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quarta-feira, 17 de abril de 2019

PERIGO! A ÁGUA BRASILEIRA ESTÁ ENVENENADA.



Por Ana Aranha, Luana Rocha, Agência Pública/Repórter Brasil. 

São Paulo, Rio de Janeiro e outras 1.300 cidades acharam agrotóxicos na rede de abastecimento. Dados do Ministério da Saúde revelam que a água do brasileiro está contaminada com substâncias que podem causar doenças graves


Um coquetel que mistura diferentes agrotóxicos foi encontrado na água de 1 em cada 4 cidades do Brasil entre 2014 e 2017. Nesse período, as empresas de abastecimento de 1.396 municípios detectaram todos os 27 pesticidas que são obrigados por lei a testar. Desses, 16 são classificados pela Anvisa como extremamente ou altamente tóxicos e 11 estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. Entre os locais com contaminação múltipla estão as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis e Palmas.

Os dados são do Ministério da Saúde e foram obtidos e tratados em investigação conjunta da Repórter Brasil, Agência Pública e a organização suíça Public Eye. As informações são parte do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), que reúne os resultados de testes feitos pelas empresas de abastecimento.

Os números revelam que a contaminação da água está aumentando a passos largos e constantes. Em 2014, 75% dos testes detectaram agrotóxicos. Subiu para 84% em 2015 e foi para 88% em 2016, chegando a 92% em 2017. Nesse ritmo, em alguns anos, pode ficar difícil encontrar água sem agrotóxico nas torneiras do país.

Embora se trate de informação pública, os testes não são divulgados de forma compreensível para a população, deixando os brasileiros no escuro sobre os riscos que correm ao beber um copo d’água. Em um esforço conjunto, a Repórter Brasil, a Agência Pública e a organização suíça Public Eye fizeram um mapa interativo com os agrotóxicos encontrados em cada cidade. O mapa revela ainda quais estão acima do limite de segurança de acordo com a lei do Brasil e pela regulação europeia, onde fica a Public Eye.

Saiba o nível de contaminação da sua cidade clicando na imagem abaixo.




O retrato nacional da contaminação da água gerou alarde entre profissionais da saúde. “A situação é extremamente preocupante e certamente configura riscos e impactos à saúde da população”, afirma a toxicologista e médica do trabalho Virginia Dapper. O tom foi o mesmo na reação da pesquisadora em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco, Aline Gurgel: “dados alarmantes, representam sério risco para a saúde humana”.

Entre os agrotóxicos encontrados em mais de 80% dos testes, há cinco classificados como “prováveis cancerígenos” pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e seis apontados pela União Europeia como causadores de disfunções endócrinas, o que gera diversos problemas à saúde, como a puberdade precoce. Do total de 27 pesticidas na água dos brasileiros, 21 estão proibidos na União Europeia devido aos riscos que oferecem à saúde e ao meio ambiente.

A falta de monitoramento também é um problema grave. Dos 5.570 municípios brasileiros, 2.931 não realizaram testes na sua água entre 2014 e 2017.
Coquetel tóxico

A mistura entre os diversas químicos foi um dos pontos que mais gerou preocupação entre os especialistas ouvidos. O perigo é que a combinação de substâncias multiplique ou até mesmo gere novos efeitos. Essas reações já foram demonstradas em testes, afirma a química Cassiana Montagner. “Mesmo que um agrotóxico não tenha efeito sobre a saúde humana, ele pode ter quando mistura com outra substância”, explica Montagner, que pesquisa a contaminação da água no Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de São Paulo. “A mistura é uma das nossas principais preocupações com os agrotóxicos na água”.

Os paulistas foram os que mais beberam esse coquetel nos últimos anos. O estado foi recordista em número de municípios onde todos os 27 agrotóxicos estavam na água. São mais de 500 cidades, incluindo a grande São Paulo – Guarulhos, São Bernardo do Campo, Santo André e Osasco – além da própria capital. E algumas das mais populosas, como Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto e Sorocaba. O Paraná foi o segundo colocado, com coquetel presente em 326 cidades, seguido por Santa Catarina e Tocantins.



Os especialistas falam muito sobre a “invisibilidade” do efeito coquetel. As políticas públicas não monitoram a interação entre as substâncias porque os estudos que embasam essas políticas não apontam os riscos desse fenômeno. “Os agentes químicos são avaliados isoladamente, em laboratório, e ignoram os efeitos das misturas que ocorrem na vida real”, diz a médica e toxicologista Dapper.

Por isso, ela lamenta, as pessoas que já estão desenvolvendo doenças em decorrência dessa múltipla contaminação provavelmente nunca saberão a origem da sua enfermidade. Nem os seus médicos.

Questionado sobre quais medidas estão sendo tomadas, o Ministério da Saúde enviou respostas por email reforçando que “a exposição aos agrotóxicos é considerada grave problema de saúde pública” e listando efeitos nocivos que podem gerar “puberdade precoce, aleitamento alterado, diminuição da fertilidade feminina e na qualidade do sêmen; além de alergias, distúrbios gastrintestinais, respiratórios, endócrinos, neurológicos e neoplasias” (Leia a íntegra das respostas do Ministério da Saúde).

A resposta, porém, ressalta que ações de controle e prevenção só podem ser tomadas quando o resultado do teste ultrapassa o máximo permitido em lei. E aí está o problema: o Brasil não tem um limite fixado para regular a mistura de substâncias.

Essa é uma das reivindicações dos grupos que pedem uma regulação mais rígida para os agrotóxicos. “É um absurdo esse problema ficar invisível no monitoramento da água e não haver ações para controlá-lo”, afirma Leonardo Melgarejo, engenheiro de produção e membro da Campanha Nacional Contra os Agrotóxicos e Pela Vida “Se detectar diversos agrotóxicos, mas cada um abaixo do seu limite individual, a água será considerada potável no Brasil. Mas a mesma água seria proibida na França”.

Ele se refere à regra da União Europeia que busca restringir a mistura de substâncias: o máximo permitido é de 0,5 microgramas em cada litro de água – somando todos os agrotóxicos encontrados. No Brasil, há apenas limites individuais. Assim, somando todos os limites permitidos para cada um dos agrotóxicos monitorados, a mistura de substâncias na nossa água pode chegar a 1.353 microgramas por litro sem soar nenhum alarme. O valor equivale a 2.706 vezes o limite europeu.

O risco das pequenas quantidades

Mesmo quando se olha a contaminação de cada agrotóxico isoladamente, o quadro preocupa. Dos 27 agrotóxicos monitorados, 20 são listados como altamente perigosos pela Pesticide Action Network, grupo que reúne centenas de organizações não governamentais que trabalham para monitorar os efeitos dos agrotóxicos.

Mas, aos olhos da lei brasileira, o problema é pequeno. Apenas 0,3% de todos os casos detectados de 2014 a 2017 ultrapassaram o nível considerado seguro para cada substância. Mesmo considerando os casos em que se monitora dez agrotóxicos proibidos no Brasil, são poucas as situações em que a presença deles na água soa o alarme.

E esse é o segundo alerta feito por parte dos pesquisadores: os limites individuais seriam permissivos. “Essa legislação está há mais de 10 anos sem revisão, é muito atraso do ponto de vista científico” afirma a química Montagner. “É como usar uma TV antiga, pequena e preto e branco, quando você pode ter acesso a uma HD de alta definição”.

Ela se refere a pesquisas mais recentes sobre os riscos do consumo frequente e em quantidades menores, um tipo de contaminação que não gera reações imediatas. “Talvez certo agrotóxico na água não leve 15% da cidade para o hospital no mesmo dia. Mas o consumo contínuo gera efeitos crônicos ainda mais graves, como câncer, problemas na tireoide, hormonal ou neurológico”, alerta Montagner. “Já temos evidências científicas, mas a água contaminada continua sendo considerada como potável porque não se olha as quantidades menores”, afirma.



Em resposta a essa crítica, um grupo de trabalho foi criado pelo Ministério da Saúde para rever os limites da contaminação. “Estamos fazendo um trabalho criterioso”, afirma Ellen Pritsch, engenheira química e representante da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental no grupo. Segundo ela, pesquisas internacionais e regulações de outros países estão sendo levados em conta. Criado em 2014, a previsão é que os trabalhos sejam concluídos em setembro.

