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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
FRASES
“Eu quis cursar economia pela paixão que tenho por história e geografia.”
Declaração da ex-governadora Yeda Crusius à Zero Hora do último domingo.
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domingo, 12 de junho de 2011
Eu tenho turma
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Esta foto saiu DAQUI. |
Quando me sinto cansado demais, quando tenho muito o que fazer, quando fico tenso, quando o dia e a semana exigem e parece que o tempo não será suficiente para tudo, nesses momentos fraquejo e tenho vontade de chorar. Hoje foi um dia assim. Pelo menos em dois momentos quase chorei, mas me contive, porque frescura tem hora, né? Mas o fato é que esta sexta-feira, que nem diria um saudoso e sensível ex-aluno, esta sexta-feira veio de gangue pra cima de mim.
Logo cedo me irritei profundamente com a crônica do David Coimbra em ZH. Intitulada “Eu não tenho turma”, ele dispara sua cólera retórica contra petistas, ecologistas, budistas meditadores, veganos, feministas e defensores dos animais, todos perfilados sob o mesmo adjetivo: malas. Seguindo a verve de cronista esperto, ele dispara contra alguns religiosos, liberais, saudosistas da ditadura, racistas, integrantes do movimento negro, antitabagistas, o pessoal da Massa Crítica e linguistas e intelectuais que discutem preconceito linguístico. David Coimbra se mostra irritado com os malas organizados que enchem o saco dele. E dispara: “Eu não tenho turma, eu não quero ter turma, com exceção das pessoas de quem gosto, que não formam uma associação, que não são ONG (malas!), nem movimento de coisa nenhuma”.
Pois num dia que se iniciou me irritando com o texto do David Coimbra e que me deu vontade de chorar durante seu desenrolar em razão da loucura da vida, esse dia terminou há pouco e eu sorri porque sou um mala. Tive vontade de sorrir, sobretudo, porque tenho amigos malas que acreditam no poder que têm de transformar o mundo, por mais clichê que isso possa soar para os espertos que não gostam dos malas que se agrupam em torno de causas comuns.
É madrugada de sábado. Moro no Rio Grande do Sul, o estado mais meridional do Brasil onde o frio não é retórica. Mais do que chamariz para turistas encasacados, o frio sulino fere a carne e a dignidade de quem vive nas ruas. O povo das ruas, que muitos chamam de mendigos, desocupados, bêbados, viciados ou vagabundos, são pessoas que em algum momento da vida perderam o vínculo com a formalidade do mundo. A família, o teto, o trabalho, a capacidade produtiva, os afetos, o orgulho, as posses, tudo ficou para trás, e a rua, sedutora e perigosa, se tornou abrigo desse contigente. A rua, dizem, é de todos, e ela recebe quem se esquiva da vida pretérita ou quem teve seu futuro subtraído.
É madrugada de sábado em Porto Alegre e pela primeira vez em muitos intermináveis anos o seu Valdir terá um teto. Em Viamão, município vizinho desta Porto Alegre gelada, seu Valdir e sua cadela, a Princesa, se encontram abrigados numa casa. Deve estar meio escuro, pois a correria e a excitação causadas pela bondade impediram que os benfeitores se lembrassem de solicitar à CEEE que a eletricidade fosse restabelecida na casa humilde, mas tudo bem. O escuro não deve assustar quem sobreviveu no hiato da vida mimetizada sob a curva de um viaduto cinza.
