Mostrando postagens com marcador Afeganistão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Afeganistão. Mostrar todas as postagens

sábado, 21 de agosto de 2021

O CEMITÉRIO DE IMPÉRIOS

 

 

Afeganistão, cemitério de impérios

 

Por Pedro Doria, para Canal Meio (canalmeio.com.br)

No ano de 1901, explodiu como best-seller nas livrarias londrinas Kim, um pequeno romance adolescente de Rudyard Kipling. A rainha Vitória havia morrido fazia meses, o Império Britânico estava próximo do fim, mas isso ainda não era óbvio. Como Mowgli, o menino lobo, seu personagem anterior de sucesso equivalente, Kipling fez de Kim um rapaz esperto e atento, capaz de livrar-se de toda sorte de desventuras, mas fundamentalmente preso entre dois mundos. Não era, porém, entre o mundo animal e o humano. Desta vez, era entre Oriente e Ocidente. Menino órfão e muito pobre zanzando pelas ruas de Lahore, no atual Paquistão, Kim era filho de pai irlandês e mãe inglesa, mas tão queimado de Sol e falava a língua local com tanta fluência que ninguém o percebia como branco. Parecia mais um dos patanes, uma das etnias comuns à região, e esta sua ambiguidade étnica logo se mostraria útil à espionagem do Império. Pois Kim, o romance, também popularizou entre os britânicos uma nova expressão para aquilo que o Império jogava naquele canto do mundo. O Great Game, o Grande Jogo. A disputa militar e diplomática entre os dois impérios, russo e britânico, por terras e espaço de atuação. Um choque que se dava numa terra tão pobre quanto Kim, tão ambígua quanto o personagem. A história se passa uns vinte anos antes da publicação, logo após o fim da Segunda Guerra Afegã — uma guerra vencida pelos ingleses, que puseram no Afeganistão um governo que lhe era fiel para criar um colchão entre o território russo e a Índia britânica. O Império onde o Sol nunca se põe, com domínios que iam do Canadá à China, ainda parecia que duraria para sempre. Mas o Grande Jogo não havia terminado — ninguém nunca conquista realmente o Afeganistão. Na Terceira Guerra Afegã, que começou em 1919, os ingleses terminariam humilhados. O Grande Jogo terminou com o Império derrotado não pela Rússia, que vivia uma revolução comunista, e sim pelos afegãos.

Sempre foi assim. Como aprenderam os americanos esses dias, em sua terra os patanes sempre vencem. Desde Alexandre, o Grande, incontáveis impérios aprenderam a mesma lição. É sempre fácil derrota-los em batalha aberta. E é sempre impossível derrota-los em definitivo. Nunca morrem, estão sempre lá, nunca desistem. E sempre voltam.

Dois mundos

O hábito de estudar história com a Europa no centro dos acontecimentos às vezes nos atrapalha a compreensão do mundo. Fica parecendo que o Ocidente tem início onde a Europa começa. Chamamos, assim, a terra ocupada por árabes, judeus e persas de Oriente Médio. Mas, culturalmente, a divisão não é esta. Há, sim, uma profunda divisão na maneira de compreender a existência entre Ocidente e Oriente ¬— mas a transição se dá na Índia.

Se fosse possível simplificar — e há exceções em ambos os lados —, a divisão cultural se dá assim. Em sua maioria, as religiões ocidentais são teístas. Têm um ou mais deuses que estão acima de nós humanos. A escrita das línguas ocidentais é fonética — representamos os sons das palavras quando as escrevemos. E, principalmente, compreendemos o tempo como linear, uma contínua e lenta evolução, um caminhar para a frente. A Índia, o Paquistão, o Afeganistão, estão no meio entre estes dois mundos. A humanidade naquele canto da Terra tem características de ambos. Mas, quando chegamos ao Oriente, as religiões em geral não têm deuses, se concentram na compreensão da existência em conjunto com o Universo. A escrita em geral representa as ideias por trás das palavras, e não os sons. E o tempo, como a história, são compreendidos como circulares. Ciclos que se abrem e se completam para novamente se abrir.

Há diferenças nítidas e, no entanto, tanto Oriente quanto Ocidente sempre buscaram comércio entre si. Para que este comércio se desse, foi sempre preciso passar pela terra dos patanes. É um canto do mundo onde jamais nasceu uma grande civilização — não no sentido que costumamos dar à palavra. Não há uma Mesopotâmia, uma Pérsia, uma China, uma Roma, uma Índia, uma Grécia, um Egito. Mesmo as duas maiores cidades afegãs, Kabul e Kandahar, só começaram a parecer mesmo cidades, da maneira como compreendemos o que uma cidade é, com prédios de vários andares e ruas que se cruzam, divididas em bairros, a partir do século 20. Antes, como a maioria das cidades afegãs, pareciam essencialmente grandes fortalezas perdidas num canto ermo e particularmente perigoso do mundo. Por isso mesmo, para garantir a segurança das caravanas de comércio que trafegavam com grandes valores, impérios cientes de seu grande poderio militar sempre acharam conveniente conquistar o que hoje chamamos Afeganistão. Se eram capazes de enfrentar outros impérios, não seria ali que perderiam algo. Sempre perderam. Os persas perderam. Os mongóis perderam. Os soviéticos perderam.

Ou, talvez seja melhor dizer: pareceram dominar por um tempo, mas nunca controlaram de fato as tribos da região e, num ambiente de exaustão pelo conflito que nunca acabava, terminaram deixando exauridos a terra dos patanes. Exatamente como, agora, fazem os EUA.

Há razões para isso — razões que começam pela inexistência de cidades. Na Ásia Central, ao invés de cidades existem estruturas que eles chamam de kuhandiz mas que o resto do mundo costuma se referir pelo nome árabe. Qal’ah, muitas vezes transcrito como qalat. São cidadelas, cidades muradas. Grandes paredões erguidos alto, não raro com torres espaçadas. As casas, também construídas de forma sólida, grandes paralepípedos, ficam tradicionalmente no interior dos muros. Há casas também no lado de fora, mas a organização de cada vila como fortaleza já mostra que se trata de uma cultura voltada para a guerra. A invasão de uma qalat é sempre muito difícil.

