Mostrando postagens com marcador Planeta Terra. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Planeta Terra. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Mamíferos selvagens representam apenas uma pequena porcentagem dos mamíferos do mundo.

 


No gráfico, vemos a distribuição dos mamíferos na Terra. 

Essas estimativas comparam os mamíferos com base na biomassa. Isso significa que cada animal é medido em toneladas de carbono que contém em função de sua massa corporal.  

Cada retângulo representa um milhão de toneladas de carbono. 

Os mamíferos selvagens representam apenas 4% da biomassa mundial de mamíferos. Isso inclui mamíferos marinhos e terrestres. 

Os outros 96% são humanos e nosso gado. 

O domínio dos humanos é claro. Sozinhos, respondemos por cerca de um terço da biomassa de mamíferos. Quase dez vezes maior que os mamíferos selvagens. 

Nosso gado representa então quase dois terços. O gado pesa quase dez vezes mais do que todos os mamíferos selvagens juntos.  

A biomassa de todos os mamíferos selvagens do mundo é quase a mesma de nossas ovelhas. 

As aves domésticas não estão incluídas aqui. Mas para as aves, a distribuição é semelhante: a biomassa das aves é mais que o dobro das aves selvagens.

Fonte: https://ourworldindata.org/

quinta-feira, 19 de março de 2020

PLANETA X HUMANIDADE





Nos últimos dias a poluição do ar reduziu significativamente em todo o planeta. 

A contaminação das águas em locais de grande circulação de turistas também diminuiu amplamente.

Etc.

Ou seja, parece que o Corona Vírus é ruim para os humanos, porém é muito bom para o planeta.

Exemplos:





Imagem: Canais de Veneza com águas cristalinas após quarentena recebem visitas de peixes, cisnes e até golfinhos.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Terra tem ainda vários anos quentes pela frente


O consolo para muitos europeus desesperados com o calor é que 2018 seria um fenômeno isolado. Com um novo método, cientistas abalam essa esperança: talvez seja hora de comprar um condicionador de ar.

Deutsche Welle

Os habitantes do Hemisfério Norte que vêm reclamando do verão inclemente deveriam ir se acostumando. Pois, segundo uma pesquisa recente, o planeta deve enfrentar pelo menos mais quatro anos de calor, um período quente, com "probabilidade elevada de temperaturas altas a extremamente altas".

Florian Sévellec, da Universidade de Brest, na França, e Sybren Drijfhout, do Instituto Meteorológico Real Neerlandês, em De Bilt, desenvolveram um modelo estatístico para prever as temperaturas globais médias no futuro próximo. Seus cálculos apontam 58% de probabilidade de os anos 2018 a 2022 serem mais quentes do que as tendências atuais. O estudo foi publicado nesta terça-feira (14/08) na revista especializada Nature Communications.

Mas "um ano quente não significa automaticamente uma onda de calor", esclareceu Sévellec à DW, portanto não é isso o que ele e seu colega estão prevendo. A previsão simplesmente fornece temperaturas globais médias, não valores regionais específicos. "Mas, no total, é mais alta a probabilidade de ficar mais quente do que mais frio."

A partir de 2022, as previsões se tornam menos confiáveis, pois o modelo não funciona bem para o futuro mais distante. Além disso, "o aquecimento terrestre não é um processo regular", lembram os pesquisadores. Apesar de os diagramas térmicos mostrarem que no longo prazo Terra se aquece, podem se intercalar anos frios, em que a temperatura média caia abaixo da tendência prevista.

O motivo para tal é o caráter caótico do clima terrestre, onde oscilações naturais estão sempre surpreendendo os climatologistas. Essa variabilidade é também responsável pela pausa no aquecimento global após 1998. Nesse período, as temperaturas globais se alteraram relativamente pouco, dando a impressão que o aquecimento estagnara – o que os céticos da mudança climática adotaram como emblema. Só em 2012 a tendência ascendente foi retomada.

O sistema de previsão agora apresentado visa registrar tais oscilações naturais e calcular quão provável é que os próximos anos sejam mais quentes ou mais frios do que se espera. É semelhante às previsões de chuva, que nunca são precisas, mas apenas um cálculo de probabilidade.

Mas, como se sabe, previsões de chuva podem se enganar estrondosamente. E quanto aos cálculos dos climatologistas? É realmente necessário investir num novo sistema de ar condicionado? Ou será melhor esperar? Isso, só se saberá no fim de 2018, ao se comparar os dados climáticos efetivos com os previstos por Sévellec e Drijfhout.

No entanto, estimativas de outros cientistas também confirmam que o planeta tem anos quentes pela frente. "Não é nenhum resultado novo", afirma Wolfgang Müller, do Instituto Max Planck de Meteorologia, em Hamburgo. E Gerhard Lux, assessor de imprensa do Serviço Alemão de Meteorologia reforça: "Faz 10 a 15 anos estamos repetindo que os períodos secos e quentes aumentarão."

Uma iniciativa de pesquisa de âmbito nacional para prognósticos climáticos de médio prazo, denominada Miklip, obteve resultados semelhantes: seu modelo climático indica uma elevação contínua da temperatura, de 2019 a, pelo menos, 2026.

A novidade do estudo recém-publicado, contudo, não são os resultados em si, mas sim o método como foram calculados, usando modelos estatísticos, uma abordagem que vem se tornando cada vem mais importante no estudo do clima.

Para fazer uma previsão, os modelos climáticos globais levam em consideração todas as características do clima terrestre pesquisadas até então. No novo método analisam-se principalmente dados passados para medir a probabilidade de que um determinado fenômeno – por exemplo, períodos de tempo quente – vá ocorrer no futuro.