É madrugada. Na sexta-feira que se encerrou há pouco, fiquei irritado com o David Coimbra e a exaustão me deu vontade de chorar, mas em poucos minutos deitarei sorrindo porque tenho amigos malas que formam um grupo e compartilham crenças. Entre esses malas, há aqueles que salvam animais. A Thiane, por exemplo, é muito mala, essa guria. Vocês não imaginam quantos animais ela já salvou e conduziu a uma casa onde fossem bem tratados. Dezenas de malas doam dinheiro para a Thiane, compram as rifas da Thiane, comparecem aos bazares organizados por ela com o único propósito de ajudar gatos. Cada vez que eu faço uma doação para ela, sei que a causa desta mala dá mais um passo. Confio cegamente nessa mala e seguirei contribuindo com suas loucuras. Há outros malas que conheço e que abrigam em suas casas animais enxovalhados por seres humanos. Eu mesmo sou um mala. O Rufus e seus três irmãos foram resgatados de dentro de um saco amarrado jogado num mato. A morte era certa, mas a Candice resgatou a prole e cuidou dos gatinhos até eles completarem dois meses. Um deles é o Rufus, que há mais de dois anos mia todo dia quando pressente minha chegada. Outra mala é a Cleide, que resgatou a Yolanda na beira de um esgoto na Região Metropolitana. Quando a trouxe para casa, ela tinha medo das pessoas, do vento, de espirro. Com o tempo, a vilania dos chutes e pedradas restou no passado e ela foi se chegando, se aninhando. Hoje, a linda gata plúmbea lambe minha barba antes de deitar ao meu lado e esfrega a cabeça na mão das visitas.
Mas a mala suprema da semana e de todos os dias é a Katarina, amiga exuberante que transborda afeto e indignação. Essa mala tem uma turma de malas que compartilham sentimentos. A Katarina, mala como sempre, descobriu seu Valdir e sua Princesa na rua. A força do seu olhar insubordinado detectou que a dignidade podia ser devolvida para este cidadão que vive na rua mas não é da rua. Ela descobriu que seu Valdir teria direito a benefícios sociais e foi atrás deles. Ela acenou e os amigos malas atenderam. Uns deram dinheiro, outros, móveis e roupas. Foram dias e dias de mobilização, e o resultado é que o seu Valdir se encontra, nesta madrugada gelada, abrigado sob um teto que pode chamar de seu.
Nesta madrugada gelada que sucede um dia tenso de uma semana louca que me deu vontade de chorar, vou para a cama sorrindo porque a Thiane é uma mala, a Candice é uma mala, a Cleide é uma mala. Deito sorrindo porque tenho amigos malas. Deito emocionado porque a Katarina é uma mala imensa. A bondade e o amor não são clichê, nem cafonice, muito menos retórica na vida da exuberante Katarina. E essa malice contagia.
David Coimbra, eu amo meus amigos malas. Eu me inspiro nos militantes malas. Eu respeito as ONGs malas. Eu financio malas que cuidam de bichos escorraçados. Eu defendo malas negros, gays, deficientes, travestis, ambientalistas. Eu me somo aos malas que ampararam seu Valdir e sua cadela. Eu tenho uma amiga chamada Katarina que tem o coração do tamanho de uma Kombi anos 70 e, de tão mala que é, de tão obstinada, de tão desbragadamente mala, conseguiu dar dignidade a um homem que precisava apenas de um aceno para recompor sua vida.
David Coimbra, mais do que amigos, eu tenho uma turma de malas. E isso me dá um baita orgulho.
(*) Jornalista (texto publicado originalmente na página de Vitor Necchi no Facebook)
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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
MAIS UMA FAÇANHA DO GOVERNO YEDA
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Futura Ex-Governadora Yeda |
Uma das cinco metas do movimento "Todos pela Educação" é que todos os alunos tenham o Ensino Médio concluído até os 19 anos. Para isso, os estudantes precisam terminar o Ensino Fundamental com, no máximo, 16. Mas, segundo o relatório da organização, o Rio Grande do Sul foi o único Estado brasileiro a não atingir a meta.
Apenas 64% dos adolescentes gaúchos nessa faixa etária terminaram o fundamental no ano passado. A meta estabelecida, no entanto, era de 71%.
...
O objetivo do "Todos pela Educação" é que 95% dos jovens brasileiros de 16 anos concluam o Ensino Médio até 2022. O país se manteve no intervalo de confiança do levantamento em 2009. No total, 63% dos adolescentes completaram o fundamental dentro da meta de 64.
Das 27 unidades da federação, o Rio Grande do sul está na 17ª posição quando o assunto é investimento. Mesmo com um gasto de R$ 2,3 mil por aluno, a maioria dos Estados desembolsa mais verbas para a educação. Segundo o acompanhamento da instituição, nenhum dos Estados atingiu as metas de aprendizagem para todos os diferentes níveis de ensino.
