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domingo, 15 de junho de 2025

SOBRE O PASSEIO DOS GESTORES BRASILEIROS EM ISRAEL

 


 

Viajar em comitiva oficial para um território em guerra, alegando estudar “segurança pública”, e acabar preso em bunker sob ataque aéreo é quase um roteiro de sátira política. Mas não tem graça. Porque enquanto esses gestores brincam de geopolítica com dinheiro público, suas cidades seguem com:

escolas sem merenda,

hospitais superlotados,

guardas municipais sem coletes,

mães implorando por creche.

Eles dizem ir aprender sobre "defesa civil" e "segurança"... e se escondem em bunkers que suas próprias cidades jamais terão. Não levaram nem o básico: bom senso.

Querem segurança? Comecem garantindo abrigo seguro para mulheres ameaçadas, iluminação pública nos becos, psicólogas nas escolas e proteção real para o povo que dizimam com sua vaidade e ignorância travestida de gestão moderna.

Agora, a pergunta não é mais “o que foram fazer lá?”.
É: o que pensavam que encontrariam? Uma feira de tecnologia em plena guerra? Um passeio VIP no front?

Idiotas? Sim.
Mas perigosos também.
Porque a burrice com poder custa caro — e, às vezes, explode.

Texto atribuído à Soraya Brazuna. Não sei se realmente foi ela que escreveu, porém tem minha concordância.

Imagem: BBC

domingo, 17 de fevereiro de 2019

O que afasta os turistas estrangeiros do Brasil?



País recebe somente 6,5 milhões de visitantes por ano, menos até que a cidade Osaka, no Japão. Motivos vão desde falta de preparo e infraestrutura até manchetes negativas no noticiário internacional.

Fonte: Deutsche Welle

O Brasil atrai atualmente um pouco mais de 6,5 milhões de turistas estrangeiros por ano. Pode parecer muito, mas o número é baixo considerando seu tamanho continental e a variedade de atrações e belezas naturais. O país perde, por exemplo, para a cidade de Osaka, no Japão, que recebe anualmente cerca de 8,4 milhões de visitantes estrangeiros.

Nos últimos dez anos, o Brasil não apareceu entre os 40 país que mais recebem visitantes estrangeiros, segundo dados da Organização Mundial de Turismo (UNWTO). Nações como África do Sul (10,2 milhões), Austrália (8,8 milhões) e Tailândia (35,4 milhões) – que ficam praticamente tão longe quanto o Brasil dos EUA e da Europa, principais centros emissores de turistas – recebem mais estrangeiros.

Enquanto as chegadas de turistas estrangeiros cresceu 7% no mundo em 2017 em comparação ao ano anterior, a maior alta desde a crise financeira mundial de 2008, o turismo no Brasil aumentou somente 0,6% no mesmo período, segundo a UNWTO.

Segundo especialistas, entre os principais motivos para um país com tanta diversidade de destinos "patinar" no turismo mundial estão as manchetes negativas no exterior; a pouca divulgação internacional; a falta de preparo e infraestrutura para receber os estrangeiros e o alto custo da viagem.

"O turismo internacional no Brasil ganhou mais força no país nos últimos dez anos e, portanto, carece de maturidade. O Rio de Janeiro sempre foi um destino muito procurado internacionalmente", diz André Coelho, especialista em turismo da FGV Projetos. "Mas, quando pensamos no Brasil como um todo, ele está em estágio de maturidade anterior ao de outras nações menores."

O especialista enxerga a imagem brasileira como manchada pelo noticiário negativo recorrente. As notícias no exterior são, geralmente, um misto entre casos de violência, como a intervenção federal no Rio, crises e desastres, como o de Brumadinho.

Ministérios de Relações Exteriores de países estrangeiros costumam dar conselhos aos viajantes em seus sites. O da Alemanha, por exemplo, cita que "o risco de se tornar vítima de um assalto ou outro crime violento é significativamente maior no Brasil do que nos países da Europa Ocidental" e que algumas cidades grandes como Belém, Porto Alegre, Recife, Salvador, Fortaleza, São Luiz, Maceió, Rio de Janeiro e São Paulo "têm altas taxas de criminalidade" e que "a cautela é apropriada, mesmo em partes do país e de cidades consideradas seguras".

Outro fator que impede o aumento do número de turistas internacionais no país é o custo total da viagem. Os alemães, por exemplo, pagam cerca de 600 euros para voar durante o verão europeu para Bangcoc, num trajeto que dura cerca de 11 horas. Já para São Paulo, no mesmo período, a viagem de cerca de 12 horas custa normalmente 1 mil euros. Além da passagem, o custo de hotéis, entrada em atrações, transporte e alimentação na Tailândia é bem menor do que no Brasil.

