sábado, 22 de dezembro de 2018

Kit satânico, nazismo de esquerda, globalismo...



Por Luiz Fernando Menezes e Ana Rita Cunha
13 de dezembro de 2018, 17h59

Maconha causa câncer; agrotóxicos não fazem mal à saúde; escolas públicas promovem erotização infantil; PT tem ligações com o PCC. Informações falsas ou controversas têm pontuado declarações de ministros anunciados pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), mostra levantamento de Aos Fatos em posts e vídeos nas redes sociais, em reportagens e em entrevistas concedidas pelos novos integrantes do primeiro escalão do Executivo federal.
Confira abaixo o que encontramos.

1

Erotização infantil e satanismo
Damares Alves, futura ministra de Direitos Humanos, da Família e dos Direitos da Mulher notabiliza-se por palestras, todas disponíveis online, onde aborda temas que se destacaram entre as notícias falsas propagadas nas eleições presidenciais. Exemplo disso são as hipóteses de que as crianças são erotizadas ou receberam ‘kit satânico’ nas escolas públicas.
Para defender a existência de uma suposta erotização infantil, Damares distorceu, em uma palestra de 2013, a origem e a faixa etária indicada de cartilhas educativas. Na ocasião, ela afirmou que o livro francês Aparelho Sexual e Cia ( Zep, pseudônimo do suíço Phillipe Chappuis, e Hélène Bruller, 2007) é vendido para crianças de 2 a 3 anos. A editora da publicação no Brasil, a Companhia das Letras afirmou, porém, que o livro destina-se a adolescentes. Nos últimos meses, as redes sociais foram tomadas por vídeos, imagens e links que afirmavam categoricamente que a obra era parte do famigerado ‘kit gay’, o projeto Escola Sem Homofobia, o que não é verdade. A informação falsa chegou a ser propagada inclusive pelo presidente eleito Bolsonaro em entrevista ao Jornal Nacional.
Na mesma palestra, a agora futura ministra também disseminou informações falsas ao dizer que a gestão de Marta Suplicy (ex-PT, hoje MDB) na Prefeitura de São Paulo contratou uma ONG para "ensinar professores de creches sobre ereção de bebês e masturbação". Como fonte, Damares citava uma reportagem de 2004 do Estado de S. Paulo, que, por sua vez, não traz a informação citada por ela na palestra.
O que o jornal denunciou, na verdade, foi a contratação dos serviços do Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual (GTPOS), ONG ligada à própria Marta Suplicy, "para desenvolver um projeto de sexualidade e direitos reprodutivos nas escolas". Não há qualquer menção a “ereção de bebês”.
Já em uma palestra em 2016, Damares afirmou que um "kit satânico" estaria sendo distribuído nas escolas pelo governo, mas essa informação provou-se falsa, como Aos Fatos checou durante as eleições. Na realidade, o kit nada mais era do que o material de apoio ao projeto educacional BÚ! Histórias de Medo e Coragem.
Distribuído em algumas escolas, o material pretendia incentivar os alunos a produzirem conteúdos sobre medos e coragem por meio da leitura e produção de contos. Esse projeto é uma das ações de incentivo a literatura do Programa Endesa Brasil de Educação e Cultura e do Ministério da Cultura.
Damares Alves é advogada e pastora da Igreja do Evangelho Quadrangular. Sua carreira política começou em meados de 2010, quando trabalhou para o senador Arolde de Oliveira (PSD). Desde 2015, ela é assessora parlamentar do senador Magno Malta (PR).

2

Maconha causa câncer
O futuro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), já divulgou informações controversas sobre o consumo de maconha durante uma audiência da Comissão da Seguridade Social e Família de maio de 2015 na Câmara dos Deputados. Para ele, não há sentido legalizar a droga, já que ela “dá câncer”. Nesse mesmo discurso, Mandetta chegou a ironizar o consumo da erva dizendo que: “se o cara começa na maconha, passa pra cocaína, vai no crack, acaba votando no PT no final do processo todo”.
Por mais que o consumo de maconha traga riscos à saúde, como o aparecimento de sintomas de bronquite crônica e interferências em funções cognitivas e motoras, ainda não é possível correlacionar o câncer com a droga. Segundo o estudo de 2015 “An epidemiologic review of marijuana and cancer: an update”, da revista Cancer, Epidemiology, Biomarkers & Prevention, que reuniu 34 estudos epidemiológicos sobre maconha e câncer, não há como ter certeza se o consumo aumenta o risco de contrair a doença.
Um estudo deste ano, publicado na revista americana Chest, revisou outros artigos que tratam somente da correlação com doenças do pulmão. Segundo o artigo, “um grande estudo de corte e uma análise conjunta de seis estudos de caso bem realizados não encontraram evidências de uma ligação entre o fumo de maconha e o câncer de pulmão”.
Os dois estudos citados apontam que os riscos só serão realmente conhecidos quando forem realizadas mais pesquisas em comunidades onde o acesso a droga é maior (como acontece com o cigarro de tabaco, por exemplo).
Mandetta é médico ortopedista e entrou para a política em 2005, quando assumiu a pasta de Saúde da prefeitura de Campo Grande (MS), durante o governo de Nelson Trad Filho (MDB). Em 2010 foi eleito deputado federal, cargo no qual permanece até hoje. Também foi presidente da Unimed da capital de Mato Grosso do Sul de 2001 a 2004.

