sábado, 19 de julho de 2008

Boom de incineradoras torna lixo escasso na Alemanha

Energie, Ian Anderson:

Altos preços da energia convencional tornam incineração do lixo negócio rentável. Boom de usinas de incineração na Alemanha. Despejos da Itália demoram a chegar por razões burocráticas.

O lixo está cada vez mais escasso na Alemanha. O que sobra da seleção de papéis, vidros e embalagens, tornou-se matéria-prima cobiçada para combustão. A tendência é registrada desde 2005, quando passou a ser proibido o despejo de lixo comum em depósitos.

A energia do lixo é usada na combustão, disse Christoph Partisch, economista do Dresdner Bank. Trata-se de um bom negócio, em vista da alta dos preços dos derivados do petróleo: os operadores dos fornos saem ganhando pelo fato de economizarem carvão e óleo.

Além disso, estão livres do pagamento pelas emissões do poluente CO2, pois a decomposição do lixo também causaria emissões. As vantagens explicam a ociosidade já hoje existente na Alemanha.

País terá mais 100 usinas

Para a queima de 14 milhões de toneladas de lixo doméstico a cada ano na Alemanha, existem já hoje 68 usinas de incineração com uma capacidade de 18 milhões de toneladas/ano, informa o Ministério alemão do Meio Ambiente. Segundo a associação das empresas de transformação do lixo, há planos para a construção de mais 100 usinas em todo o país.

Sua implementação no entanto só vale a pena se forem fechados contratos de longo prazo para o fornecimento de lixo, adverte a entidade, que defende a liberalização do mercado. "O lixo deveria ser tratado como qualquer outra mercadoria", disse o porta-voz Karsten Hintzmann. Ele reclama que a importação de lixo careça de autorização.

A dificuldade da importação pode ser exemplificada com o caso de Nápoles. Até que 160 mil toneladas pudessem ser transportadas para a Alemanha, passaram-se alguns meses. Segundo o Ministério alemão do Meio Ambiente, em 2007 foram trazidas para a Alemanha 6 milhões de toneladas de lixo, vindas principalmente dos vizinhos ocidentais. Por outro lado, foram exportadas 1,8 milhão de toneladas.

No estado de Hessen, por exemplo, quando estiverem prontas todas as usinas planejadas, vai faltar 1 tonelada de lixo doméstico para suprir a capacidade das incineradoras. Além das quatro usinas de incineração municipais, estão sendo construídas mais cinco usinas para a produção combustíveis derivados de resíduos.

Um exemplo é a fábrica de Frankfurt-Höchst, que custará 300 milhões de euros. Nela deverão ser incineradas 657 mil toneladas de lixo doméstico por ano para a produção de vapor e energia às empresas químicas.

Lixo da Itália chega devagar

Embora o presidente italiano Silvio Berlusconi tenha declarado na sexta-feira (18/07) o fim da crise do lixo em Nápoles, os contêineres para incineração na Alemanha estão chegando aos poucos.

Segundo Werner Schui, da prefeitura de Bonn, "formalidades burocráticas" causadas pelo rigor na União Européia são responsáveis pelo atraso. No total, está prevista a importação de 160 mil toneladas de lixo doméstico da região de Nápoles.

Sobre os lucros das oito usinas alemãs que queimarão lixo italiano não se fala. Schui garante, no entanto, que não se trata de uma mera ação de ajuda à Itália.

Em Hamburgo já teriam chegado os primeiros carregamento para serem queimados. Um deles teria sido mais complexo, pois exames de rotina apontaram radioatividade no material. "No final, constatou-se que o papel da copiadora de um consultório médico tinha ficado muito próximo a medicamentos radioativos", explicou Schui. (dpa/rw)

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