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quarta-feira, 7 de novembro de 2018

COMO DETECTAR LIXO HUMANO

 

12 frases que fazem você pensar "lixo humano detected"

 Aline Ramos



1. "Eu não sou preconceituoso, mas..."

Você já reparou que depois dessa frase sempre vem outra que prova justamente que a pessoa é preconceituosa? Ela é a clássica e se destaca entre todas as frases lixos. Se você não é preconceituoso, você nem deveria precisar dizer essa frase.



2. "Não tenho nada contra, até tenho amigos que são..." 


Se você tem algo contra a EXISTÊNCIA de algum amigo ou amiga que seja LGBTQ, negro, asiático, feminista ou o que seja, você não é um amigo de verdade. Com certeza essas pessoas ficariam muito chateadas em saber que você utiliza esse tipo de frase para defender que não é preconceituoso.



3. "Direitos humanos para humanos direitos."

 
Os Direitos Humanos foram feitos para garantir a humanidade e integridade de TODAS as pessoas e não apenas daquelas que seguem o que você considera ser o correto.

Essa frase geralmente é utilizada quando se trata da defesa de direitos de pessoas acusadas de crimes ou que estão encarceradas, mas o que se esquece é que os Direitos Humanos também estão presentes quando um policial é morto durante o trabalho ou quando alguém é vítima de um crime bárbaro.

Enfim, os Direitos Humanos foram feitos para todos.

 

4. "Mulher tem que se dar ao respeito."


Nossa, dá para sentir o mau cheiro daqui. Todos os indivíduos merecem respeito. E como mulheres também são indivíduos, elas também merecem, em qualquer ocasião. Respeito não é algo que as pessoas devem conquistar, é algo que elas devem praticar no seu dia a dia.



5. "Mas aí ele/a pediu para apanhar."


Meu querido, você jura que tem situação que justifica a violência? Com certeza você não gostaria de ouvir isso se passasse por uma situação do tipo. Culpar a vítima é tapar o sol com a peneira e ignorar como o problema da violência, seja ela qual for, é muito maior do que a gente imagina.



6. "Por que você tem medo da ditadura? É só não fazer nada de errado."


Quando um país vive num regime ditatorial, seja o Brasil ou qualquer outro, qualquer manifestação contrária a quem está no poder é motivo para prisões, violência e tortura. O medo não é porque as pessoas querem cometer crimes, mas porque esses sistemas políticos tornam crime o que bem entenderem.



7. "O mundo está muito chato, não pode mais fazer piada de nada."


O mundo não está chato, talvez as suas piadas só estejam desatualizadas e sejam preconceituosas mesmo. Parar para ouvir um pouquinho o outro vai te ajudar a entender por que nem toda piada faz todo mundo rir.



8. "Agora é tudo mimimi."


O mundo tem mudado bastante, e isso não é necessariamente algo ruim. As pessoas que sempre foram alvos de preconceito agora estão mais conscientes sobre o que está acontecendo e falam mais sobre esses temas. Talvez você só tenha que mudar alguns conceitos e olhar com outros olhos para essas pessoas e para o que elas dizem.



9. "Não é privilégio, é meritocracia."


Quando falamos que alguns grupos sociais são privilegiados, é porque eles não tiveram oportunidades na vida afetadas por sua sexualidade, gênero ou raça. Vivemos num país em que ter acesso à água, luz e saneamento básico é um privilégio, mas não deveria ser. Então, imagine qual é o tamanho do fosso que separa algumas pessoas e aumenta a desigualdade social.

Se você imaginar que a vida é uma corrida, o privilégio faz com que algumas pessoas saiam na frente porque tiveram acesso a uma educação melhor, saúde e até alimentação. Você acha isso justo?

Conviver com pessoas diferentes de você pode te mostrar na prática quais privilégios você teve ou não. Tente um pouco, saia da sua bolha.




10. "A minha empregada é praticamente da família."


Por mais bem intencionada que seja essa frase, ela carrega muito preconceito porque demonstra que uma pessoa enxerga a outra como propriedade dela. Uma empregada doméstica não deveria ser tratada como da família, mas sim como uma funcionária, que possuiu direitos como qualquer outro trabalhador. Essa prática é um dos resquícios do período da escravidão, quando mulheres negras serviam às famílias de seus donos e eram obrigadas a dar mais atenção aos filhos deles do que aos seus. E isso passa longe de ser algo positivo, né?



11. "Se estivesse em casa, não teria sido estuprada."


