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quarta-feira, 23 de abril de 2025

INTELIGÊNCA ARTIFICIAL, A NOVA BOMBA ATÔMICA?

 

Imagem criada por IA.

 FOLHA DE S. PAULO
19.abr.2025 às 23h00


Presidente dos EUA e tecnocratas do Vale do Silício querem destruir o liberalismo e
implementar nova ordem que pode dilapidar a tradição ocidental.


Martim Vasques da Cunha
Doutor em ética e filosofia política (USP), é autor de "Crise e Utopia – O Dilema de Thomas
More", "A Poeira da Glória", "A Tirania dos Especialistas" e "A Disciplina do Deserto" (no prelo).

O que Peter Thiel, Alexander Karp, Nick Land, Curtis Yarvin e Elon Musk têm em
comum? Personalidades influentes no conservadorismo americano, eles acreditam que a
democracia liberal levou o Ocidente a um estado de estagnação e corrupção moral. Atuando
nas sombras do governo de Donald Trump, defendem que apenas um grande esforço conjunto para dominar a inteligência artificial, a nova bomba atômica, permitirá solucionar esse impasse e aperfeiçoar o mundo – o que, para os cidadãos comuns, pode significar o fim da tradição democrática.
Talvez sem saber, o cineasta Christopher Nolan nos revelou, em seu filme "Oppenheimer"
(2023), a lógica suprema do segundo governo de Donald Trump.
Em uma fala do personagem Lewis Strauss, que na vida real participou dos bastidores da
administração americana durante a Guerra Fria, o ator Robert Downey Jr. profere as seguintes palavras com eloquência grega: "Amadores procuram o sol. São devorados. O poder mora nas sombras."
A referência é ao mito grego de Ícaro, que constrói uma asa com penas e cera para fugir da
prisão labiríntica criada por seu pai, Dédalo. Ícaro ignora os conselhos e aproxima-se demais do Sol, fazendo com que a cera derreta, ele caia do céu e morra afogado.
Hoje a frase dita no filme também pode ser aplicada às cabeças que tentam manobrar Trump:
Peter Thiel, Alexander Karp, Nick Land, Curtis Yarvin e Elon Musk.
Comecemos pelos amadores: apesar de ser um bilionário, de ser considerado o "Napoleão dos nossos tempos" e de ter feito revoluções tecnológicas admiráveis, tanto no campo da corrida espacial (as naves e os mísseis da Space X) quanto da mídia (a compra do Twitter, rebatizando-o de X), Musk é o "boi de piranha" desta administração.
A função dele é apenas aguentar os choques da oposição contra Trump – e nada mais.
Esqueçam o comando de Musk no tal do Doge (Departamento de Eficiência Governamental).
Serve apenas à superfície de um plano muito mais ousado, no qual a reforma do Estado é
somente o primeiro passo.
Uma reforma a ser feita de maneira a privilegiar o comando de uma mão de ferro, de um
presidente que aja como um César redivivo, impondo medidas executivas de cima para baixo:
eis o sonho de Curtis Yarvin, também conhecido pela alcunha de Mencius Moldbug (o primeiro nome é uma referência ao pensador chinês Confúcio).
Yarvin (que veio ao Brasil em 2023 divulgar suas ideias para pequenos grupos da direita) deve ser lido com extrema cautela. O motivo? Não é sua visão de mundo, composta por um certo pessimismo sobre a capacidade de mudar a burocracia que realmente comanda um governo, mas simplesmente porque na verdade ele está tirando sarro do público. Yarvin é um troll do pensamento, no jargão da internet. Seu papel no jogo do poder é satirizar as nossas expectativas racionais.
Por falar em racionalidade, não podemos nos esquecer de Nick Land. Oriundo daquela terra
onde o cinza de chumbo é predominante em sua paleta de cores (a Grã-Bretanha), ele defende um "aceleracionismo" da realidade, cuja mistura inusitada de Adam Smith e Karl Marx será a mola propulsora para um novo tipo de progresso que simplesmente precisa desprezar a democracia liberal. Se você achou que isso era um ensaio para um filme de horror, acertou.
Mas, calma: haverá a solução para todos esses impasses – a "República Tecnológica". Este é o termo usado por Alexander Karp (junto com Nicholas Zaminska) em seu livro de mesmo nome, lançado com sucesso no início deste ano nos EUA e a ser publicado no Brasil no próximo mês pela Intrínseca.
Karp é um dos donos da empresa Palantir (batizada em homenagem a um dos artefatos
mágicos da saga "O Senhor dos Anéis", de J.R.R. Tolkien). A especialidade dele é extrair dados dos diversos níveis da realidade (entre eles, o nosso cotidiano) e computá-los, via um software próximo do sobrenatural. Depois, com isso, ele vende novas estratégias de "antecipação do comportamento humano" para braços militares do governo americano, entre eles a CIA e o Pentágono.
Em seu tratado, Karp tem a seguinte tese: nos últimos 30 anos, a elite do Vale do Silício perdeu a sua vocação. Preferiu se render à criação de produtos de bens de consumo (aplicativos, computadores pessoais e serviços de comércio) ao invés de compreender que a internet foi a primeira fase para uma inovação sem precedentes.
O correto, diz, seria que essa mesma elite se unisse ao Estado americano em um novo plano de defesa, que combinasse tecnologia de ponta e uma mão de obra extremamente eficiente, com o objetivo de impedir que uma outra superpotência (a China) lidere a corrida sobre quem vai dominar um novo tipo de bomba atômica – a inteligência artificial (IA).