"Modelos estatísticos se compõem de algoritmos simples, os quais investigam correlações simples", explica Wolfgang Müller. E o que torna essa forma de previsão especialmente atrativa é o fato de ela exigir capacidades de computação modestas.

"Uma previsão para dez anos só precisa de 22 milissegundos, podendo ser feita de modo praticamente imediato num laptop", anunciam Sévellec e Drijfhout em seu estudo. Em comparação, no sistema empregado pelo MetOffice (o serviço nacional de meteorologia do Reino Unido), a mesma previsão exige uma semana num supercomputador.

Também o Serviço Alemão de Meteorologia já opera em parte com um modelo estatístico, revela o assessor Lux, "e isso promete se tornar interessante".

Entretanto o novo modelo da dupla franco-holandesa não leva em consideração eventos regionais nem locais, sendo assim incapaz de produzir previsões para determinadas áreas. "Digamos que fique de fato mais quente, como previmos", explica Sévellec, "nós não sabemos se vai ocorrer na Europa, na África ou em outra parte. O modelo não inclui padrões regionais."

Para Müller, essa é uma grande desvantagem. "Temperaturas médias globais talvez tenham alguma utilidade para as companhias de resseguro", mas as previsões regionais é que são realmente importantes, por exemplo para tomar medidas preventivas na agricultura.

Nesse ponto, a iniciativa Miklip tem respostas bem mais diferenciadas: seus cálculos apontam que a Europa e partes da Ásia e da América do Norte são especialmente atingidas pelas temperaturas altas.

Portanto, quem está pensando em adquirir um condicionador de ar deve primeiro conferir as previsões regionais. Pois, como lembra o cientista Florian Sévellec, "pode ficar muito quente numa parte do mundo, mas ainda relativamente frio numa outra".

domingo, 16 de julho de 2017

AQUECIMENTO GLOBAL

Um dos maiores icebergs da história se desprende de plataforma na Antártida

Bloco de gelo de 5,8 mil quilômetros quadrados se desprende do segmento Larsen C, alterando mapa do continente gelado. Cientistas dizem que não haverá impacto no nível do mar, mas alertam para riscos de longo prazo.

default Rachadura na plataforma de gelo Larsen C que deu origem ao novo iceberg

Um bloco de gelo de 5,8 mil quilômetros quadrados se desprendeu da plataforma de gelo Larsen C, formando um dos maiores icebergs já registrados e alterando o mapa da Antártida.
Cientistas que há anos vinham observando a crescente rachadura na plataforma Larsen C anunciaram nesta quarta-feira (12/07) que o iceberg de trilhões de toneladas finalmente se rompeu nos últimos dois dias e está agora à deriva no Mar de Weddell.

Entrevista: "Rompimento pode ter efeitos terríveis"

A ruptura acabou acontecendo mais rápido do que se esperava. Depois de avanços lentos ao longo de anos, a rachadura se prolongou por 17 quilômetros dentro de uma semana, em maio. A plataforma de gelo Larsen C foi reduzida em tamanho em um recorde de 10% e tem agora a sua menor extensão.
Embora o novo iceberg tenha pouco ou nenhum impacto imediato na região, na biodiversidade ou nos níveis do mar, os cientistas estão preocupados com os efeitos a longo prazo da separação.

Infografik Karte Larsen C Ice Shelf Em azul, a área da plataforma de gelo Larsen C. Em vermelho, o novo iceberg. À direita, mapa do Reino Unido para fins de comparação

Ciclo natural e mudanças climáticas

Rupturas de icebergs na Antártida fazem parte de um ciclo natural. O gelo constantemente avança sobre o oceano. Como resultado, a plataforma de gelo cresce em média 700 metros por ano. Em algum momento, uma parte dela se separa, reiniciando o ciclo. Por isso, cientistas afirmam que a formação deste novo iceberg não está necessariamente ligada às alterações climáticas.
"Este iceberg não aumentará os níveis globais do mar", disse a geofísica Daniela Jansen, do Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Marinha em Bremerhaven, na Alemanha. "É como cubos de gelo num copo de água. Eles não aumentam a quantidade de água no copo quando derretem."
Mas a nova ruptura pode fazer com que a plataforma de gelo Larsen C se torne instável e, eventualmente, colapse. Ao norte, duas plataformas menores já passaram por esse processo. A Larsen A desapareceu em 1995. Sete anos depois, a Larsen B entrou em colapso.
Os cientistas atribuem esses dois colapsos e o recuo de várias plataformas de gelo da Antártida nas últimas décadas ao aquecimento global. "O colapso de Larsen A e de Larsen B foi associado ao aumento das temperaturas do oceano na Península Antártica", disse Jansen. "A questão agora é se a tendência vai se espalhar para o sul e desestabilizará também a Larsen C."
Os cientistas irão agora monitor a Larsen C para ver se ela manterá o ciclo natural e voltará a crescer ou se derrete ainda mais e, eventualmente, colapse. No entanto, dados do projeto da pesquisa Midas, na Universidade de Swansea, no Reino Unido, já apontaram para um eventual colapso.
Isso pode levar décadas. Mas, ao contrário dos icebergs que se desprendem da plataforma de gelo, a camada de gelo atrás dela está sobre a terra. Se esse gelo derreter, ele acrescentará água adicional ao mar, levando a um aumento nos níveis oceânicos.
Apesar do seu grande tamanho, o novo iceberg não é páreo para outros que já se desprenderam do continente gelado. Em 2000, por exemplo, o iceberg B-15, de 11 mil quilômetros quadrados, descolou-se da plataforma de gelo Ross. A própria plataforma de gelo Larsen C já deu origem a icebergs maiores, como um de 9 mil quilômetros quadrados em 1986.