Uma das bases utilizadas pelos americanos no Afeganistão, nesses últimos vinte anos, foi Ball Haizer. Seu apelido é Castelo de Alexandre, por ter sido erguido quando o conquistador grego fazia seu caminho em direção à Índia. Dois mil anos atrás. Uma qalat que, não à toa, fica na cidade batizada há muito de Qalat. A preponderância da estrutura fez do termo genérico um nome próprio.

Mas não é apenas que as pessoas se distribuíram por fortalezas no Afeganistão. A geografia faz do lugar uma fortaleza natural, com imensas cordilheiras formadas por montanhas particularmente escarpadas. Dois terços é cortado pelo Hindu Kush. É um relevo difícil para qualquer estrangeiro, mesmo com toda tecnologia. Um relevo amplamente dominado por quem nasceu e sempre viveu ali, mas que também dificulta a formação de grandes aglomerações humanas. Este é um dos motivos de cidades terem demorado tanto a ganhar forma. A geografia incentivou a tribalização do país. E, até hoje, a principal fidelidade das pessoas é à sua tribo. Incontáveis afegãos, desde sempre, passam a vida inteira sem nunca deixar a aldeia em que nasceram. E, como qualquer terra cuja história é uma sequência milenar de invasões estrangeiras, todos por natureza desconfiam das intenções de quem vem de fora.

Mas uma lição a história deixou e o povo patane aprendeu. Eles vão continuar ali. O estrangeiro uma hora não aguenta os constantes ataques que vêm do nada, de pessoas protegidas e escondidas pelas escarpas do Hindu Kush. E vai embora. O budismo já foi proeminente, faz alguns séculos que sua religião é Ocidental. O Islã. Mas entendem o tempo à Oriental — como ciclos. As invasões vêm, e sempre vão. Basta esperar. E manter os ataques. Os americanos não demoraram dez anos para encontrar Osama bin-Laden à toa. É possível desaparecer por muito tempo nas montanhas afegãs. Bin-Laden foi encontrado ao se mudar para o Paquistão.

A tragédia afegã

A resiliência afegã representa força mas disfarça uma tragédia humana. A história de invasões deixou marcas e cicatrizes de toda sorte. Além dos patanes, que formam a maioria étnica, no país ainda convivem outras três etnias. Tadjiques, uzbeques e hazaras. Este último povo descende dos invasores mongóis, tem os olhos puxados e é uma constante lembrança de que o país faz fronteira tanto com o Irã, a Oeste, quanto com a China, ao Leste. Literalmente no meio do caminho entre dois mundos. Mesmo. Outra marca é a língua mais falada — pashto, próxima do persa e particularmente próxima do persa antigo, dos homens que escreveram os textos zoroastristas.

Já as cicatrizes, principalmente as deixadas nos últimos 40 anos, são duras. Na década de 1970, Kabul era uma cidade popular para estudantes mochileiros europeus atraídos por um certo exotismo oriental. Tinha um bom haxixe, se dizia. A universidade da capital recebia tanto alunos homens quanto mulheres e minissaias não eram raras. Embora algumas escolhessem usar burqas, que eram mais comuns no interior, havia também mulheres que sequer usavam véus.

Isto mudou com a invasão soviética, em 1979. A URSS estava incomodada com a crescente influência americana no Paquistão e, como segue o ciclo histórico, achou por bem invadir a terra dos patanes. Como de hábito, a conquista se consolidou após alguns meses. Quando os russos deixaram o Afeganistão, dez anos depois, exasperados, não haviam conseguido consolidar o poder no país. Mas o deixaram destruído.

Durante aquela década de 1980, os Estados Unidos viam com preocupação dois avanços naquele canto do mundo. O do Irã após a Revolução Islâmica xiita do aiatolá Ruhollah Khomeini e o da URSS sobre o vizinho Afeganistão. Então recorreram a parceiros tradicionais — paquistaneses e árabes sauditas. No jogo da geopolítica, consideraram que era boa estratégia financiar e armar os mujahedins, guerrilheiros patanes, para que lutassem contra o adversário comunista. Foi o tempo em que chegaram as escolas religiosas wahabitas, a versão radicalizada do Islã sunita que a Arábia Saudita espalha pelo mundo muçulmano.

A palavra talib, em pashto, quer dizer estudante. Era a palavra usada para designar os guerrilheiros que estudavam nas escolas patrocinadas pelos sauditas. No plural, Taliban.

O país que passou o século 20 se sofisticando foi fisicamente destruído pelos soviéticos, mas ainda não havia sido condenado a uma religião única e opressora. A saída do último invasor deu espaço a uma guerra civil entre os diversos grupos étnicos só encerrada em 1996. Com a vitória do Talibã. Que acolheu o grupo saudita que já fazia mais de década o auxiliava — um grupo que atendia pelo nome al-Qaeda.

Tendo enfim erguido o primeiro país que considerava genuinamente muçulmano no planeta, que seguia a única forma realmente pura do Islã, seu líder, o saudita Osama bin-Laden, pôs os olhos no resto do mundo. Entendeu que para expandir a religião que dividia com o Talibã, precisava antes derrubar o governo que via como corrupto em seu próprio país. Um governo cuja corrupção, a seu modo de ver, tinha por origem as relações com os Estados Unidos da América.

Bin-Laden começou, então, a planejar.

domingo, 11 de janeiro de 2015

DRONE

Fonte da imagem: http://dronewarsuk.files.wordpress.com/2010/06/predator-firing-missile4.jpg




Não sei bem como funcionam essas coisas, porém imagino que alguém levanta de manhã no Afeganistão, onde está trabalhando, toma um bom banho, faz uma refeição reforçada com bacon, ovos e panquecas, escova os dentes e, após, se dirige a seu local de trabalho.

Nesse local, certamente refrigerado para manter a temperatura agradável, se acomoda à frente de um monitor e inicia o usual processo de comunicação para tomar conhecimento da missão do dia.

Recebida a missão, ajusta os procedimentos para decolagem do drone de sua responsabilidade, o qual responde suave e precisamente aos comandos, iniciando a operação.

Após algum tempo de voo, o nosso personagem observa que o veículo aéreo remotamente pilotado, por ele comandado, chega a uma área povoada.