Estudos mostram que a maior parte dos estupros ocorrem justamente dentro de casa e são praticados por pessoas de confiança da família. Esse, inclusive, é um dos motivos que faz com que as vítimas não denunciem seus estupradores e passem a vida calada. Ou seja, esse argumento está longe de ser verdadeiro e novamente joga a culpa na vítima.



12. "Agora virou crime ser hétero/branco/rico."


Até o momento, não foi registrado nenhum caso de prisão ou condenação por esses motivos. Pelo contrário, esses grupos sociais continuam aproveitando dos seus privilégios.

 

Fonte Texto:  https://www.buzzfeed.com/ramosaline/frases-preconceituosas-lixo-humano-detected?utm_source=dynamic&utm_campaign=bffbbuzzfeedbrasil&ref=bffbbuzzfeedbrasil

Fonte Imagem: https://static.boredpanda.com/blog/wp-content/uploads/2016/04/surreal-illustrations-poland-igor-morski-4-570de3448bd74__880.jpg

 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

RIO+20 E SHAKESPEARE

LIXO NO OCEANO (Fonte da imagem AQUI)

"Os negociadores usaram 118 palavras onde poderiam ter sido usadas apenas quatro: não estamos fazendo nada."

Foi com essa frase que a High Seas Alliance (HSA), grupo que reúne 25 ONGs, avaliou as medidas para o alto-mar que constam no texto final aprovado pelas delegações na Rio+20.

Aliás, os resultados globais da edição do Rio+20 lembra muito o título da peça de Shakespeare "Muito barulho por nada".

Muito barulho por nada (Much Ado About Nothing, no original em inglês), é uma comédia, que tem como cenário a cidade de Messina (Sicília), de autoria de William Shakespeare, tendo sua primeira apresentação em 1598/1599. É considerado um dos textos mais hilariantes de Shakespeare.[1]

Leia mais AQUI e AQUI.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Pela lei, até 2014 coleta seletiva estará implantada em todo o Brasil


Em quatro anos, no dia 3 de agosto de 2014, o Brasil estará livre dos lixões a céu aberto, presentes em quase todos os municípios brasileiros. Isso é o que define o artigo nº 54 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Esta Política foi recentemente regulamentada por Decreto Presidencial, em 23 de dezembro de 2010. Também ficará proibido, a partir de 2014, colocar em aterros sanitários qualquer tipo de resíduo que seja passível de reciclagem ou reutilização.

Isso significa que os municípios brasileiros, para se adequar a nova legislação, terão que criar leis municipais para a implantação da coleta seletiva.

Uma outra data definida na regulamentação da PNRS é quanto à elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. 

Pela regulamentação, a União, por meio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), tem 180 dias de prazo, a contar da publicação do Decreto, para elaborar a proposta preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, com vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 anos, devendo ser atualizado a cada quatro. A proposta do plano será submetida à consulta pública, pelo prazo mínimo de 60 dias.

Em sua versão preliminar, o Plano de Resíduos Sólidos vai definir metas, programas e ações para todos os resíduos sólidos. Para sua construção, a ser coordenada por um comitê interministerial, será utilizada a experiência e estudos sobre resíduos sólidos já acumulados em 18 estados da Federação.

O Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos, será coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e composto por nove ministérios mais a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.

Logística reversa – De acordo com o texto do Decreto, logística reversa é o instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado pelo conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

A regulamentação definiu como se dará a responsabilidade compartilhada no tratamento de seis tipos de resíduos e determinou a criação de um comitê orientador para tratar destes casos específicos. São eles: pneus; pilhas e baterias; embalagens de agrotóxicos e óleos lubrificantes além das lâmpadas fluorescentes e dos eletroeletrônicos. O comitê orientador vai também definir cronograma de logística reversa para um outro conjunto de resíduos que inclui as embalagens e produtos que provoquem impacto ambiental e na saúde pública.

Os instrumentos para operar os sistemas de logística reversa são: acordos setoriais; regulamentos expedidos pelo Poder Público; ou termos de compromisso.

O Secretário de Recursos Hídricos de Ambiente Urbano (SRHU) do MMA, Silvano Silvério, explica que pela nova lei, o cidadão passa a ser obrigado a fazer a devolução dos resíduos sólidos no local, a ser previamente definido pelo acordo setorial e referendado em regulamento, podendo ser onde ele comprou ou no posto de distribuição. Segundo ele, a forma como se dará essa devolução, dentro de cada cadeia produtiva, será definida por um comitê orientador, a ser instalado ainda no primeiro semestre de 2011.