Lições para o futuro

A Antártida é um sistema extremamente complexo, e os cientistas ainda não a monitoraram por tempo suficiente a ponto de detectar tendências e fazer previsões. Essa é uma das razões pelas quais a ruptura da plataforma de gelo Larsen C atraiu tanta atenção.
"Recebemos novas imagens de satélite a cada seis dias. É muito emocionante, porque agora podemos monitorar todo o processo, algo que não conseguíamos fazer antes", disse Jansen.
Ela acrescentou que as lições aprendidas com a Larsen C são muito importantes para o futuro. "Os dados nos permitem criar modelos capazes de gerar previsões de longo prazo para plataformas de gelo ainda maiores."
Os cientistas estão preocupados que o colapso das plataformas de gelo, assim como das camadas de gelo sobre a terra, possa desestabilizar as geleiras na Antártida Ocidental. A camada de gelo sobre a terra da Antártida Ocidental contém água congelada suficiente para aumentar o nível do mar em cerca de 6 metros caso derreta.

Fonte: http://www.dw.com/pt-br/um-dos-maiores-icebergs-da-hist%C3%B3ria-se-desprende-de-plataforma-na-ant%C3%A1rtida/a-39656757?maca=bra-newsletter_br_Destaques-2362-html-newsletter

domingo, 12 de março de 2017

O VERDE PODE SER UMA ARMADILHA

Neste espaço de livre reflexão e compulsória desilusão, vira e mexe falo de futebol, música e cinema. À exceção do primeiro, que deixou de ser arte, essas artes costumam inspirar metáforas importantes para a reflexão que se pretende neste espaço. O cinema é pródigo em gerar cenários possíveis para a realidade futura. A ficção permite o sonho com possibilidades infinitas, mas muitas vezes as probabilidades de sua concretização são, de certa forma, levadas em conta e, não percebo se de propósito ou por acaso, as possibilidades, de certa forma se concretizam. A música por vezes antecipa cenários que só as mentes visionárias de alguns poetas permitem-se vislumbrar.

Vejam os leitores um exemplo: o filme “De volta para o futuro II” explora o paradoxo de um mundo alternativo criado a partir da mudança do passado pelo personagem Biff Tannen, usando o livro de resultados esportivos que sua versão de 2015 deu-lhe ao retornar ao passado. O mundo alternativo resultante da ação do personagem é deprimente, sujo, governado pelos desonestos. Resumindo, reflitamos, mais que as diversas traquitanas existentes hoje que foram profetizadas pelo filme, a realidade atual também se concretiza como no “futuro” alternativo.

Pois bem, então reflitamos sobre outro exemplo de filme futurista e pensemos o quanto sua profecias eram ou não possíveis em uma realidade futura, não tão futura assim. Lembro que assisti, provavelmente no Cine Vera Cruz, em Uberaba, um filme de 1973 chamado “No Mundo de 2020”, aliás Soylenty Green, estrelado pelo grande canastrão Charlton Heston, aliás John Charles Carter, que eu já vira em “Os 10 mandamentos”, “Ben Hur” e “Planeta dos macacos”. Apesar das caras sempre iguais do ator, lembro que a história do filme impressionou-me muito, descrevendo um mundo ambientado em 2022 (ano em que o Brasil comemorará 550 anos de sua independência), com uma superpopulação (Nova Iorque teria 40 milhões de habitantes), alta desigualdade social e econômica, elevado desemprego e, claro, escassez de alimentos. Comida “de verdade” como xuxu e abobrinha, só para os muito ricos, que são pouquíssimos. Porém a tecnologia procurava resolver esse problema ao desenvolver um alimento sintético, de cor verde, o Soylenty Green do título original. Quem não viu o filme, sugiro que veja e avalie o quanto a ciência e a tecnologia, assim como na revolução verde, carrega uma grande falácia como uma contradição interna. (Tem um trailler aqui: https://www.youtube.com/watch?v=N_jGOKYHxaQ e uma versão completa dublada em português aqui: http://www.dailymotion.com/video/x3dq3ef).

Esse filme marcou minha vida de forma permanente, ainda mais por que naqueles tempos estudávamos nas aulas de geografia no colégio a teoria maltusiana da relação entre crescimento populacional e produção de alimentos, premonitória visão de Thomas Robert Malthus, escrita em 1798, chamada An Essay on the Principle of Population, as it Affects the Future Improvement of Society with Remarks on the Speculations of Mr. Godwin, M. Condorcet, and Other Writers (disponível para dowload em http://www.esp.org/books/malthus/population/malthus.pdf).

Um debate (havia isso nos colégios do meu tempo) em aula avaliava o quanto a tecnologia de produção de alimentos, especialmente a chamada revolução verde, muito aclamada naqueles tempos, contribuía para negar as afirmações de Malthus. Eu sabia, no fundo de meu coração, que a revolução verde tinha gerado o efeito mais direto sobre minha jovem pessoa: o êxodo rural, que trouxe-me da bucólica Fazenda Paraíso para a maior cidade do Triângulo Mineiro daqueles tempos, uma difícil transição. Claro que muitas coisas que reputo como boas derivaram disso, como o fato de eu poder ir ao cinema e conhecer as músicas de emergentes bons artistas que começavam a aparecer.

Um desses artistas, do qual passei a gostar muito, foi Gonzaguinha, aliás Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, que lançou seu primeiro LP em 1973 (http://www.gonzaguinha.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=61&Itemid=89).