3

Conservadorismo brasileiro
Quando aceitou o convite de Bolsonaro, o futuro ministro da Educação, Ricardo Veléz Rodriguez, disse que adotaria uma posição de “elaboração de normas no contexto da preservação de valores caros à sociedade brasileira, que, na sua essência, é conservadora”. Porém, o resultado das duas últimas pesquisas nacionais sobre a aceitação de pautas e visões conservadoras e progressistas no país mostram uma realidade distinta.
O levantamento realizado pelo Datafolha concluiu que a maioria das pessoas acredita que imigrantes “contribuem com o desenvolvimento e a cultura” (70%), que a homossexualidade “deve ser aceita por toda a sociedade” (74%) e que os cidadãos não deveriam ter o direito à posse de armas (55%). Tais resultados aproximam a opinião pública da visão progressista.
A pesquisa do Ideia Big Data, por sua vez, apontou que 65,5% dos brasileiros acreditam que pessoas do mesmo sexo devem ter o direito de se casar; que 62,6% concordam que esses casais possam adotar crianças; e que 62,4% acham que direitos humanos devem valer para todos, incluindo bandidos. As posições também são distintas do pensamento conservador a que Veléz Rodriguez se referia.
Por outro lado, os brasileiros são, de fato, mais conservadores quando o assunto é a liberação de drogas e do aborto, de acordo com os dois levantamentos: 55,4% não acham que a maconha deve ser legalizada, segundo o Ideia Big Data. A regulamentação do aborto é reprovada por 70% dos entrevistados pelo Datafolha.
Ricardo Veléz Rodriguez é professor-colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora). Em suas falas, já se posicionou favoravelmente ao Escola Sem Partido e criticou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Foi indicado pelo professor Olavo de Carvalho logo após a bancada evangélica se posicionar contra o primeiro nome, do educador Mozart Neves.

4

Agrotóxico como remédio
Tenho certeza de que não há ‘veneno’ nenhum. É discurso porque, primeiro, as pessoas só usam defensivos quando necessário, como remédios”, disse a deputada federal e futura ministra da Agricultura Tereza Cristina (DEM-MS) em um evento na Câmara de Campo Grande em junho deste ano. Defensora ferrenha do uso do agrotóxicos, a líder da bancada ruralista na Câmara Federal foi apelidada por seus colegas de Musa Veneno pelo empenho na tramitação do PL 6299/2002, que flexibiliza regras de controle de agrotóxicos no Brasil.
A certeza de que os defensivos agrícolas não causam mal à saúde vai, porém, contra diversos estudos científicos, como o Science and Total Environment de 2017. Segundo a pesquisa, que reuniu a bibliografia de diversos outros artigos sobre o tema, “as associações estatísticas entre a exposição a certos agrotóxicos e a incidência de algumas doenças são convincentes e não podem ser ignoradas”, ainda que seja difícil elucidar os impactos dos produtos na saúde humana devido a vários fatores, como tipo de pesticida, tempo de exposição e características ambientais.
Os dados disponíveis sobre danos à saúde causados pelos defensivos no Brasil também são alarmantes. Foram registrados 4.003 casos de intoxicações por agrotóxicos agrícolas no país em 2017, cerca de 11 por dia, segundo o Ministério da Saúde e a Fundação Fiocruz.
Dentre os efeitos mais preocupantes associados à exposição a agrotóxicos, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, “os mais preocupantes são as intoxicações crônicas, caracterizadas por infertilidade, impotência, abortos, malformações , neurotoxicidade, manifestada através de distúrbios cognitivos e comportamentais e quadros de neuropatia e desregulação hormonal, ocorrendo também em adolescentes, causando impacto negativo sobre o seu crescimento e desenvolvimento dentre outros desfechos durante esse período”. As informações constam do Dossiê Científico e Técnico contra o PL 6299/02 (parte 1 e parte 2).
Já o Atlas dos Agrotóxicos calcula que, de 2007 a 2014, pelo menos 1.186 pessoas morreram intoxicadas por defensivos agrícolas, uma média de 148 mortes por ano. Ainda assim, o documento alerta para uma subnotificação das ocorrências: calcula-se que, para cada caso de intoxicação notificada, outros 50 não sejam notificados.
Tereza Cristina é engenheira agrônoma, produtora rural e deputada federal pelo Mato Grosso do Sul desde 2015, quando ainda era filiada ao PSB. Ela foi uma das responsáveis pelo apoio declarado da Frente Parlamentar da Agropecuária (que reúne hoje 262 parlamentares) a Jair Bolsonaro ainda antes do primeiro turno das eleições.