Pelo menos 144 cidades detectaram o mesmo pesticida de modo contínuo durante os quatro anos de medições seguidos, segundo os dados. Mais uma vez, São Paulo é o recordista desse fenômeno de intoxicação. Especialistas ouvidos pela reportagem apontam o uso de pesticidas na produção de cana de açúcar como a provável origem para a larga contaminação do estado. “A cultura da cana é a que tem mais herbicidas registrados. Como São Paulo é um dos maiores produtores de cana, isso justifica sua presença elevada [de pesticidas na água]”, afirma Kassio Mendes, coordenador do comitê de qualidade ambiental da Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas.

O diuron, um dos principais herbicidas usados pelo setor, foi detectado em todos os testes feitos na água dos mananciais das regiões onde mais se cultiva cana no estado, segundo dados de 2017 da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A substância é uma das apontadas como provável cancerígena pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.



De quem é a responsabilidade?

Depois de contaminada, são poucos os tratamentos disponíveis para tirar o agrotóxico da água. “Alguns filtros são capazes de tirar alguns tipos de agrotóxicos, mas não há um que dê conta de todos esses”, afirma Melgarejo. “A água mineral vem de outras fontes, mas que são alimentadas pela água que corre na superfície, então eventualmente também serão contaminadas”.

O trabalho preventivo, ou seja, evitar que os agrotóxicos cheguem aos mananciais, deveria ser primordial, afirma Rubia Kuno, gerente da divisão de toxicologia humana e saúde ambiental da Cetesb. “O esforço deve ser na prevenção porque o sistema de tratamento convencional não é capaz de remover os agrotóxicos da água”, afirma.

É grande o debate sobre a complexidade em se enfrentar o problema, mas é difícil encontrar quem está assumindo a responsabilidade.

A reportagem procurou as secretarias do Meio Ambiente, Agricultura e Saúde e Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para entender quais ações são tomadas no estado com o maior índice de contaminação. As respostas foram dadas pela Sabesp e pela assessoria do meio ambiente com informações técnicas sobre o monitoramento. Nem as secretarias nem a empresa esclareceram o que está sendo feito para controlar ou prevenir o problema. (Leia a íntegra das respostas da Sabesp e da Secretaria do Meio Ambiente)



O Ministério da Saúde diz que a vigilância sanitária dos municípios e dos estados deve dar o alerta aos prestadores de serviços de abastecimento de água para que tomem as providências de melhoria no tratamento da água. “Caso os dados demonstrem que o problema ocorre de forma sistemática, é preciso buscar soluções a partir da articulação com os demais setores envolvidos, como órgãos de meio ambiente, prestadores de serviço e produtores rurais”, diz a nota enviada pelo órgão.

Questionado sobre quais ações estão sendo tomadas, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), que representa os produtores de agrotóxicos, fez uma defesa sobre a segurança dos pesticidas. Em nota, o grupo afirma que a avaliação feita pela Anvisa, Ibama e Ministério da Agricultura garante que eles são seguros ao trabalhador, população rural e ao meio ambiente “sempre que utilizados de acordo com as recomendações técnicas aprovadas e indicadas em suas embalagens”.

O sindicato afirma que a aplicação correta dos produtos no campo é um desafio e atribui a responsabilidade aos trabalhadores que aplicam os pesticidas. “O setor de defensivos agrícolas realiza iniciativas para garantir a aplicação correta de seus produtos, uma vez que alguns problemas estruturais da agricultura como a falta do hábito da leitura de rótulo e bula e analfabetismo no campo trazem um desafio adicional de cumprimento às recomendações de uso”.



Ao contrário do que ocorre em outros países, no Brasil as empresas que produzem agrotóxicos não se envolvem com o monitoramento da água, que é custeado pelos cofres públicos e pelas empresas de abastecimento.

Em Santa Catarina, que está entre os três estados com maior contaminação, o Ministério Público Estadual chamou a responsabilidade de prefeituras, secretarias estaduais, concessionárias de água, agências reguladoras e sindicatos de produtores e trabalhadores rurais. A iniciativa partiu dos resultados de um estudo inédito que encontrou agrotóxicos na água de 22 municípios. “Alertamos todos os órgãos públicos e privados envolvidos para buscar soluções, é preciso aplicar medidas corretivas para diminuir os riscos dos cidadãos”, diz a promotora Greicia Malheiros, responsável pela investigação. A iniciativa teve início em março desse ano e ainda não tem resultados.

Mais do que remediar a contaminação da água, a coordenadora técnica do estudo, a engenheira química Sonia Corina Hess, defende a proibição do uso dos pesticidas que oferecem maior risco. Das substâncias encontradas em seu estudo no estado catarinense, sete estão proibidas na União Europeia por oferecer risco à saúde humana. “Tem que proibir o que é proibido lá fora, tem que proibir o que é perigoso. Se faz mal para eles porque no Brasil é permitido?”, questiona.
Perigoso na Europa, permitido no Brasil

O controle da água feito pelo Brasil também está distante dos parâmetros da União Europeia. Com o objetivo de eliminar a contaminação, o continente fixou a concentração máxima na água em 0,1 micrograma por litro – valor que era o mínimo detectável quando a regulação foi criada.

Para descobrir como a água do Brasil seria avaliada pelo padrão europeu, a organização Public Eye classificou os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde segundo o critério daquele continente. Alguns dos agrotóxicos mais perigosos ultrapassaram os limites europeus em mais de 20% dos testes. Entre eles, o glifosato e o mancozebe, ambos associados a doenças crônicas, e o aldicarbe, proibido no Brasil e classificado pela Anvisa como “o agrotóxico mais tóxico registrado no país, entre todos os ingredientes ativos utilizados na agricultura”.

O glifosato é o caso mais revelador sobre as peculiaridades do Brasil na regulação sobre agrotóxicos. Classificado como “provável carcinogênico” pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, órgão da Organização Mundial da Saúde, o pesticida está sendo discutido em todo o mundo. Há milhares de pacientes com câncer processando os fabricantes nos Estados Unidos – e vencendo nos tribunais – além de protestos e petições pedindo a sua proibição na Europa. Não há consenso, entre as agências reguladoras, sobre sua classificação. No Brasil, que oficialmente colocou a substância em revisão desde 2008, o Ministério da Agricultura liberou novos registros para a venda de glifosato no início deste ano. O pesticida passou a ser vendido em novas formas, quantidades e por número maior de fabricantes.

Nos testes com a água do país, a controversa substância foi a que mais ultrapassou a margem de segurança segundo o critério da União Europeia: 23% dos casos acima do limite. Pela lei brasileira, o glifosato foi um dos que menos soou o alarme: apenas 0,02% dos testes ultrapassaram o nosso limite.



“Isso é um escândalo de saúde pública. Nós colocamos o limite alto, lá na estratosfera, e aí comemoramos que temos uma água segura”, questiona a pesquisadora Larissa Bombardi, professora de geografia na Universidade de São Paulo e autora de um atlas que compara a lei brasileira e europeia no controle dos agrotóxicos. Seu estudo revela como nossos limites chegam a ser 5 mil vezes mais altos que os europeus. O caso mais grave é o do glifosato: enquanto na Europa é permitido apenas 0,1 miligramas por litro na água, aqui no Brasil a legislação permite até 500 miligramas por litro.

Como o glifosato é o agrotóxico mais vendido no país, e também o que tem o limite mais generoso para presença na água, Bombardi lança suspeitas sobre os critérios usados: “no caso do glifosato é realmente difícil encontrar justificativa científica, parece ser mais uma decisão política e econômica”. O pesticida foi o mais consumido em 2017 no Brasil com 173 mil toneladas vendidas, segundo o Ibama. O volume corresponde a 22% das estimativas de vendas para esse químico em todo o mundo no mesmo ano – o que faz do Brasil um importante mercado para as fabricantes, entre elas as gigantes Syngenta e a Monsanto – comprada pela Bayer no ano passado.


Limites generosos

A larga diferença entre os limites fixados pela União Europeia e pelo Brasil é um dos principais argumentos dos críticos do uso da substância no Brasil. “Essa diferença só pode se dar por dois motivos. Ou porque nossa sociedade é mais forte, somos seres mais resistentes aos agrotóxicos. Ou mais tola, porque estamos sendo ingênuos quanto aos riscos que corremos”, provoca Melgarejo, da Campanha Contra os Agrotóxicos.

