importantíssimo. Essa coisa do triângulo, que é sinal de perigo, se não tomar cuidado daqui a pouco bota tarja preta no alimento. Vai prejudicar o setor”, disse Michel Temer durante almoço com industriais em São Paulo – ignorando que o excesso de sal e açúcar também prejudica as pessoas. O presidente da Abia chegou a pedir claramente a nomeação de um diretor da Anvisa alinhado às empresas. Mais tarde, o ministro Occhi baixou o tom.

A pressão chega ao Congresso também. Lá, desde 2008 tramita um um projeto de lei que propõe um outro método de sinalização de perigos no alimentos. O Projeto de Lei do Senado 439, de 2008, propõe adotar o semáforo, um sistema que prevê a colocação das cores verde, amarelo e vermelho para os nutrientes críticos. Se aprovado, o semáforo torna nulo o novo método que a Anvisa defende. Esse projeto ficou estacionado por muitos anos por pressão do setor privado, mas o surgimento dos alertas da Anvisa fez as empresas abraçarem esse sistema como uma estratégia de mal menor.
Você consegue saber se esse alimento é saudável? Esse é o rótulo que a indústria quer aprovar.


Detalhe: quem decidiu movimentar o PL foi o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, o tucano Tasso Jereissati, do Ceará. Ele é o maior engarrafador e distribuidor de Coca-Cola do Brasil depois da própria corporação. Jereissati entregou o projeto nas mãos de Armando Monteiro Neto, do PTB de Pernambuco, ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria. O relatório favorável foi aprovado e o texto seguiu para a Comissão de Assuntos Sociais.

3. Chamam o jurídico

As multinacionais do setor alimentício não hesitam em colocar seus escritórios de advocacia para trabalhar – mesmo que seja só para intimidar quem incomoda. Em julho, a Abia conseguiu por meio de uma liminar prorrogar por 15 dias a primeira fase de consulta pública sobre os rótulos. A Anvisa diz que o Judiciário foi induzido a erro e classificou as alegações da indústria como “infundadas”, “inverídicas”, “imprecisas” e “descontextualizadas”.

As associações empresariais aproveitaram a primeira fase de consulta pública para reforçar o jogo psicológico. Dizem que a agência está extrapolando seu papel, o que pode causar a “nulidade” do processo graças a medidas “inconstitucionais”.

4. Andam juntinho com cientistas

A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, a Sban, é uma entidade relevante no mundo científico, promovendo eventos de formação de profissionais e emitindo posicionamentos sobre questões-chave na comunidade de saúde. Em debates, em geral, seja em grupos de trabalho na Anvisa, seja em vídeos e documentos, a entidade se posiciona a favor das empresas.

Parece ilógico que uma sociedade de nutricionistas se posicione contra uma medida que visa alertar sobre excesso de componentes prejudiciais à saúde e dar transparência para a composição de alimentos, mas é isso o que acontece. A Sban aderiu até à campanha oficial da indústria, chamada Sua Liberdade de Escolha.

5. Perseguem opositores

O pesquisador brasileiro Carlos Monteiro, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, pesquisa o impacto dos alimentos ultraprocessados na saúde humana. Foi ele quem criou o sistema de “classificação de alimentos por extensão e propósito de processamento”. Foram suas as diretrizes que serviram de base para a elaboração do Guia Alimentar da População Brasileira, criado pelo Ministério da Saúde em 2014, que propõe uma alimentação baseada em comida de verdade com o mínimo de industrializados e ultraprocessados, aquelas formulações alimentícias repletas de sal, açúcar, gorduras e aditivos que você não entende muito bem como foram fabricadas.

Monteiro se tornou persona non grata para a indústria alimentícia. As organizações da ciência patrocinadas pelas empresas têm se articulado em ataques a Monteiro e ao novo rótulo. No ano passado, Mike Gibney, um pesquisador financiado pela Nestlé e por uma coalizão das fabricantes de cereais matinais, escreveu um artigo no qual dizia que a teoria do brasileiro não se sustenta. Ele deixou de lado evidências científicas que associavam o consumo de ultraprocessados com desfechos negativos.

“Não vamos acabar com todas as fábricas e voltar a cultivar apenas grãos. Não vai dar certo”, disse o pesquisador em entrevista ao The New York Times. “Se eu pedisse para 100 famílias brasileiras que parem de consumir alimentos processados, teria que me perguntar: o que elas comerão?”.