Observa, então, que muitas pessoas, dentre as quais várias do sexo masculino, com grandes barbas e vestes típicas da região, se deslocam em direção a uma construção de tamanho relativamente grande.

Como é uma zona com suposta concentração de talibãs, relata o caso para a chefia e pede permissão para disparar mísseis.

Com a permissão concedida, já que é uma situação rotineira nesse local, efetivamente dispara os foguetes, que explodem precisamente, destruindo o alvo.

Na sequência comanda o retorno do veículo não tripulado para a base, o qual obedece com precisão aos comandos, pousando suavemente no local adequado.

Nosso personagem olha o relógio e vê que já se aproxima a hora do almoço (como o tempo passa rápido quando a gente se diverte!). Desliga o equipamento e se prepara psicologicamente para tomar o tradicional aperitivo antes de se dirigir ao refeitório.

No dia seguinte (1º de janeiro de 2015) aparece no jornal a notícia de que pelo menos 20 pessoas morreram e 45 ficaram feridas, a maioria mulheres e crianças, pelo impacto de um míssil durante a realização de um casamento na província de Helmand, no sul do Afeganistão, conforme divulgado pela agência EFE. (*)

Segundo outras informações não foi somente um míssil disparado, foram vários, e o resultado foram oito mulheres e doze crianças assassinadas e mais 62 pessoas feridas, algumas em estado grave.

Nosso personagem percebe, então, que terá que preencher novamente vários formulários, o que é, de fato, uma chatice.


-x-


São vários os relatos de ocorrências similares.

Em 2012 um sargento do exército dos EUA se armou até os dentes, tipo o personagem Rambo, e entrou na aldeia de Pnajwayi, também no Afeganistão, disparando em tudo o que se movesse. Matou 16 civis.

No Yemen, em 2013, convidados de um casamento estavam se dirigindo em comboio ao local do evento, e também foram alvo de foguetes disparados por um drone dos EUA, o que deixou várias vítimas fatais.

Etc.

Tais ocorrências foram divulgadas pela mídia mundial de forma parcimoniosa e discreta, muitas vezes tentando justificá-las como sendo efeitos colaterais não esperados porém inevitáveis.

Será que algumas vidas têm mais valor que outras?



(*) http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2015/01/01/missil-atinge-cerimonia-de-casamento-no-afeganistao-e-mata-20-pessoas.htm

segunda-feira, 19 de março de 2012

¿Podrían las guerras de Obama volverse su peor pesadilla?

Fonte da Imagem AQUI.

Andrew Levine · · · · ·

¿Podría el Presidente Obama perder en noviembre? El consenso entre aquellos que dicen saber es que no, a menos que la economía se estanque nuevamente, y eso, dicen los entendidos, es poco probable. Por lo tanto, salvo contingencias improbables, Obama va a ganar un segundo mandato. El motivo verdadero casi no es mencionado, pero es tan claro como el agua: Obama va a ganar porque Mitt Romney será su oponente.

Romney va a ponerle la victoria en bandeja a Obama porque, por razones demasiado obvias, casi todo el mundo - izquierda, derecha y centro– lo encuentra repugnante. Y, como si no bastara el hecho de que Romney repite como loro las posiciones de sus rivales, los puntos de vista que mantiene a la hora de dirigirse a los teócratas y miembros del Tea Party, es decir, a los principales votantes republicanos, les resultan repugnantes a todos menos a los más reaccionarios.

Ciertamente, Romney es el candidato preferido de los depredadores corporativos y banqueros criminales de Wall Street, aunque uno debe preguntarse por qué no acaban por alinearse detrás de su hombre en la Casa Blanca de una buena vez. Y hay algunos ricos republicanos chapados a la antigua a los que les gusta Romney, aunque incluso a ellos debe molestarles su deseo de complacer a la cuadrilla que el establishment partidario contrató para lograr que sus hombres (y ocasionalmente mujeres) sean electos. Pero, en el mundo de los ricos, la codicia siempre gana, por lo que ellos están dispuestos a vivir en medio de contradicciones culturales si ello ayuda a engordar sus bolsillos.

Los reaccionarios son otra historia. Los peores de entre ellos odian la idea de un presidente afro-americano, y odian a los "liberales" casi tanto. Y ellos sumados a los votantes republicanos más benignos, para quienes otro candidato republicano, aunque sea despreciado por las bases, podrían acumular una cantidad importante de votos. Pero tanto Romney como los otros candidatos, necesitan el voto de los 'moderados' para ganar, y es casi imposible que lo obtengan.

Por eso, Obama debería llevarse la elección en noviembre, a pesar de no haber logrado casi nada digno de mención en su primer mandato, a pesar de haber decepcionado a todos los electores a los que hechizo cuatro años atrás, y a pesar de haber sido incluso peor que Bush y Cheney en asuntos relacionados con el estado de derecho y las restricciones constitucionales sobre el poder ejecutivo. Los expertos están de acuerdo en que sus bases no tienen alternativa, como tampoco la tienen los "independientes", a los que Obama ha intentado atraer. Pero por lo menos no es repelente ni se presenta como un imitador de Santorum.

Y seguro que los expertos tienen razón en esto. Pero el camino no es tan llano para Obama como se cree, porque hay otras cosas además de las noticias económicas que podrían catapultar a Romney. Las guerras de Obama, – incluso aquellas que él no comenzó son suyas ahora! – podrían convertirse su peor pesadilla. Hasta el momento, el presidente ha podido alejar esa amenaza, aunque ya hay señales de problemas, y hay mucho tiempo entre ahora y noviembre.

Hoy por hoy, Afganistán parecería ser el principal problema, pero de lejos la bala más grande que Obama debe esquivar es la posibilidad de una guerra contra Irán. Esa sería otra guerra autodestructiva en Oriente Medio, varias veces más grave que la guerra contra Irak, que el propio Obama describió como "estúpida". El imperio estadounidense está apuntando a Irán, incluso desde antes de la Revolución iraní, pero hasta ahora el conflicto ha sido de "baja intensidad". Y si Obama quiere beneficiarse de la candidatura de Romney, al mismo tiempo que continua demonizando al régimen iraní, deberá asegurarse de que las cosas no se escapen de control.