A engenheira química Ellen Pritsch, representante da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental no grupo de trabalho que reavalia os limites dos pesticidas na água, discorda. Para ela, os atuais limites são seguros e foram fixados com embasamento científico. “O critério brasileiro é dez vezes menor do que o efeito que geraria problema. Então, mesmo que seja encontrado um percentual acima esse valor, ainda assim seria menor [estaria abaixo do risco]”, afirma.

Antes de aprovar os registros dos agrotóxicos, as empresas fabricantes entregam estudos com testes feitos com animais em laboratórios. O Sindiveg, sindicato da indústria de fabricantes de pesticidas, defende que esses estudos são o suficiente para avaliar os riscos das substâncias. “São estudos de bioconcentração em peixes e micro-organismo, algas e organismos do solo, abelhas, microcrustáceos, peixes e aves”, afirma nota enviada pelo Sindiveg em resposta às perguntas da reportagem.

A principal reivindicação dos grupos que fazem campanha pelo controle dos agrotóxicos é por mais restrição e até pela proibição de alguns dos pesticidas hoje aprovados no país, como a atrazina, o acefato e o paraquate, que são campeões de venda no Brasil, mas proibidos na União Europeia.

Mas o governo aponta na direção oposta. A responsável pela pasta da agricultura, ex-líder da bancada ruralista Tereza Cristina, foi presidente da comissão especial na Câmara que aprovou, em junho passado, o Projeto de Lei que propõe agilizar a aprovação de novos agrotóxicos no país. Apelidado pelos críticos como o “PL do veneno”, já gerou grande polêmica, sendo criticado em uma carta assinada por mais de 20 grupos da comunidade científica.

Sem previsão de conseguir maioria no Congresso para aprovar o PL, a estratégia parece ter mudado. Desde o início do ano, o Ministério da Agricultura publicou novos registros para 152 agrotóxicos, uma velocidade recorde de 1,5 aprovações por dia. Chamada para esclarecer as liberações em audiência na Câmara na última terça-feira (9), a ministra disse que “não existe liberação geral” e que longos processos de aprovação só atrasam o agronegócio brasileiro. Ela chamou de “desinformação” os estudos que apontam os riscos dessas substâncias e, usando o mesmo argumento do sindicato dos produtores de agrotóxicos, declarou que as intoxicações ocorrem devido ao modo como os trabalhadores aplicam as substâncias. Um dia depois da audiência, o governo aprovou a comercialização de mais 31 agrotóxicos no Brasil.


Esta reportagem faz parte do projeto Por Trás do Alimento, uma parceria da Agência Pública e Repórter Brasil para investigar o uso de Agrotóxicos no Brasil. A cobertura completa está no site do projeto.
Fonte da Reportagem: http://desacato.info/

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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

MONSANTO E OS AGROTÓXICOS



A Monsanto sofreu um duro golpe na última sexta-feira: foi condenada nos EUA por não advertir que seu agrotóxico podia ser cancerígeno. Deverá pagar quase US$ 290 milhões a Dewayne Johnson, vítima de um linfoma incurável causado pelo produto. Johnson, de 46 anos, atribui o câncer ao fato de ter aplicado herbicidas baseados em glifosato nos terrenos da escola onde trabalhou entre 2012 e 2014. A Monsanto, que enfrenta milhares de processos semelhantes, afirmou que vai recorrer e que décadas de estudos comprovam que o pesticida é seguro.

Enquanto isso... O Brasil é o campeão mundial de uso de agrotóxicos. Dados preliminares do Censo Agropecuário mostram que a quantidade de propriedades rurais que usam essas substâncias aumentou: comparada com a edição anterior da pesquisa, de 2006, a cifra cresceu em 20,4% no levantamento realizado ao longo de 2017.

Fonte: www.canalmeio.com.br

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Roundup de Monsanto



Alexis Baden-Mayer · · · · · 

Monsanto inventó el herbicida glifosato y lo llevó al mercado bajo el nombre comercial de Roundup en 1974, tras la prohibición del DDT. Pero no fue hasta finales de los 90 en que el uso de Roundup se disparó gracias a una ingeniosa estrategia de marketing de Monsanto. ¿La estrategia? Semillas genéticamente modificadas para cultivos alimenticios que podían tolerar altas dosis de Roundup. Con la introducción de estas semillas genéticamente modificadas, los granjeros ahora podían controlar fácilmente las malas yerbas en sus cultivos de maíz, soja, algodón, colza, remolachas de azucar, alfalfa; cultivos que se desarrollaban bien mientras las malas hierbas a su alrededor eran erradicadas por el Roundup. 

Ansioso por vender su emblemático herbicida, Monsanto también animó a los granjeros a usar Roundup como desecante, para secar todos sus cultivos y así hacer la cosecha más rápidamente. De manera que Roundup es rociado rutinaria y directamente en gran cantidad de cultivos de organismos no modificados genéticamente que incluyen trigo, cebada, avena, colza, lino, guisantes, lentejas, soja, judías y remolacha de azúcar. 

Entre 1996 y 2011, el muy difundido uso de cultivos de Organismos Genéticamente Modificados (OGM) Roundup Ready aumentó el uso de herbicidas en Estados Unidos en 527 millones de libras - aunque Monsanto aseguró que los cultivos de OGM reducirían el uso de pesticidas y herbicidas. 

Monsanto falsificó datos sobre la seguridad del Roundup, y lo comercializó a departamentos municipales de parques y jardines y a consumidores como biodegradable y acorde con el medio ambiente para promover su uso en cunetas, parques infantiles, campos de golf, patios de escuela, céspedes y jardines privados. Un tribunal francés sentenció que ese marketing equivalía a publicidad engañosa. 

En los casi 20 años de intensa exposición, los científicos han documentado las consecuencias para la salud que tiene el Roundup y el glisofato en nuestra comida, en el agua que bebemos, en el aire que respiramos y en los lugares que juegan nuestros niños.  

Han encontrado que la gente que está enferma tienen mayores niveles de glifosato en su cuerpo que la gente sana. 

También han encontrado los siguientes problemas de salud que ellos atribuyen a la exposición al Roundup y/o al glisofato: 

TDHA: En las comunidades agrícolas, hay una fuerte correlación entre la exposición al Roundup y el Transtorno por Déficit de Atención con Hiperactividad, probablemente debido a la capacidad del glisofato de afectar en las funciones hormonales del tiroides.

Alzheimer: En el laboratorio, el Roundup causa el mismo estrés oxidativo y muerte de células neuronales que se observa en el Alzheimer. Esto afecta a la CaMKII, una encima cuya desregulación también ha sido asociada a la enfermedad.

Anencefalia (defecto de nacimiento): Una investigación sobre los defectos en el tubo neural entre los bebés hijos de mujeres que vivían en un radio de 1000 metros respecto a donde se aplicaba el pesticida mostraba una asociación entre el glisofato y la anencefalia; la ausencia de una gran porción del cerebro, el cráneo y el pericráneo formada durante el desarrollo del embrión.

Autismo: El glisofato tiene un número de conocidos efectos biológicos alineados con conocidas patologías asociadas al autismo. Uno de estos paralelismos es la disbiosis observada en niños autistas y la toxicidad del glisofato para bacterias beneficiosas que suprimen bacterias patológicas, así como la alta resistencia de bacterias patógenas al glisofato. Además, la capacidad del glisofato para facilitar la acumulación de aluminio en el cerebro podrían hacer de éste la principal causa de autismo en los Estados Unidos.

Defectos de nacimiento: El Roundup y el glisofato pueden alterar la vitamina A (ácido retinoico), una vía de comunicación celular crucial para el desarrollo normal del feto. Los bebés de mujeres viviendo dentro de un kilómetro de campos rociados con glisofato tenían más del doble de probabilidad de tener defectos de nacimiento según un estudio de Paraguay. Los defectos congénitos se cuadruplicaron en la década después de que los cultivos Roundup Ready llegaran a Chaco, una provincia en Argentina en la que el glisofato es utilizado entre 8 y 10 veces más por acre que en los Estados Unidos. Un estudio de una familia agricultora en los Estados Unidos, documentó elevados niveles de glisofato y defectos de nacimiento en niños que incluían, anos no perforados, deficiencias en el crecimiento hormonal, hipospadias (el agujero urinario situada anormalmente), defectos en el corazón y micro pene. 