Por isso, Karp defende que, em termos educacionais, é necessária também uma reviravolta nos valores. Neste sentido, os EUA precisam redescobrir a importância de defender a "civilização ocidental". Em outras palavras: Karp é contra toda e qualquer espécie de cultura identitária. Na sua ótica, o wokeísmo enfraqueceu a nação americana nos seus fundamentos, impedindo-a de promover um debate saudável sobre assuntos seríssimos, em particular nas universidades.
Disso, avalia, resulta uma elite política e econômica que, assim como os companheiros de Karp no Vale do Silício, é incapaz de dominar a própria tecnologia que criou e, portanto, incapaz também de reconstruir a república que irá aperfeiçoar o resto do mundo.
O que Alexander Karp propõe, sem nenhum pudor, é um autêntico projeto de poder digno de Platão. E o sócio dele na Palantir, o empreendedor Peter Thiel, notório por ter sido o investidor-anjo de uma empresa chamada Facebook, concorda com isso em gênero, número e grau.
Dono de um intelecto aguçado, capaz de financiar diversas iniciativas políticas e culturais (além da startup de Curtis Yarvin, bancou a campanha de J.D. Vance para o Senado, o que
possibilitou a entrada deste último como vice-presidente na chapa de Trump em 2024), Thiel tem uma visão de mundo sofisticada, impossível de ser reduzida a clichês ideológicos. É alguém que deve ser respeitado e temido antes de ser desprezado (como a intelligentsia progressista faz com ele nos últimos anos).
De certa forma, não é exagero afirmar que Peter Thiel é o rei-filósofo imaginado por Platão —e que o mundo se tornou o seu laboratório para a próxima "tentação de Siracusa" (quando o pensador grego foi treinar Dionísio, o jovem tirano da província siciliana, e fracassou
miseravelmente).
Além de ser autor de um livro que se tornou uma Bíblia para a criação de startups, "De Zero a Um" (2012), ele escreveu três ensaios filosóficos que explicitam uma orientação política
bastante peculiar.
Os textos são: "O Mito da Diversidade" (1995), uma polêmica contra o politicamente correto que infesta as universidades; "O Momento de Strauss" (2004), disponível no Brasil na coletânea "Política e Apocalipse", publicada pela É Realizações, e "O Niilismo Não É Suficiente", escrito em 2023, ainda inédito, mas que pode ser lido nos subterrâneos da internet.
"O Momento de Strauss" é uma homenagem a Leo Strauss, pensador alemão exilado nos EUA por causa do nazismo, que desenvolveu uma filosofia baseada em estratégias retóricas que nos ajudam a escapar do totalitarismo da modernidade, algo caro a Thiel.
"O Niilismo Não É Suficiente" é um diagnóstico agudo sobre a paralisia existencial que atinge o mundo contemporâneo e que, logo, alimenta a mesma estagnação do progresso tecnológico e do papel das elites já analisada por Karp.
No fundo, o que une todos os nomes citados acima, junto com a administração Trump, é a
esperança de que o impasse atual só será resolvido por meio de uma ruptura apocalíptica —de preferência feita por esses poderosos que se escondem nas sombras.
O vocabulário religioso não é usado aqui de maneira displicente. Vejamos o exemplo de Thiel: ele é um cristão conservador assumido (apesar de, paradoxalmente, ser também um
homossexual militante), além de discípulo do antropólogo René Girard.
Girard é conhecido pela sua "teoria mimética", segundo a qual o comportamento humano é
motivado pelo desejo de imitação: copiamos uns aos outros porque sempre há uma terceira
pessoa que estimula isso.
Quando essa relação permanece em estágio de desconhecimento, aumentando assim o desejo metafísico de se apossar e de ser o outro, as tensões se avolumam, até que haverá uma situação de violência em que alguém será inevitavelmente sacrificado (em termos metafóricos ou reais). A partir dessa vítima (o "bode expiatório"), o ciclo de imitação se renova e tudo recomeça até chegar a um novo impasse —e a um novo conflito.
Para Girard, o cristianismo foi a religião que revelou esse mecanismo sangrento aos olhos de todos —e nos possibilitou, grosso modo, construir a cultura moderna em que estamos inseridos, uma cultura cujo verdadeiro herói sempre será o mais fraco.
Thiel adota em parte todos esses pontos do pensador francês René Girard; afinal, foi seu aluno na Universidade Stanford e ajuda a divulgar seu pensamento por meio das ações do think tank chamado Imitatio.
Mas não é apenas isso. Girard e Thiel acreditam que a mensagem do evangelho cristão é de
apocalipse —isto é, da revelação das primeiras e últimas coisas de como o mundo realmente
funciona. Porém, o discípulo acrescentou algo que o mestre nem sequer imaginou, ao perverter esta esperança autêntica com um detalhe: a importância da técnica, e da tecnologia, neste processo.
É aqui que os projetos de Thiel, Karp, Land, Yarvin, Musk e Trump convergem de forma
assustadora. Para eles, a IA é a nova bomba atômica, um poder que contém a violência
inevitável do Anticristo —simbolizado, nessa perspectiva, pela ordem democrática liberal dos últimos 70 anos, responsável pela corrupção moral do Ocidente, e que chegou ao seu ápice entre os anos 1990-2000.
O uso do verbo "conter" é proposital. Thiel e sua turma – apelidada erroneamente pela
imprensa de "Dark Enlightenment" (iluminismo sombrio), pois pouco se preocupam a