Gibney, vinculado à Universidade de Dublin, na Irlanda, tem rodado o mundo na tentativa de desacreditar Monteiro. Em maio, ele esteve no Brasil. Não em uma organização científica, mas na Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. A palestra foi promovida pelo Instituto Tecnológico de Alimentos, estatal paulista vinculada à Secretaria de Agricultura, que se posiciona contra as diretrizes de “comida de verdade” propostas pelo Ministério da Saúde no Guia Alimentar para a População Brasileira. E, claro, foi aplaudida pelos diretores da Abia. Também durante o Congresso Internacional de Nutrição, em outubro do ano passado, em Buenos Aires, pesquisadores com elos com a indústria buscaram desacreditar o trabalho de Monteiro. Associações de engenheiros de alimentos na América Latina se tornaram o braço mais ativo desses ataques, que nunca oferecem espaço ao grupo do pesquisador brasileiro.

6. E jogam a culpa em você

Essa foi uma das estratégias favoritas da indústria tabagista durante a sua batalha para evitar as restrições ao cigarro durante as décadas de 70, 80 e 90: afirmar que o fumante é o culpado, mesmo que se saiba que a nicotina provoca dependência e que a grande maioria jamais consegue deixar de fumar.

A indústria alimentícia, vale lembrar, se especializou em desenvolver produtos “impossíveis de comer um só”. O jornalista Michael Moss, autor do livro Sal, açúcar, gordura, narra em detalhes a estratégia das empresas para driblar os mecanismos de saciedade do nosso organismo. O que se descobriu é que a junção de açúcar e gordura na medida certa tapeia o corpo. “Os maiores sucessos — Coca-Cola, Doritos ou o prato semipronto Velveeta Cheesy Skillets, da Kraft — têm sua origem nas fórmulas que provocam as papilas gustativas o suficiente para serem atraentes sem ter um único sabor mais acentuado que diga ao cérebro: já chega!”

Mas os tempos mudaram e agora as empresas dizem recomendar moderação. Assim, se houver exagero, a culpa é do obeso, que não sabe fechar a boca. “A educação nutricional até pode parecer alguma coisa utópica. Mas a gente tem que lembrar que o rótulo não é um fim em si. A gente tem que ensinar o consumidor a ler. As pessoas não sabem, mas vão aprender. Não sabem interpretar, vão aprender”, disse Marcia Terra, coordenadora da Sban, em vídeo gravado para a Abia.

Tente ler o rótulo do Cup Noodles:
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Imagem: Reprodução
Está difícil? A culpa é sua.





Fonte: http://desacato.info/

Imagem Inicial: https://www.absolutearts.com/portfolios/m/mipagan/ (Trabalho de Michael Irrizarypagan: "POISON THE CHICKEN").

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Quanto custa comer orgânicos em Porto Alegre?

 



Quem deixa os supermercados de lado e opta pelas feiras ecológicas tem economia de 58% nos mesmos produtos

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS)
Comprar direto do produtor é umas das vantagens das Feiras Ecológicas / Leandro Molina


A resposta para a pergunta acima depende de um único fator: o local em que esses alimentos são adquiridos. No dia 23 de julho, o Jornal Brasil de Fato RS visitou uma unidade de uma das maiores redes de supermercado do país, que trataremos nesta reportagem como Supermercado X. Também esteve nos últimos dias em feiras ecológicas de Porto Alegre. O objetivo foi comparar o preço dos orgânicos e quanto o consumidor desembolsa ao comprá-los.

Na seção de produtos orgânicos do Supermercado X, 1kg de pimentão verde custa R$ 15,97 e 1kg de cenoura R$ 15,58. O consumidor pode adquirir 1kg de tomate italiano por R$ 26,62 e 1kg de beterraba por R$ 12,98. Já nas feiras, os preços são menores: 1kg de pimentão custa em média R$ 10,00; 1kg de cenoura R$ 4,00; 1kg de tomate italiano R$ 8,00; e 1kg de beterraba R$ 4,00. Ao comprar esses produtos no Supermercado X o gasto foi de R$ 71,15. Já nas feiras, o consumidor desembolsa R$ 26,00. Uma economia de R$ 45,15 (63,4%).

Escolha do preço

Uma das organizações sociais que mais aposta na produção orgânica é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que participa de mais de 40 feiras somente na região Metropolitana de Porto Alegre. O assentado Joice da Silva, que vem de Nova Santa Rita para vender orgânicos na capital, explica como é calculado o preço dos alimentos. “As feiras de Porto Alegre não se baseiam nos mercados como padrão de preços, elas têm autonomia e propõem seus preços pela tabela de custo. Nós consideramos os gastos com mudas, sementes, hora/máquina para fazer um canteiro, adubo e produtos”, conta.