Cáncer cerebral: En un estudio comparativo de niños sanos con niños con cáncer cerebral, los investigadores detectaron que si uno de los padres había estado expuesto al Roundup dos años antes del nacimiento del niño, las posibilidades del niño de desarrollar cáncer en el cerebro se doblaban. 

Cáncer de pecho: El glisofato induce el crecimiento de  células cancerígenas en el pecho a través de receptores estrógenos. El único estudio en animales a largo plazo de exposición al glisofato produjo ratas con tumores mamarios y redujo los márgenes de vida. 

Cáncer: Encuestas puerta a puerta a 65000 personas en comunidades agrarias de Argentina en las que se utilizaba el Roundup, conocidas como las ciudades fumigadas, hallaron ratios de cáncer entre dos y cuatro veces superiores a la media nacional, con aumentos en cánceres de pecho, próstata y pulmón. En una comparativa entre dos pueblos, en aquél en el que Roundup había sido aplicado, el 31 % de los residentes tenían algún familiar con cáncer mientras que sólo el 3% lo tenían en un pueblo agrícola sin Roundup. Las ratios más elevadas de cancer entre la gente expuesta al Roundup probablemente surgen de la conocida capacidad del glisofato de inducir daños en el ADN, algo que ha sido demostrado en numerosas pruebas de laboratorio. 

Intolerancia al gluten y enfermedad celíaca: Pescados expuestos al glisofato desarrollan problemas digestivos que son reminiscentes de la enfermedad celíaca. Hay paralelismos entre las características de la celiaquía y los conocidos efectos del glisofato. Esto incluye desajustes en las bacterias de las tripas, desparejamiento de encimas implicadas en la destoxificación de toxinas, deficiencias minerales y reducción de los aminoácidos. 

Enfermedad crónica de riñón: Los aumentos en el uso del glisofato podrían explicar el reciente hallazgo de fallos renales entre los agricultores de América Central, Sri Lanka e India. Los científicos han concluido, “aunque el glisofato por sí solo no provoca una epidemia de enfermedad renal crónica, parece que ha adquirido la capacidad de destruir los tejidos renales de miles de granjeros cuando forma complejos con agua calcárea y metales nefrotóxicos”. 

Colitis: La toxicidad del glisofato sobre bacterias beneficiosas que suprimen la clostridia, junto a la alta resistencia de la clostridia al glisofato, podría ser un factor significativo en la predisposición al sobrecrecimiento de la clostridia. El sobrecrecimiento de la clostridia, especialmente de la Colitis pseudomembranosa, ha sido bien comprobado como factor causal de la colitis.  

Depresión: El glisofato altera los procesos químicos que influyen en la producción de serotonina, un importante neurotransmisor que regula el ánimo, el apetito y el sueño. El desajuste de serotonina se ha vinculado a la depresión.

Diabetes: Los niveles bajos de testosterona son un factor de riesgo para el tipo 2 de diabetes. Ratas alimentadas con dosis significativas de Roundup sobre un periodo de 30 días que abarcaba el comienzo de la pubertad tuvieron una reducción en la producción de testosterona suficiente para alterar la morfología de las células testiculares y retrasar el inicio de la pubertad. 

Enfermedad cardíaca: El glisofato puede alterar las encimas del cuerpo causando disfunción lisosomal, un factor mayor en las enfermedades y fallos cardíacos.

Hipotiroidismo: Una encuesta puerta a puerta en 65000 hogares en comunidades agrícolas en Argentina en las que se usa el Roundup, conocidas como ciudades fumigadas, encontró ratios más elevadas de hipotiroidismo. 

Enfermedad inflamatoria intestinal (“el síndrome del intestino poroso”): El glisofato puede inducir deficiencia severa de triptófano, que puede llevar a una grave enfermedad inflamatoria intestinal que severamente desajusta la capacidad de absorber nutrientes a través del aparato digestivo debido a inflamación, hemorragias o diarrea. 

Enfermedad hepática: Dosis muy bajas de Roundup pueden alterar las funciones de las células en el hígado según un estudio publicado en 2009 en “Toxicology”. 

Enfermedad de Lou Gehrig: La deficiencia de sulfato en el cerebro ha sido asociada con la Esclerosis Lateral Amiotrófica. El glisofato altera la transmisión de sulfato del aparato digestivo al higado, y podría llevar al cabo del tiempo a una deficiencia de sulfato en todos los tejidos incluyendo el cerebro. 

Esclerosis Múltiple: Se ha hallado una correlación entre una incidencia aumentada de inflamación de intestino y la Esclerosis Múltiple. El glisofato podría ser un factor causal. La hipótesis es que la inflamación intestinal inducida por el glisofato hace que bacterias del aparato digestivo se filtren al sistema circulatorio activando una reacción inmune y en consecuencia un desorden autoinmune resultando en la destrucción de la capa de mielina. 

Linfoma no hodgkiano:  Una revisión sistemática y una serie de meta análisis de casi tres décadas de valiosa investigación epidemiológica sobre la relación entre el linfoma no hodgkiano y la exposición a pesticidas agrícolas halló que el linfoma de célula B tenía una asociación positiva con el glisofato. 

Enfermedad de Parkinson:  Los efectos dañinos de los herbicidas sobre el cerebro han sido reconocidos como el principal factor ambiental asociado a desórdenes neurodegenerativos, incluyendo la enfermedad de Parkinson. El inicio de Parkinson tras la exposición al glisofato ha sido bien documentado y estudios de laboratorio muestran que el glisofato provoca muerte celular característica de la enfermedad. 

Problemas en el embarazo (infertilidad, muerte fetal, aborto espontáneo): El glisofato es tóxico para las células de la placenta, lo que, dicen los científicos, explicaría los problemas en el embarazo de trabajadoras agrícolas expuestas al herbicida. 

Obesidad: Un experimento consistente en la transmisión de una bacteria del aparato digestivo de un humano obeso a los aparatos digestivos de ratones provocó obesidad en los ratones. Produciendo el glisofato un cambio en las bacterias del aparato digestivo a productores de endotoxinas, la exposición al glisofato de esta manera podría contribuir a la obesidad. 

Problemas reproductivos: Estudios de laboratorio en animales han concluido que las ratas macho expuestas a altos niveles de glisofato, tanto en el desarrollo prenatal o de la pubertad, padecen problemas reproductivos incluyendo retraso en la pubertad, baja producción de esperma y baja producción de testosterona. 

Enfermedades respiratorias: Encuestas puerta a puerta en 65000 hogares agrícolas de Argentina en las que se empleaba el Roundup, conocidas como ciudades fumigadas, hallaron ratios más elevadas de enfermedades respiratorias crónicas. 

Alexis Baden-Mayer es editor de Organic Consumers Fund.

Traducción para www.sinpermiso.info: Txomin Martino

Sinpermiso electrónico se ofrece semanalmente de forma gratuita. No recibe ningún tipo de subvención pública ni privada, y su existencia sólo es posible gracias al trabajo voluntario de sus colaboradores y a las donaciones altruistas de sus lectores


http://truth-out.org/news/item/28856-monsanto-s-roundup-enough-to-make-you-sick

domingo, 21 de abril de 2013

A CTNBio é uma comissão TÉCNICA?

Na reunião realizada ontem (18 abril de 2013) em Brasília, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) votou três itens de pauta motivados pela repercussão causada pelo primeiro estudo científico que avaliou no longo prazo o efeito de um milho transgênico sobre a saúde.

No primeiro se submeteu à plenária documento encomendado pelo presidente da CTNBio que refuta os resultados e conclusões a que chegou a equipe liderada pelo francês Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, na França. O documento é assinado por dois membros da comissão e dois pareceristas ad hoc e está disponível na internet em português e inglês. Mesmo com o argumento de que ciência não se faz pelo voto, o resultado foi assim obtido e o parecer, que antes era da presidência, passou a ser a posição da Comissão sobre o estudo. Quatro de seus integrantes votaram contra, registrando que, desde a escolha dos relatores, o documento deixou de contemplar as visões contraditórias existentes no órgão.

Na segunda discussão foi julgado requerimento apresentado pelo Fórum Nacional de Entidades Civis de Defesa do Consumidor, que, baseado nesse estudo que demonstrou forte incidência de tumores causados pelo consumo do milho NK 603, demandou da comissão a reavaliação da decisão que liberou o cultivo comercial dessa variedade no país e também a suspensão do plantio de todas as sementes contendo esse evento de modificação genética.