Atualmente, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelece, por meio de Resolução, os procedimentos para o descarte ambientalmente correto de quatro grupos de resíduos. São eles: pneus(Resolução 362/2005); pilhas e baterias (Resolução 257/1999); óleos lubrificantes (Resolução 258/1999); e embalagens de agrotóxicos (Resolução 334/2003 e Lei nº 9.974/2000). Os acordos setoriais ou os termos de compromisso servirão para revalidar ou refazer os que está definido nas resoluções e leis em vigor.

Embalagens - A novidade que a regulamentação traz é a obrigatoriedade da logística reversa para embalagens. O secretário explica que é possível aplicar o procedimento para todo o tipo de embalagem que entulham os lixões atualmente, inclusive embalagens de bebidas. Ele relata, inclusive, que o Ministério do Meio Ambiente já foi formalmente procurado pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) para informar que estão aptos a fazer a coleta de óleos lubrificantes. O MMA foi também procurado pela Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vdro (Abividro) que demonstrou interesse em implantar a logística reversa em embalagens de vidro.

Segundo ele, existem duas formas de se fazer a logística reversa para embalagens. Uma, de iniciativa do setor empresarial, que pode instituir o procedimento para uma determinada cadeia. A outra, de iniciativa do Poder Público. Neste caso, o primeiro passo é a publicação de edital, onde o comitê orientador dá início ao processo de acordo setorial. No edital estarão fixados o prazo, as metas e a metodologia para elaboração de estudos de impacto econômico e social.

Os acordos setoriais são atos de natureza contratual firmados entre o Poder Público e os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes visando à implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

Depois de definidas as bases do acordo setorial, os setores envolvidos no processo de logística reversa definem como pretendem fazê-lo. A proposta é levada ao Governo Federal para análise. Estando em acordo ao que estabelece o edital, a proposta é acolhida e homologada via Comitê Orientador. A partir de então, o processo de logística reversa começa a ser implementado. O Governo Federal pode transformar o acordo em regra nacional por meio de regulamento.

O processo vale para os eletroeletrônicos. A partir do momento em que o Comitê Orientador definir o processo de logística reversa, ficará determinado onde o cidadão deve devolver seu resíduo. Silvano Silvério informa que o comitê orientador estabelecerá, por edital, o início dos acordos setoriais.

Catadores – A regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) dá atenção especial aos catadores de materiais recicláveis. Está definido, por exemplo, que o sistema de coleta seletiva de resíduos sólidos e a logística reversa priorizarão a participação de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis constituídas por pessoas físicas de baixa renda.

Determina também que os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos definam programas e ações para a participação dos grupos interessados, em especial das cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis também constituídas por pessoas físicas de baixa renda.

Diretrizes - A Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em agosto de 2010, contém as diretrizes para a gestão, o gerenciamento e o manejo dos resíduos sólidos. Ela também incentiva os fabricantes a adotar procedimentos adequados à produção de produtos não agressivos ao ambiente e à saúde humana e à destinação final correta dos rejeitos da produção.

Sua aprovação representou um amplo consenso envolvendo todos os atores que fazem parte dos mais diversos ciclos da produção de resíduos sólidos no Brasil.

Ela trata de temas amplos e variados que fazem parte do dia-a-dia das pessoas, envolvendo conceitos como área contaminada, ciclo de vida do produto, coleta seletiva, controle social, destinação final ambientalmente adequada, gerenciamento de resíduos, gestão integrada, reciclagem, rejeitos, responsabilidade compartilhada e reutilização.

A nova política é clara em definir de que forma se dará o gerenciamento dos resíduos, indicando inclusive sua ordem de prioridade que será a de não-geração, a de redução, reutilização, reciclagem e tratamento de resíduos. A nova política cria também um sistema nacional integrado de informações sobre resíduos sólidos. O sistema será responsável por recolher e divulgar informações com rapidez e qualidade. (Fonte: Suelene Gusmão/MMA)

Fonte: BrasilAlemanha

terça-feira, 23 de novembro de 2010

UMA SÍNTESE DA ERA BERLUSCONI

 Especialistas advertem para possíveis ameaças à saúde da população<br /><b>Crédito: </b>  roberto salomone / afp / cp
Crédito: roberto salomone / afp / cp

Lixo volta a se acumular em Nápoles

Nápoles - Especialistas em saúde estão alertando para os possíveis riscos decorrentes da nova crise do lixo em Nápoles, Itália, onde pilhas de detritos voltaram a se acumular nas ruas. Maria Trassi, da Universidade Federico II, de Nápoles, disse, ontem, que há o risco de doenças se disseminarem por causa dos ratos e insetos. O lixo não é recolhido em Nápoles há mais de uma semana. Já são 2,9 toneladas.