Arnaldo Soares, também assentado em Nova Santa Rita, reforça que nas feiras os preços são decididos coletivamente, são mais baixos que os orgânicos dos supermercados, têm uma média geral e não sofrem alterações com frequência. “Avaliamos o tamanho dos alimentos e a quantidade dos molhos. Dentro do combinado e das características do produto, determinamos o preço”, afirma. No entanto, em casos de superprodução, são feitas promoções com preços menores que os tabelados. Conforme Soares, pechinchar também pode gerar economia no bolso.





Contato com o produtor

Quem opta pelas Feiras Ecológicas tem ainda outras vantagens, como comprar direto do produtor e tirar suas dúvidas sobre a origem dos alimentos. Essa possibilidade, que não há em supermercados, fez com que Sandra Fonseca, há 18 anos, passasse a frequentar a Feira Ecológica do Bom Fim. Agora, ela vai a várias feiras pelo menos uma vez por semana e integra, como consumidora, o Conselho de Feiras Ecológicas de Porto Alegre. “O consumidor precisa saber de onde vem o seu alimento, como ele é produzido e conhecer de perto quem o produz, precisa entender que a agroecologia pode sim alimentar o mundo”, defende.

Mais qualidade de vida

Enquanto o Brasil lidera o ranking dos países que mais consomem veneno no mundo, as feiras ecológicas são alternativas para quem procura mais saúde e qualidade de vida. De acordo com o médico Jonas Pretto, estudos comprovam que várias doenças, principalmente o câncer de mama, de próstata e de intestino grosso, têm ligação direta com o uso abusivo de venenos nas lavouras. “Eles alteram principalmente a questão hormonal, causando esses tipos de câncer. Há grande índice de depressão e suicídios em agricultores que aplicam venenos e de aborto em mulheres gestantes, além de crianças que nascem com má formação congênita e alterações no sistema neurológico, principalmente com autismo”, explica.

Segundo a nutricionista Iara Martins, essas substâncias tóxicas podem causar muitos prejuízos à saúde, entre eles inflamações no estômago e alergias. É por isso que ela também defende o consumo de alimentos orgânicos, por considerá-los extremamente saudáveis. “Além de mais nutritivos, pois preservam todos os nutrientes presentes no alimento, como fibras, vitaminas e minerais, são sustentáveis e contribuem com o meio ambiente”, acrescenta.

A nutricionista dá uma dica para ajudar o consumidor a identificar os alimentos que realmente são livres de venenos. “No supermercado, as embalagens devem conter o selo federal SisORG, que garante que o produto é orgânico; e nas feiras, as bancas devem ter a Declaração de Conformidade Orgânica, que comprova que o agricultor produz orgânico”, ressalta.

Confira locais e horários de Feiras Ecológicas em Porto Alegre:
AUXILIADORA

Terças-feiras, 7h

Travessa Lanceiros Negros (passagem de pedestres entre as ruas Mata Bacelar e a Coronel Bordini)

BOM FIM

Sábados, 7h às 12h30

Av. José Bonifácio, 675

MENINO DEUS

Quartas-feiras, 13h30 às 18h30

Sábados, 7h às 12h30

Av. Getúlio Vargas, 1384

PETRÓPOLIS

Quartas-feiras, 13h às 18h

Rua General Tibúrcio (Praça Ruy Teixeira)

TRÊS FIGUEIRAS

Sábados, 8h30 às 13h

Rua Cel. Armando Assis (ao lado da Praça Desembargador La Hire Guerra)

RÔMULO TELLES

Sábados, 7h às 13h

Rua Rômulo Telles Pessoa (ao lado da Praça André Forster)

TRISTEZA

Sábados, 7h às 12h30

Av. Otto Niemeyer (esquina com a Av. Wenceslau)

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

Quartas-feiras, 13h às 19h

Praça Mal. Deodoro, 101

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

Quartas-feiras, 10h30 às 13h30

Av. Loureiro da Silva, 515

UFRGS Campus Central

Terças-feiras, 9h às 16h

Av. Paulo Gama, 110

UFRGS Campus do Vale

Quintas-feiras, 14h às 19h

Av. Bento Gonçalves, 9500

UFRGS Campus Saúde

Quartas-feiras, 9h às 16h

Rua Ramiro Barcelos, 2705

UFRGS Fabico

Quintas-feiras, 12h às 18h

Rua Ramiro Barcelos, 2705

IPANEMA

Sábados, 8h as 12h

Av. Guaíba, 10410 (Esquina com a Dea Coufal)