Também pelos votos de 14 contra 4 a Comissão rejeitou tanto a reavaliação, quanto a suspensão do cultivo comercial dessa variedade. Durante o debate, o presidente do CNPq, que ali representa o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, anunciou que está sendo preparado um edital para financiamento de pesquisas em biossegurança, destacando a importância de se realizar tais estudos, mas ele próprio votou contra o pedido do Fórum que pedia a revisão dos estudos que embasaram a liberação.

O terceiro debate sobre o tema tratou de documento apresentado por 14 integrantes e ex-integrantes da comissão compilando estudos em apoio aos dados dos franceses e contestando as críticas a ele apresentadas. Ali estão também pontuados níveis distintos de exigência que poderiam ser entendidos como um duplo padrão, já que boa parte das críticas apresentadas à pesquisa seriam cabíveis também aos dados apresentados à CTNBio pela Monsanto, empresa que desenvolveu o NK 603. Os pesquisadores que assinam o texto apontam que seria salutar se, aos processos que ali tramitam, fosse aplicado o mesmo rigor que mereceu o estudo que mostrou efeitos negativos de um transgênico à saúde. Também por 14 a 4 esse parecer foi negado.

O argumento da existência de um “histórico de uso seguro”, como sempre, foi evocado no debate como forma de demonstrar a segurança dos transgênicos que há mais de uma década estão no mercado. Mas como bem lembrou um dos integrantes da Comissão, se esse é um experimento, feito no mundo real e tendo a humanidade como cobaia, ele é um experimento sem hipótese, sem teste e sem controle.

A recusa a se repetir um estudo corrigindo suas falhas metodológicas indica a prevalência de um sentimento de crença que suplanta o próprio método científico, bem como um desejo de apoio à tecnologia que acaba por dispensar a oportunidade trazida pelos novos dados para se entender melhor o assunto. Ou, em outras palavras, diante da ignorância que ainda cerca a questão, prevaleceu a certeza.

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segunda-feira, 19 de março de 2012

EMBRAPA A SERVIÇO DA MONSANTO E DAS TRANSNACIONAIS?


Por Gilvander Luís Moreira[1]

Em tempos de Campanha da Fraternidade sobre saúde pública – CF/2012 -, a EMBRAPA[2] pediu liberação do herbicida Glifosato também para a cultura da mandioca. Essa é uma lamentável notícia que exige, no mínimo, sete breves comentários. 

1 - A EMBRAPA é uma das empresas públicas que mais recebem dinheiro das transnacionais para investimento em pesquisas, melhor dizendo, aperfeiçoamento tecnológico na produção agropecuária. Um ditado popular diz: "quem paga a banda, escolhe a música", ou seja, grande parte das pesquisas feitas pela EMBRAPA no último período tem sido para beneficiar as grandes empresas do ramo de agrotóxicos, como a própria MONSANTO que no ano de 2010 passou para a EMBRAPA nada menos que R$ 5,9 milhões para investir em pesquisas para os próximos 3 anos (2011, 2012 e 2013).

2- O Glifosato é um herbicida sistêmico não seletivo, ou seja, mata qualquer tipo de planta, exceto aquelas geneticamente modificadas para resistir ao glifosato, como é o caso das plantas (soja, por exemplo) com a marca RR (Roundup Ready), produzida pela MONSANTO. Um dos agrotóxicos mais vendidos pela Monsanto no país é o Roundup, que tem como principal ingrediente o glifosato.

3 - O uso massivo do glifosato tem provocado a aparição de resistência por parte de algumas plantas, levando a um aumento progressivo das doses usadas, e assim a uma desvitalização e perda de fertilidade da terra, afinal o herbicida elimina também, bactérias que são indispensáveis à regeneração do solo e manutenção de sua fertilidade. Este processo faz com que a cada dia aumente o uso de fertilizantes químicos, que alimentam as plantas e não fertilizam a terra, aumentando ainda mais o ciclo vicioso. Só no ano passado (2011), as importações brasileiras de fertilizantes (20,7 milhões de toneladas) somaram um gasto de 9,1 bilhões de dólares. Quem está mesmo ficando com os lucros e quem está ficando com os prejuízos?

4 - Rubens Onofre Nodari, agrônomo, mestre em Fitotecnia e doutor pela University Of California At Davis, professor na UFSC, afirma que além dos problemas no meio ambiente, o glifosato traz problemas à saúde pública, como o aumento da incidência de certos tipos de câncer e alterações do feto por via placentária. Reduz a produção de progesterona e afeta a mortalidade de células placentárias atuando como disruptor endócrino, ou seja, ele aciona genes errados, no momento errado, no órgão errado. O glifosato também causa, por exemplo, diminuição da produção de espermas, conforme vimos em experimentos feitos em ratos, ou produz espermas anormais. No caso do sistema endócrino, ele pode, por exemplo, inibir algumas enzimas. Ele vai alterar os hormônios que entram na regulação da expressão gênica.

5 - Desta forma vemos que a EMBRAPA, criada no início da década 70 do século XX, em plena ditadura, pelo então presidente Médici (que já fazia parte das estruturas criadas para dar suporte à imposição da chamada "Revolução verde", agricultura altamente mecanizada, que por sua vez impôs sobre a agricultura o lixo da 2ª Grande Guerra, incluindo, além de máquinas pesadas, armas químicas que foram transformadas em agrotóxicos) segue ainda hoje cumprindo o papel de criar condições para o avanço do Capital na agricultura, na qual umas poucas empresas lucram, melhor dizendo, furtam, e o conjunto da sociedade fica com os problemas gerados, sejam eles sociais, ambientais e até mesmo econômicos. Injustamente é a estrutura do Estado, que se diz Democrático de Direito, atuando em favor do Agronegócio e consequentemente em favor do beneficio das empresas transnacionais que dominam a produção e comercialização de agrotóxicos.

6 - Vamos deixar o Brasil se tornar a maior lixeira tóxica do mundo? O Brasil já é o campeão mundial no uso e consumo de agrotóxico. Confira o Filme-documentário “O Veneno está na mesa”, do diretor Sílvio Tendler. Por esse motivo, o deputado federal Padre João (do PT) está travando uma batalha na Câmara Federal contra o uso de agrotóxicos.[3]

7 – É inadmissível que a EMBRAPA continue com projetos de melhoramento na produção agropecuária que fortalecem os projetos das empresas transnacionais, agridem o meio ambiente e adoecem o povo brasileiro. A coluna mestra da EMBRAPA deve ser pesquisar nas áreas de agricultura familiar, com adubação orgânica. A EMBRAPA precisa assimilar em todas suas pesquisas o paradigma da Agroecologia. Só assim estará contribuindo para que a saúde se difunda por todo Brasil.

Enfim, quase todos os venenos devem ser proibidos. O uso deles só é tolerável como exceção e não como regra geral, o que lamentavelmente vem acontecendo. Roundup e muitos outros agrotóxicos são desenvolvidos para matar, não fazem parte da ética da vida. Há uma aliança macabra não confessada entre o agronegócio e a indústria farmacêutica. Produz-se alimentos envenenados para adoecer as pessoas e, assim, jogá-las nas garras da indústria farmacêutica que é a segunda que mais lucra, melhor dizendo, furta - após a indústria bélica. Em nome da Campanha da Fraternidade sobre Saúde Pública repudiamos a liberação do glifosato para a mandioca e todos os seus derivados.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 11 de março de 2012.

[1] Frei e padre carmelita; mestre em Exegese Bíblica; professor Teologia Bíblica; assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina; e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.brwww.gilvander.org.brwww.twitter.com/gilvanderluis - facebook: gilvander.moreira

[2] Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

[3] Acompanhem mais informações no site do mandato: www.padrejoao.com.br

domingo, 5 de fevereiro de 2012

MONSANTO E GOVERNO DOS EUA


É a tal política das portas giratórias: os políticos saem do governo e entram para a Monsanto (e vice-versa).

Provavelmente já trabalhavam para a Monsanto quando estavam no Governo.

Pergunto: quais seriam, no Brasil, os políticos que trabalham para Monsanto? Seria a tal bancada ruralista?

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Anvisa publica cartilha com orientações para trabalhadores rurais

Traje recomendado para comer salada. Fonte da imagem AQUI.