Todavía nadie ha logrado identificar ninguna razón legítima, real o artificial, para iniciar una guerra contra Irán - a menos que hayamos llegado al punto en que ahora las guerras se luchen para desarmar a las naciones que no nos gustan, aun si no nos han amenazado ni lo harían nunca. Ni siquiera los comentaristas más importantes del coro probélico en los medios de comunicación, ni los belicistas del Congreso de la calaña de John McCain, Lindsey Graham o Joe Lieberman han podido encontrar una justificación para la guerra que no sea evidentemente engañosa.

Si el tema de la guerra contra Irán está en la agenda es por una sola razón: porque Israel así lo quiere, y como Israel lo quiere, los lobbyistas pro Israelíes harán todo lo posible para hacerla realidad. Y es que por lo general, logran lo que quieren, ya que tienen a casi todo el Congreso y a la mayoría de las instituciones que crean opinión pública en su bolsillo o, por lo menos, de su lado.

Por el momento, sin embargo, Obama parece haber esquivado la bala, habiendo sobornado a los israelíes con ofertas de ventas de armas que parecen calculadas para aumentar la capacidad israelí de destruir las instalaciones nucleares de Irán, con el quid pro quo de no hacerlo hasta después de las elecciones. Dado que Israel es quizás el estado más belicoso del planeta, incluso más predispuesto a utilizar la fuerza militar que los propios Estados Unidos, la manera en que Obama está lidiando con el problema entre Israel e Irán pone en peligro a toda la región y al mundo en general. Pero podría funcionar… para Obama.

Lo único que podemos esperar es que al gobierno de Netanyahu - y por lo tanto a la AIPAC – no se le antoje reemplazar al presidente por un republicano. Sin duda les encantaría que Gingrich saliera elegido – su primera decisión en el cargo, según él mismo, sería mudar la embajada de los EE.UU. de Tel Aviv a Jerusalén. ¿Sería su segunda decisión nombrar a su mentor, Sheldon Adelson, embajador ante el Estado judío? Uno puede imaginar lo agradecido que quedaría Netanyahu (que a su vez, quién sabe, podría incluso ofrecerle a Adelson una concesión para construir un casino al lado de la Cúpula de la Roca).

Santorum sería casi igual de bueno. Netanyahu, que es hábil con los ordenadores, seguro que lo ha googleado y habrá descubierto una afinidad personal. Pero la candidatura de Romney sería casi un regalo seguro, con el que Obama podría descansar tranquilo. Los israelíes tienen tanta razón para desconfiar de Romney como todos nosotros, tal vez más ya que, como mormón, debe creer que su pueblo es el verdaderamente escogido. Y esta convicción podría hacerle menos dispuesto que los protestantes evangélicos o católicos, como Rick Santorum, a marchar a la música de la línea sionista de Tierra Santa.

Sea cual sea el partido que prefiera el gobierno israelí para los Estados Unidos, el hecho es que su principal motivación no es poner a alguien más servil que Obama en la Casa Blanca, sino derrotar a Irán - no porque una bomba atómica iraní, aunque tuvieran la capacidad de construirla, represente una "amenaza existencial" para Israel, (ningún observador informado cree eso), sino porque un Irán nuclear obstaculizaría la capacidad de un Israel nuclear de hacer militarmente lo que quiere en la región.

Israel tiene un largo historial de afectar las relaciones entre los EE.UU. e Irán. En la década de 1980, cuando el fervor revolucionario estaba aún alto en Irán y cuando las posiciones oficial y popular eran fuertemente anti-estadounidenses, Israel veía a Irak como "amenaza existencial" y a Irán como el enemigo de su enemigo; por lo que indujo a los Estados Unidos a tomar medidas más amigables de lo que debería hacia Irán – las extrañas aventuras Irán-Contra de Reagan son el ejemplo más conocido y más notorio de ello.

Fue sólo después de la guerra de 1991 de Bush contra Irak, y después de la caída de la Unión Soviética, que Israel decidió que Irán era su enemigo primordial. Hasta entonces, la principal preocupación del lobby pro israelí en los EE.UU. era asegurarse de que los EE.UU. ayudaríçan a Israel a sofocar el movimiento nacional palestino. Esa misión tuvo tanto éxito hasta ahora, que la propia AIPAC parece haber volteado la página. Irán, el mejor amigo de Israel hasta hace no mucho tiempo en Medio Oriente, es ahora el principal objetivo de sus maquinaciones.

Después de haber caído en acto reflejo al modo anti-iraní hace dos décadas, la clase política estadounidense, influenciada más que nunca por el lobby pro israelí, ahora está alentando la animosidad anti-iraní. Como sucede tan a menudo cuando Israel está involucrado, la cola menea al perro.

Huelga decir que al lobby pro israelí no le costó mucho convencernos a los estadounidenses. La enemistad hacia Irán ha sido un factor en la política estadounidense al menos desde la crisis de los rehenes que derribó la presidencia de Jimmy Carter. Pero no cabe duda de que las relaciones estadounidense-iraníes no estarían en el estado lamentable en el que se encuentran si no fuera por la AIPAC y la influencia que ejercen sus organizaciones hermanas en nuestra vida política.

Aun así, una guerra contra Irán, que sería tan devastadora para las perspectivas electorales de Obama como para el resto del mundo, probablemente puede evitarse, al menos por ahora. Pero las otras guerras de Obama son las que podrían convertirse en su pesadilla.

Las guerras en Irak y Afganistán ya estaban perdidas antes de que Obama asumiera el mando. Su papel, al igual que el de Nixon en Vietnam, ha sido la de asegurarse de que el imperio no pase más vergüenzas. De igual modo que Obama tiene suerte de tener a Romney por oponente, también ha tenido suerte, hasta ahora, en sus esfuerzos para evitar el espectáculo de puentes aéreos en helicóptero desde el techo de la embajada. Para ello, debe agradecer (por ahora) a las complejas vicisitudes de la política iraquí.

Pero el hecho es que los EE.UU. perdieron la guerra de Irak y que, al hacerlo, no sólo devastaron el país y a su gente, sino también destrozaron el tejido político del estado iraquí. A la larga, esto le saldrá caro al país del norte. Pero no por ahora y, probablemente, no antes de noviembre, no si la suerte de Obama se mantiene.

