Crianças Palestinas Espiando para Território Usurpado de Seus Pais por Israel |
Guila Flint
De Tel Aviv para a BBC Brasil
Personalidades políticas e intelectuais de Israel enviaram uma carta a embaixadores europeus exortando seus países a apoiarem a iniciativa do presidente palestino Mahmoud Abbas de pedir, em setembro, o reconhecimento da ONU ao Estado Palestino com as fronteiras de 1967.
Escritores israelenses importantes, como Ronit Matalon e Nir Baram, também assinaram a mensagem aos países europeus.
A carta foi concebida pelo movimento Solidarity (“solidariedade”, em tradução livre do inglês), que integra israelenses e palestinos que lutam juntos contra a ocupação israelense, principalmente em bairros palestinos de Jerusalem Oriental.
O embaixador de Israel na ONU, Meron Reuben, criticou a iniciativa e declarou que a carta "não contribui para a luta contra a iniciativa palestina na ONU".
Estados Unidos
De acordo com o porta-voz Hillel Ben Sasson, o movimento resolveu enviar a mensagem aos países de Europa Ocidental em vista dos resultados "desastrosos" da visita do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu aos Estados Unidos.
"Depois do apoio que Netanyahu obteve do presidente Obama contra a iniciativa palestina, sentimos que só os países da Europa Ocidental têm força para dar um impulso ao pedido de reconhecimento do Estado Palestino, no próximo mês de setembro", disse Ben Sasson à BBC Brasil.
Em seu discurso sobre o Oriente Médio, na semana passada, o presidente americano Barack Obama criticou o plano palestino.
"Ações simbólicas para isolar Israel na votação na ONU em setembro não vão criar um Estado independente", declarou Obama.
Uma pesquisa do canal estatal da TV israelense feita nesta semana sugere que 61% da população de Israel é contra o retorno às fronteiras anteriores à guerra de 1967, com trocas acordadas de áreas.
No entanto, segundo o porta-voz do Solidarity, "é importante que se saiba que em Israel há um público grande e importante que diz “sim” ao Estado Palestino".
Apoio europeu
Ainda nesta sexta-feira, o grupo dos Países Não-Alinhados, que integra 120 países, principalmente da África, Ásia e Europa Oriental, anunciou que irá apoiar a iniciativa palestina na ONU.
Em dezembro de 2010, o governo brasileiro anunciou seu reconhecimento ao Estado Palestino nas fronteiras anteriores à guerra de 1967. O anúncio, feito pelo presidente Lula nos últimos dias de sua gestão, recebeu posteriormente o apoio de quase todos os países da América Latina.
De acordo com cálculos de analistas locais, mais de 140 países já declararam que apoiarão o reconhecimento do Estado Palestino, e já está garantida uma vasta maioria em favor da iniciativa, entre os 192 estados-membros da organização.
Porém, segundo o porta-voz do Solidarity, o apoio político dos países da Europa Ocidental é "essencial".
"Em vista dos adiamentos sem fim e da desconfiança mútua (entre israelenses e palestinos), a declaração da independência palestina não é apenas legítima, mas também um passo positivo e construtivo que irá beneficiar ambas as nações", diz a carta das personalidades israelenses.
Avraham Burg declarou ao site de noticias Ynet que "os colonos ameaçam o primeiro-ministro (Netanyahu), e o Hamas ameaça a Autoridade Palestina".
"Portanto, os dois lados precisam de um 'adulto responsável' que possa salvá-los, e isso não acontecerá sem uma intervenção externa", afirmou Burg, em referência à ONU.
Outro assinante da carta, Alon Liel, afirmou que está preocupado principalmente "com o perigo de apartheid" se a ONU não apoiar a iniciativa do Estado Palestino.
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