Sobre como evitar intoxicação com agrotóxicos


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou uma cartilha com orientações para trabalhadores rurais que trabalham com agrotóxicos. O objetivo é que eles saibam como evitar intoxicações.

De acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmcaológicas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2009, foram registradas 188 mortes por agrotóxicos e 11.641 casos de intoxicação. O agrotóxico de uso no campo é a segunda causa de intoxicação no país, ficando atrás apenas dos medicamentos, que somaram 26.540 registros no mesmo ano.

A cartilha cita quais são os principais sintomas de intoxicação aguda, seja pela respiração, boca ou contato com a pele, e como a pessoa deve agir. Alguns dos efeitos são inchaço no corpo, alergias, dor de cabeça, câimbras, vômitos, dificuldade de respirar e irritação na pele. 

Nos casos agudos, a contaminação pode provocar impotência, aborto e depressão.

O material orienta o agricultor a comprar o agrotóxico seguindo as recomendações de um agrônomo, que vai indicar a substância adequada para o tipo de plantação e a dose certa. 

Outras dicas são sobre o transporte, armazenamento e descarte correto das embalagens.

De acordo com a Anvisa, 20 mil exemplares da publicação foram distribuídos para as vigilâncias sanitárias estaduais, a Associação Brasileira de Supermercados, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e os ministérios da Agricultura e Saúde.

cartilha também está disponível no site da Anvisa.

Autor: Carolina Pimentel
Fonte: Agência Brasil 

Sobre este tema assista o vídeo O VENENO ESTÁ NA MESA.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CONTRA OS AGROTÓXICOS


Cinco esclarecimentos sobre agrotóxicos e alimentos orgânicos e agroecológicos.

    Na primeira semana de 2012, veículos da mídia de grande circulação divulgaram informações parciais e incorretas sobre o uso de pesticidas nos alimentos.

    Nós, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, contestamos essas informações e, com base no conhecimento de diversos cientistas, agrônomos, produtores e distribuidores de alimentos orgânicos, aproveitamos essa oportunidade para dialogar com a sociedade e apresentar nossos argumentos a favor dos alimentos sem venenos.

1 - O nome correto é agrotóxico ou pesticida e não “defensivo agrícola”.

    Como afirma a engenheira agrônoma Flavia Londres: “A própria legislação sobre a matéria refere-se aos produtos como agrotóxicos.”

    E o engenheiro agrônomo Eduardo Ribas Amaral complementa: “Mundialmente o termo utilizado é ‘pesticida’. Não conheço outro país que adote o termo ‘defensivo agrícola”.

2 - O nível de resíduos químicos contido nos alimentos comercializados no Brasil é muito preocupante e requer providências imediatas devido aos sérios impactos que gera na saúde da população.

    Voltamos a palavra à engenheira agrônoma Flavia Londres: “A revista se propõe a tranquilizar a população, certamente alarmada pelo conhecimento dos níveis de contaminação da comida que põe à mesa. Os entrevistados na matéria são conhecidos defensores dos venenos agrícolas, alguns dos quais com atuação direta junto a indústrias do ramo. Os limites ‘aceitáveis’ no Brasil são em geral superiores àqueles permitidos na Europa – isso pra não dizer que aqui ainda se usam produtos já proibidos em quase todo o mundo”.

    O engenheiro agrônomo Eduardo Ribas Amaral nos traz outra informação igualmente importante: “A matéria induz o leitor a acreditar que não há uso indiscriminado de agrotóxicos no país, quando a realidade é de um grande descontrole na aplicação desses produtos, fato indicado pelo censo do IBGE de 2006 e normalmente constatado a campo por técnicos da extensão rural e por fiscais responsáveis pelo controle do comércio de agrotóxicos”.

3 - Agrotóxicos fazem muito mal à saúde e há estudos científicos importantes que demonstram esse fato.

    Com a palavra a Profª Dra. Raquel Rigotto, da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará: “No Brasil, há mais de mil produtos comerciais de agrotóxicos diferentes, que são elaborados a partir de 450 ingredientes ativos, aproximadamente. Os agrotóxicos têm dois grandes grupos de impactos sobre a saúde. O primeiro é o das intoxicações agudas, aquelas que acontecem logo após a exposição ao agrotóxico, de período curto, mas de concentração elevada. O segundo grande grupo de impactos dos agrotóxicos sobre a saúde é o dos chamados efeitos crônicos, que são muito ampliados. Temos o que se chama de interferentes endócrinos, que é o fato de alguns agrotóxicos conseguirem se comportar como se fossem o hormônio feminino ou masculino dentro do nosso corpo; enganam os receptores das células para que aceitem uma mensagem deles. Com isso, se desencadeia uma série de alterações – inclusive má formação congênita; e hoje está provado que pode ter a ver com esses interferentes endócrinos. Pode ter a ver com os cânceres de tireóide, pois implica no metabolismo. E cada vez temos visto mais câncer de tireóide em jovens. Pode ter a ver com câncer de mama. E também leucemias, nos linfomas. Tem alguns agrotóxicos que já são comprovadamente carcinogênicos.Também existem problemas hepáticos relacionados aos agrotóxicos. A maioria deles é metabolizada no fígado, que é como o laboratório químico do nosso corpo. E há também um grupo importante de alterações neurocomportamentais relacionadas aos agrotóxicos, que vão desde a hiperatividade em crianças até o suicídio.”

      De acordo com o relatório final aprovado na subcomissão da Câmara dos Deputados que analisa o impacto dos agrotóxicos no país (criada no âmbito da Comissão de Seguridade Social e Saúde), há realmente uma “forte correlação” entre o aumento da incidência de câncer e o uso desses produtos. O trabalho aponta situações reais observadas em cidades brasileiras. Em Unaí (MG), por exemplo, cidade com alta concentração do agronegócio, há ocorrências de 1.260 novos casos da doença por ano para cada 100 mil habitantes, quando a incidência média mundial encontra-se em 600 casos por 100 mil habitantes no mesmo período.

Como afirma o relator, deputado Padre João (PT-MG), “Diversos estudos científicos indicam estreita associação entre a exposição a agrotóxicos e o surgimento de diferentes tipos de tumores malignos. Eu concluo o relatório não tendo dúvida nenhuma do nexo causal do agrotóxico com uma série de doenças, inclusive o câncer”, sustenta. Fonte: Globo Rural On-line, 30/11/2011.

4 - Não é possível eliminar os agrotóxicos lavando ou descascando os alimentos já que eles se infiltram no interior da planta e na polpa dos alimentos.

    A única maneira de ficar livre dos agrotóxicos é consumir alimentos orgânicos e agroecológicos. Não adianta lavar os alimentos contaminados com agrotóxicos com água e sabão ou mergulhá-los em solução de água sanitária ou, mesmo, cozinhá-los. Os resíduos do veneno continuarão presentes e serão ingeridos durante as refeições.

Além disso é importante lembrar que o uso exagerado de agrotóxicos também faz com que estes resíduos estejam presentes nos alimentos já industrializados, portanto, a melhor forma de não consumir alimentos contaminados com agrotóxicos, é eliminar a sua utilização.

5 - Os orgânicos não apresentam riscos maiores de intoxicação por bactérias, como a salmonela e a Escherichia coli.

    Segundo a engenheira agrônoma Flavia Londres: “Ao contrário dos resíduos de agrotóxicos, esses patógenos– que também ocorrem nos alimentos produzidos com agrotóxicos – podem ser eliminados com a velha e boa lavagem ou com o simples cozimento”.

A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida recomenda o documentário “O Veneno está na Mesa”, de Silvio Tendler, totalmente disponível no site da campanha (www.contraosagrotoxicos.org) bem como todos os materiais disponíveis na página.

    Participe você também nos diferentes comitês da campanha organizados nos diversos estados do Brasil, para maiores contatos envie e-mail para contraosagrotoxicos@gmail.com.

Fonte da imagem AQUI.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A Monsanto e o negócio com sementes transgênicas

 

Soja, milho, colza, algodão: sementes transgênicas prometem ser mais resistentes a pragas e mais produtivas. Mas ambientalistas discordam e afirmam que há riscos para a saúde. O principal alvo das críticas é a Monsanto.


"Queremos apenas um rótulo", gritam os manifestantes que marcham em direção à Casa Branca. "Oitenta por cento dos alimentos num supermercado são produzidos com ingredientes geneticamente modificados. Mas essa informação não consta [nas embalagens]", reclama Megan Westgate, chefe do projeto NONGMO e uma das organizadoras da manifestação em Washington.