racionalidade filosófica – têm a crença absoluta de que, hoje, eles são o "katechon" dos nossos tempos.
Esta expressão, retirada da Segunda Epístola aos Tessalonicenses e atribuída ao apóstolo
Paulo, significa indistintamente "algo-alguém-alguma coisa" que detém um poder e que "retém-freia-atrasa" o definitivo triunfo do espírito da impiedade (o "Anticristo"), travando assim "o seu aniquilamento pela força da boca do sopro do Senhor".
Aparentemente, presume-se que os poderes que exerceriam esta função na nossa época seriam o do Estado (em particular na variação imperial ou "globalista") e o da igreja cristã (católica ou protestante).
Contudo, segundo um dos estudiosos do tema, o filósofo Massimo Cacciari em "O Poder que Freia" (Áyiné), há, na verdade, um campo de forças e de tensões sobrepostas, que se
acumulam e se dissolvem, às vezes de forma consciente, outras de maneira imperceptível à
consciência humana.
Esta "rede", fortemente conectada em seus nós górdios (e muito semelhante à internet oriunda do Vale do Silício), dá a certeza de que esses dilemas só serão plenamente resolvidos em um grande evento apocalíptico de proporções inimagináveis. E justamente por causa do poder do "katechon", que freia tal desenlace definitivo, as crises mundiais (políticas, sociais, espirituais) se tornam progressivamente permanentes, sem nenhuma solução evidente.
Ou seja: estamos na era da "insecuritas", na qual a insegurança e a incerteza trarão a paralisia e a anomia – a "stasis" da guerra civil indefinida e indiferenciada – ao nosso redor.
No entanto, se reconhecermos que vivemos em pleno "katechon", isso nos induz a concluir
também que não há outra solução exceto aceitar este cenário de impermanência.
Assim como o grupo liderado por Peter Thiel, não queremos aceitar que somos desesperados, sem nenhum outro intermédio, do Estado ou da igreja; também não queremos admitir, após décadas na dependência dessas instituições "pluralistas e democráticas", que todas as mediações humanas foram destruídas por completo.
Como afirmou o próprio Thiel em uma das suas palestras públicas mais recentes: "Talvez não devamos temer o Apocalipse, mas sim o Anticristo". O problema é quando este evento
apocalíptico é também esperado pela nêmesis deste "katechon" tecnológico – no caso, a
esquerda revolucionária.
Afinal, segundo Richard Landes, na obra-prima "Será que o Mundo Inteiro Está Errado?"
(lançada aqui pela editora Contexto), a cultura woke é um produto daquilo que pode ser
classificado como "mentalidade do ano 2000", em que "durante toda uma geração, o Ocidente gerou e implantou um conjunto de objetivos ideológicos progressistas que ao mesmo tempo aumentou a diversidade e a criatividade da cultura e minou a sua própria tessitura".
Ora, se ambos os lados que disputam o papel do "katechon" entram na rivalidade apocalíptica, cujo objetivo supremo é controlar o funcionamento da IA, o que sobra?
Sobra Donald Trump, o "Avatar Digital" que anulará e conciliará todas essas simetrias de forma terrível, o monstro guardado a sete chaves no meio do labirinto do poder. Ele veio com correntes e martelos para destruir o Ancien Regime do liberalismo e implementar uma nova ordem, ainda desconhecida, mas que sem dúvida virá para cometer o mais sério dos crimes: a extinção da memória humana.
Este fato aterrorizante será acelerado pela IA bancada por empresas como Palantir e OpenAI, entre outras. Como se isso não bastasse, ao provocar o caos econômico para reiniciar as relações internacionais entre a China e a União Europeia, Trump brinca diante da mídia como se fosse o amador que será devorado pelo Sol, provocando uma dissonância cognitiva impecável na intelligentsia progressista, quando, na verdade, o ex-magnata joga com esses tecnocratas escondidos nas sombras, para finalmente mostrar que, no fim, ele é o próprio Sistema Solar.
No entanto, como qualquer pedaço da nossa galáxia, um dia este sistema se transformará em
um buraco negro – e a era de Trump será indiscutivelmente o seu centro destruidor, apesar dos seus (eventuais) acertos e dos seus (constantes) erros.
O presidente americano, com a sua "República Tecnológica" do Vale do Silício, irá dilapidar o que restou da nossa história e da nossa tradição – enfim, a nossa humanidade –, em parceria com outros governos e movimentos totalitários, como a China, a Rússia e o islamismo radical.
Haverá escapatória para nós, pobres mortais? É sempre bom lembrar que o complemento ao
mito de Ícaro é a história do seu pai, o artífice Dédalo.
No silêncio, no exílio e na astúcia que marcaram a sua biografia, ele construiu o labirinto que aprisionava o Minotauro. Acabou preso nele; depois conseguiu escapar, sabendo que seu algoz, o rei Minos, não dominava o ar. O custo disso foi a vida do seu filho.
Ao enterrá-lo com as próprias mãos, concluiu que, apesar da tragédia inevitável, precisava
celebrar a criação humana, envolta no segredo da existência.
Enquanto vivemos a ruptura apocalíptica do governo de Donald Trump, devemos imitar o
exemplo de Dédalo, sem dúvida.
Afinal, se o poder mora nas sombras porque os amadores sempre procuram pelo Sol, a única
certeza que nos resta é a de que ninguém neste planeta é dono do céu – e será nele, mais
cedo ou mais tarde, que encontraremos a nossa liberdade.