Uma equipe da União Europeia está na região para avaliar a situação. A persistente crise do lixo em Nápoles e nas cidades vizinhas é o resultado de corrupção, parco gerenciamento e infiltração da máfia local no sistema de coleta dos resíduos. Desde 2008, o primeiro-ministro da Itália, Sílvio Berlusconi, promete resolver o problema.

Fonte: Correio do Povo

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Com avanços tecnológicos, lixo eletrônico vai se acumulando


Agência FAPESP – Há mais de dez anos tem crescido enormemente o uso de dispositivos eletrônicos portáteis, como computadores, telefones celulares e tocadores de música (primeiramente CD e, depois, arquivos digitais). Um dos resultados, que a princípio não parecia preocupante, é o acúmulo de lixo.

Eletrônicos hoje representam o tipo de resíduo sólido que mais cresce na maioria dos países, mesmo nos em desenvolvimento. Um dos grandes problemas de tal lixo está nas baterias, que contêm substâncias tóxicas e com grande potencial de agredir o ambiente.

Em artigo publicado na edição de 30/10 da revista Science, pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, comentam o problema e a ausência de políticas adequadas de reciclagem.

“O pequeno tamanho, a curta vida útil e os altos custos de reciclagem de tais produtos implicam que eles sejam comumente descartados sem muita preocupação com os impactos adversos disso para o ambiente e para a saúde pública”, apontam os autores.

Eles destacam que tais impactos ocorrem não apenas na hora de descartar os equipamentos eletrônicos, mas durante todo o ciclo de vida dos produtos, desde a fabricação ou mesmo antes, com a mineração dos metais pesados usados nas baterias.

“Isso cria riscos de toxicidade consideráveis em todo o mundo. Por exemplo, a concentração média de chumbo no sangue de crianças que vivem em Guiyu, na China, destino conhecido de lixo eletrônico, é de 15,2 microgramas por decilitro”, contam.

Segundo eles, não há nível seguro estabelecido para exposição ao chumbo, mas recomenda-se ação imediata para níveis acima de 15,2 microgramas por decilitro de sangue.

Os pesquisadores estimam que cada residência nos Estados Unidos guarde, em média, pelo menos quatro itens de lixo eletrônico pequenos (com 4,5 quilos ou menos) e entre dois e três itens grandes (com mais de 4,5 quilos). Isso representaria 747 milhões de itens, com peso superior a 1,36 milhão de toneladas.

O artigo aponta que, apesar do tamanho do problema, 67% da população no país não conhece as restrições e políticas voltadas para o descarte de lixo eletrônico. Além disso, segundo os autores, os Estados Unidos não contam com políticas públicas e fiscalização adequadas para a reciclagem e eliminação de substâncias danosas dos produtos eletrônicos.

Os pesquisadores pedem que os governos dos Estados Unidos e de outros países coloquem em prática medidas urgentes para lidar com os equipamentos eletrônicos descartados. Também destacam a necessidade de se buscar alternativas para os componentes que causem menos impactos à saúde humana e ao ambiente.

O artigo The electronics revolution: from e-wonderland to e-wasteland, de Oladele Ogunseitan e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

Texto de Naiara Bertão, para ECO PLANET.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Nápoles: lixo causa crise na segurança

 
Massimo R. Alpian

Itália: terra das artes, da moda, das massas e... do lixo. O cenário desse drama italiano é Campania, no sul do país, e cuja capital, Nápoles, se tornou o epicentro de uma crise. Corrupção, burocracia, mal-funcionamento dos órgãos governamentais e a interferência do crime organizado levaram ao limite um problema que já dura 14 anos: o lixo não é coletado na cidade há oito meses.

O problema começou em 1994 quando os depósitos de lixo da cidade tiveram sua capacidade de armazenamento superada e foram fechados por motivos de saúde pública. Os trabalhadores chegaram a se recusar a coletar o lixo e foi decretado estado de emergência em algumas localidades no sul do país.

No entanto, pouca coisa mudou desde então e a mesma cadeia de eventos segue acontecendo transformando a cidade de Nápoles e a região de Campania num aterro sanitário a céu aberto.