Nos Estados Unidos, alimentos produzidos a partir de "organismos geneticamente modificados" – GMO, na sigla em inglês – não precisam trazer essa informação na embalagem.

A caminhada para a Casa Branca e a subsequente manifestação nos arredores do Parque Lafayette são o ponto alto da marcha Rigth2Know – "direito de saber", em português. Um dos participantes é o alemão Joseph Wilhelm, fundador da rede orgânica Rapunzel. Ele já organizou duas marchas contra os transgênicos na Alemanha. "Fiz todo o caminho de Nova York a Washington a pé", diz, orgulhoso, ao tirar os sapatos.
 
Monsanto como símbolo

Na verdade, Wilhelm gostaria que a marcha tivesse um outro destino: a sede da Monsanto em Saint Louis, no estado do Missouri. Para ele, a empresa é "o símbolo do desenvolvimento de sementes geneticamente manipuladas". Mas uma marcha até St. Louis chamaria pouca atenção para a questão da rotulagem dos alimentos transgênicos.

A centenária Monsanto foi refundada em 1997 como empresa agrícola. A história dela remonta a 1901. Ao seu passado pertence, entre outras coisas, a fabricação do agente laranja, o famigerado herbicida utilizado pelos militares americanos durante a Guerra do Vietnã. O agente laranja é considerado responsável por graves problemas de saúde de soldados americanos e vietnamitas.

Hoje a Monsanto se apresenta como empresa que desenvolve e vende apenas sementes e produtos agrícolas. Entre eles estão sementes de milho e de algodão resistentes a pragas, lançadas no mercado nos anos 1990.

No caso dessas sementes, "a própria planta produz o veneno", diz Wilhelm. Quando a planta é utilizada para alimentar animais, que, por sua vez, são usados como alimentos por seres humanos, "ingere-se o veneno junto", afirma. A carne de animais alimentados com produtos transgênicos não é rotulada na maioria dos países.

Outro tipo de produto são sementes, por exemplo de colza ou de soja, resistentes aos herbicidas da Monsanto, como o amplamente difundido Roundup. Esse herbicida mata todas as plantas do local onde é aplicado, exceto aquelas geneticamente modificadas pela Monsanto para serem resistentes a ele.

A Monsanto afirma que as sementes transgênicas não são prejudiciais à saúde. "Antes de serem colocadas no mercado, plantas biologicamente modificadas precisam ser submetidas a mais testes e exames do que outros produtos agrícolas" nos Estados Unidos, diz o porta-voz da Monsanto Europa, Mark Buckingham.
 
Preocupação com a saúde

Nem todos têm a mesma opinião. "Quando vejo o sistema regulatório para plantas geneticamente modificadas, acredito que seja insuficiente", considera Bill Freese, do Centro para Segurança Alimentar, uma organização sem fins lucrativos dos EUA que defende a agricultura sustentável.

Quando se modifica geneticamente uma planta, cria-se uma mutação, explica Freese. "A partir daí podem surgir defeitos: menor valor nutricional, toxinas em quantidade maior do que as naturalmente presentes, em quantidades pequenas e inofensivas, na planta ou até toxinas completamente novas."

Um grande problema dos transgênicos, na sua opinião, são as alergias. Devido à falta de informação nos rótulos dos alimentos, o consumidor não tem como saber posteriormente o que pode ter causado uma reação alérgica.

O presidente do Instituto Millennium de Washington, Hans Rudolf Herren, também alerta para problemas de saúde provenientes de plantas geneticamente modificadas, especialmente porque, ao contrário das promessas de empresas como a Monsanto, em longo prazo cada vez mais veneno é necessário, afirma.

"Já não basta pulverizar uma vez, pulveriza-se duas vezes e com um verdadeiro coquetel de herbicidas", diz. Segundo ele, isso ocorre porque as ervas daninhas se tornam resistentes ao veneno. Herren as chama de "super ervas daninhas".
 
Arma contra a fome

A favor das sementes geneticamente modificadas usa-se muitas vezes o argumento da luta contra a fome. "Modificações genéticas oferecem a agricultores e consumidores uma ampla gama de possibilidades, impossíveis de serem alcançadas com outros meios", diz Buckingham. Ele cita como exemplo a Índia, afirmando que a colheita de arroz aumentou de 300 quilos por hectare em 2002 para 524 quilos por hectare em 2009.

A ativista indiana Vandana Shiva, vencedora do Prêmio Nobel Alternativo, também participou dos protestos em Washington. Ela luta há anos contra a Monsanto e menciona o relatório O rei dos GMOs está nu, publicado por sua organização Navdanya International em outubro deste ano.

Segundo o documento, a Monsanto prometeria aos agricultores na Índia colheitas muito mais altas do que as citadas por Buckingham e não conseguiria manter essa promessa. Shiva diz que as sementes geneticamente modificadas não aumentaram as colheitas e que a afirmação de que menos químicos são necessários não é verdade.
 
Acusações em massa

As críticas concentram-se sobre a Monsanto, porque, segundo Shiva, "95% das sementes de algodão são controladas pela empresa, que possui contratos de licenciamento com 60 empresas de sementes indianas". A própria Monsanto não divulga dados sobre a sua participação em mercados fora dos EUA.

Nos Estados Unidos, segundo a Monsanto, a empresa fornece cerca de um terço das sementes de milho e nove de cada dez campos de soja são cultivados com a tecnologia Roundup Ready, da Monsanto e suas licenciadas.

Como a semente da Monsanto é patenteada, os agricultores só podem utilizá-la para um plantio. Eles não podem reivindicar o direito de guardar uma parte da colheita como semente para o próximo ano, como se faz na agricultura tradicional. Por terem de comprar sementes caras todos os anos, argumenta Shiva, muito agricultores indianos estão altamente endividados. Ela diz que 250 mil fazendeiros se mataram na Índia por causa de dívidas. "A maioria desses suicídios ocorreu em áreas de cultivo de algodão", diz.
 
A promessa de Obama

Um estudo do Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (IFPRI, na sigla em inglês) não conseguiu, porém, identificar uma relação direta entre o cultivo de algodão geneticamente modificado e os suicídios dos agricultores. De acordo com o estudo, houve de fato um aumento da colheita em várias partes da Índia por causa do algodão transgênico. Perdas na colheita – que também foram registradas – foram causadas por secas ou outras condições desfavoráveis.

"Informaremos às pessoas se seus alimentos são geneticamente modificados, pois os norte-americanos devem saber o que estão comprando", prometera o então candidato à presidência dos EUA Barack Obama em 2007. Entretanto, até agora nada aconteceu nesse sentido.

A responsável pela análise e rotulagem de alimentos nos Estados Unidos é a Food and Drug Administration (FDA), mais especificamente o presidente da área de segurança alimentar. Em 2010, Obama designou um novo nome para o cargo: Michael R. Taylor. Um de seus empregos anteriores foi o de vice-presidente de políticas públicas da Monsanto.

Autora: Christina Bergmann (lpf)
Revisão: Alexandre Schossler

Deustche Welle

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

POR UM BRASIL ECOLÓGICO, LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS

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Novo relatório argentino confirma incidência maior de câncer e bebês malformados em regiões de produção de soja transgênica


Por quase 10 anos, os moradores de áreas rurais e periurbanas da Argentina onde a agricultura industrial vem se expandido têm recorrido a autoridades políticas e aos tribunais de justiça, bem como protestado diante do público, por causa dos problemas de saúde que suas comunidades vêm sofrendo em função da pulverização de agrotóxicos usados nas diferentes culturas agrícolas.

Nesses locais, chama a atenção o aumento do número de casos de câncer, de nascimento de bebês com malformações e de problemas reprodutivos e hormonais desde que a pulverização sistemática de agrotóxicos se generalizou. As reclamações das cidades-pulverizadas têm sido confirmadas por equipes médicas que atuam nessas regiões, mas as respostas do sistema público de saúde e o envolvimento das universidades públicas com o problema têm sido escassos e limitados.