Afganistán es otra historia. Esa causa estaba perdida antes de que Obama asumiera el cargo; y el nombramiento de una comisión o dos para cubrirse, le hubiera permitido dejar que la guerra se acabara por sí misma y traer las tropas a casa. Pero el presidente estaba demasiado ansioso por establecer su propia credibilidad como un promotor efectivo de los intereses militares del imperio como para permitir que eso sucediera, especialmente no una guerra que, a su propio entender, era "estúpida". Si a ello hay que añadir su obsesión con los aviones de ataque no tripulados, las operaciones especiales y el 'estamos donde estamos'.

Sin idea de lo que involucra una guerra en Afganistán y, para todo efecto práctico, sin noción del hecho de que tanto los británicos como los rusos habían sido derrotados allí, Obama fue víctima de "expertos" de inteligencia negligentes y de generales cuya única intención era tener éxito allí donde sus predecesores habían fracasado en Vietnam. Por esta razón, y bajo el comando de Obama, la "contrainsurgencia" volvió a ser la ruina del imperio.

Lamentablemente, sin embargo, en esta ocasión parece que no habrá una contraparte al "síndrome de Vietnam" que, por un breve período, salvó a los Estados Unidos y al mundo de un gran daño. Si existe una manera de salir de Afganistán sin hacer el ridículo, debemos estar seguros de que Obama la encontrará.

Pero, como ya es evidente, en el intento, el propio Obama se ha convertido en el rehén de sus soldados "desbocados", autores de asesinatos insensatos y caos. Era inevitable. Si no, ¿cómo podrían todos los reclutas económicos que conforman el vasto ejército de ocupación mantener el suficiente orden para ganar "los corazones y las mentes" de las personas que debían mantener en raya? Basta enviarlos varias veces y durante largos períodos de tiempo a situaciones en las que son tanto víctimas como perpetradores de atrocidades brutales y será imposible suprimir las consecuencias.

Hoy en día, hasta Newt Gingrich cree que ya basta, y Santorum parece estar de acuerdo; y a donde van esos dos, Romney sigue. De entre los cuatro, Obama, el premio Nobel, es el que mantiene la línea más dura.

Esto es irónico, pero también es de esperarse de un presidente que se toma en serio el papel de "administrador del imperio." Siendo un líder astuto, es posible que encuentre una manera de hacer lo que le exigen el interés propio y la moral. Un líder más valiente también lo haría. Pero, desde el primer día, Obama ha demostrado ser inepto en el gobierno y tan desalmado como el que más. Por lo que lo único que le queda por hacer es esperar que, tanto en Afganistán como en Irak, su suerte continúe.

En cuanto a sus otras guerras, las que el mundo apenas conoce, ya que se libran sólo a prerrogativa del comandante en jefe con aviones no tripulados y fuerzas de operaciones especiales, y sin botas en el terreno que puedan suscitar la oposición en el país, el tiempo tiene la última palabra. Algunos de esos "errores" conspicuos también podrían quitarle el sueño.

Sin embargo, lo más probable es que las guerras de Obama no tendrán un impacto en las elecciones, y que los anticuerpos de Romney ganarán la elección para los demócratas. Sin embargo, esto está lejos de estar zanjado. En la guerra, más que en casi cualquier otra actividad humana, los acontecimientos consiguen fácilmente escaparse de las manos y salirse de control. Si Obama pierde esta vez, lo más probable es que sea por eso.

Andrew Levine es profesor en el Instituto de Estudios Políticos, y autor del libro The American Ideology (Routledge) y Political Key Words (Blackwell), así como de muchos otros libros y artículos sobre  filosofía política. Su libro más reciente es In Bad Faith: What's Wrong With the Opium of the People. Fue profesor (filosofía) de la Universidad de Wisconsin-Madison y Profesor de Investigación (filosofía) de la Universidad de Maryland - College Park. Asimismo colabora con Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion, de próxima publicación por AK Press.

Traducción parawww.sinpermiso.info: Antonio Zighelboim

sinpermiso electrónico se ofrece semanalmente de forma gratuita. No recibe ningún tipo de subvención pública ni privada, y su existencia sólo es posible gracias al trabajo voluntario de sus colaboradores y a las donaciones altruistas de sus lectores. Si le ha interesado este artículo, considere la posibilidad de contribuir al desarrollo de este proyecto político-cultural realizando una DONACIÓN o haciendo una SUSCRIPCIÓN a la REVISTA SEMESTRAL impresa.


Nota do Blog: Agradeço ao Dr. Herlon Almeida pelo envio da imagem acima.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Un incidente diurético

  
Juan Gelman · · · · ·(Sin Permiso)

El soldado afgano que el viernes 20 mató a cuatro efectivos franceses e hirió a una docena o más –ocho se encuentran graves– no era un recluta talibán, como pretendió un comunicado triunfalista: el hombre había visto el documental de 40 segundos que alguien subió al blog TMZ y que muestra a cuatro marines sonrientes orinando los cadáveres de presuntos enemigos. Para el presidente de Francia, Nicolas Sarkozy, el hecho arroja serias dudas sobre la eficacia del entrenamiento que las tropas de la OTAN imparten al naciente ejército afgano y podría adelantar el regreso de los 3600 militares de su país estacionados en el país asiático.

Se puede considerar que esa profanación es una más de las perpetradas a los afganos, talibán o no, presos en Abu Ghraib, o cercados en Fallujah por las tropas de la OTAN que incluso utilizaron gases venenosos y mataron talibán y civiles por igual sin distinción alguna. Sólo que es un síntoma de otra naturaleza: aumenta el número de tropas aliadas muertas por los mismos que entrenan. El muy británico The Guardian publicó una lista, más bien escueta, de esa clase de guerra interna: el 3 noviembre del 2009, un policía afgano eliminó desde el techo de una vivienda a cuatro soldados británicos, hirió a ocho y logró escapar; en 2010, un soldado afgano asesinó a tres británicos en la provincia de Helmand, y un policía a ocho soldados estadounidenses durante un entrenamiento en Nangahar antes de suicidarse.