Naquele ano, assisti-o pela primeira vez na TV, no programa “Um instante, maestro!” do apresentador Flávio Cavalcanti, aliás Flávio Antônio Barbosa Nogueira Cavalcanti. Era um programa no qual o arrogante apresentador, com a ajuda de seus “jurados”, julgava o trabalho de novos artistas e, caso fosse reprovado, o disco era destruído, ao vivo, em uma guilhotina. Tempos estranhos aqueles, não? Pensemos, reflitamos. Pois bem, o grande Gonzaguinha cantou uma das músicas de seu LP, chamada “Comportamento geral”. Conforme pode-apurar no site Memórias da Ditadura (http://memoriasdaditadura.org.br/artistas/gonzaguinha/)

“Nela, o compositor alfinetava a atitude complacente e medrosa daqueles que abaixam a cabeça para tudo e para todos: “Você deve lutar pela xepa da feira / e dizer que está recompensado”. O júri do programa destruiu sua música e cobriu Luiz Gonzaga Jr. de ameaças. Um dos jurados o chamou de terrorista; outro sugeriu sua deportação.” Acredita-se que essa reação ensandecida ajudou o jovem artista a decolar sua carreira. É história. Porém, nas reflexões que por aqui ando fazendo, outro disco do Gonzaguinha, lançado 20 anos mais tarde, quando ele já tinha viajado fora do combinado, tem uma música mais apropriada. Falo de “Fliperama” (https://www.youtube.com/watch?v=e5dwy4DHZQc) que conheci no LP “Cavaleiro solitário”, de 1993. Mas qual a (re)conexão? Vejamos um trecho de “Fliperama”:

“(…) Eis aí a eficiência da ciência
Eis aí o exemplo exato da mudança
Eis o esforço para a melhoria
Das condições de vida do planeta
O fliperama em nossa mesa
Oferecendo brinquedos eletrônicos
Com flashes via satélite (…)”

Pois, nos debates sobre a revolução verde, muito se falava sobre a contribuição da ciência e da tecnologia para o aumento da produtividade na produção de alimentos, anulando os efeitos da teoria malthusiana. Embora certas técnicas, como o desenvolvimento de variedades mais produtivas (que deu o prêmio Nobel da paz a Norman Ernest Borlaug), tenham contribuído para isso, as principais consequências desse movimento foram um brutal aumento da concentração fundiária, a dependência de sementes modificadas, a inviabilidade econômica dos pequenos proprietários (como era o caso de João Nepomuceno Pantaleão, meu pai), a devastação de florestas, a contaminação do solo e das águas, a geração de problemas de saúde em agricultores e consumidores e, ao contrário do que afirmava que era seu objetivo,não diminuiu a fome no mundo. Talvez a fome de dinheiro de alguns.Esse quadro desolador já tinha sido previsto por Rachel Carson, aliás Rachel Louise Carson, em 1962, no agora célebre livro “Primavera silenciosa” (https://biowit.files.wordpress.com/2010/11/primavera_silenciosa_-_rachel_carson_-_pt.pdf).

Neste link se encontra uma cópia dese livro, em cuja epígrafe lê-se o seguinte:


A primeira parte da frase está parcialmente errada, a segunda, não. O homem tem uma grande capacidade de prever, mas nenhuma vontade de prevenir, pelo menos no sentido coletivo. Pois, então, vejam se já não estamos nós destruindo o mundo, sem dó nem perdão? Muito mais recentemente, uma avaliação apresentada no livro The Age of Sustainable Development de Jeffrey David Sachs, mostra que alguns limites planetários já foram ultrapassados pela humanidade. Um desses limites é o de eliminação de rejeitos químicos na natureza, ou dos fluxos bioquímicos. Outro refere-se à diversidade biológica. Duas gravíssimas consequências da revolução verde. Vale ressaltar que, que eu saiba, Mrs. Carson não ganhou nenhum Nobel, mas morreu de um câncer de mama provocado pela exposição a substâncias químicas tóxicas. Bela ironia desse mundo desilusório…

http://tratarde.org/wp-content/uploads/2011/10/Science-2015-Steffen-PLANETARY-BOUNDARIES.pdf
Os sinais vêm sendo dados ao longo do tempo, em obras de ficção ou não. Em 1972, o chamado Clube de Roma, grupo de cientistas, industriais e políticos, que discutiu e analisou os limites do crescimento econômico frente ao uso crescente dos recursos naturais, lançou um relatório chamado ” Os limites do crescimento” (https://pt.scribd.com/doc/218016244/Limites-Do-Crescimento#). Mais ou menos pela mesma época, o matemático romeno Nicholas Georgescu-Roegen propôs uma nova forma de pensar a economia, o Decrescimento Econômico, ideia ousada e contrária a toda a teoria econômica desenvolvida até então . Howard Thomas Odum, embora com foco nos fluxos energéticos também postula que a lógica econômica do crescimento eterno viola as leis de uma natureza com limites. No Brasil, um seu discípulo, Henrique Hortega, é um defensor da ideia de “consumo consciente”. Mais recentemente, pessoas como Serge Latouche e Joan Martinez Alier, entre outros, apresentam o conceito de Economia Ecológica, cujas bases são (https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_ecol%C3%B3gica):

1- A economia é um subsistema da natureza e não o contrário;
2- Assim como a natureza, o crescimento da economia e de seu produto (PIB) também tem limites biofísicos e não pode aumentar indefinidamente;
3- Considerando os limites biofísicos, a humanidade deve se desenvolver dentro de uma escala ótima e sustentável;
4- Para satisfazer as necessidades das gerações atuais e futuras, a distribuição justa de recursos é imprescindível – uma vez que a economia e o produto (PIB) não podem crescer indefinidamente;
5- Bens e serviços ecossistêmicos são muitas vezes públicos, não-rivais e não-exclusivos e mecanismos de livre mercado não são suficientes para geri-los adequadamente.