INCRA

Quartas-feiras, 10h às 14h

Av. Loureiro da Silva, 515

SHOPPING IGUATEMI

Terças-feiras, 10h às 16h

Av. João Wallig, 1800

SHOPPING PRAIA DE BELAS

Quintas-feiras, 15h às 20h

Av. Praia de Belas, 1181

SHOPPING TOTAL

Quintas-feiras, 8h às 13h30

Av. Cristóvão Colombo, 545

COLÉGIO MARISTA ROSÁRIO

Na 1ª terça-feira do mês, 11h às 19h

R. Praça D. Sebastião, 2

COLÉGIO SANTA INÊS

Na 2ª e 3ª terças-feiras do mês, 11h às 19h

Av. Protásio Alves, 2493

IPA

Quintas-feiras, 13h às 19h

Cel. Joaquim Pedro Salgado, 80

COLÉGIO JOÃO XXIII

Na 2ª e 4ª semana do mês,10h às 19h

Rua Sepé Tiarajú, 1013

COLÉGIO ISRAELITA BRASILEIRO

Na última quinta-feira do mês, 13h às 17h

Av. Protásio Alves, 943

CLÍNICA ONCOTRATA

Quartas-feiras, 14h às 18h30

Av. Plínio Brasil Milano, 80

SINTRAJUFE

Quartas-feiras (quinzenal), 9h às 13h

R. Marcílio Dias, 660

SOGIPA

Quintas-feiras, 8h às 14h

Praça dos Laureados (sob a sede social)

FEIRA ECOLÓGICA DA JOÃO MANOEL

Sextas-feiras, 15h às 20h no verão; e das 15h às 19h30 no inverno

Rua João Manoel, 627 (perto da escadaria, fundos do estacionamento)

Edição: Katia Marko

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A longa e estranha história das dietas da moda para emagrecer

 

 
Hieronymus Bosch

As dietas para emagrecer que entram na moda são em geral soluções de curto prazo

Melissa Wdowik
3 DIC 2017


“De todos os males que afetam a humanidade, não conheço nem imagino nenhum mais angustiante do que a obesidade.”

Assim começava a carta sobre excesso de peso escrita por William Banting, provavelmente o primeiro livro de dieta para emagrecer já publicado. Banting, diretor de uma funerária com sobrepeso, publicou o livro em 1864 para compartilhar seu sucesso, que propunha substituir uma ingestão excessiva de pão, açúcar e batatas por carne, peixe e hortaliças, principalmente.

Desde então apareceram dietas da moda em múltiplos formatos. Até que ponto as pessoas estão dispostas a chegar para alcançar a silhueta desejada? Como professora de nutrição e comportamento alimentar, tenho a sensação de que a história das dietas para emagrecer demonstra que a vaidade supera o bom senso.

Dietas líquidas

Vamos voltar a 1028, o ano que nasceu William, o Conquistador. Sadio na maior parte de sua vida, o rei acabou tão obeso em seus últimos anos que se submeteu a uma dieta líquida composta quase exclusivamente de bebidas alcoólicas. Perdeu peso suficiente para conseguir montar seu amado cavalo, mas um acidente equestre lhe causou por fim uma morte prematura.

Conhecemos um caso em que supostamente consumir mais álcool do que comida aumentou a longevidade. Em 1558, o aristocrata italiano Luigi Cornaro restringiu sua alimentação a 340 gramas de comida e 397 mililitros de vinho por dia. Dizem que viveu até os 102 anos, o que rendeu a seu método o nome de Dieta da Imortalidade.

Na década de 1960, foi introduzido outro plano centrado no álcool, a dieta do beberrão. Incluía comidas “masculinas” como carne e peixe, junto com todo o álcool que seu seguidor desejasse.

O poeta Lord Byron atribuía seu aspecto magro e pálido ao vinagre com água. Essa prática ressurgiu na década de 1950 na forma da popular dieta do vinagre de maçã, que recomenda tomar uma mistura em partes iguais de mel e vinagre de sidra. A versão mais recente, que carece de respaldo científico, afirma que três pequenas colheradas de vinagre de maçã antes de comer diminuem a fome e reduzem a gordura. 