 

Agradeço ao amigo Herlon Almeida pela indicação deste texto.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Freira de 82 anos invade arsenal nuclear

Arsenal de Oak Ridge (fonte AQUI)


As centrais nucleares norte-americanas são ultra seguras – as autoridades do país reiteraram isso várias vezes após o acidente de Fukushima, no Japão, no ano passado. Será?

Megan Rice, uma freira idosa que já foi presa mais de 40 vezes por atos de desobediência civil, invadiu o arsenal nuclear de Oak Ridge, no estado do Tennessee, no que foi classificado por especialistas citados pelo diário The New York Times como “a maior falha de segurança de uma central nuclear nos Estados Unidos”. O local abriga o maior estoque de urânio ultra-enriquecido do país, suficente para produzir mil bombas.

Megan e dois outros militantes da causa anti-nuclear passaram por uma série de barreiras supostamente intransponíveis, inclusive cercas de arame farpado, detectores de movimento e 12 agentes de segurança, na madrugada de 28 de julho. Eles tiveram tempo de colocar sangue e cartazes com palavras de ordem nas paredes da unidade – uma construção sem janelas, cercada por altas torres de fiscalização, construída a um custo de meio bilhão de dólares. “Transformem espadas em arados”, dizia um cartaz, numa citação do Livro de Isaias. Os ativistas deverão ser julgados no começo de outubro e podem pegar 16 anos de cadeia e multas de até US$ 600 mil. No passado, a freira passou seis meses na prisão por protesto semelhante.

O que chama a atenção nesse episódio é que o grupo (todos para lá da meia-idade), embora muito motivado, não é propriamente um esquadrão ninja treinado pela KGB. Megan, por exemplo, vem de uma família abastada de Nova York e passou quase 40 anos trabalhando como professora em zonas rurais da Nigéria e de Gana.

Toda a equipe de segurança da unidade foi demitida depois do vexame.

Página 22

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Israel deveria abrir instalação nuclear para frear Irã, diz cientista israelense

Fonte desta imagem AQUI.

Guila Flint
De Tel Aviv para a BBC Brasil

Israel deve contribuir com os esforços para impedir que o Irã obtenha armamentos atômicos abrindo a instalação nuclear de Dimona à inspeção internacional, disse à BBC Brasil o cientista Uzi Even, que participou da construção do reator nuclear de Dimona.

Na opinião do físico nuclear israelense, o relatório publicado pela Agencia Internacional de Energia Atômica (AIEA) na última terça feira demonstra que o Irã está prestes a produzir armamentos nucleares e a comunidade internacional não deveria poupar esforços para convencer o país a interromper seu avanço nessa direção.

Segundo o cientista, Israel deveria contribuir com esses esforços abandonando a politica de ambiguidade em relação a seu próprio programa nuclear.

O governo não confirma nem nega possuir armas atômicas. O país não tem um programa declarado de produção de energia nuclear e não comenta a existência do reator de Dimona, conhecido oficialmente como Centro de Pesquisas Nucleares.

Israel não é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, ratificado por 189 países (entre eles o Irã).

Os signatários do tratado se comprometem a não desenvolver ou comprar armas atômicas e a se submeterem a inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, caso tenham um programa nuclear para fins pacíficos.

 

'Saída honrosa'

"Israel deveria abrir a instalação nuclear de Dimona à inspeção internacional", disse Uzi Even à BBC Brasil.
Para Even, que nos anos 1960 trabalhou na construção do reator nuclear de Dimona, a abertura do local poderia oferecer uma "saída honrosa" para o Irã.

"O Irã poderia apresentar a abertura de Dimona como uma grande vitória e aproveitar essa oportunidade para abandonar seus planos de produzir armamentos nucleares", explicou.

Uzi Even, professor do departamento de Química da Universidade de Tel Aviv, vem alertando há mais de dez anos para o "estado precário e perigoso" da instalação nuclear de Israel na cidade de Dimona, no sul do país.

Depois do vazamento radiativo dos reatores nucleares no Japão, em decorrência do terremoto ocorrido em março, Even advertiu que um acidente "semelhante ou pior" poderia ocorrer em Dimona.

"Dimona é um dos reatores nucleares mais velhos do mundo, tem mais de 50 anos, e por razões de segurança deve ser fechado", afirmou.

Para ele, a abertura de Dimona à inspeção internacional poderia causar o fechamento da instalação.

"Abrir Dimona seria uma contribuição por parte de Israel nos esforços para frear o Irã, sem perder seu poder de dissuasão", acrescentou.

 

Rumores

Em Israel vem se intensificando nas últimas semanas os rumores e especulações sobre um suposto plano do primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, e do ministro da Defesa, Ehud Barak, para atacar o Irã, cujo governo ameaça destruir Israel.

Os rumores, divulgados pela mídia local, deram início a um debate público sobre um eventual ataque de Israel ao Irã para impedir que o país obtenha armamentos nucleares.

De acordo com uma pesquisa de opinião, 41% dos israelenses apoiam a ideia do ataque e 39% são contra.

Entre os analistas militares, alguns consideram a ideia uma "loucura" e outros a consideram "razoável".

Segundo Uzi Even, o relatório da AIEA demonstra que "já é tarde demais para uma operação militar".


"Os iranianos têm a intenção, o conhecimento e os materiais para produzir uma bomba nuclear, e nessas circunstâncias um ataque já não poderia impedi-los de produzi-la", disse.

Segundo a avaliação de Even, o Irã já teria investido pelo menos US$ 10 bilhões em seu programa nuclear e milhares de funcionários já estariam envolvidos no projeto.

Na opinião dele, para frear o projeto seria necessário "convencer os iranianos de que, se continuassem, teriam que pagar um preço alto demais", por meio de sanções econômicas.