Essa reflexão desiludida sobre economia, PIB, crescimento populacional, mudança climática talvez venha ser aprofundada no futuro, embora, assim como Edu Lobo, aliás Eduardo de Góes Lobo, dizia que moda de viola não dá luz a cego, ouso dizer que reflexões, mesmo agudas, não alimentam ninguém, talvez alimentem crônicas desilusões . Por ora, voltamos a “De volta para o futuro”. Ultimamente, acordo pela manhã e, a cada dia mais, com a impressão de que estou vivendo no mundo alternativo criado por Biff Tannen. Por acaso, serei só eu a ver semelhanças entre Biff Tannen e o Sr. Donald Duck Trump? Minha desconfiança riobaldiana me diz que este senhor da direita usou aquele livro de resultados esportivos pra criar este universo alternativo em que acordo todos os dias achando que estou em um pesadelo. A realidade imita a arte ou a arte cria a realidade?





Fonte: https://rpcdblog.wordpress.com/2017/03/11/o-verde-pode-ser-uma-armadilha/

segunda-feira, 16 de março de 2015

ENTREVISTA COM NAOMI KLEIN

 
http://fc00.deviantart.net/fs49/f/2009/160/8/9/stop_global_warming_II_by_luminous_luminance.jpg


“El sistema capitalista que tenemos ha causado el cambio climático”. 

Entrevista Naomi Klein · · · · · 

¿Podemos detener el calentamiento global? Sólo si cambiamos de modo radical nuestro sistema capitalista, sostiene la ensayista Naomi Klein. En una entrevista con el semanario alemán DER SPIEGEL, realizada por Klaus Brinkbäumer, explica por qué ha llegado el momento de abandonar los pequeños pasos en favor de un enfoque radicalmente nuevo, tal como detalla en su libro de reciente aparición en castellano, Esto lo cambia todo, el capitalismo contra el clima (Paidós, Barcelona, 2015).

DER SPIEGEL: Señora Klein, ¿por qué no consigue la gente detener el cambio climático?

Klein: Mala suerte. Mal momento. Muchas coincidencias lamentables.

SPIEGEL: ¿La catástrofe equivocada en el momento equivocado?

Klein: El peor momento posible. La conexión entre gases de invernadero y calentamiento global viene siendo una cuestión política central para la humanidad desde 1988. Fue precisamente la época en que cayó el Muro de Berlín y Francis Fukuyama certificó “el fin de la Historia", la victoria del capitalismo occidental. Canadá y los EE.UU. firmaron el primer acuerdo de libre comercio, que sirvió de prototipo para el resto del mundo.

SPIEGEL: ¿De modo que lo que dice usted es que empezó una nueva era de consumo y energía precisamente en el momento en que la sostenibilidad y contención habrían sido más adecuadas?

Klein: Exacto. Y fue precisamente en ese momento cuando nos dijeron que ya no había nada parecido a la responsabilidad social y la acción colectiva, que deberíamos dejarlo todo al mercado. Privatizamos nuestros ferrocarriles y la red energética, la OMC y el FMI se comprometieron con un capitalismo desregulado. Por desgracia, esto condujo a una explosión de las emisiones. 

SPIEGEL: Usted es activista y lleva culpando al capitalismo de toda clase de cosas a lo largo de los años. ¿Le echa la culpa ahora también del cambio climático?

Klein: No hay razón para ser irónicos. Las cifras cuentan cuál es la historia entera. Durante los años 90, las emisiones se elevaron un 1% anual. Desde el año 200 han ido subiendo una media del 3.4 %. Se exportó globalmente el sueño americano y se expandieron rápidamente bienes de consumo que creíamos esenciales para satisfacer nuestras necesidades. Empezamos a vernos exclusivamente como consumidores. Cuando el comprar como forma de vida se exporta a todos los rincones del globo, eso exige energía. Mucha energía. 

SPIEGEL: Volvamos a nuestra primera pregunta: ¿por qué no ha podido la gente detener este cambio?

Klein: Hemos desechado sistemáticamente las herramientas. Hoy se hace mofa de regulaciones de toda laya. Los gobiernos ya no aplican reglas severas que pongan límites a las compañías petrolíferas y demás empresas. Estas crisis se nos ha venido encima en el peor momento posible. Ya no nos queda tiempo. Estamos en un momento de ahora o nunca. Si no actuamos como especie, nuestro futuro está en peligro. Tenemos que reducir emisiones de modo radical. 

SPIEGEL: Volvamos a otra pregunta: ¿No está usted apropiándose indebidamente del cambio climático para utilizarlo en su crítica del capitalismo?

Klein: No. El sistema económico que hemos creado ha creado también el cambio climático. No me lo he inventado. El sistema es inservible, la desigualdad económica es demasiado grande y la falta de contención por parte de las compañías energéticas es desastrosa.    

SPIEGEL: Su hijo Toma tiene dos años y medio. ¿En qué clase de mundo vivirá cuando salga del instituto en 2030?

Klein: Eso es lo que está decidiéndose ahora mismo. Veo señales de que podría haber un mundo radicalmente distinto del que tenemos hoy en día, y de que el cambio podría ser bien bastante positivo o extremadamente negativo. Ya es seguro que al menos en parte será un mundo peor. Vamos a experimentar el cambio climático y bastantes más desastres naturales, eso es seguro. Pero tenemos tiempo todavía para impedir un calentamiento verdaderamente catastrófico. Tenemos tiempo asimismo de cambiar nuestro sistema económico para que no se vuelva más brutal y despiadado al enfrentarse al cambio climático. 