Limpezas

As dietas líquidas “mais limpas” e depurativas foram criadas supostamente para limpar o corpo de toxinas, apesar de nossa capacidade natural para isso. Em 1941, o entusiasta da saúde alternativa Stanley Burroughs criou a mãe de todas as dietas purgativas, a Master Cleanse, ou dieta da limonada, para eliminar a vontade de junk food, álcool, tabaco e drogas. Tudo que se precisava fazer era tomar uma mistura de suco de limão taiti ou siciliano, calda de bordo, água e pimenta-malagueta moída seis vezes por dia durante pelo menos dez dias. Beyoncé voltou a popularizá-la em 2006, afirmando ter perdido 10 quilos em duas semanas,

O médico televisivo Dr. Oz e outros promoveram desde então suas próprias versões, que variam em duração e nos alimentos permitidos. A maioria inclui um laxante diário e grandes quantidades de água.

A dieta da última chance, publicada em 1976, consistia em beber um líquido com muito poucas calorias várias vezes por dia. O principal ingrediente era uma mistura de subprodutos animais preparados com couro, chifres e tendões. Essa “vitamina de carne” foi retirada do mercado porque vários seguidores da dieta morreram.

Mais recentemente, tornou-se popular o plano do suco verde. Muitos se interessaram pela promessa de uma profunda depuração e uma rápida perda de peso, enquanto para outros parecia uma forma mais fácil de consumir mais frutas e hortaliças. Uma das receitas originais propunha maçã, aipo, pepino, couve crespa, limão e gengibre.

Dietas dos famosos

Andy Warhol usava um método diferente para manter a forma. Dizem que quando ia aos restaurantes pedia pratos que não gostava, e então mandava para embrulhar para viagem. Depois, dava a algum morador de rua.

Dormir era outra possibilidade. Contava-se que Elvis Presley era defensor da dieta da Bela Adormecida. Dizem os rumores que as longas jornadas de sono conseguidas com o uso de soníferos o impediam de comer.

Em um esforço recente para imitar os famosos, a incrível dieta de 48 horas de Hollywood foi seguida pela milagrosa dieta de 24 horas de Hollywood, que substitui a comida por uma mistura de shakes e diversos complementos alimentares.

Emagrecer rapidamente

No início do século XX, o empresário com sobrepeso Horace Fletcher emagreceu e transformou as dietas de emagrecimento em um fenômeno da cultura popular com sua dieta da mastigação. Recomendava mastigar a comida até que se tornasse líquida, para evitar comer em excesso.

Outro método que dizem que se tornou popular na primeira década do século XX foi a dieta da solitária. Em teoria, a pessoa ingeria uma tênia ou pílulas de tênia. O verme viveria no estômago e consumiria parte do alimento. Apesar de terem sido encontrados anúncios publicitários da época, não há provas de que se vendessem realmente tênias.

Para conseguir uma perda sustentável de peso e mantê-lo é necessário reduzir a ingestão de calorias e aumentar os níveis de atividade, com ou sem pomelo ou repolho

Ao longo dos anos, outras dietas atraíram admiradores com a promessa de baixar facilmente de peso graças a um alimento milagroso. Houve a dieta do pomelo (ou grapefruit), que recomenda meio pomelo a cada refeição; a dieta da manteiga de amendoim e a dieta do sorvete, que prometem que se pode comer a quantidade que se deseje desses dois manjares, diariamente; e a dieta Xangrilá, de 2006, que afirmava que era possível reduzir a fome tomando azeite de oliva uma hora antes de cada refeição.

Um exemplo que se destaca é a dieta da sopa de repolho, popularizada por famosos na década de 1950. A ideia era não comer nada além de sopa durante sete dias. A receita original propunha uma mistura de repolho, hortaliças e água e cebola desidratada, mas outras versões acrescentavam ingredientes como frutas, leite desnatado e carne de vaca. Volta a entrar na moda uma vez a cada dez anos, e a Internet sempre ajuda a difundi-la. 

Ideias alternativas

Algumas dietas e as teorias que as respaldam iam além da comida.

Em 1727, o escritor Thomas Short observou que as pessoas com sobrepeso moravam perto de pântanos. Sua dieta para evitar pântanos recomendava mudar-se para afastar-se desses locais.

Em vez de se afastar dos pântanos, a dieta da luz recomenda não comer. Alguns seguidores afirmaram, em uma entrevista realizada em 2017, que a comida e a água não eram necessárias, e que eles subsistiam à base de espiritualidade e luz. O jejum prolongado conduziria finalmente à inanição, mas foram vistos devotos da dieta comendo e bebendo.

Em 2013, apareceu algo mais perigoso, a dieta da bola de algodão. Seus seguidores declaravam consumir até cinco bolas de algodão de uma vez, afirmando que saciavam e assim perdiam peso. Devido a seu infeliz efeito de causar obstrução intestinal, a dieta logo perdeu popularidade.