No entanto, o especialista em Irã da rádio estatal israelense, Menashe Amir, afirmou que o regime atual do Irã "jamais abrirá mão de seu projeto nuclear" e que as sanções econômicas não levarão à interrupção do projeto.

Para Amir, a única maneira de interromper a corrida do Irã em direção às armas nucleares seria por uma mudança de regime no país.

sábado, 19 de março de 2011

Uma nuvem de desconfiança espalha-se pelo planeta

Militares norte-americanos de alta patente celebram com uma torta em forma de explosão atômica, em 1946.

O estado de alerta do público com segurança nuclear, como a emergência em Fukushima prova, é muito fácil de se elevar. O motivo é uma indústria que desde sua concepção, mais de meio século atrás, teve o segredo como conselheiro e, quando isso acontece, acobertamentos e mentiras geralmente seguem logo atrás. A noção da crise que cerca os reatores nucleares atingidos no Japão é exacerbada pelo fato de que, em uma emergência, a confiança pública nos promotores da energia atômica é virtualmente inexistente. O artigo é de Michael McCarthy.

Não há precedentes: quatro reatores atômicos em sérios apuros ao mesmo tempo, três ameaçados por superaquecimento, e um atingido pelo fogo em um reservatório para armazenagem de combustível radioativo usado.

Há muitos rumores sobre a usina nuclear de Fukushima – cara a cara com um desastre depois de a tsunami que atingiu o Japão ter afetado os seus mecanismos de resfriamento. Alguns se mostraram falsos: por exemplo, um rumor, disseminado por mensagem de celular, dizia que a radiação estava se espalhando pela Ásia. Outros eram verdadeiros: que radiação cerca de 20 vezes acima dos níveis normais havia sido detectada em Tóquio; que as empresas aéreas chinesas cancelaram voos para a capital japonesa; que a Áustria havia movido sua embaixada de Tóquio para Osaka; que uma loja 24 horas do bairro de Roppongi em Tóquio havia vendido todos seus rádios, lanternas, velas e sacos de dormir.

Mas talvez o mais alarmante seja que embora Naoto Kan, o primeiro ministro do Japão, esteja novamente apelando por calma, há muitos – no Japão e além – que não estão mais preparados para serem tranquilizados.

O nível de preocupação é notável: viajou ao redor do mundo (Angela Merkel impôs uma moratória na energia nuclear, na França, há pressão por um referendo); retirou das manchetes dos jornais a história terrível da tsunami. Mas o estado de alerta do público com segurança nuclear, como a emergência em Fukushima prova, é muito fácil de se elevar – e, como as autoridades japonesas estão descobrindo agora, muito difícil de acalmar.

O motivo é uma indústria que desde sua concepção, mais de meio século atrás, teve o segredo como conselheiro; e, quando isso acontece, acobertamentos e mentiras geralmente seguem logo atrás. A noção da crise que cerca os reatores nucleares atingidos no Japão é exacerbada pelo fato de que, em uma emergência, a confiança pública nos promotores da energia atômica é virtualmente inexistente. Em muitas ocasiões no Reino Unido, nos EUA, na Rússia, no Japão – escolha o seu país – as pessoas ouviram mentiras (isso quando ouviram alguma coisa) sobre as desaventuras nucleares.

Para compreender essa mania por segredos, é preciso ir às origens da energia nuclear. Essa não é uma tecnologia sonhada para substituir as usinas energéticas de carvão, trata-se de uma tecnologia militar, concebida em uma luta de vida ou morte, que tem sido modificada para processos civis. No centro disso tudo, está a reação nuclear em cadeia, o processo autossustentável de divisão nuclear (fissão), que ocorre quando suficiente material altamente radioativo é colocado junto, e que produz outos elementos radioativos e a liberação de energia.

Quando pela primeira vez foi obtido pelos físicos Enrico Fermi e Leo Szilard, na Universidade de Chicago, em dezembro de 1942, produziu apenas calor; mas todos os envolvidos sabiam que se pudesse ser acelerado, iria produzir o maior poder explosivo conhecido. E assim nascia o projeto Manhattan, o esforço dos EUA para construir uma bomba atômica que foi, enquanto durou, o maior segredo da história.

Segredos são como uma marca de nascença da energia nuclear. Por 10 anos depois da primeira bomba atômica ser jogada sobre Hiroshima, em agosto de 1945 se manteve uma tecnologia militar envolta em mistérios, embora russos e depois britânicos tenham seguido os norte-americanos em seu desenvolvimento. O Reino Unido construiu um par de reatores atômicos em Windscale, que produzia (como resultado da fissão) plutônio, o material usado na primeira bomba nuclear britânica, testada na costa da Austrália, em 1952. E foi em um de seus reatores que aconteceu um dos primeiros acidentes nucleares sérios: o incêndio de outubro de 1957. O núcleo do reator, feiro de grafite, pegou fogo, derreteu e queimou consideráveis quantidades de urânio, liberando grandes quantidades de radioatividade. Foi a mais séria calamidade nuclear até Chernobil, quase 30 anos depois, mas o governo britânico fez o que pode para minimizar o significado, tentando primeiro manter completo segredo (os bombeiros locais foram avisados pelas 24 horas depois do ocorrido) e mantendo os relatórios confidenciais até 1988.

Foi o primeiro de muitos acobertamentos em Windscale. Em 1976, por exemplo, segredos envolvendo um grande vazamento de água radioativa enfureceram o então ministro da Tecnologia, Tony Benn, favorável à energia nuclear. Mas coisas assim aconteciam em todo o mundo.