SPIEGEL: ¿Qué puede hacerse para mejorar la situación?

Klein: Tenemos hoy que tomar algunas decisiones acerca de qué valores son importantes para nosotros y cómo queremos de verdad vivir. Y, por supuesto, hay una diferencia entre que la temperatura se eleve solo 2 grados o lo haga 4 o 5 o más. Todavía nos es posible a los seres humanos tomar las decisiones correctas. 

SPIEGEL: Han pasado 26 años desde que se fundó el Panel Intergubernamental sobre Cambio Climático (IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change) en 1988. Sabemos como mínimo desde entonces que las emisiones de CO2 causadas por quemar petróleo y carbón son responsables del cambio climático. Pero poco se ha hecho por encarar el problema. ¿No hemos fracasado ya?

Klein: Yo veo la situación de modo diferente, dado el enorme precio que tendremos que pagar. Mientras tengamos la menor oportunidad de éxito o de minimizar el daño, tenemos que seguir luchando.

SPIEGEL: Hace varios años, la comunidad internacional estableció un objetivo para limitar el calentamiento global a dos grados centígrados. ¿Lo considera todavía alcanzable? 

Klein: Bueno, todavía es una posibilidad física. Tendríamos que reducir inmediatamente las emisiones globales en un 6% anual. Los países más ricos tendrían que sobrellevar un peso mayor, lo que significa que los EE.UU. y Europa tendrían que recortar emisiones entre un 8% y un 10% anual. Inmediatamente. No es imposible, solo que es profundamente irreal políticamente con nuestro actual sistema.

SPIEGEL: ¿Está usted diciendo que nuestras sociedades no son capaces de hacerlo?

Klein: Sí. Necesitamos un cambio espectacular, tanto en la política como en la ideología, porque hay una diferencia fundamental entre lo que los científicos nos dicen que tenemos que hacer y nuestra actual realidad política. No podemos cambiar la realidad física, así que tenemos que cambiar la realidad política.

SPIEGEL: ¿Puede una sociedad que se centra en el crecimiento combatir de verdad con éxito el cambio climático?

Klein: No. Un modelo económico basado en un crecimiento indiscriminado lleva inevitablemente a un mayor consumo y a mayores emisiones de CO2. Puede y debe haber crecimiento en el futuro en muchos sectores bajos en carbón de la economía: en tecnologías verdes, en transporte público, en todas las profesiones que proporcionan cuidados, en las artes y, por supuesto, en educación. Ahora mismo, el núcleo de nuestro producto interior bruto comprende solo el consumo, las importaciones y exportaciones. Ahí tiene que haber recortes. Cualquier otra cosa sería engañarse. 

SPIEGEL: El Fondo Monetario Internacional afirma lo contrario. Dice que el crecimiento económico y la protección del clima no se excluyen mutuamente. 

Klein: No analizan las mismas cifras que yo. El primer problema es que en todas estas conferencias sobre el clima todo el mundo actúa como si fuéramos a llegar a nuestra meta por medio de un compromiso propio y de obligaciones voluntariamente aceptadas. Nadie le dice a las empresas petrolíferas que van a tener que ceder. El segundo problema es que estas empresas van a luchar como fieras para proteger lo que no quieren perder.

SPIEGEL: ¿En serio quiere eliminar el libre mercado con el fin de salvar el clima?

Klein: No hablo de eliminar mercados, pero nos hace falta mucha más estrategia, dirección y planificación, y un equilibrio muy diferente. El sistema en el que vivimos está abiertamente obsesionado con el crecimiento, considera bueno todo crecimiento. Pero hay formas de crecimiento que está claro que no son buenas. Está para mí claro que mi posición entra en conflicto directo con el neoliberalismo. ¿Es verdad que en Alemania, aunque han acelerado ustedes el cambio a las renovables, el consumo de carbón está en realidad aumentando?

SPIEGEL: Eso era cierto entre 2009 y 2013.

Klein: Para mí eso es expresión de su renuencia a tomar decisiones sobre lo que hace falta llevar a cabo. Alemania tampoco va a cumplir su objetivo de emisiones en años venideros.

SPIEGEL: ¿Es la presidencia de Obama lo peor que podía haberle pasado al clima?

Klein: En cierto modo. No porque Obama sea peor que un republicano, que no lo es, sino porque estos ocho años fueron la mayor oportunidad desperdiciada de nuestras vidas. Se daban los factores justos para una convergencia realmente histórica: consciencia, apremio, ánimo, su mayoría política, el fracaso de los Tres Grandes fabricantes de automóviles norteamericanos y hasta la posibilidad de encarar a la vez el cambio climático y el fallido mundo financiero sin regular. Pero cuando accedió al cargo no tuvo el valor de acometerlo. No venceremos en esta batalla a menos que estemos dispuestos a hablar de por qué Obama consideró que el hecho de tener control sobre bancos y compañías de automóviles era más una carga que como una oportunidad. Estaba prisionero del sistema. No quiso  cambiarlo.

SPIEGEL: Los EE.UU. y China llegaron finalmente a un acuerdo inicial sobre el clima en 2014.

Klein: Lo cual, por supuesto, es algo bueno. Pero todo lo que puede resultar penoso en el acuerdo no entrará en vigor hasta que Obama concluya su cargo. Con todo, lo que ha cambiado es que Obama dijo: "Nuestros ciudadanos se están manifestando, no podemos ignorarlo". Los movimientos de masas son importantes, tienen repercusiones. Pero para empujar a nuestros líderes hasta donde tienen que llegar, los movimientos tienen que hacerse aún más fuertes.