5

Nazismo era de esquerda
O futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo), publicou em setembro deste ano um artigo na plataforma Medium em que sustenta que o nazismo era parte da esquerda e classificou o movimento liderado por Adolf Hitler de “socialismo de preto” (em um paralelo com o comunismo, que seria o “socialismo de vermelho”).
A informação, claro, é falsa, mas chegou a circular com tal força que a Embaixada da Alemanha no Brasil fez um vídeo explicando a história do nazismo naquele país e explicando que o movimento era uma ideologia cunhada na extrema-direita: "devemos nos opor aos extremistas de direita, não devemos ignorar, temos que mostrar nossa cara contra neonazistas e antissemitas".
Ricardo de Aquino Salles foi candidato a deputado federal pelo Partido Novo nessas eleições, mas não conseguiu ser eleito. Antes da pasta, o advogado também foi secretário do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e também ocupou a pasta de Meio Ambiente paulista durante o governo tucano.
Durante a campanha eleitoral deste ano, ele defendeu uma política da “Tolerância Zero” em que propunha balas de fuzil como a solução para questões como “praga do javali” e “esquerda e o MST”. O partido Novo, ao qual Salles é filiado, manifestou-se dizendo que não aprovava a mensagem.

6

Pesquisas fake por Bolsonaro
O futuro ministro da Secretaria Geral da Presidência e coordenador da campanha vitoriosa de Jair Bolsonaro, Gustavo Bebianno (PSL), já lançou mão de pesquisas falsas em favor do seu candidato em publicações no Instagram, rede social que mais usa.
A primeira era uma suposta pesquisa de político mais honesto do Brasil. A imagem compartilhada por Bebianno é de um post do site Hoje Notícias, que já foi tirado do ar. A Fundação Transparência Política Internacional, à qual é atribuído o ranking, também não existe. Um versão semelhante da notícia falsa publicada por Bebianno já foi checada por Aos Fatos, durante o período eleitoral.
Outra falsa pesquisa compartilhada por Bebianno foi sobre apoio feminino a Bolsonaro. Ele compartilhou a imagem de um post do site Jornal Publi Cidade sobre um suposto aumento do apoio das mulheres por conta da defesa à castração química de estupradores. O texto do próprio post contradiz o título ao não mencionar nenhuma pesquisa e ao citar como fonte da informação uma reportagem do UOL com entrevistas de simpatizantes de Bolsonaro. A reportagem do UOL, de junho desse ano, cita a rejeição das mulheres, de acordo com pesquisas de intenção de votos da época, e busca entender o que motivava as que apoiavam o então candidato do PSL.
Advogado, Bebianno aproximou-se de Bolsonaro em 2017 e, no começo de 2018, assumiu a presidência do PSL, logo após a filiação do hoje presidente eleito. A partir daí, tornou-se um dos principais coordenadores da campanha. Logo após a eleição de Bolsonaro, Bebianno deixou a presidência do PSL e, em 12 de novembro, foi indicado ao primeiro escalão do futuro governo.

7

Escola Sem Partido
Símbolo da Operação Lava Jato e futuro ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro minimizou a importância do projeto Escola Sem Partido para o governo que integrará a partir de janeiro. Na entrevista coletiva após a confirmação da sua indicação, no começo de novembro, ele disse que não havia “proposta concreta sobre este tema” por parte da administração Bolsonaro. A fala ignora que pilares do Escola Sem Partido constam na plataforma de governo apresentada pelo hoje presidente eleito nas eleições, como o ensino “sem doutrinação e sexualização precoce”.

8

Médicos cubanos
O futuro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), também disseminou informações falsas a respeito do programa Mais Médicos, que será tutelado por ele a partir de 1º de janeiro. Segundo o ortopedista e deputado federal publicou em sua biografia oficial, o governo federal “tratou esses trabalhadores [médicos cubanos], não como trabalhadores individuais, mas como trabalhadores de um país como uma commodity, atingindo os trabalhadores, retendo seus salários, retendo seus documentos, proibindo seu deslocamento livre no território brasileiro”.
Mas não é verdade que o governo brasileiro fazia a retenção de salários dos médicos cubanos. Como Aos Fatos já explicou em uma checagem anterior, graças a um acordo com a Opas (Organização Panamericana de Saúde), o Brasil pagava o salário dos profissionais é destinado à organização, que dividia o valor para o médico e para o governo de Cuba, que ficava com a maior parte.
Também não foram identificadas informações que atestem o fato de o governo reter os documentos dos médicos cubanos e a suposta proibição de deslocamento pelo território brasileiro.

9

Aliança do PT com o PCC
O futuro ministro da Educação, Ricardo Veléz Rodriguez, também cercou-se polêmicas em 2014 ao dizer, em seu perfil no Facebook, que o PT estaria ligado aos “criminosos da facção mais perigosa que opera no Brasil, com táticas de guerrilha urbana, o PCC”.
O suposto vínculo entre o partido e a facção vem de 2006, quando o então secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, disse que haviam inquéritos que apontavam uma “correlação” entre os dois. Segundo uma ligação interceptada de criminosos do PCC, a facção criminosa combinou ataques contra políticos, menos os do PT, o que poderia indicar alguma ligação.
Logo após, o presidente do PFL da época, Jorge Bornhausen, e o então candidato José Serra (PSDB) acusaram o PT de envolvimento com a facção. Foi aberto um inquérito para apurar a ligação entre os dois. Aos Fatos não encontrou nenhuma atualização sobre o caso. Portanto, além de não haver provas que atestem o vínculo, o caso também se referia apenas ao Estado de São Paulo.
Houve ainda o caso do deputado estadual Luiz Moura (PT-SP), que teria participado de uma reunião na qual estariam presentes integrantes do PCC, segundo a polícia. A suspeita fez com que ele fosse expulso do partido. Mais uma vez, o caso não angariou provas que pudessem atestar ligações diretas e formais entre o PT e o PCC.