Nos reatores de Rocky Flats, nos EUA, muitos acidentes envolvendo material radioativo foram mantidos em segredo por décadas, de 1950 aos anos 1980. Na Rússia, a província de Chelyabinsk, a oeste dos montes Urais, abrigava um grande complexo de armamento atômico, que foi onde aconteceram três grandes desastres nucleares: o descarte lixo radioativo e a explosão de um contêiner desse lixo nos anos 1950, e o vazamento de poeira radioativa em 1967. Estima-se que cerca de meio milhão de pessoas na região foram atingidas por um ou mais incidentes, expostas a mais de 20 vezes a radiação que as vítimas de Chernobil. Nada disso se ficou sabendo à época. Chelyabinsk é descrito algumas vezes até hoje como “o local mais poluído do planeta”.

Quando olhamos para o Japão, encontramos uma cultura idêntica de acobertamentos e mentiras. Uma preocupação em particular é a Companhia de Energia Elétrica de Tóquio (Tepco), por coincidência dona e operadora dos reatores atingidos em Fukushima.

A Tecpo tem um triste histórico de relacionamento com a verdade. Em 2002, alguns de seus executivos se demitiram depois que o governo japonês tornou público que a empresa estava escondendo uma série de falhas nos reatores, e em 2006 a companhia admitiu que vinha falsificando informações sobre seus sistemas de resfriamento por um longo período.

Nessa semana foi revelado que a Agência Internacional de Energia Atômica alertou o Japão mais de dois anos atrás de que um forte terremoto poderia causar “sérios problemas”, de acordo com informações vazadas pelo Wikileaks e publicadas pelo The Daily Telegraph.

Mesmo Chernobyl, o mais notório caso de acidente nuclear do mundo, foi primeiro escondido pela então União Soviética, e poderia ter permanecido assim se não fosse a radioatividade detectada por cientistas suecos.

Por que é assim? Por que o instinto de esconder tudo persiste mesmo agora que o papel maior no desenvolvimento da energia nuclear passou dos militares para os civis? Talvez porque exista, entre o público, e um medo instintivo e certamente compreensível da energia nuclear, essa tecnologia que, uma vez que quebra seus átomos, libera forças mortais.

A indústria nuclear tem medo de perder o apoio público pelo simples motivo de que sempre precisou de dinheiro público para manter-se. Não é, mesmo agora, um setor que economicamente pode se manter de pé sem ajuda. Portanto, quando encontra um problema, a primeira reação é escondê-lo e a segunda é contar mentiras a respeito. Mas a verdade prevalece no final e a confiança do público na indústria diminui ainda mais do que se o problema fosse admitido de imediato.

Não é preciso que seja assim. Um quarto de século atrás, na indústria britânica nuclear havia um líder que por uns poucos anos transformou sua imagem pública: Christopher Harding. Ele era um homem aberto e honesto que ensinou que a paranoia e os segredos envolvendo a energia nuclear deveriam ser varridas para longe.

Quando ele se tornou o presidente dos Combustíveis Nucleares Britânicos, com sede em Windscale, ele decidiu por uma nova ordem. Renomeou o local e, para assombro geral, decretou que ao invés de furtivamente virar às costas ao público, deveria recebê-lo de braços abertos. E fez o impensável: criou um centro de visitantes.

Harding morreu em 1999, mas ele foi um homem excepcional: não apenas por seu charme e bondade pessoal – que revelou com os funcionários – mas por sua visão de que a indústria nuclear estaria melhor lidando com os seus problemas com transparência e honestidade ao invés de acobertamento e engôdos. Mas ele foi, infelizmente, a exceção que confirma a regra.

O resto da indústria nuclear vem escondendo a verdade para manter as aparência por tanto tempo, e suas mentiras tem sido tão frequentemente expostas, que talvez a chance de acreditar já tenha passado. Mesmo que, como eu suspeito, o governo japonês esteja tentando ser franco sobre os problemas em Fukushima, não significa que tudo o que for dito sobre a parte atômica da catástrofe nacional será acreditado.

Tradução Wilson Sobrinho, para CARTA MAIOR

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

SUGESTÃO DE LEITURA


HIROSHIMA, A CIDADE DA CALMARIA

O premiado mangá sobre as consequências da bomba de Hiroshima chega ao Brasil. Hiroshima – A cidade da Calmaria é uma referência nos movimentos mundiais pela paz.

Dia 6 de agosto fez 65 anos que a bomba nuclear atingiu Hiroshima e marcou a história mundial.

As consequências desse ataque nuclear são revistas de maneira delicada e tocante em premiado mangá que chega ao Brasil pela Editora JBC, intitulado Hiroshima - A Cidade da Calmaria.

Hiroshima – A Cidade da Calmaria entrelaça duas histórias comoventes sobre as consequências da bomba. Sensível, belo, suave, delicado, simples. Assim pode ser definida a obra criada por Fumiyo Kouno, que até hoje é uma referência nos movimentos mundiais pela paz, como a Conferência do Tratado sobre a Não Proliferação de Armas Nucleares 2010 promovida pelo Ministério das Relações
Exteriores do Japão.

Publicado em sete países, foi considerado o melhor mangá traduzido para o inglês pelas revistas New York Magazine e Publishers Weekly (2007). A versão para a rádio foi premiada no Art Festival Award in the Radio Division promovido pela Agência para Assuntos Culturais do Ministério da Educação japonês, enquanto o live-action obteve sucesso de público e de crítica, tendo a atriz protagonista, Kumiko Aso, conquistado vários prêmios, entre eles o Mainichi Film Awards.

veja mais AQUI

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Netanyahu cancela reunião com diretor da AIEA e sai de férias


BBC Brasil

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou nesta terça-feira o cancelamento de última hora de uma reunião agendada há meses com Yukiya Amano, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA), e saiu de férias na Galileia (região no norte de Israel).

