sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Patricinha fascista
A estupidez está sempre ao alcance de todos. Mayara Petruso, patricinha paulista, estudante de Direito, saiu do anonimato para fama, via Twitter, graças a um coice na inteligência nacional. Indignada com a vitória de Dilma Rousseff, a moça disparou este petardo: "Nordestino não é gente, faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado. Tinham que separar o Nordeste e os bolsas-vadio do Brasil (...) Construindo câmaras de gás no Nordeste, matando geral". No Facebook, a burrinha racista se atolou um pouco mais: "Afunda, Brasil. Deem direito de voto pros nordestinos e afundem o país de quem trabalha pra sustentar vagabundos que fazem filhos pra ganhar bolsa 171". Mayara já perdeu o emprego no escritório onde trabalhava e sofrerá ação judicial protocolada pela OAB.
Alguns jovens universitários paulistas têm revelado um grau superior de idiotice. Depois da turminha que hostilizou uma guria por causa da sua minissaia, apareceu o bando do "rodeio das gordas", propondo tratar meninas obesas como animais. E agora entra em cena a tal Mayara. O escândalo maior é imaginar que isso representa uma opinião média difundida na Internet. Como será que a mulinha Mayara explica a vitória de Dilma em Minas Gerais? Achar que as ajudas sociais são incentivos à vagabundagem é típico de uma elite primitiva ou de uma classe média ignorante. Qualquer país civilizado, a começar por França, Alemanha, Inglaterra e, evidentemente, países escandinavos, oferece mais ajudas sociais que o Brasil. Não adianta ir à Europa só para comprar bolsas Vuitton. É preciso espiar o cotidiano.
Quem não recebeu e-mails dizendo que Dilma não podia ser candidata por ter nascido na Bulgária? Quantos analistas têm por aí sugerindo que os nordestinos são subeleitores que votaram com o estômago? Quando um empresário escolhe um candidato seduzido pela possibilidade de redução de impostos, o que é legítimo, não se trata de voto por interesse? Não é voto com o bolso? Quando ruralistas votam num candidato na esperança de conseguir mais incentivos, o que é comum, não é voto interesseiro? Mayara não deixa de ser o produto de uma estratégia perigosa, a divisão ideológica entre bem e mal. Foi essa perspectiva, cara ao vice Índio da Costa, que José Serra adotou. A revista Veja e o jornal Estado de S. Paulo deram aval a essa idiotice retrógrada. Uau!
O PSDB, que nasceu pretendendo ser moderno e racional, podia mais. Veja, que se acha mais moderna do que os modernos, acabou por produzir leitores Mayara. Isso não tem a ver com partidarismo como imaginam os mais simplórios ou ideológicos. Eu jamais terei partido. Meu único capital é a independência selvagem. Sou a favor do voto de castidade partidária para jornalistas. Tudo pela liberdade de dizer que quem acha o Bolsa-Família um incentivo à vadiagem pensa como Mayara. Esse foi o principal erro tucano na campanha eleitoral: ter guinado à direta para tentar seduzir as Mayaras, que arrastaram um intelectual progressista como Serra para o reacionarismo rasteiro do Estadão e da Veja. Mayaras, nunca mais!
Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br
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E no fim das contas, a Paty-Chick perdeu pra Severina Chique-Chique!!
ResponderExcluirMe emocionei e fiz um haikai em tua homenagem, Omar San:
ResponderExcluirBrasil mudou num click?
Vão processar a menina super cool, super chic
que falou mal da Severina... Chique-Chique.
Juremir. a mayara é cheirosinha e eu até que dava uns pegas.ela é a causa da irresponsabilidade criminosa do zé palin chirico que nos seus devaneios eleitorais despertou o que se supunha morto e enterrado:o tea party(sim,nós também temos)brasileiro que não se conforma com a derrota e vai tocar o terror até voltar ao poder. o zé palin chamou os mortos vivos para a batalha final:os do bem(eles) contra os outros(nordestinos,pretos,pobres,gays,etc...)
ResponderExcluirJuremir. atearam fogo em 2 pessoas em são paulo e a imprensa tá escondendo para não ligar os fatos,você sabe alguma coisa?
Oi Cao,
ResponderExcluirRepassei teus comentários para o Juremir.
Abraço
Omar
Acho que, no caso específico, não se trata de Tea Party, mas sim Tea PATY
ResponderExcluirOmar. perdão por ter trocado as bolas.o apressado come crú.e eu tava na correria e peguei o trem lotado.desculpe a indiscrição.
ResponderExcluirOi Cao,
ResponderExcluirO Juremir já recebeu teus comentários.
Abraço