Nota do Blog: Corre no Rio Grande do Sul o boato que a partir de janeiro Yeda irá assessorar Hillary Clinton na condução da diplomacia dos EUA.
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Hillary (Miss Wikileaks) |
sexta-feira, 2 de abril de 2010
PAPEL RIDÍCULO
Bansky:

04 de março de 2010:
ZERO HORA
N° 16264
CRIME DESVENDADO
Uma busca que durou cem horas
Policiais civis levaram exatas cem horas para rastrear a quadrilha responsável pela morte do secretário de Saúde de Porto Alegre. Desde que Eliseu Santos, 63 anos, foi morto com dois tiros, na noite de sexta-feira, mais de 30 agentes e peritos palmilharam endereços, coletaram fios de cabelos, recolheram amostras de sangue e saliva e pernoitaram dentro de carros à espreita de suspeitos. Tudo, até identificar um dos assassinos e comprovar que é dele o DNA coletado na cena do crime. Zero Hora descreve os bastidores de uma das mais rápidas e científicas investigações da crônica policial gaúcha.
CORREIO DO POVO
Polícia garante: morte de Eliseu foi em assalto
Exame de DNA revela suspeito. Dois outros são procurados
A Delegacia de Homicídios (DH) anunciou ontem que conseguiu esclarecer a morte do secretário da Saúde, Eliseu Santos, ocorrida na noite de sexta-feira passada, no bairro Floresta, em Porto Alegre. Valendo-se de uma técnica cada vez mais usada pelas polícias de todo o mundo, o exame de DNA, os agentes da DH, comandados pelo delegado Bolívar Llantada, chegaram aos suspeitos de terem participado do crime. O trio, que, segundo o diretor do Deic, delegado Ranolfo Vieira Júnior, seriam integrantes de uma quadrilha especializada em roubo, furto e adulteração de veículos, de Sapucaia do Sul, teve a prisão temporária decretada pela Justiça. Até o momento, nenhum dos suspeitos foi preso. Um automóvel Vectra, ano 2007, foi encontrado na madrugada de ontem, queimado, no Santuário das Mães, em Novo Hamburgo, e pode ser o carro usado no ataque a Eliseu.
Nota do Blog: Com forte conotação político-ideológica os principais veículos da mídia impressa gaúcha tentaram abafar a verdade sobre a morte de Eliseu Santos. Não havia, no dia 4 de março de 2010, nenhuma ponta de dúvida. É só revisitar o que foi publicado. Hoje, 2 de abril de 2010, são obrigados a publicar outra, segundo eles, "versão". Em relação ao papel da polícia no caso, fica a pergunta: quantos inquéritos são investigados assim "rapidamente" e encerrados a pedido sem despertar o interesse do Ministério Público? Tudo bem que a mídia impressa está perdendo rapidamente a credibilidade em função de episódios como esse, porém a quem interessa que a Polícia perca a credibilidade?

04 de março de 2010:
ZERO HORA
N° 16264
CRIME DESVENDADO
Uma busca que durou cem horas
Policiais civis levaram exatas cem horas para rastrear a quadrilha responsável pela morte do secretário de Saúde de Porto Alegre. Desde que Eliseu Santos, 63 anos, foi morto com dois tiros, na noite de sexta-feira, mais de 30 agentes e peritos palmilharam endereços, coletaram fios de cabelos, recolheram amostras de sangue e saliva e pernoitaram dentro de carros à espreita de suspeitos. Tudo, até identificar um dos assassinos e comprovar que é dele o DNA coletado na cena do crime. Zero Hora descreve os bastidores de uma das mais rápidas e científicas investigações da crônica policial gaúcha.
CORREIO DO POVO
Polícia garante: morte de Eliseu foi em assalto
Exame de DNA revela suspeito. Dois outros são procurados
A Delegacia de Homicídios (DH) anunciou ontem que conseguiu esclarecer a morte do secretário da Saúde, Eliseu Santos, ocorrida na noite de sexta-feira passada, no bairro Floresta, em Porto Alegre. Valendo-se de uma técnica cada vez mais usada pelas polícias de todo o mundo, o exame de DNA, os agentes da DH, comandados pelo delegado Bolívar Llantada, chegaram aos suspeitos de terem participado do crime. O trio, que, segundo o diretor do Deic, delegado Ranolfo Vieira Júnior, seriam integrantes de uma quadrilha especializada em roubo, furto e adulteração de veículos, de Sapucaia do Sul, teve a prisão temporária decretada pela Justiça. Até o momento, nenhum dos suspeitos foi preso. Um automóvel Vectra, ano 2007, foi encontrado na madrugada de ontem, queimado, no Santuário das Mães, em Novo Hamburgo, e pode ser o carro usado no ataque a Eliseu.