10

Maconha reduz Q.I de jovens
Futuro ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra (MDB), que também é médico, publicou no Twitter em agosto deste ano que “maconha reduz o QI” ao compartilhar uma reportagem do G1 sobre uma tese da UFMG de que usuários de maconha tinham mais dificuldade para passar nas matérias da faculdade.
Porém, a reportagem não traz qualquer afirmação parecida: houve comparação de rendimento escolar entre usuário e não-usuários (apenas 50,7% dos estudantes que fumam maconha passaram direto em todas as disciplinas, enquanto entre os não usuários a proporção foi de 66,1%, por exemplo), mas sem definição de causalidade.
Por mais que existam estudos que sugerem que o consumo de maconha por adolescentes podem diminuir sua capacidade mental, há outros que mostram o contrário: em 2016, um artigo da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos estudou a influência da erva em gêmeos e constatou que foram encontradas “poucas evidências para sugerir que o uso de maconha adolescente tem um efeito direto sobre o declínio intelectual”.
Esta será a segunda vez do médico Osmar Terra no comando de uma pasta ministerial. O emedebista foi ministro do Desenvolvimento Social no governo de Michel Temer (MDB). Em sua carreira política ele também foi prefeito de Santa Rosa (RS), secretário de Saúde do Rio Grande do Sul e é deputado desde 2001.

11

Rombo da Previdência
O futuro ministro da Casa Civil e atual ministro extraordinário de Transição, Onyx Lorenzoni (DEM), foi um crítico contumaz da Reforma da Previdência enviada ao Congresso pelo presidente Michel Temer (MDB) em dezembro de 2016. Para barrar o projeto, ele lançou mão, inclusive, de informações incorretas.
Durante audiência da comissão especial que analisava o projeto, em abril de 2017, Lorenzoni afirmou que o problema principal do Regime Geral de Previdência Social é a unificação da previdência rural, "que, na verdade, é assistência e, por isso, deficitária" com a urbana, que seria, de acordo com Lorenzoni, superavitária.
Porém, em 2016, a previdência urbana teve déficit de R$ 46,3 bilhões e a rural, R$ 103,4 bilhões, em valores nominais, de acordo com o Ministério da Fazenda. Esse era o dado mais recente disponível na época da fala do hoje ministro.

12

A cruzada contra o globalismo
Ernesto Araújo, futuro ministro das Relações Exteriores, também é conhecido por ter opiniões controversas, muitas das quais não podem ser comprovadas factualmente. Em seu blog pessoal, por exemplo, ele cita a existência de uma política globalista: “Globalismo é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural. Essencialmente é um sistema anti-humano e anti-cristão”.
Posição que também é adotada pelo presidente americano, Donald Trump, a teoria propaga que ONU, União Europeia, China e ONGs financiadas por bilionários como George Soros comandariam um plano para dominação global e substitução das culturas tradicionais por uma moral secular, cosmopolita e esquerdista.
De acordo com o professor de Relações Internacionais da FAAP e da PUC-SP, David Magalhães, a tese, originalmente defendida no Brasil por Olavo de Carvalho em seu texto “Do Marxismo Cultural”, publicado no jornal O Globo em 2002, foi concebida pelo escritor Willian S. Lind. Segundo ele, o movimento revolucionário comunista preconizava introduzir seus ideais em todas as instituições que influenciavam a cultura, como igrejas, universidades, escolas e imprensa.
Ainda segundo essa teoria, os marxistas teriam conseguido ocupar todos os “meios de pensamento” dos EUA, das universidades aos estúdios de Hollywood. Segundo Olavo de Carvalho: “seus dogmas macabros, vindos sem o rótulo de ‘marxismo’, são imbecilmente aceitos como valores culturais supra-ideológicos pelas classes empresariais e eclesiásticas, cuja destruição é o seu único e incontornável objetivo. Dificilmente se encontrará hoje um romance, um filme, uma peça de teatro, um livro didático onde as crenças do marxismo cultural” não apareçam.
Ernesto Araújo atualmente é diplomata há 29 anos e diretor do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Internacionais do Itamaraty. Junto com Ricardo Veléz, é o segundo ministro indicado pelo filósofo Olavo de Carvalho.

13

Os reclusos da Esplanada
O levantamento realizado por Aos Fatos nos perfis de redes sociais, blogs, artigos, reportagens e entrevistas concedidas pelos futuros ministros de Bolsonaro esbarrou na falta de informações públicas e verificáveis de outros membros da futura Esplanada dos Ministérios. É o caso de Roberto Campos Neto (Banco Central), André Luiz de Almeida Mendonça (AGU), General Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo), Tarcísio Gomes de Freitas (Ministério da Infraestrutura), Gustavo Henrique Canuto (Desenvolvimento Regional), General Fernando Azevedo e Silva (Ministério da Defesa), Wagner Rosário (Controladoria Geral da União), General Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Guedes (Ministério da Economia) e Bento Costa Lima Leite (Ministério de Minas e Energia).