"O custo total da viagem interfere no processo decisório do turista. Para um alemão ou europeu ocidental, por exemplo, é mais barato viajar e se custear na Tailândia do que no Brasil", conta André Coelho, da FGV Projetos. "Há também mais voos da Europa para o país asiático, já que Bangcoc serve também de hub [centro de distribuição de voos] para passageiros que vão para outros destinos no sudeste asiático e Austrália. Assim, os preços dos tíquetes aéreos se tornam mais baratos."

O especialista diz, ainda, que a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, e os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016, não foram suficientes para turbinar o turismo no país. "A Copa, por ter tido um alcance nacional com as doze sedes e mais pessoas assistindo às partidas no mundo, deu uma boa visibilidade para o Brasil”, explica Coelho. "Já a crise econômica atingiu não só o Rio de Janeiro, mas também todo o país, um ano antes do início dos Jogos Olímpicos, atrapalhando o sucesso do megaevento no Rio."

Divulgação do país e facilitação de vistos
O Ministério do Turismo reconhece que a chegada de turistas estrangeiros não condiz com o potencial do país e que tem trabalhado na conectividade do Brasil e o aumento da promoção internacional. Isso englobaria a isenção de visto – sem reciprocidade – para quatro países considerados estratégicos: EUA, Canadá, Japão e Austrália. Há a expectativa de que a liberação possa acontecer ainda este ano.

Entre as metas do governo federal para o período de 2019-2022 está um salto na chegada de turistas estrangeiros: dos 6,8 milhões estimados em 2018 para 12 milhões de visitantes internacionais em 2022.

Mas ao mesmo tempo em que pretende quase dobrar o número de chegadas internacionais no país em um período de quatro anos, a Embratur – responsável desde 2003 pela promoção do Brasil no mercado internacional – encerrou no final de 2018, após cinco anos, o contrato com executivos que faziam a divulgação do país em 11 nações estratégicas: EUA, França, Argentina, Peru, Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Reino Unido, Rússia e Japão.

O governo federal, porém, não vê prejuízos para o setor, já que, a partir deste ano, o relacionamento com profissionais do setor turístico internacional será comandado diretamente pelo corpo técnico da Embratur, numa ação articulada com o Itamaraty. "Uma equipe de servidores estreitará relações com os mais de 23 mil parceiros internacionais já mapeados, entre operadores de turismo, companhias aéreas, agências de viagem e outros", afirma o texto.

Nos últimos cinco anos, o Brasil viu também sua verba de promoção turística no exterior cair mais da metade. De acordo com dados do Ministério do Turismo, o país investiu 117,3 milhões de reais em 2014 em ações de divulgação. Já em 2018, o montante foi de 51,3 milhões de reais.

O Ministério do Turismo acredita que a aprovação do projeto que prevê a criação da Agência Brasileira de Promoção do Turismo (nova Embratur), que está em tramitação no Congresso, dará mais flexibilidade à gestão da autarquia e reforçará a promoção internacional por meio de parcerias com a iniciativa privada para atrair turistas, eventos e investimentos.

"A Embratur precisa de mais recursos para fazer a promoção do país. Marketing turístico é muito mais do que publicidade nas redes sociais, é ter também representação estratégica no exterior", afirma Coelho. "A promoção brasileira precisa sair para o mundo. Não se pode promover o país estando no Brasil. Há um potencial de crescimento muito grande, mas ele depende de uma nova gestão de promoção turística também", completa o especialista.

Ele diz ser positivo o movimento do Brasil de simplificar o visto de turista para cidadãos dos EUA, Canadá, Japão e Austrália. Entre as facilidades do visto eletrônico estão a redução do custo da emissão da autorização, que passou de 160 dólares para 40 dólares (além de uma taxa de 4,24 dólares) e do prazo médio, que foi alterado de 30 dias para a média de até cinco dias úteis. A meta, agora, é ampliar esse benefício para outros mercados estratégicos como China e Índia.

Após a adoção do visto eletrônico a partir de dezembro de 2017, o Ministério das Relações Exteriores observou um crescimento nos países beneficiados – EUA, Canadá, Japão e Austrália – de cerca de 40% no pedido de visto para o país, o que pode potencialmente representar uma injeção de 71,5 milhões de dólares na economia brasileira.

"Esses movimentos de flexibilização de visto só ganharam força nos últimos dois anos, já poderiam ter sido feitos antes", conclui Coelho. "Alinhada a medidas como mais segurança e infraestrutura para turistas, além de uma melhor divulgação do Brasil no exterior, a adoção do visto eletrônico e a liberação unilateral de vistos para alguns países trará mais visitantes para o país."