Estos incidentes fueron in crescendo en el 2011. El 18 de febrero, un soldado afgano ametralló a tres soldados alemanes en la provincia de Baghlan; el 27 de abril, un piloto muy experimentado de la fuerza aérea de Afganistán disparó contra un grupo reunido en Kabul, la capital, dando muerte a ocho efectivos de EE.UU. y a un contratista civil antes de ser derribado; el 9 de noviembre, las víctimas fueron tres soldados australianos y el 29 de diciembre, dos militares de la Legión Extranjera francesa. Se estima que el número total de efectivos aliados caídos en sucesos similares asciende a 57. ¿A qué se debe esta reacción? ¿Raptos de locura? ¿Patriotismo recuperado? ¿El stress post-traumático del combate, como proponen especialistas de la OTAN?

El Pentágono decidió investigar las razones y resultaron bien otras. Por ejemplo, la extrema arrogancia, los abusos y “el trato rudo” que los soldados afganos reciben de los instructores extranjeros. El informe asimismo califica de “profunda deshonestidad intelectual” la afirmación del comando de la OTAN de que son extremadamente raras las muertes de sus efectivos a manos de soldados o policías afganos. La de los cuatro franceses el viernes 20 –dice– “refleja una creciente amenaza sistemática de homicidios (entre ‘aliados’ de una magnitud sin precedente en la historia militar moderna)” (www.guardian.co.uk, 20-1-12). Y advierte que el problema es tan serio que “está provocando una crisis de seguridad y de confianza entre los occidentales que entrenan y trabajan con las Fuerzas Afganas de Seguridad Nacional”. Los efectivos alemanes de Baghlan se niegan a patrullar con los afganos. Tuvieron ya bastante con tres bajas.

Un informe del científico conductista Jeffrey Bordin señala que la mayoría de estos “asesinatos fratricidas” –así los llama– son producto de “una profunda animosidad estimulada por conflictos sociales y personales” (www.michaelyon-online.com, 12-5-11). El Dr. Bordin entrevistó a 623 miembros de las fuerzas de seguridad afganas, 215 soldados estadounidenses y 30 intérpretes afganos que trabajan para éstos y encontró que el desprecio y la incomprensión imperan por igual en instructores y entrenados. Subraya que se trata de “una crisis de incompatibilidad cultural”, pero el problema admite otras complejidades.

“Los soldados de EE.UU. no escuchan, son demasiado violentos, imprudentes, intrusivos, soberbios, profanos, aprovechados que se ocultan detrás de una tecnología de vanguardia... los civiles pagan cuando uno de los suyos cae”, fueron algunas opiniones de efectivos afganos recogidas por el investigador. La otra parte no se quedó corta: los soldados afganos “son cobardes, incompetentes, obtusos, ladrones, complacientes, holgazanes, drogradictos, radicales traidores y asesinos”, espetaron los soldados estadounidenses. Ni el gobierno de Karzai, ni los mandos de la OTAN han logrado frenar semejante hostilidad.

Esta situación podría tener consecuencias políticas no triviales. La Casa Blanca y su aliados vacilan en abandonar Afganistán con una población civil cargada de odio a los ocupantes y fuerzas de seguridad permeadas por el mismo sentimiento. La creación de un ejército afgano operativo contra los talibán es la base fundamental del designio de Obama, tantas veces reiterado, de retirar sus tropas a fines del 2014. ¿Lo hará?

Juan Gelman, escritor y poeta argentino, militante de izquierda de larga y respetada trayectoria, fue Premio Cervantes en 2007.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

COM O RABO ENTRE AS PERNAS


Depois que EUA anunciaram cronograma para retirada de tropas do Afeganistão, outros países (Grã-Bretanha, Alemanha, França e Espanha) também anunciaram a retirada parcial ou total de suas tropas.

Essa movimentação toda não se deve a modificação significativa da situação política do Afeganistão, que continua fortemente instável, com os Talibãs ocupando partes do País.

Aparentemente o principal argumento para a retirada dessas tropas é que, de um lado, as forças de ocupação não estavam alcançando resultados importantes. A situação está, durante longo período, praticamente estagnada.

Por outro lado, esses países vivem situações internas, econômicas e políticas, extremamente preocupantes, não podendo mais se dar ao luxo de bancar financeiramente uma guerra cara e que não dá sinais de "avanços" (isso olhando do seu ponto de vista).

Os fabricantes de armas e equipamentos de guerra devem estar já fazendo lobby para que os EUA abram outras frentes de combate mais adequadas ao orçamento financeiro dessa potência imperialista.

As Américas Central e do Sul que se cuidem.

domingo, 3 de abril de 2011

Quando matar se torna prazer


Em fevereiro de 2009, o então recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, determinou o envio de um reforço de 17 mil soldados para o Afeganistão. O novo contingente teve por base duas grandes formações: a 2 Brigada Expedicionária de Fuzileiros Navais, sediada em Camp Lejeune, Carolina do Norte, e a 5 Brigada Stryker da 2 Divisão de Infantaria, de Fort Lewis, Washington. Aproximadamente um ano depois, um grupo de soldados desta segunda formação viria a ser protagonista de um dos casos mais nefastos e brutais de violação dos direitos humanos ocorridos em quase dez anos de guerra no país asiático.

Ao longo dos primeiros cinco meses de 2010, um pelotão da 5 Brigada Stryker, que opera em Kandahar, no Sul afegão, teria assassinado, de forma aleatória e gratuita, civis afegãos desarmados. Além disso, o grupo é acusado de mutilar vários dos cadáveres em um remoto vilarejo da região, chamado de Mohammad Kalay. Não satisfeitos, os militares do denominado "Time da Morte" registraram a matança em dezenas de fotos, tendo chegado a postar algumas delas em sites de relacionamentos da Internet.

Segundo informação da revista norte-americana Rolling Stone, antes de os crimes de guerra tornarem-se públicos o Pentágono tomou medidas extraordinárias para suprimir as fotos da rede - desenvolvendo um enorme esforço para encontrar todos os arquivos e neutralizá-los antes que pudessem deflagrar um escândalo na escala que marcou os casos de tortura a prisioneiros iraquianos por soldados estadunidenses na prisão de Abu Ghraib, localizada em Bagdá.