Outro lado. Aos Fatos entrou em contato com os dez ministros que tiveram declarações analisadas nesta reportagem, mas não obteve respostas até a publicação desta reportagem.


Fonte: https://aosfatos.org/noticias/kit-satanico-nazismo-de-esquerda-globalismo-investigamos-o-que-ja-disseram-ministros-de-bolsonaro/

Imagem: Não consegui identificar a fonte da imagem.

domingo, 9 de dezembro de 2018

COMO É ROMÂNTICA A PRIMAVERA




Domingo, abro a janela.

Manhã de primavera cálida e ensolarada.

Uma bonita borboleta amarela passa em seu voo incerto.

Nisso  vejo um pássaro, sagaz, em voo rasante na direção da borboleta. Uma vez, duas vezes. Na terceira atinge seu alvo.

Pousa na minha sacada. No bico aparece apenas a ponta amarela da asa da borboleta.

Ela talvez quisesse passar a mensagem “olha como estou bonita, alguém quer fazer borboletinhas?”.

O sabiá, porém, interpretou como: “oba, comida!”.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Relacionamento abusivo: 15 sinais de que você pode estar em um

Antes do soco e da pancada, muitas outras formas de violência já dão indícios de uma relação abusiva.


por Helena Bertho –
26 de novembro de 2018


Você sabe o que é um relacionamento abusivo? 

Saberia identificar se alguém próximo (ou você mesma) está em um? Estar em um relacionamento abusivo não quer dizer, necessariamente, apanhar. Muitas vezes, a violência toma outras formas, como a violência psicológica, sexual e financeira. Elas são muito mais sutis que a agressão física e, por isso mesmo, mais difíceis de identificar.

O que acontece é que muitas pessoas acabam ficando nessas relações e sofrendo, sem conseguir entender o abuso que sofrem. “Isso sempre é bem sutil no começo. O primeiro caminho é sempre psicológico. Afinal, se o relacionamento começa num tapa, a mulher não continua. Até criar envolvimento e dependência emocional, é um príncipe. Quando ela está envolvida e fragilizada, aí sim ele vira um sapo”, diz a psicóloga e advogada especialista em violência contra a mulher Vanessa Paiva.

É importante saber que a violência pode acontecer em qualquer relação, hetero ou homossexual. Trata-se de uma questão de poder. Mas, como é mais comum em relações entre homem e mulher, usaremos o masculino para definir o abusador nesse texto.

 

1. Ciúme excessivo

 

Com a justificava de “amar demais” o ciúme deixa de ser normal e vira justificativa para o controle. É normal que uma pessoa sinta medo de perder aquela que ama. Mas quando isso passa a virar argumento para controlar a tomada de decisão do outro, agressões, ofensas ou invasão de privacidade, é excessivo.

 

2. Controle

 

“Porque eu te amo demais” ou “é para o seu bem” são frases comuns usadas pelo abusador para controlar a outra pessoa. O controle acontece quando ele começa a decidir o que a outra pessoa pode ou não fazer. Que roupas vestir, onde pode ir, quais atividades fazer e até, em casos mais extremos, que trabalhos a outra pessoa pode ou não ter.

 

3. Invasão de privacidade

 

Por mais que sejam parte de um casal, as pessoas devem ter privacidade e individualidade. Em um relacionamento abusivo, é comum que o abusador não respeite o espaço individual da outra parte. Roubar senhas, mexer no celular, ler e-mails e mensagens, instalar programas de rastreamento. Tudo isso é invasão de privacidade. Ela pode acontecer em segredo, sem que o outro saiba, ou ser aberta, com a justificativa de que “quem ama não tem nada a esconder”. Mas não permitir que o outro tenha um espaço só seu, na verdade, é demonstração de falta de confiança.

 

4. Afastamento de outras pessoas

 

As justificativas podem ser muitas: fulano é má influência, ciclano dá em cima de você, não gosto daquela pessoa, aquela outra me trata mal. O fato é que ele vai exigindo que a companheira se afaste das pessoas mais próximas. A psicóloga Vanessa explica que “o objetivo é que você passe a depender somente dele”.

 

5. Chantagem

 

A manipulação é uma ferramenta central no relacionamento abusivo. Se a parceira não aceita de forma pacífica do que é cobrada, o abusador costuma, então, usar de chantagem para conseguir o que quer. Seja dizendo que vai ficar doente ou vai se matar se a companheira não fizer algo, seja ameaçando terminar o relacionamento. A chave é saber o que mexe com a parceira e usar disso para manipulá-la.

 

6. Destruição da autoestima

 

Se no começo da relação a pessoa era incrível para a outra, aos poucos isso vai mudando. A mudança começam com “críticas construtivas”, que vão se tornando cada vez mais comuns e pesadas. Sem perceber, a vítima vai perdendo a autoestima até o ponto de achar que é alguém tão ruim que nenhuma outra pessoa vai amá-la se essa relação terminar.