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

“Rejeito heróis com as mãos banhadas em sangue”


Por Antonio de Oliveira (*)

Ouvi, assisti e li tudo. Demorei alguns dias tentando deglutir. Não consegui. A frieza do oficial da Brigada Militar dizendo que naquele dia tinha acontecido uma vitória da sociedade, de dois a zero, me deixou desajeitado. A primeira coisa que me veio à cabeça foi uma constatação: sou contribuinte e pago o salário dele.

Daí para a frente, logo me vieram inúmeras dúvidas, se a minha contribuição ao Estado estava sendo bem empregada naquele caso em que um oficial comemorava a morte de dois seres humanos. E o turbilhão de dúvidas aumentou. Ele falava em vitória da sociedade. Mas que vitória ? Mas que sociedade ?

O saltitante “repórter”, na imagem da TV, parecia comandar um show, gritava que o agente penitenciário que tinha assassinado os dois homens era o herói do dia, que merecia medalhas. Meteu, com sua pouca prática, o microfone no rosto do agente, quase aos gritos, reafirmando que ele era um herói. Mas o que aparecia na tela era um homem grande, forte, mas apequenado, imensamente constrangido. Perturbado por ter tirado a vida de duas pessoas.

- …sim, foi a primeira vez”, disse o herói num fio de voz.

Ele nem sabia o que responder diante da provocação do “repórter” que andava em volta, sem saber o que fazer para melhorar seu espetáculo, seu show. Só faltou reclamar dos atores por não estarem correspondendo em suas interpretações. Ele queria mais ação. Mais sangue. Ao bom estilo bandido bom é bandido morto, a câmera corria a toda hora, bem de vagar, sobre os cadáveres dos dois homens abatidos no meio da rua.

Ainda bem que um policial civil, assustado, foi ao microfone e fez uma correção, dizendo que aquilo tudo ali era um péssimo exemplo, que as pessoas não deveriam agir daquela maneira em caso de assalto, que o agente fizera aquilo por que era um homem preparado, com curso para condução de prisioneiros de alta periculosidade.

E na minha cabeça vieram mais indagações: mas que herói ? Dois corpos estendidos no chão era uma vitória da sociedade ? Definitivamente, não. No meu entender era uma irreparável derrota. Era a mostra cabal de uma sociedade derrotada como tal. Sem solução para os seus problemas.

A não ser que eu entenda que aqueles dois não faziam parte da sociedade e que aquele oficial também não faz parte, está acima, como guardião e juiz de quem deve ser morto para que outros vivam em paz na tal sociedade, que ele tem dentro da sua cabeça, da sua cachola.

Como integrante da sociedade, se é que me permitem, eu rejeito vitórias deste tipo, porque eu não consigo ser feliz assim. Não quero que ninguém morra para que eu esteja seguro. E também não quero matar ninguém. Ou então esta sociedade, como está, não me serve mais. Mas ai, eu estaria desistindo da humanidade e isto eu também me nego a fazer.

Sendo assim, o que me resta é apelar às representações da sociedade, aos políticos e aos governantes para que abram o olho. Vejam o que está acontecendo na frente dos seus narizes e tomem atitudes e apliquem melhor, em favor da sociedade, o que recolhem de impostos. E não quero que comparem com Nova Iorque, etc, etc. Quero que comparem com o Brasil, com Porto Alegre, de meio século atrás. Só. Lembrem de como vivíamos há 50 anos, criem vergonha na cara e vão trabalhar.

Parem de empurrar com a barriga. Assumam imediatamente a construção de um sistema educacional decente, que ponha todas as crianças na escola e que forme cidadãos e não bandidos. Mandem às favas esta gente que vive defendendo o Estado mínimo, pois eles são os primeiros a assaltar o Estado quando seus negócios vão mal. Formem uma polícia de verdade para defender todos os cidadãos, sem necessidade de andar matando por ai para virar herói. Repudiamos heróis feitos assim.

Acima de tudo, parem de roubar, de serem corruptos, e empreguem o dinheiro público para o bem público. E façam as emissoras de rádio e de televisão cumprirem a Constituição, como concessões que são, com programação para uma sociedade decente, equilibrada.

É hora de o Estado entrar em campo para garantir uma vitória verdadeira. E um recado final ao meu oficial: pare de defender a morte como vitória, como solução para os problemas que o senhor está despreparado para resolver. E quero lembrá-lo de que, no Morro dos Macacos, no Rio, no momento em que encerro este texto, a sociedade está obtendo uma vitória por 25 a 8. O senhor está feliz com isto ? Com esta vitória ? Pois eu não quero heróis com as mãos banhadas em sangue.