De acordo com a imprensa local, o cancelamento da reunião despertou surpresa nos meios políticos de Israel em vista da importância que o premiê atribui às questões nucleares, principalmente ao projeto nuclear iraniano.

O jornal Haaretz chega a afirmar que Amano foi "esnobado" por Netanyahu.

O tema ganha ainda mais importância para Israel neste momento já que instituições internacionais vêm intensificando os pedidos para realizar inspeções nas nucleares do país.

Além disso, em maio, uma Conferência de Não Proliferação Nuclear aprovou uma resolução pedindo um Oriente Médio livre de armas atômicas.

Visita

Israel mantém, há dezenas de anos, uma política de ambiguidade acerca de seu programa nuclear, não confirmando nem negando possuir armas do tipo.

A explicação dada pelo gabinete de Netanyahu para o cancelamento da reunião com Amano foi que o premiê "está saindo de férias para se preparar para as negociações de paz em Washington"- entre Israel e a Autoridade Palestina, agendadas para o dia 2 de setembro.

Esta é a primeira visita de Amano a Israel desde que assumiu a direção da AIEA, substituindo o egípcio Mohamed El-Baradei, em dezembro passado.

Ele deverá ficar três dias no país, a convite da Comissão de Energia Atômica de Israel, e irá visitar o Centro de Pesquisa Nuclear de Sorek.

Amano também deverá se encontrar com o presidente de Israel, Shimon Peres, e com o ministro Dan Meridor, responsável por assuntos de Inteligência e de Energia Atômica.

O diretor da AIEA já se encontrou com o presidente Peres, na Conferência de Davos, na Suíça, em janeiro.

Peres, que foi o fundador do projeto nuclear israelense, pediu a Amano que tome medidas contra o Irã e lhe disse que "armas nucleares nas mãos de uma liderança fanática como a iraniana constituem uma ameaça não só para Israel, mas para o mundo inteiro".

Segundo o jornal israelense Haaretz, a visita de Yukiya Amano a Israel deveria ter sido mantida em sigilo, porém vazou para a imprensa.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Bombas Nucleares Detonadas 1945-1998 (Isao Hashimoto)

Bombardeados y estigmatizados


La mayoría de las víctimas de Hiroshima y Nagasaki vivió hasta hace unos años sumida en el silencio de su horror

GEORGINA HIGUERAS, para El País

Hoy la tragedia sufrida por cientos de miles de supervivientes de las bombas nucleares de Hiroshima y Nagasaki es un poco menor. La presencia de un representante de Estados Unidos en la conmemoración de este holocausto ha roto un poco más el muro de silencio que se impuso sobre las víctimas de aquel horror. Nadie quiso airear la barbarie atómica. Ni quienes lanzaron las bombas e impusieron un cerco informativo para ser ellos los únicos conocedores de las consecuencias de su victoria sobre los inocentes, ni los perdedores de una orgía conquistadora que vieron en los llamados hibakusha el espejo de su derrota.

Irónicamente los bombardeados fueron estigmatizados. Fue necesario esperar décadas para que las víctimas comenzaran a verse reconocidas y a salir lentamente del pozo de dolor, vergüenza y desamparo en que las hundió aquella luz que metalizó las mañanas del 6 y del 9 de agosto de 1945.

Entre la veintena de hibakusha que entrevisté en Hiroshima y Nagasaki con motivo del 60º aniversario de las explosiones atómicas, hace ahora cinco años, jamás podré olvidar a Shizuko Abe. Hasta entonces, yo no entendía a las gentes que décadas después lloran a sus muertos, pero aquella tarde comprendí el desgarro que supone abrir la urna donde se protege y se encapsula con nuevas angustias el mayor de los tormentos.

Aquel 6 de agosto, Shizuko Abe tenía 18 años y se encontraba a 1,5 kilómetros del epicentro de un bombazo que la lanzó a 10 metros de distancia y que, aunque no le arrancó la vida, la dejó marcada a sangre y fuego tanto por fuera como por dentro. A pesar de las muchas operaciones a las que se había sometido para mejorar su movilidad y su aspecto, las huellas de la explosión eran evidentes en Shizuko, pero lo auténticamente aterrador fue escucharla deshacer su historia. Y no tanto por lo ocurrido aquel trágico día, sino por el calvario que después le infligió una sociedad implacable sobre todo con las mujeres.

Víctimas olvidadas

Como tantas hibakusha, que literalmente significa superviviente de los bombardeos nucleares, Shizuko Abe había vivido durante décadas olvidada por su Gobierno, despreciada por sus vecinos y maldecida por su suegra. Esta, aupada en lo peor de la tradición japonesa, fue verdugo de las torturas psicológicas que impuso a la joven al no haber podido evitar que su hijo se empeñara, al volver de la guerra, en casarse con lo que quedaba de la novia que había dejado atrás al irse al frente.

La hostilidad no desapareció ni siquiera cuando, en contra de todos los pronósticos, Shizuko se quedó embarazada y dio a luz un varón sano. "Mi suegra siguió diciendo a mi marido que me abandonara, que él se merecía una mujer completa. Yo viví por él, pero sufría tanto que mi padre afirmaba que habría sido más feliz si me hubiera muerto", cuenta Shizuko.