 

7. Invalidação de sentimentos

 

A parte abusadora da relação vai dizer que aquilo que o outro sente é besteira ou não é nada. “Toda vez que você invalida o sentimento, você condiciona a pessoa a não falar nada e a achar que o que sente é bobagem”, explica Vanessa. Assim, o medo, a dor e a tristeza de estar passando pelo abuso passam a ser enxergados como besteira pela própria vítima, fazendo com que ela permaneça no relacionamento abusivo, mesmo infeliz.

 

8. Falta de diálogo sobre dinheiro

 

Não é fácil conversar sobre dinheiro. Mas a falta de diálogo abre espaço para que uma das partes da relação abuse financeiramente da outra. Por exemplo, se a mulher para de trabalhar para cuidar dos filhos, a dinâmica financeira da família precisa ser combinada antes. Assim, ela vai ter condições de sair da relação se precisar. No relacionamento abusivo, a falta de diálogo é usada para levar o outro à dependência econômica.

 

9. Controle financeiro

 

É comum nas relações abusivas que uma das pessoas controle todo o dinheiro do casal e, por isso, passe a controlar também as atividades da outra. Quando uma tem que pedir dinheiro para tudo, passa a existir espaço para que a outra pessoa negue e, assim, decida o que a companheira pode ou não fazer.

 

10. Uso do dinheiro sem acordo conjunto

 

Dentro de um relacionamento, a forma como o dinheiro vai ser usado deveria ser decidida em acordo. Os recursos são dos dois? Quem decide quanto gastar ou quanto poupar? São questões respondidas em conjunto. No entanto, nas relações abusivas pode acontecer de uma das pessoas fazer compras ou investimentos com o dinheiro do casal sem consultar o outro. O resultado é que o  outro pode ficar sem recursos e nem saber.

 

11. Pegar, roubar ou destruir itens do outro

 

Quando a relação abusiva evolui, pode chegar ao ponto da pessoa esconder ou quebrar os pertences da outra como forma de controle. São comuns os casos em que o abusador esconde os documentos da outra pessoa ou quebra objetos pessoais durante  acessos de raiva.

 

12. Usar os filhos em chantagens

 

Quando o casal tem filhos, as coisas ficam mais complicadas. No relacionamento abusivo, a pessoa usa os filhos como ferramenta de chantagem. Ao invés de se preocupar com o bem estar das crianças, é comum que o abusador as use como chantagem para conseguir o que quer.

 

13. Exigir relação sexual

 

O estupro dentro de relacionamentos não é raro. Se o sexo é forçado, é estupro. E isso nem sempre acontece de forma explícita: não respeitar a vontade da outra pessoa, chantagear ou fazer ameaças para ter uma relação também são formas de abuso. 

14. Ameaças

 

Quando a relação abusiva já está avançada, ameaças se tornam comuns. Elas podem ser dos mais diferentes tipos: tirar o dinheiro, sumir com os filhos, agressões e até ameaças de morte. “A fala de que ‘cão que late não morde’ é muito perigosa. No caso das relações abusivas, em geral as ameaças são o principal indício de que a violência física vai chegar a acontecer. Elas são sinal de que o agressor está criando coragem”, explica Vanessa.


Fonte: http://costaadvogados.adv.br/relacionamento-abusivo-15-sinais-de-que-voce-pode-estar-em-um/

domingo, 18 de novembro de 2018

ATENÇÃO: O PESO E O TEMPO PODEM MUDAR!



O quilo pode mudar de peso 

Quanto pesa uma massa de um quilo? Parece uma pergunta fácil, mas dependendo de onde se está no planeta, e da calibragem da balança usada, a resposta pode variar. E foi de olho nestas diferenças que em 1875 representantes de 17 nações - entre eles D. Pedro II, então imperador do Brasil - assinaram a Convenção do Metro, tratado que pela primeira vez estabeleceu padrões internacionais para essa e outras duas unidades fundamentais, o quilo e o segundo. E agora representantes dos já 60 países signatários do atual acordo preparam a mais ampla revisão destes padrões da História. Em votação prevista para esta sexta-feira (16), último dia da 26ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) que acontece desde terça-feira em Versailles, França, eles devem aprovar alterações em suas definições para que todos estejam relacionados a fenômenos ou constantes físicas universais.

Fonte do texto: Affonso Ritter 
Fone da imagem: http://boscoanthony.com/wp-content/uploads/2013/08/work-balance-life-balance-809x485.jpg

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

COMO DETECTAR LIXO HUMANO

 

12 frases que fazem você pensar "lixo humano detected"

 Aline Ramos



1. "Eu não sou preconceituoso, mas..."

Você já reparou que depois dessa frase sempre vem outra que prova justamente que a pessoa é preconceituosa? Ela é a clássica e se destaca entre todas as frases lixos. Se você não é preconceituoso, você nem deveria precisar dizer essa frase.



2. "Não tenho nada contra, até tenho amigos que são..." 