Mas nem todas as ideias incomuns são ruins. A dieta de cores dos sete dias, publicadas em 2003, sugeria comer todo dia alimentos de uma única cor. Por exemplo, o dia vermelho incluía tomates, maçãs e morangos. Essa proposta na verdade defende alimentos saudáveis, não industrializados ou restrições absurdas.

Apesar de chamativas, as dietas para emagrecer que entram na moda são em geral soluções de curto prazo. Talvez produzam no início uma perda de peso rápida, mas é mais provável que se deva ao fato de que quem as segue reduz as calorias em relação a sua dieta habitual, e com frequência consistem em perda de água.

Seria melhor pensar que não existe segredo simples para emagrecer. Para conseguir uma perda sustentável de peso e mantê-lo é necessário reduzir a ingestão de calorias e aumentar os níveis de atividades, com ou sem pomelo e repolho. 


Melissa Wdowik é professora adjunta de Ciências da Alimentação e Nutrição Humana na Universidade Estatal do Colorado. Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site The Conversation.

Cláusula de divulgação: Melissa Wdowik não trabalha para nenhuma empresa ou organização que possa ser beneficiado deste artigo, nem a assessora, possui ações nelas ou recebe financiamento. Também não declara outras vinculações relevantes além do cargo acadêmico mencionado.

Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site The Conversation
Fonte:  https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/14/ciencia/1510658654_171692.amp.html

quinta-feira, 27 de julho de 2017

PORTO ALEGRE CERVEJEIRA






Água, cevada maltada, lúpulo, fermento: essa é a composição clássica da cerveja, que permite infinitas combinações. Desde muito tempo, porém, outros condimentos eram e são utilizados no processo de produção das cervejas, tais como coentro, cascas de laranjas, camomila, pimentas, etc. Alguns cervejeiros também gostam de temperar suas criações com baunilha, cacau, canela e até abóbora. Essas especiarias servem como complemento, para realçar o sabor de determinados tipos de cervejas.

Outras fontes de amido são utilizadas na fabricação de cervejas, como o milho e o arroz, para substituir parcialmente a cevada maltada. Isso é feito na produção em grande escala, para diminuir os custos e, assim, baratear o preço final. O impacto negativo na qualidade da cerveja, porém, é muito grande. Algumas pessoas pensam que o produto final, após a adição desses complementos, não é na realidade uma cerveja e sim outra bebida similar.

As grandes produtoras de cerveja utilizam muitos aditivos químicos no processo de produção, transformando seus produtos em verdadeiras sopas químicas, prejudiciais à saúde.





Estive conversando com um amigo Cervejeiro, sócio de uma cervejaria de médio porte, abaixo citado como fonte. Ele explicou que quando vai introduzir uma nova cerveja na linha de produção, inicialmente cria uma receita. Após, produz artesanalmente a cerveja e a bebe, sozinho ou, preferencialmente, com amigos e amigas. A partir dessa degustação realiza uma crítica e repete a produção artesanal várias vezes, com novas degustações, até chegar ao ponto que considera ideal. Somente então oferece a seu sócio a possibilidade de colocar na linha de produção. É um processo criativo meticuloso, porém creio que ele não sofra muito com isso. Normalmente o sócio dele faz ajustes para possibilitar que, a partir de então, a nova cerveja tenha características padronizadas.

Essa forma de produção é muito distinta das grandes indústrias de cerveja que, com poucas exceções, produzem de forma automatizada bebidas destinadas ao consumo de massa.

Alguém poderia dizer que essa forma de colocar são generalizações. De fato, são. Coloquei dessa forma apenas para destacar dois modos de produção com formatos muito diferentes entre si.



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Dá para dizer que, tradicionalmente, Porto Alegre é a cidade dos “Bar Chopp”. É sem dúvida uma característica local. Alguns ainda estão em atividade, como o Tuim e a Caverna do Ratão. Outros não existem mais, porém marcaram época. É o caso do Líder, Gato Preto, Liliput e tantos outros.

Nesses bares não tinha erro. Era servido Chopp gelado, acompanhado por almôndegas, bolinhos de bacalhau ou os famosos sanduíches abertos, além de outros petiscos tradicionais.

Praticamente todas as pessoas apreciadoras de cerveja tinham o “seu” Bar Chopp predileto, que era frequentado de forma quase cerimonial.

Esses estabelecimentos foram os antecessores dos atuais bares e botecos que surgiram após uma verdadeira “onda” de crescimento do consumo de cervejas artesanais e especiais.