El temor a engendrar monstruos fue la mayor angustia de las mujeres. Se ciño sobre ellas aislándolas en una cárcel de silencio, cuyas rejas estrechaban las familias, los amigos y las autoridades. Shizuko no se atrevió a hablar de Hiroshima hasta años después de que su marido muriera en 1992, pero su descarnada historia personal sólo se escapó de sus entrañas en una entrevista, que comenzamos tranquilamente en torno a una taza de té y un pastel que no sirvió para tapar tanta amargura. Sin duda, no se había preparado aquello. Su confesión de horas fue como romper la pinza de cristal que la estrangulaba. La intérprete y ella lloraron un río de lágrimas liberalizadoras de más de medio siglo de oprobio vivido tanto por Shizuko como por otras decenas de miles de hibakusha.

En estos cinco años transcurridos, muchas víctimas habrán muerto llevándose con ellas a la tumba toda su congoja. Sin embargo, cada día son más las que deciden romper el silencio como método para luchar por un mundo sin armas atómicas. Ahora que sienten que la vejez -la media de edad de los supervivientes es de 75 años- se tutea naturalmente con la muerte no quieren que nada vuelva a vivir su martirio. Sólo en 2009, y con 93 años, el Gobierno japonés reconoció a Tsutomu Yamaguchi como el único superviviente de las dos bombas. Yamaguchi lo confesó públicamente en 2006, al cumplir los 90 años y contar en un libro como ese mismo 6 de agosto y pese a estar herido, huyó junto con varios centenares de personas en un tren a Nagasaki, sin saber que el mismo resplandor le esperaría allí también.

Yamaguchi murió el pasado enero, pero su silencio roto seguro que ha ayudado a otros muchos a escapar de sus fantasmas y salir a contar sus tragedias.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Ditadura planejava bomba atômica


CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2009

Documentos do antigo Conselho de Segurança Nacional provam que a ditadura militar planejava fabricar uma bomba atômica brasileira. Em 4 de outubro de 1967, o presidente Costa e Silva reuniu os ministros no Palácio do Planalto para discutir a redação da Política Nacional de Energia Nuclear. O debate se concentrou em incluir ou não no texto a expressão 'para fins pacíficos', que impediria o Brasil de produzir o artefato. Os generais pressionavam a favor da bomba. Costa e Silva sugeriu: 'Não vamos chamar de bomba, vamos chamar de artefatos que possam explodir'.
O sonho bélico, porém, foi adiado por força do ministro das Relações Exteriores, Magalhães Pinto. Ele lembrou que o Brasil era signatário do Tratado do México, que impedia o uso da tecnologia nuclear como arma de destruição em massa.

NOTA DO OMAR: Reparem que o linguajar de Costa e Silva é similar ao de determinada Governadora.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Israel promove guerra secreta dentro do Irã, diz jornal inglês


LONDRES (Reuters) - Israel está envolvido em uma guerra secreta de sabotagem dentro do Irã, na tentativa de retardar o desenvolvimento de armas nucleares na república islâmica, afirmou na terça-feira o jornal britânico Daily Telegraph.

Citando fontes de inteligência e um ex-agente da CIA, não identificado, o jornal disse que a estratégia de "decapitação" de Israel teve como alvos membros do programa atômico do Irã.

O programa ganhou fôlego extra com a eleição nos EUA do presidente Barack Obama, que adotou uma linha mais diplomática em relação ao Irã, contrariando as ameaças de ação militar feitas pelo governo de George W. Bush.

MAIS aqui.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

¿La tercera bomba atómica?


Un ex militar estadounidense, Jim Brown, ingeniero de cuarto grado que combatió en la Operación Tormenta del Desierto de la primera Guerra del Golfo, acusa a la Administración de su país de haber lanzado una bomba nuclear de penetración de cinco kilotones de potencia, en una zona situada entre Basora y la frontera con Irán, el 27 de febrero de 1991, último día del conflicto.

La cadena pública italiana Rainews24 emitirá mañana la acusación en un reportaje firmado por su veterano reportero Maurizio Torrealta, tras haber verificado que el Centro Sismológico Internacional registró aquel día, en esa zona, un movimiento sísmico de 4,2 grados Richter, potencia equivalente a cinco kilotones.

Las bombas atómicas lanzadas sobre Hiroshima y Nagasaki tenían una potencia de 16 y 22 kilotones, respectivamente.

Torrealta ha reconocido hoy que se trata "de una historia difícil de creer y de confirmar porque apela a nuestros miedos más profundos", pero ha revelado que al pedir la confirmación de la noticia al Pentágono, éste le preguntó primero la fecha exacta de la explosión para responder después que el Ejército de Estados Unidos solo utilizó armas convencionales durante aquel conflicto, y añadir, como posible explicación al movimiento sísmico, que aquel día lanzó sobre la zona una bomba de racimo Blue 82, conocida como la madre de todas las bombas.

La RAI, que ha presentado hoy en Roma el reportaje de 20 minutos, ha explicado que decidió emitirlo porque "no hay pruebas de que la acusación sea cierta, pero tampoco las hay de que sea falsa", y porque es necesario que una acusación tan importante sea "investigada por las organizaciones internacionales con la transparencia necesaria".

La investigación incluye datos sobre el aumento de los casos de cáncer y tumores en Basora, que según las cifras del jefe de oncología del hospital local, Dott Jawad Al Ali, han pasado de 32 casos anuales en 1989 a más de 600 en el 2002.

El reportaje muestra varias fotos de varias víctimas de tumores de impresionante virulencia, aunque Al Ali opina que la aparición de cánceres muy raros en adultos y sobre todo en niños puede deberse a la utilización masiva de proyectiles con uranio empobrecido.