Se você tem algo contra a EXISTÊNCIA de algum amigo ou amiga que seja LGBTQ, negro, asiático, feminista ou o que seja, você não é um amigo de verdade. Com certeza essas pessoas ficariam muito chateadas em saber que você utiliza esse tipo de frase para defender que não é preconceituoso.



3. "Direitos humanos para humanos direitos."

 
Os Direitos Humanos foram feitos para garantir a humanidade e integridade de TODAS as pessoas e não apenas daquelas que seguem o que você considera ser o correto.

Essa frase geralmente é utilizada quando se trata da defesa de direitos de pessoas acusadas de crimes ou que estão encarceradas, mas o que se esquece é que os Direitos Humanos também estão presentes quando um policial é morto durante o trabalho ou quando alguém é vítima de um crime bárbaro.

Enfim, os Direitos Humanos foram feitos para todos.

 

4. "Mulher tem que se dar ao respeito."


Nossa, dá para sentir o mau cheiro daqui. Todos os indivíduos merecem respeito. E como mulheres também são indivíduos, elas também merecem, em qualquer ocasião. Respeito não é algo que as pessoas devem conquistar, é algo que elas devem praticar no seu dia a dia.



5. "Mas aí ele/a pediu para apanhar."


Meu querido, você jura que tem situação que justifica a violência? Com certeza você não gostaria de ouvir isso se passasse por uma situação do tipo. Culpar a vítima é tapar o sol com a peneira e ignorar como o problema da violência, seja ela qual for, é muito maior do que a gente imagina.



6. "Por que você tem medo da ditadura? É só não fazer nada de errado."


Quando um país vive num regime ditatorial, seja o Brasil ou qualquer outro, qualquer manifestação contrária a quem está no poder é motivo para prisões, violência e tortura. O medo não é porque as pessoas querem cometer crimes, mas porque esses sistemas políticos tornam crime o que bem entenderem.



7. "O mundo está muito chato, não pode mais fazer piada de nada."


O mundo não está chato, talvez as suas piadas só estejam desatualizadas e sejam preconceituosas mesmo. Parar para ouvir um pouquinho o outro vai te ajudar a entender por que nem toda piada faz todo mundo rir.



8. "Agora é tudo mimimi."


O mundo tem mudado bastante, e isso não é necessariamente algo ruim. As pessoas que sempre foram alvos de preconceito agora estão mais conscientes sobre o que está acontecendo e falam mais sobre esses temas. Talvez você só tenha que mudar alguns conceitos e olhar com outros olhos para essas pessoas e para o que elas dizem.



9. "Não é privilégio, é meritocracia."


Quando falamos que alguns grupos sociais são privilegiados, é porque eles não tiveram oportunidades na vida afetadas por sua sexualidade, gênero ou raça. Vivemos num país em que ter acesso à água, luz e saneamento básico é um privilégio, mas não deveria ser. Então, imagine qual é o tamanho do fosso que separa algumas pessoas e aumenta a desigualdade social.

Se você imaginar que a vida é uma corrida, o privilégio faz com que algumas pessoas saiam na frente porque tiveram acesso a uma educação melhor, saúde e até alimentação. Você acha isso justo?

Conviver com pessoas diferentes de você pode te mostrar na prática quais privilégios você teve ou não. Tente um pouco, saia da sua bolha.




10. "A minha empregada é praticamente da família."


Por mais bem intencionada que seja essa frase, ela carrega muito preconceito porque demonstra que uma pessoa enxerga a outra como propriedade dela. Uma empregada doméstica não deveria ser tratada como da família, mas sim como uma funcionária, que possuiu direitos como qualquer outro trabalhador. Essa prática é um dos resquícios do período da escravidão, quando mulheres negras serviam às famílias de seus donos e eram obrigadas a dar mais atenção aos filhos deles do que aos seus. E isso passa longe de ser algo positivo, né?



11. "Se estivesse em casa, não teria sido estuprada."


Estudos mostram que a maior parte dos estupros ocorrem justamente dentro de casa e são praticados por pessoas de confiança da família. Esse, inclusive, é um dos motivos que faz com que as vítimas não denunciem seus estupradores e passem a vida calada. Ou seja, esse argumento está longe de ser verdadeiro e novamente joga a culpa na vítima.



12. "Agora virou crime ser hétero/branco/rico."


Até o momento, não foi registrado nenhum caso de prisão ou condenação por esses motivos. Pelo contrário, esses grupos sociais continuam aproveitando dos seus privilégios.

 

Fonte Texto:  https://www.buzzfeed.com/ramosaline/frases-preconceituosas-lixo-humano-detected?utm_source=dynamic&utm_campaign=bffbbuzzfeedbrasil&ref=bffbbuzzfeedbrasil

Fonte Imagem: https://static.boredpanda.com/blog/wp-content/uploads/2016/04/surreal-illustrations-poland-igor-morski-4-570de3448bd74__880.jpg

 

domingo, 4 de novembro de 2018

ALGUMAS TÁTICAS PARA LIDAR COM PESSOAS IRRACIONAIS



A maioria das pessoas vai lidar, pelo menos, com uma “pessoa irracional” em sua vida. Ou seja, alguém que com frequência age de forma ilógica ou estúpida. Se essa pessoa for um chefe irritadiço, um amigo fanático ou um adolescente emocionalmente volúvel, “não é difícil que sua conduta nos leve nós mesmos a perder o controle”. Essa é a opinião de Mark Goulston, psiquiatra e professor da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA, EUA) durante 25 anos. Dessa forma, para preservar nossa saúde, é preciso saber como tratar ou enfrentar essas condutas detestáveis que podem alterar o nosso equilíbrio emocional. (A paciência nunca é tão importante como quando se está a ponto de perdê-la).