Outra curiosidade sobre Porto Alegre: a primeira Oktoberfest realizada no Brasil, ocorreu na SOGIPA, em 1911, em comemoração ao centenário da primeira Oktoberfest alemã.


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No final do século XIX, Porto Alegre se destacava por ser uma espécie de capital da cerveja no Brasil. Havia 21 fabricantes, segundo o historiador Gunter Axt. A maior parte se localizava no bairro Floresta.

No início do século XX ocorreu um fenômeno de decadência econômica e financeira das cervejarias existentes, principalmente em função da expansão da carioca Brahma e da Antárctica Paulista.

Em 1924 foi realizada a fusão de três empresas familiares remanescentes (Bopp, Sassen e Ritter), para fazer frente à Brahma e Antárctica. Em 1945 esse empreendimento passou a ser denominado oficialmente Cervejaria e Maltaria Continental e funcionava na Av. Cristóvão Colombo, onde atualmente funciona um Shopping. Em 1946 a Continental acabou sendo incorporada pela Cervejaria Brahma.

A partir de então ocorreu gradativamente uma brutal concentração do mercado cervejeiro brasileiro.

Mais recentemente, em meados dos anos 90, ocorreu o início de um novo fenômeno: o surgimento de pequenas cervejarias alternativas às gigantes do mercado.

Não foi um fenômeno isolado. Aparentemente uma certa quantidade de pessoas de forma crescente, em várias partes do País, se deram conta que existia a possibilidade de produção de cerveja diferente do padrão das grandes produções.

Um número cada vez maior de pessoas passou a produzir, de forma artesanal, sua própria cerveja.

Em Porto Alegre, o surgimento da Dado Bier em 1995, foi um delimitador marcante em relação a essa nova cultura. A Dado Bier, em seus rótulos, declara ter sido a primeira Micro Cervejaria criada no Brasil.

Outro precursor dessa nova fase foi Gustavo Dal Ri. Gustavo produzia cerveja artesanal desde 1984, porém no ano de 2002 formalizou a criação de uma empresa dedicada à produção de cerveja, a Cervejaria Schmitt, primeira empresa a produzir cerveja artesanal em garrafa no Rio Grande do Sul.

A partir de então muitas microempresas dedicadas à produção de cerveja artesanal foram criadas, algumas conquistando renome nacional e até internacional.

Não vamos citar essas novas cervejarias para não cometer injustiças, porém calcula-se que existem em torno de 40 cervejarias com essas características em funcionamento na Capital das Gaúchas e Gaúchos.

A partir do ano de 2005 iniciou um fenômeno que atualmente está cristalizado: o surgimento de bares dedicados à comercialização de cervejas artesanais e especiais, com harmonização gastronômica específica.

Os primeiros estabelecimentos com essas características foram o Bierkeller, Água de Beber e Biermarkt, porém logo estabelecimentos similares se disseminaram. Atualmente existem vários bares, pubs, etc, que têm como centro de sua atuação a produção e/ou comercialização de cervejas artesanais e especiais.


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A primeira associação de pessoas em Porto Alegre destinada à produção de cerveja artesanal foi a Confraria da Cerveja da SOGIPA – Bierkeller, fundada em novembro de 2004.

Conforme registrado no site da ACERVA Gaúcha – Associação dos Cervejeiros Artesanais do RS, a Confraria da Cerveja da SOGIPA foi fundada com o objetivo de difundir a cultura da cerveja, estudar, pesquisar, produzir artesanalmente e degustar diversos tipos de cerveja.

O grupo fundador era composto desde simples degustadores até pessoas mais experientes, que já produziam artesanalmente suas cervejas em casa. Troca de experiências, promover palestras e eventos ligados ao conhecimento da cerveja também estavam nos objetivos da Confraria, que continua atuando até o presente momento, com duas reuniões mensais fixas: uma para produção de cerveja e outra para degustação.

Em julho de 2007 foi criado o embrião da ACERVA Gaúcha, movimento esse liderado inicialmente pelos cervejeiros Eduardo Boger, Leo Sassen e Jorge Gitzler. 

A fundação oficial da ACERVA Gaúcha, porém, somente ocorreu em novembro de 2007, com estrutura inspirada nas pioneiras ACERVAS Carioca e Mineira. Este fato ocorreu em encontro realizado na casa do cervejeiro Ronaldo Nast.
 
Convém registrar que em agosto de 2010 foi fundada, também, a Associação Gaúcha das Microcervejarias – AGM, organização encarregada pela congregação e defesa dos interesses das Microcervejarias no Estado do Rio Grande do Sul.