A raiz da questão está em que a máfia local - a Camorra - controla a indústria do lixo e, para obter mais lucro, enche os depósitos de lixo e os locais de incineração com lixo importado do norte da Itália e de países ricos da Europa. Os restos são jogados ou incinerados ilegalmente - um crime que viola a lei ambiental e que dá à máfia um ganho de seis bilhões de euros por ano.

Com os depósitos e aterros sanitários repletos de lixo, os trabalhadores não podiam mais recolher o lixo local, não deixando outra escolha à população a não ser empilhar o lixo nas ruas. Com o aumento das pilhas, os próprios moradores começaram a incinerar o lixo aumentando a poluição do ar. Finalmente, o governo resolveu interceder e encontrou uma solução temporária: usar pequenos espaços no meio das montanhas de lixo.

A raiz desta crise foi revelada em um livro publicado no ano passado nos Estados Unidos pelo especialista em crime organizado, o napolitano Roberto Saviano. O pesquisador afirmou que as companhias de limpeza controladas pela Camorra ganham os contratos para remover o lixo tóxico das indústrias do norte da Itália e depois, por causa do esgotamento da capacidade dos aterros existentes, jogam esse lixo nos rios da região. Saviano revelou também que as empresas geridas pela máfia misturam lixo tóxico com outros materiais e revendem como fertilizantes.

A situação atingiu o ápice em dezembro de 2007 quando, mais uma vez, a coleta de lixo chegou a um impasse porque os depósitos atingiram sua capacidade máxima. Mas, diferente do passado, o governo italiano não conseguiu encontrar uma solução temporária o que levou ao mais longo período sem o serviço de coleta de lixo.

Da ineficiência à ameaça à segurança humana

Enquanto as noções tradicionais de segurança humana englobam a segurança pública e a segurança comunitária - como as ameaças pela violência -, a comunidade internacional também reconhece a ameaça à saúde pública como parte da segurança humana. No entanto, como a situação já passou de ruim para pior, a questão agora é se as circunstâncias atingiram um ponto onde a segurança humana está sendo ameaçada, o que exigirá a ação de uma instituição externa como a União Européia.

A Comissão Européia parece achar que a crise chegou a esse ponto. No dia 6 de maio deste ano, a Comissão, que é o braço executivo da União Européia, entrou com uma ação contra o governo da Itália na Corte de Justiça Européia acusando o governo italiano de não cumprir com suas obrigações em prover serviços sanitários aos residentes de Nápoles e da região de Campania.

Com certeza, se a decisão da Corte for contra a Itália, o governo do primeiro-ministro recém-eleito poderá ter que pagar uma série de multas. "As pilhas de lixo não recolhido nas ruas de Campania ilustra graficamente a ameaça ao meio ambiente e à saúde humana que ocorre quando o gerenciamento do lixo é inadequado", afirma Stavros Dimas, comissário para o meio ambiente da União Euroéia.

Além de ameaçar a paz civil com violentos protestos e confrontos com a polícia, a região agora enfrenta uma questão de saúde pública com o aumento dos casos de doenças em certas áreas, como mostraram alguns estudos.

Uma pesquisa lançada no ano passado pelo Conselho Nacional de Pesquisa da Itália demonstra os efeitos de quase 14 anos de problemas sanitários recorrentes. O estudo descobriu que, entre os italianos que moram próximos aos depósitos menos controlados (principalmente onde são ilegais), a taxa de mortalidade é 12% mais alta do que a média para mulheres e 9% maior que a média para homens.

O estudo mostrou também que o índice de câncer hepático fatal na área é 29% mais alto do que o esperado em mulheres e 19% mais alto do que o esperado em homens. Por fim, foi documentado também um aumento dos casos de malformação congênita dos sistemas urinário e nervoso. O lixo acumulado nas ruas e parques é também refúgio para agentes transmissores de doenças como ratos e insetos causando mais prejuízo a uma situação já deteriorada.

Então o que fazer agora? O primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que assumiu em abril deste ano, prometeu fazer da crise do lixo uma questão de prioridade nacional e se comprometeu a limpar Nápoles e a região de Campania em um mês. Berlusconi prometeu implementar novos incineradores e forçou a bertura de depósitos que estvam fechados. O Exército italiano foi chamado para conter e prevenir novos protestos e a região está enviando cerca de 700 toneladas de lixo por dia para a Alemanha, abrindo espaço para o lixo local.