Nota do Blog: Com forte conotação político-ideológica os principais veículos da mídia impressa gaúcha tentaram abafar a verdade sobre a morte de Eliseu Santos. Não havia, no dia 4 de março de 2010, nenhuma ponta de dúvida. É só revisitar o que foi publicado. Hoje, 2 de abril de 2010, são obrigados a publicar outra, segundo eles, "versão". Em relação ao papel da polícia no caso, fica a pergunta: quantos inquéritos são investigados assim "rapidamente" e encerrados a pedido sem despertar o interesse do Ministério Público? Tudo bem que a mídia impressa está perdendo rapidamente a credibilidade em função de episódios como esse, porém a quem interessa que a Polícia perca a credibilidade?
sexta-feira, 5 de junho de 2009
O PUXA-SAQUISMO COMO VIRTUDE

EDITORIAL DO CORREIO DO POVO, 5 DE JUNHO DE 2009
'Independente, nobre e forte – procurará sempre sê-lo o Correio do Povo, que não é orgão de nenhuma facção partidária, que não se escraviza a cogitações de ordem subalterna.'
Os leitores do Correio do Povo já conhecem este trecho do editorial da primeira edição do jornal, publicada em 1º de outubro de 1895, não só pela sua constante repetição em nossas páginas, mas, principalmente, pela postura dos profissionais que aqui trabalham e que respeitam este mandamento como um dogma espelhado em cada exemplar diário que chega à casa de nossos assinantes. Não foram poucos os dissabores que colhemos pela independência retratada em nossas páginas, subordinada apenas às aspirações da comunidade: perseguições governamentais, discriminação em investimentos, censura, tentativas de proibição de acesso a informações públicas e muitas outras artimanhas próprias de chefetes inconformados com o desnudamento de suas falcatruas e incompetências. A mais comum delas, no entanto, é a tentativa canhestra de identificar o Correio do Povo com uma ou outra corrente partidária, geralmente opositora daqueles aqui criticados.
Algo que não víamos havia décadas, porém, vem se repetindo com constância nos últimos anos. Trata-se do papel vergonhoso desempenhado por alguns veículos de comunicação que, não satisfeitos com seu próprio puxa-saquismo desenfreado, tentam transformar a bajulação em virtude e a independência de outros em defeito. Ataques comuns no início do século passado, quando a maioria dos jornais pertencia a partidos ou a governos e, portanto, comprometidos com seus patrões políticos, ao contrário do Correio do Povo, que já nasceu imparcial, voltam a ocorrer nestes novos tempos, como parte da estratégia global de suas matrizes, desesperadas com a perda da hegemonia monopolizante da comunicação social no país. Buscando parecer imparciais, o mais perto que chegam do que imaginam serem as tradições gaúchas é agir como o quero-quero, que grita bem longe de onde está o ninho verdadeiro.
Não é outro o caso do jornal Zero Hora, que desde a aquisição do Correio do Povo pelo Grupo Record vem fazendo uma campanha pérfida contra o jornal dos gaúchos com a publicação de notas e insinuações como a reproduzida ontem em sua coluna de 'opinião política', na qual tenta imputar comprometimento partidário ao Correio do Povo. E isso aconteceu na mesma edição em que aquele jornal omitiu importantes informações sobre a percepção dos gaúchos quanto à possibilidade de corrupção no governo estadual, como a de que uma parcela relevante dos entrevistados defende o impeachment da governadora, no âmbito de uma pesquisa do Instituto Datafolha cujos dados essenciais foram publicados com destaque pelo Correio do Povo.