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A Revista da Cerveja, em sua edição nº 26 (janeiro/fevereiro de 2017), publicou o resultado de levantamento efetuado pelo Instituto da Cerveja Brasil – ICB, com dados inéditos sobre o mercado cervejeiro brasileiro, com destaque para a evolução da cerveja artesanal.

A pesquisa aponta que o Brasil continua sendo o terceiro maior produtor mundial de cerveja, com um volume de 138,6 milhões hL/ano.

Com a instabilidade da economia, as vendas no mercado de cervejas mainstream caíram: de 2015 a 2016 (janeiro a outubro), houve queda de 1,8%.

Apesar dessa baixa no mercado como um todo, o mercado de cervejas artesanais vai no sentido oposto.

Mesmo representando apenas 0,7% do volume total de cervejas no Brasil, aproximadamente 91 milhões L/ano, há um claro aumento no número de cervejarias artesanais nos últimos 11 anos.

Foram contabilizadas 372 cervejarias artesanais funcionando até o final de 2015, 17% a mais que em 2014.

A taxa de crescimento média está acima de 50 novas cervejarias por ano, quase uma nova empresa por semana.

As estimativas do ICB para 2016 acompanham esse ritmo: “acredita-se que em torno de 60 novas cervejarias tenham iniciado sua produção nesse ano, o que leva o país ao número de 432 cervejarias até o final de 2016”, aponta o documento.

A pesquisa ainda aponta um dado já sentido pelos consumidores: 91% das micro cervejarias estão nas regiões Sul e Sudeste, refletindo a concentração econômica do país.

A maior parte das cervejarias artesanais brasileiras é de pequeno porte, com produção média de 20 mil L/mês.

Mesmo com a crise político-econômica que atinge o país, o mercado de cervejas artesanais continua em crescimento e com boas perspectivas para os próximos anos.

“Levantamentos junto aos principais stakeholders deste mercado levam o Instituto da Cerveja a apostar na continuidade desse crescimento: a aposta é de que o número chegue a pelo menos 500 até o final de 2017”, registra a pesquisa.


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Não é exagero dizer que Porto Alegre atualmente se constitui em uma referência quando se trata de produção de cerveja artesanal, em relação a todo o país.

Atualmente existem várias cervejarias produzindo cervejas reconhecidas nacionalmente e até internacionalmente, em função de sua qualidade.

Existe até uma espécie de polo, na zona norte da cidade, onde se concentram em torno de 10 cervejarias de pequeno e médio porte.

Esse polo cervejeiro tem atraído a atenção dos apreciadores de cerveja de outros locais. Até um roteiro turístico foi criado, organizado pelo Sebrae/RS, para visitação organizada a algumas cervejarias.

Além disso, a produção informal de cervejas artesanais, em casas, apartamentos e garagens, é um fenômeno crescente, que desafia as estatísticas.

A produção e degustação de cervejas artesanais de qualidade tem se tornado uma verdadeira paixão para as pessoas envolvidas.

Por outro lado, observa-se um movimento de questionamento em relação a autoridades municipais, com foco nas autorizações para funcionamento.

Há uma queixa generalizada dos cervejeiros em relação ao excesso de burocracia para constituição e liberação de documentos necessários para funcionamento das pequenas produções de cerveja.

Esse fato, somado à carga de impostos estaduais e federais, é atualmente um empecilho para que o setor se desenvolva com mais rapidez.

As organizações que congregam os cervejeiros artesanais e produtores de micro e pequeno portes estão engajadas para solucionar os entraves atualmente existentes e contam com a sensibilidade do poder público.

Saúde!



Omar Rösler, em junho de 2017.


BEBA MENOS. BEBA MELHOR!
SE BEBER NÃO DIRIJA!






Fontes:



Jorge Gitzler: ex-Presidente da Associação dos Cervejeiros Artesanais do Rio Grande do Sul – ACERVA GAÚCHA, da Associação Gaúcha das Microcervejarias – AGM e da Associação Brasileira de Cervejarias Artesanais – ABRACERVA.



Gustavo dal Ri: sócio proprietário da Cervejaria Schmitt.



João Carlos Kerber Neto e José Otávio Kerber: sócios proprietários da Cervejaria Whitehead.



Revista da Cerveja: www.revistadacerveja.com.br



Acerva Gaúcha: www.acervagaucha.com.br



Blog Cervisiafilia: http://cervisiafilia.blogspot.com.br/