Muitas destas imagens - cerca de 150 delas -, porém, foram obtidas e divulgadas pela Rolling Stone e pela revista alemã Der Spiegel. A publicação norte-americana chegou a disponibilizar as fotos em seu website, juntamente com uma reportagem especial sobre o assunto, datada de 27 de março e assinada pelo jornalista Mark Boal. Segundo a Rolling Stone, as imagens "retratam a cultura de uma linha de frente entre as tropas dos EUA em que a morte de civis inocentes é vista como motivo de comemoração".

Assim que a publicação alemã Der Spiegel chegou às bancas, no dia 21, a secretária de Estado Hillary Clinton teria telefonado ao governo afegão para falar sobre o caso. "A maioria das pessoas dentro da unidade não gostava do povo afegão", disse um dos soldados aos investigadores do Exército depois que os crimes vieram à tona. "Toda mundo diria que eles são selvagens."

"O plano era atirar para matar"

O soldado Jeremy Morlock, de 22 anos, declarou-se culpado perante a corte marcial que o julgou em 23 de março passado pela morte de três civis afegãos, crime vinculado às ações do "Time da Morte". O jovem militar, como parte de um acordo que lhe garantiria uma sentença máxima de 24 anos de prisão, também se disse culpado em outras três acusações: conspiração, obstrução à Justiça e uso de drogas. Morlock teria liderado o pelotão envolvido nos três assassinatos, ocorridos nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2010. Ao ser questionado pelos juízes se o plano era disparar com o objetivo de assustar os civis, ele foi taxativo: "Não, o plano era atirar para matar".

Morlock foi o primeiro de cinco soldados da Brigada Stryker a se submeter à corte marcial. Após o assassinato de janeiro de 2010, outro réu, o soldado Adam Winfield, do mesmo pelotão, enviou mensagens no Facebook aos seus pais dizendo que seus colegas no Afeganistão haviam executado um civil e tinham a intenção de matar outros, em uma clara indicação de que os crimes foram planejados. Winfield acrescentou que o grupo o advertira a silenciar sobre o assunto. O pai do jovem militar chegou a alertar um sargento de Fort Lewis, mas nenhuma medida foi tomada até maio, quando outra testemunha, em uma investigação sobre o consumo de drogas na unidade, reportou os assassinatos dos civis afegãos na província sulista.

Winfield é acusado de envolvimento no terceiro assassinato. Ele alega ter sido ameaçado de morte pelos companheiros caso não disparasse contra o civil afegão. Os demais acusados são os soldados Andrew Holmes e Michael Wagnon II e o sargento Calvin Gibbs, o único deles a afirmar que os mortos não eram civis, e sim combatentes talibãs.

Fonte: Correio do Povo

domingo, 12 de setembro de 2010

Moral da Tropa

Dualglis:

Matavam civis afegãos por diversão

Doze militares norte-americanos em serviço no Afeganistão foram detidos por matarem a tiro vários civis afegãos apenas para se divertirem. Um dos soldados guardava os dedos das vítimas como "troféus".

Os militares foram detidos em Junho, um mês depois de o caso ter sido denunciado por um outro soldado.

Segundo os investigadores militares, os membros do 'grupo de extermínio' terão assassinado pelo menos três civis inocentes, que não representavam qualquer ameaça.

Cinco dos detidos foram acusados de homicídio e podem vir a ser condenados à morte por um tribunal marcial. Os outros sete foram acusados de encobrimento.

Correio da Manhã

domingo, 22 de agosto de 2010

Rocío (y después)


Por Santiago O’Donnell, para Página/12

Cae lluvia muy dura. Estados Unidos se desliza rápido hacia un estado de guerra permanente. Las últimas noticias lo confirman.

En Irak terminó la retirada de Obama. Pero ya se anunció que 50.000 soldados seguirán por lo menos hasta fines del año que viene. Esto es más de un tercio de los que llegaron y más de la mitad de los que estaban. Se llama retirada pero es un repliegue. Y los que se quedan no se pueden ir.

Se quedan para “apoyar a las fuerzas armadas iraquíes”, explicó la Casa Blanca. Para apoyar qué. Siete años y cinco meses de ocupación. Un millón de muertos y contando. Esta semana más de ochenta en una sola explosión. Votaron en un baño de sangre, veinte muertos en atentados suicidas. A cinco meses de las elecciones no pueden formar gobierno. Sunnitas y chiítas al filo de una guerra civil.

“Estamos cumpliendo con la promesa que hice durante la campaña para mi presidencia”, celebró el comunicado de Obama. Pero los soldados que vuelven de Irak se fueron de noche como ratas. Llegaron al hotel en Kuwait y gritaron “ganamos” sin convicción, cerveza en mano para las cámaras. Los demás siguen ahí para cuidar a los nuevos dueños del oro negro. Mientras exista riesgo con Bagdad, los soldados quedarán.

En Afganistán la situación es peor. A poco de asumir, Obama fijó la fecha de retirada para julio del 2011. Ese mismo día anunció que mandaba más soldados. Treinta mil refuerzos para llegar a noventa y cuatro mil soldados. ¿Para qué? El mes pasado Obama tuvo que echar al jefe de su ejército invasor. El general Stanley McChrystal le había dicho a la Rolling Stone que no alcanza con lo que hay, que no se puede ganar la guerra sin más refuerzos. Esta semana fue el turno de su reemplazante, el general David Petraeus. Dijo que las tropas podrían quedarse más allá de lo que dijo el presidente. “Para consolidar las conquistas que se empezaron a lograr”, aclaró con esa dosis de optimismo que le faltó a McChrystal para conservar su trabajo.

Pero Afganistán no está peor porque faltan refuerzos. Está así porque metieron demasiados. Después del fiasco de Colin Powell con armas de destrucción masiva, Saddam Hussein dejó de meter miedo. La guerra de Irak perdió su encanto. Entonces Obama la mudó al escondite del cuco de todos los cucos.

Petraeus, el nuevo comandante, lo dijo esta semana con ese lenguaje cowboy que tanto les gusta a los norteamericanos. “Atrapar vivo o muerto a Bin Laden sigue siendo uno de los principales objetivos de esta guerra.” Recordó, también, que Bin Laden sería el factótum detrás de la voladura de las torres. Está bueno que lo recuerde, porque hace años que Bin Laden no da señales de vida. Mucho menos de conducir una guerra contra la OTAN.

