Israel anuncia construção de 1,3 mil apartamentos em Jerusalém Oriental
Guila Flint
De Tel Aviv para a BBC Brasil
A comissão de planejamento e construção em Jerusalém anunciou nesta segunda-feira o plano de erguer 1,3 mil apartamentos em assentamentos judaicos na parte oriental da cidade, reivindicada pelos palestinos como capital de seu futuro Estado.
Cerca de mil dos novos apartamentos serão construídos no assentamento de Har Homa, que fica entre Jerusalém e a cidade palestina de Belém, na Cisjordânia, em uma colina que os palestinos chamam de Jabel Abu Ghneim.
Parte das terras onde o assentamento foi construído pertence à cidade de Beit Sahour, no distrito de Belém.
Histórico
O início da construção do assentamento de Har Homa ocorreu durante a primeira gestão do primeiro-ministro Netanyahu, em 1997, e gerou uma crise no processo de paz.
Hoje em dia, a população de Har Homa já chega a 45 mil habitantes.
Outros 320 apartamentos serão construídos no assentamento de Ramot, fundado em 1974 e onde moram 47,5 mil israelenses.
A ONG Ir Amim (Cidade dos Povos, em tradução livre) criticou o anúncio das novas construções.
"Enquanto Netanyahu se encontra nos Estados Unidos, para supostamente promover o processo de paz, seu governo continua criando fatos consumados em Jerusalém que vão dificultar mais ainda a possibilidade de uma solução política", declarou a organização.
Constrangimento
O Ministério do Interior de Israel, que controla a comissão de planejamento, anunciou que "trata-se de um procedimento de rotina".
No entanto, analistas mencionam um fato semelhante que ocorreu em março deste ano, durante a visita do vice-presidente americano, Joe Biden, quando Israel anunciou a construção de 1,6 mil casas em Jerusalém Oriental.
Naquela época o anúncio causou constrangimento ao vice americano e gerou uma crise nas relações entre Israel e os Estados Unidos.
Depois do anúncio anterior, Biden declarou que a ampliação dos assentamentos israelenses em Jerusalém Oriental "prejudica a confiança no diálogo".
Negociações
As negociações diretas entre israelenses e palestinos, retomadas no início de setembro, foram suspensas um mês depois pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas.
A decisão de Abbas ocorreu após o premiê Netanyahu se negar a prolongar o prazo do congelamento da construção dos assentamentos, que terminou no dia 26 de setembro.
Desde então, Israel retomou a construção dos assentamentos na Cisjordânia.
Abbas declarou que não vai voltar à mesa de negociações "se Israel continuar construindo nos territórios ocupados". Netanyahu pediu o retorno às negociações "sem condições prévias".
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