(*) Jornalista

Copiado do RS URGENTE.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O Verdadeiro Grande Irmão


Site permitirá a internautas monitorar circuitos fechados de TV

Um novo site que será lançado em novembro na Grã-Bretanha permitirá aos internautas monitorar imagens de câmeras de circuito fechado de TV, usadas em sistemas de vigilância.

O site Internet Eyes (“Olhos da Internet”, em tradução livre), oferecerá prêmios em dinheiro de até mil libras (cerca de R$ 2,8 mil) para quem, por meio das câmeras, conseguir flagrar crimes sendo cometidos.

Cada usuário poderá se cadastrar gratuitamente no site e monitorar até quatro câmeras a partir de seu próprio computador, 24 horas por dia.

Se perceber algo suspeito, o internauta poderá enviar notificações, que serão então mandadas por mensagem de texto com a imagem aos celulares dos donos das câmeras.

Os usuários receberão então pontos pelas imagens suspeita e pelos crimes detectados, que poderão então ser trocados por dinheiro.

Segundo o site, o sistema poderá ajudar lojas a reduzir furtos, além de ajudar a detectar crimes de vandalismo, roubos e comportamentos antissociais.

Os donos das câmeras, como empresas, prefeituras e até mesmo a polícia, poderão contratar o serviço por uma taxa semanal equivalente a R$ 50.

4,2 milhões de câmeras

“Isso não é um jogo, é algo dissuasivo. Quando as pessoas virem o sinal de que o Internet Eyes patrulha uma câmera, saberão que alguém estará assistindo”, disse à BBC Brasil o criador do site, Tony Morgan. “Atualmente, as pessoas ignoram as câmeras.”

Segundo ele, os usuários receberão imagens de quatro câmeras de locais diferentes, e não saberão onde elas são localizadas.

A Grã-Bretanha é um dos países com o maior número de câmeras de circuito fechado do mundo. Entretanto, a enorme maioria delas não é monitorada constantemente.

“As câmeras já estão lá. O que estamos fazendo é assisti-las. E eu acho que as pessoas estão cansadas de furtos em lojas, crimes nas ruas, e vandalismo”, disse Morgan.

“Existem cerca de 4,2 milhões de câmeras de circuito fechado de TV na Grã-Bretanha”, diz o site.

“Pelo menos 90% delas não estão sendo monitoradas a qualquer momento. Nós somos filmados em média 300 vezes por dia, mas o crime está aumentando e os índices de condenação caindo.”

Críticas

A ideia gerou críticas de grupos de defesa dos direitos humanos, que temem que o site possa criar uma nação de bisbilhoteiros e dar margem a abusos das liberdades civis.

“As liberdades civis geralmente nos protegem dos excessos do Estado, mas como ficaremos protegidos quando são cidadãos espiando uns aos outros”, disse à BBC Charles Farrier, da organização No CCTV (“Não ao Circuito Fechado de TV”, em tradução livre).

“Essa é uma companhia privada usando o sistema, usando câmeras privadas e cidadãos privados assistindo essas imagens. Em outras palavras, o que estamos observando aqui é a privatização do Estado de vigilância”, disse.

Morgan rebateu as críticas.

“As pessoas não têm que assistir, só assistirão se quiserem. Se elas quiserem assistir o programa Big Brother depois que todos foram dormir, irão assistir”, disse.

“E se você está cansado dos índices de criminalidade aumentando, está cansado de pagar mais por suas compras do que precisa porque há cerca de 10% de perdas por atividades criminosas, por que não deveria delatar isso?”

bbc

quarta-feira, 10 de junho de 2009


CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 10 DE JUNHO DE 2009

Protesto na entrega de viaturas

A entrega de 60 novas viaturas para a Polícia Civil, realizada na manhã de ontem em frente ao Palácio Piratini, foi marcada por um protesto com faixas e cartazes da Ugeirm Sindicato, que representa escrivães, inspetores e investigadores. Segundo o presidente da entidade, Isaac Ortiz, a manifestação teve como objetivo demonstrar que 'a falta de estrutura da corporação não se resolve apenas com viaturas'.
Ele lembrou que a categoria não teve reajuste, enquanto os delegados receberam aumento de 24%. Acrescentou ainda que governo paga as horas extras quando deseja.
Ortiz denunciou a falta de condições de trabalho e a inexistência de uma efetiva política de segurança pública. Também destacou que os resultados obtidos pela Polícia são fruto do 'esforço dos policiais civis, e não mérito do governo'. Além da Polícia Civil, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) recebeu 16 viaturas.