O Correio do Povo tem uma história de mais de 113 anos a serviço da coletividade. Esta história diz por si mesma de nossos compromissos, reafirmados na íntegra pelo Grupo Record e dos quais jamais nos afastamos. É esta história que os gaúchos conhecem e que não precisa ser reescrita, ao contrário de outros, que, talvez por vergonha de seus próprios caminhos, estão sempre à espreita de uma mudança de rumos que coloque o Correio do Povo ao seu lado na senda indigna que eles escolheram.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
PARA VALER

Se a situação colonial evoca alguma coisa é a atual coexistência no Brasil do latifúndio sem proveito social ou econômico e as legiões de banidos da terra, com a Coroa portuguesa no papel do proprietário ausente.
Luis Fernando Verissimo
Numa carta ao O Estado de S. Paulo, o Sr. Cesário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira, comentou um texto meu sobre a reforma agrária intitulado “Injustiça e desordem”, publicado aqui há semanas. O Sr. Cesário não gostou do texto. Nele eu lamentava a demora de uma reforma agrária para valer no país e o Sr. Cesário pergunta: “Que reforma agrária para valer seria essa que dilapidaria o setor do agronegócio, que segura as contas do país, com efeito multiplicador de gerar riqueza, emprego e renda para a indústria e os serviços?”. Segue dizendo que toda a nação já entendeu que o setor rural é o maior responsável pelo crescimento da economia brasileira, junto com a estabilização da moeda, salvo os que insistem num pensamento “ideológico” e atrasado sobre a questão – como, suponho, o meu. E recorre a uma analogia curiosa: “É como voltar ao tempo do Brasil colônia, onde nós, colonizados, não podíamos acumular riqueza porque tudo pertencia à Coroa portuguesa”. Parece-me que se a situação colonial evoca alguma coisa é a atual coexistência no Brasil do latifúndio sem proveito social ou econômico e as legiões de banidos da terra, com a Coroa portuguesa no papel do proprietário ausente. Não se quer a dilapidação de negócio algum e sim uma reforma agrária que inclua os milhões de hectares vazios mantidos no Brasil só pelo seu valor patrimonial – uma realidade notória que o Sr. Cesário não cita – na cadeia produtiva, com colonização bem-feita e bem-apoiada.
O Sr. Cesário diz que não há exemplo de reforma agrária que deu certo. Eu tenho alguns. Li um relatório da ONU sobre os efeitos dramáticos na cidade de Calcutá, conhecida pela miséria e a extrema degradação urbana, da reforma agrária feita na sua região. Uma reforma agrária radical livrou o Japão de uma estrutura fundiária feudal e teve muito a ver com sua recuperação depois da guerra. A louca corrida para ocupar o oeste estadunidense não é modelo para nenhum tipo de colonização racional, mas não deu errado. E já que exemplos estadunidenses legitimam qualquer argumento, mesmo os do pensamento “ideológico”, recomendo que se informem sobre o Homestead Act, com o qual o governo dos Estados Unidos lançou, no século 19, o maior programa de distribuição de terra da História. Não surpreende a desinformação sobre reformas agrárias alheias que deram certo, ou só foram frustradas pela reação violenta. Os próprios sucessos da incipiente reforma agrária brasileira são ignorados.
Sobre os assentamentos que estão funcionando em paz, e produzindo, e contribuindo para o efeito multiplicador que o Sr. Cesário, muito justamente, exalta, só se tem silêncio. O texto que desagradou ao Sr. Cesário foi motivado por uma manifestação, depois atenuada, do Conselho Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que equiparava o movimento dos sem-terra à guerrilha e pedia sua dissolução. Diante da flagrante iniqüidade da situação fundiária brasileira, mostravam, como na frase de Goethe, que preferiam a ordem à justiça. A criminalização do movimento dos sem-terra seria a outra face da descriminalização, pela absolvição e o esquecimento, de atos como o massacre de Carajás. Acho que o Sr. Cesário e seus pares concordam comigo que a escolha não precisaria ser feita, que ordem ideal seria a que advém da justiça, ou da ausência da injustiça. Mas isso, claro, pressupõe outro Brasil. Talvez outra humanidade.
Fonte Primária: Jornal “Zero Hora” nº. 15672, 24/7/2008.
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