São muitas as vítimas que sofrem essas nocivas relações pessoais e que acreditam ser possível controlar as condutas irracionais. Quando têm de enfrentar essas situações, reagem de forma automática se colocando na defensiva ou sendo agressivas. E, em muitos casos, inclusive pretendem mudar os comportamentos irracionais de tais pessoas tentando fazê-las entrar na razão. Buscam fazê-las ver que suas opiniões ou pontos de vista são errôneos ou absurdos. Mas essa estratégia piora ainda mais as coisas. Nas palavras de Goulston, “em vez de aceitar nossa lógica, a pessoa irracional reage ainda mais irracionalmente e a situação pode se encrespar de ambas as partes até uma discussão louca que não leva a lugar nenhum”.

Essa maneira de lidar com o problema é realmente frustrante, estressante e improdutiva. Nenhuma dessas relações produz resultados satisfatórios. Mas a maioria das pessoas não conhece outra opção. No entanto, tentar convencer com argumentos uma pessoa de conduta irracional não tem sentido porque, do seu ponto de vista, sua conduta é racional. Esse tipo de pessoa tem padrões de pensamento profundamente arraigados em sua (in)consciência. E sua conduta é uma resposta à ameaça que percebe quando alguém põe em dúvida ou discute sua forma de raciocinar.
Render-se não é uma derrota...

Uma forma eficaz de tratar a pessoa irracional é a que propõe a psicóloga clínica Judith Orloff, também professora da UCLA: “Renunciar à necessidade de controlar essas situações difíceis e desistir de obrigar alguém a mudar. Ou seja, aceitar a pessoa irracional tal como ela é, especialmente se já se tentou reverter sua conduta e não se conseguiu nada de positivo”.
...é ser mais tolerante

A atitude de renunciar a mudar comportamentos irracionais pode parecer para muitas pessoas um sintoma de rendição ou fraqueza. Mas, ao contrário do que se pode pensar, a rendição é uma escolha ativa que a vida nos oferece. Uma opção para ser mais flexível e tolerante. Ver além daquilo que nos incomoda ou irrita para descobrir que o que nos convém é desdramatizar as condutas irracionais dos demais para não perdermos nós mesmos a calma. Como apontava a escritora britânica George Eliot, “a maior força para crescer é nossa capacidade de escolher”.

No mesmo sentido se expressa Lauren Zander, professora do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT, EUA): “Se alguém decidiu que uma pessoa lhe faz mal, então também é capaz de renunciar à aversão que sente com relação a essa pessoa”. Não necessariamente tem que transformá-la em sua melhor amiga, mas flexibilizando nosso ponto de vista podemos aprender a tolerar essa pessoa de conduta irracional sem que tenhamos que sofrer um ataque de nervos. Isso significa ignorar seus aspectos negativos e pensar em algo positivo que ela possa ter.



COMO CONTROLAR AS CONDUTAS IRRACIONAIS

As pessoas que agem frequentemente de forma irracional na verdade não querem te prejudicar ou complicar a sua vida. Nem te deixar louco. Só estão preocupadas por suas frustrações e necessidades. Portanto, para enfrentar suas condutas, evitar a escalada do conflito e se manter calmo, o melhor é seguir as orientações dos psicoterapeutas:

Parar: Se está tenso e incomodado ante uma conduta irracional, não diga nada. Você não é obrigado a reagir imediatamente. Respire fundo. Inale e expulse o ar devagar. Isso contraria o impulso a reagir que provoca a irritação e o estresse. Repita para si mesmo: essa é uma oportunidade para aprender a ficar tranquilo.

Escutar sem interromper: Ante uma conduta verbal irracional, o primeiro impulso é cortar o discurso para gritar que a razão está do nosso lado. Mas interromper só intensifica a hostilidade. Não discuta nem tente fazer seu interlocutor entrar na razão. Sua interrupção não mudará a mente de ninguém e só alimenta o conflito. É muito mais fácil o outro mudar sua maneira de agir do que de pensar.

Usar a imaginação: Imagine a água de um rio. Observe como a água não para na mesma pedra, mas sim flui ao redor dos obstáculos que encontra. Da mesma forma, não resista à força irracional de seu interlocutor. Deixe que flua por seu corpo e mente sem que te provoque feridas. “Aquele que não imagina é como quem não sua, armazena veneno”, disse Truman Capote.

Respirar para se acalmar: Pense na primeira coisa que gostaria de dizer ou fazer perante uma pessoa irracional, mas não o faça. Respire e exale o ar devagar. Concentre-se nisso.


Fonte: El País