SPIEGEL: ¿Cuál debería ser su meta?

Klein: En los últimos 20 años, la extrema derecha, la absoluta libertad de las empresas petrolíferas y la libertad del 1% de los superricos de la sociedad se han convertido en norma política. Tenemos que desplazar de nuevo el centro político norteamericano de la franja derechista a su lugar natural, el verdadero centro.   

SPIEGEL: Señora Klein, eso no tiene sentido, porque es una ilusión. Piensa usted en abarcar demasiado. Si quiere usted eliminar el capitalismo antes de pergeñar un plan para salvar el clima, sabe usted que esto no va a suceder.

Klein: Mire, si quiere usted deprimirse, hay muchas razones para ello. Pero seguirá usted equivocándose, porque el hecho es que centrarse en cambios graduales supuestamente conseguibles, como el comercio de emisiones y el cambio de bombillas, ha fracasado miserablemente. En parte eso se debe a que en la mayoría de los países, el movimiento ambiental ha seguido elitista, tecnocrático y supuestamente neutral en lo político durante dos décadas y media. Ya vemos hoy cuáles son los resultados: nos ha llevado por el camino equivocado. Las emisiones están aumentando y aquí está el cambio climático. En segundo lugar, en los EE.UU. todas las transformaciones importantes legales y sociales de los últimos 150 años han sido resultado de movimientos sociales masivos, ya estuviesen  a favor de las mujeres, contra la esclavitud o en pro de los derechos civiles. Necesitamos de nuevo esta fortaleza, y bien rápido, porque la causa del cambio climático es el sistema político y económico mismo. Su enfoque es demasiado tecnocrático y estrecho.

SPIEGEL: Si intenta usted solucionar un problema específico dándole la vuelta a todo el orden social, no lo va a resolver. Eso es una fantasía utópica.

Klein: Si el orden social es la raíz del problema, no. Visto desde otra perspectiva, nadamos literalmente en ejemplos de pequeñas soluciones: hay tecnologías verdes, leyes locales, tratados bilaterales e impuestos al CO2. ¿Por qué no tenemos todo eso a escala global?

SPIEGEL: ¿Está usted diciendo que todos esos pequeños pasos – tecnologías verdes e impuestos al CO2 y un comportamiento ecológico individual – no tienen sentido?

Klein: No. Todos deberíamos hacer lo que podamos, por supuesto. Pero no podemos engañarnos con que eso sea suficiente. Lo que digo es que esos pequeños pasos seguirán siendo demasiado pequeños si no se convierten en un movimiento de masas. Necesitamos una transformación económica y política, que se base en comunidades más fuertes, empleos sostenibles, mayor regulación y un alejamiento de esta obsesión del crecimiento. Esas son las buenas noticias. Tenemos de verdad la oportunidad de resolver muchos problemas de inmediato.  

SPIEGEL: No parece contar con la razón colectiva de políticos y empresarios.

Klein: Porque el sistema no puede pensar. El sistema recompensa la ganancia a corto plazo, lo que quiere decir beneficios rápidos. Fíjese en Michael Bloomberg, por ejemplo...

SPIEGEL: …empresario y antiguo alcalde de la ciudad de Nueva York…

Klein: …que entiende la gravedad de la crisis del clima como político. Como empresario, prefiere invertir en un fondo que se especializa en activos de petróleo y gas. Si una persona como  Bloomberg no puede resistirse a la tentación, se puede asumir en ese caso que no es tan grande la capacidad de autoconservación del sistema. 

SPIEGEL: Un capítulo especialmente inquietante de su libro es el de Richard Branson, presidente del Grupo Virgin.

Klein: Sí, no me lo habría esperado.

SPIEGEL: Branson ha tratado de presentarse como un hombre que quiere salvar el clima. Todo empezó en un encuentro con Al Gore.

Klein: Y en 2006 se comprometió en un acto que acogía la Clinton Global Initiative a que invertiría 3.000 millones de dólares en investigación en tecnologías verdes. En aquella época yo pensaba que sería una aportación realmente fantástica. Lo que no se me ocurrió pensar es “qué cabrón tan cínico eres”.  

SPIEGEL: Pero Branson no estaba más que simulando y solo invirtió una parte de ese dinero.

Klein: Puede que fuera sincero en ese momento, pero sí, se invirtió una parte.

SPIEGEL: Desde 2006, Branson ha añadido 160 nuevos aviones a sus numerosas líneas aéreas y ha incrementado sus emisiones en un 40%. 

Klein: Sí.

SPIEGEL: ¿Qué se puede aprender de esta historia?

Klein: Que tenemos que poner en tela de juicio el simbolismo y los gestos que hacen las estrellas de Hollywood y los superricos. No podemos confundirlos con un plan científicamente serio para reducir emisiones.

SPIEGEL: En Norteamérica y Australia, se gasta mucho dinero intentando negar el cambio climático. ¿Por qué?

Klein: Es distinto de Europa. Se trata de una indignación semejante a la de quienes se oponen al aborto y el control de armas. No se trata sólo de que estén protegiendo un modo de vida que no quieren cambiar. Es que han entendido que el cambio climático pone en solfa el núcleo de su sistema de creencias contrario al gobierno y en pro del libre mercado. De modo que tienen que negarlo para proteger su propia identidad. Por eso por lo que existe esta diferencia de intensidad: los liberales quieren actuar un poquito en la protección del clima. Pero al mismo tiempo, estos liberales tienen una serie de cuestiones aparte que figuran de modo más destacada en su agenda. Pero tenemos que entender que los más duros de quienes niegan el cambio climático entre los conservadores harán todo lo que esté en su mano para impedir que se actúe.