O primeiro-ministro também mencionou recentemente que o governo italiano está "muito perto" de assinar acordos com empresas privadas para estocar e processar o lixo em áreas fora da região.

Enquanto essas ações emergenciais podem melhorar a situação no curto prazo, muitos especialistas afirmam que é necessário atacar a raiz do problema ou a situação vai voltar a se repetir. Como apontou Roberto Saviano, a questão não é a falta de espaço, mas a infiltração da máfia na indústria do lixo fazendo com que os descartes industriais de outras localidades ocupem o espaço destinado ao lixo local fazendo com que as ruas fiquem tomadas.

* Massimo Alpian faz mestrado em Relações Internacionais na Universidade de Columbia, em Nova York.

sábado, 19 de julho de 2008

Boom de incineradoras torna lixo escasso na Alemanha

Energie, Ian Anderson:

Altos preços da energia convencional tornam incineração do lixo negócio rentável. Boom de usinas de incineração na Alemanha. Despejos da Itália demoram a chegar por razões burocráticas.

O lixo está cada vez mais escasso na Alemanha. O que sobra da seleção de papéis, vidros e embalagens, tornou-se matéria-prima cobiçada para combustão. A tendência é registrada desde 2005, quando passou a ser proibido o despejo de lixo comum em depósitos.

A energia do lixo é usada na combustão, disse Christoph Partisch, economista do Dresdner Bank. Trata-se de um bom negócio, em vista da alta dos preços dos derivados do petróleo: os operadores dos fornos saem ganhando pelo fato de economizarem carvão e óleo.

Além disso, estão livres do pagamento pelas emissões do poluente CO2, pois a decomposição do lixo também causaria emissões. As vantagens explicam a ociosidade já hoje existente na Alemanha.

País terá mais 100 usinas

Para a queima de 14 milhões de toneladas de lixo doméstico a cada ano na Alemanha, existem já hoje 68 usinas de incineração com uma capacidade de 18 milhões de toneladas/ano, informa o Ministério alemão do Meio Ambiente. Segundo a associação das empresas de transformação do lixo, há planos para a construção de mais 100 usinas em todo o país.

Sua implementação no entanto só vale a pena se forem fechados contratos de longo prazo para o fornecimento de lixo, adverte a entidade, que defende a liberalização do mercado. "O lixo deveria ser tratado como qualquer outra mercadoria", disse o porta-voz Karsten Hintzmann. Ele reclama que a importação de lixo careça de autorização.

A dificuldade da importação pode ser exemplificada com o caso de Nápoles. Até que 160 mil toneladas pudessem ser transportadas para a Alemanha, passaram-se alguns meses. Segundo o Ministério alemão do Meio Ambiente, em 2007 foram trazidas para a Alemanha 6 milhões de toneladas de lixo, vindas principalmente dos vizinhos ocidentais. Por outro lado, foram exportadas 1,8 milhão de toneladas.

No estado de Hessen, por exemplo, quando estiverem prontas todas as usinas planejadas, vai faltar 1 tonelada de lixo doméstico para suprir a capacidade das incineradoras. Além das quatro usinas de incineração municipais, estão sendo construídas mais cinco usinas para a produção combustíveis derivados de resíduos.

Um exemplo é a fábrica de Frankfurt-Höchst, que custará 300 milhões de euros. Nela deverão ser incineradas 657 mil toneladas de lixo doméstico por ano para a produção de vapor e energia às empresas químicas.

Lixo da Itália chega devagar

Embora o presidente italiano Silvio Berlusconi tenha declarado na sexta-feira (18/07) o fim da crise do lixo em Nápoles, os contêineres para incineração na Alemanha estão chegando aos poucos.

Segundo Werner Schui, da prefeitura de Bonn, "formalidades burocráticas" causadas pelo rigor na União Européia são responsáveis pelo atraso. No total, está prevista a importação de 160 mil toneladas de lixo doméstico da região de Nápoles.

Sobre os lucros das oito usinas alemãs que queimarão lixo italiano não se fala. Schui garante, no entanto, que não se trata de uma mera ação de ajuda à Itália.

Em Hamburgo já teriam chegado os primeiros carregamento para serem queimados. Um deles teria sido mais complexo, pois exames de rotina apontaram radioatividade no material. "No final, constatou-se que o papel da copiadora de um consultório médico tinha ficado muito próximo a medicamentos radioativos", explicou Schui. (dpa/rw)