Mientras persiguen al cuco invisible sostienen a Karzai. El presidente afgano se mantiene en el poder por el fraude electoral que Naciones Unidas denunció sin que Washington se diera por enterado. El narcogobierno corrupto de Kabul se cae a pedazos; provincias enteras escapan a su control. Millones de dólares en coimas al enemigo para pavimentar caminos que no avanzan. Aldeas enteras voladas a control remoto.

El frente militar es un desastre. La campaña de primavera no dio ningún resultado. Europa sale corriendo. Los jefes tribales hacen lo que quieren. Los servicios paquistaníes dan descarado apoyo a la insurgencia talibán, se lee en los Wikileaks. Pero hay gas y hay opio y hay sed de venganza. Obama prometió que iba a ganar la guerra. Por eso se quedan los soldados.

Las noticias del frente interno tampoco son buenas. Hace dos años se discutía por Guantánamo, por Abu Ghraib, por los derechos humanos. Ahora sólo se habla de cazar inmigrantes y prohibir mezquitas.

Esta semana les tocó a las mezquitas. Nueva York aprobó un templo musulmán a dos cuadras de donde cayeron las torres. Obama fue y volvió en su defensa de la libertad religiosa. Primero dijo que apoyaba la decisión, después aclaró que no opinaba sobre la “sabiduría” de la misma. “No corresponde que juzgue decisiones que se toman a nivel local”, quiso zafar.

No le sirvió de mucho. Los candidatos republicanos reventaron las casillas de correo. Quieren que la mezquita sea un eje de la campaña legislativa, dice el New York Times, “Es preocupante que el presidente Obama haga oídos sordos otra vez ante lo que piensan y lo que preocupa a los americanos,” guapeó James Renacci, candidato en Ohio. “Ground Zero es tierra sagrada para los americanos”, definió Elliott Maynard, candidato en Virginia del Oeste. “¿O creen que los musulmanes permitirían un templo judío o una iglesia cristiana en La Meca?”

Primero habría que comprar el terreno. En Manhattan, a dos cuadras de Ground Zero, el dueño del lote es un inversor inmobiliario nacido en Nueva York. Se llama Sharif el-Gamal. Quiere hacer un centro comunitario con salas de reuniones, gimnasio, canchas de básquet, lugar de oración, auditorio para cuatrocientas personas, guardería y memorial a los caídos del 11-9. Gamal dice que hace falta. Hay dos mezquitas a pocas cuadras de ahí que revientan de gente. Eligió un mal momento. Ahora quieren cerrar mezquitas en Brooklyn, Statten Island, Ohio, Wisconsin y Tennessee con denuncias truchas de ruidos molestos.

Pero hay guerra, ¿qué querés? Hay guerra en continuado. Antes no era así. Durante un siglo fue ritual de pasaje para las generaciones. Primera Guerra, Segunda Guerra, Corea, Vietnam, Líbano-Panamá, primera guerra de Irak. Bien o mal, con más o menos muertos. Eso se veía después. Quedaba para los libros que se escribían en los intervalos de paz.

Hasta que un día se derrumbaron las torres. Desde entonces la guerra se festeja, se critica, se agranda, se achica, y cuando parece que afloja, vuelve a empezar. Pasan los años y se naturaliza. Se hace más videojuego, reality, megaevento, un vicio más. La tortura gana el EMMY, la invasión se lleva el Oscar.

Las malas noticias son para bancar, para sufrir, para redoblar el compromiso. Diez muertos, ocho muertos, cien muertos. Las buenas noticias sirven para el respiro. Retirada con gloria, ofensiva final. La guerra sale con ketchup y te la sirven en cajita feliz.

Hace cuarenta años hizo falta todo un movimiento social, toda una revolución, para sacar a las tropas del pantano. Por qué no recordarlo. Tomaron Berkeley, bloquearon bases, murieron baleados en Kent State. Impusieron el símbolo del óvalo con tridente y el saludo de los dedos en V. Se amaron en el rocío de Woodstock, marcharon a Washington, llenaron el Central Park. Dylan preguntó cuántos más deben morir, Lennon imaginó la Navidad sin guerra.

“Uno, dos, tres, cuatro.
¿Para qué peleamos?
Cinco, seis.
Siete, ocho y qué mas da.
La próxima parada es Vietnam.”

El himno de Country Joe y se escuchaba en todos lados. Joan Baez se encerró en un campanario. Mohammad Alí dejó el título en la cárcel. Eugene MacCarthy fue candidato a presidente. Jane Fonda viajó a Hanoi. ¿Todo eso para qué? “Trepamos la montaña más alta, pero igual no fuimos a ningún lado”, resumió el hombre del tamboril.

Hoy nadie marcha ni pinta paredes ni escribe una puta canción. Nadie habla de la guerra en el sucio boulevard. Es como dice Lou Reed. “Dalos vuelta y pínchales la cola con un tenedor. Están listos.”
sodonnell@pagina12.com.ar

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Afeganistão não será vencido por meios militares


BERLIM (Reuters) - O ministro da Defesa da Alemanha, Karl-Theodor zu Guttenberg, disse que o conflito no Afeganistão não pode ser vencido por meios militares e pediu por mais ajuda ao país, antes de fazer uma visita às tropas na sexta-feira.

Os comentários vêm em um momento em que a Alemanha analisa se enviará mais tropas ao país.

A Alemanha já tem 4.400 soldados no Afeganistão, o terceiro maior contingente da missão da Otan no país, e os Estados Unidos querem que Berlim e seus demais aliados enviem até 7 mil tropas adicionais.

Na semana passada, o presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou que planeja enviar mais 30 mil soldados dos Estados Unidos ao país para conter a violência que atingiu seus piores níveis desde a derrubada do Taliban em 2001.

"O Afeganistão não será vencido por meios militares", disse Guttenberg à emissora alemã ZDF.

Ele disse que as forças da Otan precisam encontrar uma "maneira sensata" de se retirar do Afeganistão. Ele se recusou a comentar se a Alemanha atenderá ao apelo norte-americano para aumentar sua presença no país.

O ministro disse que os militares ainda são necessários para proteger as equipes de ajuda civis e para treinar as forças de segurança afegãs.

"Os soldados também estão arriscando suas vidas para que a ajuda para o desenvolvimento aconteça", disse.

(Reportagem de Sarah Marsh)