Buscando promover um espaço para a análise acadêmica e a reflexão científica sobre o estado da saúde em cidades-pulverizadas, bem como ouvir e apoiar os profissionais de saúde que vêm denunciando estes problemas, a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nacional de Córdoba promoveu em agosto deste ano o Primeiro Encontro Nacional de Médicos em Cidades-Pulverizadas. Médicos, outras equipes de saúde e pesquisadores de diferentes disciplinas atuando no país foram chamados a apresentar suas experiências, dados, propostas e trabalhos científicos. O evento reuniu mais de 160 participantes de dez estados e de seis universidades federais.

O relatório do encontro, apresentando os principais resultados dessas pesquisas, acaba de ser publicado.

Os relatórios e testemunhos apresentados pelos médicos presentes confirmam as observações clínicas, atestando uma série de doenças e problemas de saúde em pessoas expostas à pulverização. Embora as manifestações de intoxicação aguda (aquela que se manifesta poucas horas após uma exposição elevada a produtos muito tóxicos) representem a maior parte das queixas dos pacientes, o que mais alarma os médicos na maioria das cidades-pulverizadas são duas constatações: primeiro, o número de abortos espontâneos e de nascimento de bebês malformados é significativamente maior nas cidades-pulverizadas do que na média da população. Segundo, nota-se também um aumento na incidência de câncer em crianças e adultos, além de outras doenças sérias como a Púrpura de Henoch-Schönlein (inflamação dos vasos sanguíneos), doenças hepáticas e neurológicas. Os médicos chamaram a atenção para o fato de que, em geral, vêm trabalhando nas mesmas comunidades por mais de 25 anos, e que as doenças observadas nos últimos anos são incomuns e estritamente relacionadas à aplicação sistemática de agrotóxicos.

Um exemplo contundente são os dados apresentados pela Dra. Ana Lía Otaño, representante do Ministério da Saúde no estado do Chaco. O relatório trazido por ela realça claramente o aumento dos casos de bebês malformados no nível estadual, de acordo com os números da principal unidade de saúde pública do estado, a Unidade Neonatal do Hospital J.C. Perrando, na cidade de Resistencia (capital do estado), que passaram de 46 em 1997 para 186 em 2008 (um aumento de 19,1/10 mil nascidos vivos para 85,3/10 mil nascidos vivos).

Os números do Hospital de Resistencia convergem com os dados apresentados pelo Dr. Horacio Lucero, diretor do Laboratório de Biologia Molecular do Instituto Regional de Medicina da Universidade Nacional do Nordeste, que há mais de dez anos vem estudando e registrando a relação dos problemas de saúde acima descritos com a exposição residencial (por vizinhança) aos agrotóxicos no estado do Chaco. O Dr. Lucero acrescenta que, nos últimos anos, o plantio de soja por grandes conglomerados agrícolas veio substituindo outras atividades agrícolas tradicionais na economia regional. Ele apresenta gráficos cruzando o aumento do plantio de soja no estado com o aumento no número de bebês nascidos com malformações. A relação é ainda mais fortalecida quando é apresentado um mapa mostrando que o número de mortes de bebês causadas por deformações, anomalias cromossômicas e outros defeitos no nascimento é significativamente maior nas áreas de produção de soja e na cidade La Leonesa, que estão sujeitas a altos níveis de pulverização de glifosato e outros agrotóxicos.

Os dados apresentados pela Dra. Otaño também mostram que a incidência de câncer infantil é significativamente maior em cidades expostas aos agrotóxicos (como La Leonesa), quando comparada a cidades moderadamente expostas (como Las Palmas) e a cidades não expostas aos pesticidas (como Puerto Bermejo). 

A incidência de câncer infantil em La Leonesa é mais de três vezes superior que a de Puerto Bermejo.

Os médicos chamam a atenção para o fato de que o aumento do câncer e malformações congênitas nas áreas mencionadas acompanhou o aumento exponencial do uso de agrotóxicos desde a introdução das lavouras transgênicas.

Segundo o relatório, em 1990 foram usados 35 milhões de litros de agrotóxicos. Em 1996, a introdução das sementes transgênicas acelerou o uso de venenos, levando a um consumo de 98 milhões de litros. Em 2000 foram aplicados 145 milhões de litros. Em 2010 esse número já era de 292 milhões de litros, e espera-se para 2011 um consumo de mais de 300 milhões de litros de herbicidas, inseticidas, acaricidas, desfoliantes e outras substâncias tóxicas. O glifosato sozinho deverá representar 200 milhões de litros nesse conjunto.

O relatório também menciona que o aumento do uso de glifosato verificado a cada ano deve estar relacionado ao desenvolvimento de resistência ao veneno pelas plantas invasoras. Os números indicam que em 1996 eram aplicados menos de 2 litros de glifosato por hectare, enquanto hoje algumas áreas recebem 10 litros por hectare. Em alguns casos chegam a ser aplicados quase 20 litros por hectare. E esses agrotóxicos são aplicados extensivamente, sobre grandes áreas.

Segundo geógrafos da Universidade Nacional de Córdoba, pelo menos 12 milhões de pessoas vivem em cidades rodeadas por lavouras pulverizadas por venenos. Para os médicos, são 12 milhões de argentinos que estão sendo diretamente fumigados.

Entre as propostas apresentadas pelos médicos participantes do Encontro ao final do documento estão a proibição da pulverização aérea de agrotóxicos, cuja deriva espalha incontroladamente substâncias tóxicas pelo ar, e que as universidades públicas passem a desenvolver e promover opções agroecológicas de produção.

Leia na íntegra, em inglês, o Relatório do 1º. Encontro Nacional de Médicos em Cidades Afetadas pela Pulverização Agrícola

AS-PTA

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Uso de agrotóxicos e impactos na qualidade da água

Fonte da imagem: AQUI.

Levantamento do uso de agrotóxicos sugere ampliação da análise da água no Rio Grande do Sul


A Secretaria Estadual da Saúde realizou um levantamento do uso de agrotóxicos e o seu impacto na qualidade da água dos mananciais gaúchos. O estudo apontou que muitos tipos de químicos não fazem parte da lista de produtos que têm limites aceitáveis normatizados pelo Ministério da Saúde. Apesar deles serem eliminados no tratamento antes do consumo humano, garantindo a sua potabilidade, o estudo propõe que esses outros pesticidas também passem a ter sua concentração na água verificada nas análises laboratoriais feitas rotineiramente.

O estudo - realizado entre 2009 e 2010 - foi coordenado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) e abrangeu as 24 bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul. Através da aplicação de questionários com agricultores de 72 cidades gaúchas (três por bacia hidrográfica), ele levantou dados sobre o tipo e volume dos agrotóxicos utilizados em 15 diferentes culturas. Também foram analisadas as características físicas-químicas dos agrotóxicos em uso. 

A região Noroeste do Estado foi a que apresentou os maiores volumes de agrotóxicos por área cultivada, chegando a 919 litros por quilômetro quadrado ao ano na Bacia do Alto Jacuí. A região é grande produtora de milho, soja e trigo. A estimativa do uso de agrotóxicos no RS para a safra 2009/2010 teve, de acordo com a análise, média de 320,2 L/Km2/ano. Com base nos cálculos, foram identificado os compostos mais utilizados no Estado, destacando-se o glifosato, amplamente utilizado em diferentes culturas por ser um herbicida sistêmico não seletivo. Entre os dez compostos mais usados, ele é o único que consta na atual norma nacional de controle. 

O estudo identificou os produtos mais usados para depois classificá-los por criticidade e bacia hidrográfica, possibilitando monitorar na água de consumo humano os princípios ativos dos agrotóxicos de acordo com a realidade local. 
No Brasil, a Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. O texto deve ter uma atualização publicada ainda este ano, mas mesmo assim continuará sem incluir alguns dos produtos utilizados no RS. 
Munido do levantamento, o governo do Estado estudará junto às concessionárias de distribuição e aos laboratórios que prestam serviço à Secretaria Estadual da Saúde que incluam estes produtos na análise laboratorial. Dessa forma, certifica-se que a água consumida no RS continue livre desses químicos. 

O levantamento foi apresentado durante o 26º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, que ocorreu em Porto Alegre entre o último domingo (25) e esta quinta-feira (29). Na oportunidade, a representante do Ministério da Saúde, Mariely Daniel, apresentou a proposta nacional para a revisão nova portaria de potabilidade da água de consumo humano. Após a mostra do estudo, a presidente do congresso da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES), Ellen Pritsch, falou do impacto econômico de ampliar as análises de controle d`água.


Autor: Assessoria de Comunicação Social
Fonte: Secretaria da Saúde - RS