09.09.2008 - 10h56
Por Lusa
Um quinto, ou vinte por cento, de toda a riqueza mundial está concentrada num milionésimo (0,001 por cento) das famílias e a tendência aponta para uma cada vez maior concentração da riqueza, indica um estudo do Boston Consulting Group.
O estudo do Boston Consulting Group (BCG) - que analisou 62 mercados que representam mais de 98 por cento de toda a riqueza produzida no mundo - indica que a riqueza global cresceu em 2007 quase cinco por cento (4,9 por cento), para os 77,2 milhões de milhões (biliões) de euros.
Trata-se do sexto ano consecutivo em que a riqueza cresce, apesar de o ritmo de crescimento ter diminuído (dos cerca de oito por cento em 2006 para cinco por cento no ano passado). Uma consequência, nota o relatório, da crise financeira - com epicentro nos Estados Unidos - cujo impacto variou de mercado para mercado.
Entre os agregados familiares, a centésima parte mais rica (um por cento) detém 35 por cento (mais de um terço) de toda a riqueza mundial e a milionésima parte, constituída pelos ultra-ricos, um quinto de toda a riqueza mundial (14,8 milhões de milhões de euros).
Ou seja, os agregados familiares considerados ricos - com pelo menos 70,5 mil euros em activos sob gestão - representam cerca de 18 por cento de todos os agregados, mas detêm 88 por cento da riqueza mundial.
Na contabilização dos activos sob gestão (assets under management, AuM), o Boston Consulting Group (BCG) incluiu depósitos de dinheiro, fundos de mercado, recursos "onshore" e "offshore", valores mobiliários (acções, obrigações ou outros títulos), deixando de fora bens de luxo ou residências.
Os activos detidos pelos agregados ricos cresceram a uma média anual de 13 por cento entre 2002 e 2007.
No mesmo período de tempo, a riqueza detida pelos agregados familiares ultra-ricos (com mais de 3,5 milhões de euros em activos) cresceu em média 15,7 por cento, dos 7,1 biliões de euros em 2002 para 14,7 biliões em 2007.
No ano passado, o número de agregados milionários - com pelo menos 705 mil euros (1 milhão de dólares) - cresceu 11,2 por cento, até alcançar os 7,5 biliões de euros.
Tal como em 2006, no ano passado os Estados Unidos tinham, de longe, o maior número de agregados familiares milionários (4,9 milhões de pessoas), seguindo-se o Japão, o Reino Unido, a Alemanha e a China.
Quanto à concentração de milionários, os pequenos mercados continuam a dominar. Em Singapura, por exemplo, em cada dez agregados familiares um deles detém pelo menos 705 mil euros em activos.
Três das cinco mais densas populações de milionários do mundo estão em países do Médio Oriente: Qatar, Emirados Árabes Unidos e Kuwait. Na Europa é a Suíça quem detém a maior concentração de agregados familiares milionários.
O estudo do Boston Consulting Group nota que apesar de os ricos estarem cada vez mais ricos, esta faixa tem vindo a ajustar os seus investimentos devido à crise financeira originada nos Estados Unidos (crise no mercado imobiliário que provocou falta de liquidez nos mercados financeiros).
"A crise financeira continua a lançar uma sombra sobre os mercados ricos", declarou Victor Aerni, co-autor do estudo. Para este ano, o Boston Consulting Group prevê que os activos sob gestão cresçam menos de um por cento.
A análise do BCG indica que os activos sob gestão estão a ser desviados para investimentos mais conservadores (novos investimentos estão a ser restringidos) e uma maior quantidade de dinheiro está a ser mantida "onshore".
Quanto à riqueza por regiões, a América do Norte (Estados Unidos e Canadá) continua a ser a mais rica, com 27,6 biliões de euros em activos sob gestão, e a Europa surge logo a seguir, com 27 biliões de euros.
Nos mercados emergentes da Ásia/Pacífico e da América Latina, a riqueza cresceu 14 por cento, alimentada principalmente pelo crescimento industrial na Ásia e o preço das matérias-primas, o que traz benefícios ao Médio Oriente e à América Latina. A (relativa) estabilidade política e económica destas regiões também contribuiu para estes valores.
O relatório prevê para os próximos anos um crescimento da riqueza global em pelo menos três por cento ao ano, ainda assim muito abaixo da média anual de 8,5 por cento verificada entre 2002 e 2007.
Por outro lado, de acordo com o BCG o Brasil é um dos países em que o número de milionários mais cresceu em 2007. Cerca de 220 mil brasileiros detêm juntos 847 mil milhões de euros aplicados no mercado financeiro.
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