SPIEGEL: ¿Con estudios pseudocientíficos y desinformación?

Klein: Con todo eso, por supuesto.

SPIEGEL: ¿Explica eso por qué relaciona todas esas cuestiones – cuestiones de medio ambiente, igualdad, salud pública y trabajo – que son populares entre la izquierda? ¿Por razones puramente estratégicas?

Klein: Esas cuestiones guardan relación y nos hace falta asimismo relacionarlas en el debate. Sólo hay un modo de vencer en una batalla contra un pequeño grupo de personas que se te enfrentan porque tienen mucho que perder: hay que iniciar un movimiento masivo que abarque a toda aquella gente que tiene mucho que ganar. A quienes lo niegan solo se les puede derrotar si te muestras igual de apasionado que ellos, pero también cuando eres superior en número. Porque la verdad es que son realmente muy pocos.

SPIEGEL: ¿Por qué no cree usted que la tecnología tenga potencial para salvarnos?

Klein: Se ha producido un progreso tremendo en el almacenamiento de energías renovables, por ejemplo, y en la eficiencia solar. Pero ¿en el cambio climático? Yo, en cualquier caso, no tengo bastante fe como para decir: "Como ya nos inventaremos algo en un momento dado, dejemos de lado todos los demás esfuerzos". Eso sería una insensatez.

SPIEGEL: Gente como Bill Gates ve las cosas de modo diferente.

Klein: Y yo encuentro ingenuo su fetichismo tecnológico. En años recientes hemos sido testigos de ciertos fracasos verdaderamente resonantes en los que algunos de los tíos más listos metieron la pata hasta el fondo a una escala grandiosa, ya fuera con los derivados que desencadenaron la crisis o la catástrofe petrolífera de la costa de Nueva Orleans. En una gran mayoría, la gente, nosotros, destrozamos las cosas y no sabemos luego cómo arreglarlas. Y ahora mismo, lo que estamos destrozando es nuestro planeta.

SPIEGEL: Oyéndola, se podría tener la impresión de que la crisis del clima es una cuestión de género.

Klein: ¿Por qué dice usted eso?

SPIEGEL: Bill Gates dice que tenemos que avanzar e idear nuevas invenciones para poner bajo control el problema y, en última instancia, esta Tierra nuestra tan complicada. Por otro lado, dice usted: parad, no, tenemos que adaptarnos a este planeta y volvernos más livianos. Las compañías petrolíferas norteamericanas están dirigidas por hombres. Y a usted, una mujer crítica, la describen como una histérica. No resulta absurdo pensarlo, ¿verdad?

Klein: No. La industrialización en su conjunto estaba emparentada con el poder, con ver si sería el hombre o la naturaleza la que dominara la Tierra. A algunos hombres les resulta difícil reconocer que no lo tenemos todo bajo control; que hemos acumulado todo este CO2 a lo largo de los siglos y que la Tierra hoy nos dice: mira, no eres más que un invitado en mi casa. 

SPIEGEL: ¿Invitado de la Madre Tierra?

Klein: Eso suena demasiado cursi. Pero, con todo, tiene usted razón. La industria petrolífera es un mundo dominado por los hombres, muy semejante en eso a las altas finanzas. Es algo muy de machos. La idea norteamericana y australiana de "descubrir" un país infinito y de que se puedan extraer inacabables recursos entraña un relato de dominación, que representa tradicionalmente a la naturaleza como una mujer débil y torpe. Y la idea de estar en relación de interdependencia con el resto del mundo natural se considera una debilidad. Por eso es por lo que les resulta doblemente difícil a los machos alfa reconocer que se han equivocado.

SPIEGEL: Hay en su libro una cuestión de la que parece querer desviarse. Aunque denigra usted a las empresas, no dice usted nunca que sus lectores, que son clientes de estas empresas, son asimismo culpables. Tampoco dice usted nada del precio que tendrá que pagar cada uno de sus lectores por la protección del clima.

Klein: Oh, yo creo que la mayoría de la gente estaría encantada de pagar por ello. Saben que la protección del clima exige un comportamiento razonable: conducir menos, volar menos y consumir menos. Estarían encantados de utilizar energías renovables si se les ofreciera.

SPIEGEL: Pero la idea no es lo bastante grande, ¿verdad?

Klein: (ríe) Exacto. El movimiento verde pasó décadas instruyendo a la gente para que utilizara su basura como abono, para que reciclara y montase en bicicleta. Pero fíjese en lo que ha sucedido con el clima durante estas décadas.

SPIEGEL: ¿Es su manera de vivir beneficiosa para el clima?

Klein: No lo bastante. Voy en bicicleta, utilizo el transporte público, trato de dar charlas por Skype, comparto un coche híbrido y he recortado mis vuelos hasta una décima parte de lo que eran antes de empezar este proyecto. Mi pecado está en tomar taxis y, desde que salió el libro, en volar demasiado. Pero no creo tampoco que tenga que ser la gente perfectamente verde y que vive sin emitir CO2 la única que deba hablar sobre esta cuestión. Si así fuera, entonces nadie podría decir una palabra en absoluto. 

SPIEGEL: Señora Klein, gracias por esta entrevista. 

Naomi Klein es autora, entre otros libros, de La doctrina del shock y No Logo.

Traducción para www.sinpermiso.info: Lucas Antón

Sinpermiso electrónico se ofrece semanalmente de forma gratuita. No recibe ningún tipo de subvención pública ni privada, y su existencia sólo es posible gracias al trabajo voluntario de sus colaboradores y a las donaciones altruistas de sus lectores