Motoristas reclamam de bloqueio

A solenidade de entrega de 76 viaturas à Polícia Civil e ao Instituto-Geral de Perícias, em frente ao Palácio Piratini, tumultuou o trânsito no Centro da Capital na manhã de ontem. Para possibilitar o desfile dos veículos ao redor da Praça da Matriz, houve bloqueio do tráfego nas ruas próximas à Assembleia Legislativa. O resultado do ato festivo, que contou com a participação da governadora Yeda Crusius, foi um intenso congestionamento na área central. Não faltaram buzinaços de protesto por parte dos motoristas que ficaram presos nos 'nós' que se formavam enquanto os condutores abusavam do uso das sirenes para comemorar o incremento da frota.
O aposentado Gildásio Xavier da Silva, que pretendia visitar um amigo internado na Santa Casa, ficou preso no trânsito por mais de 20 minutos. 'Se queriam festa, deveriam ter feito a entrega no estacionamento do Palácio da Polícia', protestou.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O TEATRO DO DOUTOR CABRAL CUSTA CARO


ELIO GASPARI

O que há no Rio de Janeiro não é uma crise da política e enfrentamento do governador Sérgio Cabral, é a crise da marquetagem do doutor Cabral. Montou-se um teatro, como se a política de segurança pública da cidade fosse um seriado de televisão. A bem da justiça, reconheça-se que nessa arte Cabral não é o único diretor de cena. É apenas o de maior desempenho.
Em menos de um mês, a cidade teve três crimes chocantes. Todos envolveram agentes da ordem e neles se misturaram elitismo, demofobia e inépcia. O que faltou foi Polícia. Primeiro foi a chacina da Mineira. Um tenente e dez militares do Exército entregaram três cidadãos a uma quadrilha de traficantes e assassinos. À primeira vista, havia no Morro da Providência uma ação federal de segurança. Coisa de Nosso Guia. Muita gente boa parecia viver seu momento Tropa-de-Elite: afinal, o Exército subira o morro.
Teatro. O Exército dava segurança aos trabalhadores das empreiteiras (em cujo plantel o 'movimento' tinha uma cota). Há dezenas de obras sem Exército nos morros do Rio. Se isso fosse nada, o desfile era parte do book do senador Marcelo Crivella.
O Comando do Leste confunde cidadãos com 'elementos', mas vá lá. Difícil será entender por que escalava para o Morro da Providência um jovem tenente que morava nas fímbrias das favelas Águia de Ouro e Fazendinha, em Inhaúma. Um primo de sua mulher já estivera preso por tráfico de drogas. Não se deve julgar um oficial saído da Academia das Agulhas Negras pelo seu padrão residencial, muito menos pela parentela. No entanto, uma boa política de recursos humanos recomendaria, em benefício do jovem tenente, que ficasse longe do morro.
Dias depois, o guarda-costas do filho de uma procuradora matou um jovem com um tiro no peito numa briga de porta de boate. O assassino é um PM que trabalha há oito anos na segurança de procuradores do estado. Ele estava havia sete com a família. Nenhum serviço policial sério mantém agentes numa atividade desse tipo durante oito anos. Um guarda-costas com sete anos de casa não é mais um agente policial, é um agregado.
Tanto no Morro da Providência como na porta da boate Baronetti, os crimes foram antecedidos por falhas de gente que está em cargos de comando ou chefia.
Os PMs que mataram o menino João Roberto Amorim Soares achavam que estavam numa cena de enfrentamento, na qual só um lado atira. Decidiram que havia bandidos no carro da família Soares, assim como o tenente da Providência decidiu que a galera da Mineira deveria dar um 'susto' na sua carga. O enfrentamento dessa gente não é com os bandidos. É com o 'outro', um cidadão que repentinamente perde seus direitos em nome de um estado de emergência produzido pela administração do medo a serviço da marquetagem política.
Nenhuma pessoa de bom senso pode achar que está mais segura numa cidade onde um coronel da PM (Marcus Jardim) disse que 2007 deveria ser 'o ano dos três Ps: Pan, PAC e Pau'. Esse mesmo representante das forças da ordem presenteou um funcionário da ONU com uma miniatura do 'Caveirão'. É perigosa qualquer cidade onde o governador diga que uma favela é 'fábrica de marginais'.
Acreditar que os enfrentamentos da Polícia de Sérgio Cabral têm algo a ver com uma política de segurança pública é correr atrás do papel de bobo.