quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Europa vira as costas para o dólar
EUGENIO BORTOLON | eugenio@correiodopovo.com.br
Para quem sempre olhou o dólar como referência de dinheiro forte, sempre teve admiração pelo seu poder de aceitação em qualquer buraco deste mundo e pelo respeito com que ele era considerado até pelos inimigos dos Estados Unidos, é triste constatar hoje a sua situação de moeda chicoteada por todos os lados. Andando há poucas semanas por França, Suíça e Itália, foi estranho constatar e ver alguns comerciantes, hoteleiros e restaurantes dizerem que não aceitavam o dólar. "Aqui só euro", nos disse o dono de uma pizzaria em Bérgamo, Itália.
Em algumas vitrines de lojas, cartazes anunciam: "Aqui só cartões e euros". Caso mais delicado vem acontecendo na Suíça, país que não aderiu ao euro. Em quase todos os lugares, só francos e euros são aceitos. Em St. Moritz, a chiquérrima estação de inverno suíça, frequentada por reis, príncipes e gente de muita grana, o dólar não é visto com brilho nos olhos dos negociantes.
Na ferroviária de Zurique também alguém falou que o câmbio estava difícil e indicou um banco para trocar a moeda por francos e euros. "Depois vendemos o que o senhor deseja", disse uma atendente. O teste feito em estabelecimentos aleatoriamente, sem nenhuma metodologia, era só para constatar a situação do dólar. Deu para ver que está sendo desprezado.
Em Paris, aconselham o turista a trocá-lo em lojas de câmbio por euros. Na Champs Elysées, a mais cara avenida do mundo, alguém pergunta se aceitam dólar. "Pardon, monsieur..." foi a resposta. Em Dijon, em loja de vinhos, mostardas e suvenires, a mesma resposta: "Pas possible, monsieur...".
É evidente que estas coisas não são gerais. Não se pode dizer que o dólar está sendo escorraçado por tudo que é lugar da Europa. Mas a experiência de ver tanta relutância em aceitá-lo em pequenas transações reflete a atual crise mundial. A supremacia de outras moedas, o dólar desvalorizado, prejudicando o comércio global, inclusive o do Brasil, vem refletindo seriamente nestas simples questões do cotidiano do turista na Europa.
Fonte: Correio do Povo
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