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quarta-feira, 20 de abril de 2011

O dólar tem seus dias contados


Por Samuel Jaberg, swissinfo.ch

A moeda americana se transformou na maior bolha especulativa da História e está condenada a uma forte queda.

Os ataques contra o euro são apenas uma cortina de fumaça para esconder a falência da economia americana, defende a jornalista suíça Myret Zaki em seu último livro.

"A queda do dólar se prepara. É inevitável. O principal risco no mundo atualmente é uma crise da dívida pública americana. A maior economia mundial não passa de uma grande ilusão. Para produzir 14 trilhões de renda nacional (PIB), os Estados Unidos geraram uma dívida de mais de 50 trilhões que custa 4 trilhões de juros por ano."

O tom está dado. Ao longo das 223 páginas de seu novo livro, a jornalista Myret Zaki faz uma acusação impiedosa contra o dólar e a economia americana, que considera "tecnicamente falida".

A jornalista se tornou, nos últimos anos, uma das mais famosas escritoras de economia da Suíça. Em seus últimos livros, ela aborda a situação desastrosa do banco suíço UBS nos Estados Unidos e a guerra comercial no mercado da evasão fiscal. Na entrevista a seguir, Myret Zaki defende a tese de que o ataque contra o euro é para desviar a atenção sobre a gravidade do caso americano.

swissinfo.ch: A Senhora diz que o crash da dívida americana e o fim do dólar como lastro internacional será o grande acontecimento do século XXI. Não seria um catastrofismo meio exagerado?

Myrette Zaki: Eu entendo que isso possa parecer alarmista, já que os sinais de uma crise tão violenta ainda não são tangíveis. No entanto, estou me baseando em critérios altamente racionais e factuais. Há cada vez mais autores americanos estimando que a deriva da política monetária dos Estados Unidos conduzirá inevitavelmente a tal cenário. É simplesmente impossível que aconteça o contrário.

swissinfo.ch: No entanto, esta constatação não é, de forma alguma, compartilhada pela maioria dos economistas. Por quê?

MZ: É verdade. Existe uma espécie de conspiração do silêncio, pois há muitos interesses em  jogo ligados ao dólar. A gigantesca indústria de asset management (investimento) e dos hedge funds (fundos especulativos) está baseada no dólar. Há também interesses políticos óbvios. Se o dólar não mantiver seu estatuto de moeda lastro, as agências de notações tirariam rapidamente a nota máxima da dívida americana. A partir daí começaria um ciclo vicioso que revelaria a realidade da economia americana. Estão tentando manter as aparências a todo custo, mesmo se o verniz não corresponde mais à realidade.

swissinfo.ch: Não é a primeira vez que se anuncia o fim do dólar. O que mudou em 2011?

MZ: O fim do dólar é realmente anunciado desde os anos 70. Mas nunca tivemos tantos fatores reunidos para se prever o pior como agora. O montante da dívida dos EUA atingiu um recorde absoluto, o dólar nunca esteve tão baixo em relação ao franco suíço e as emissões de novas dívidas americanas são compradas principalmente pelo próprio banco central dos EUA.

Há também críticas sem precedentes de outros bancos centrais, que criam uma frente hostil à política monetária americana. O Japão, que é credor dos Estados Unidos em um trilhão de dólares, poderia reivindicar uma parte desta liquidez para sua reconstrução. E o regime dos petrodólares não é mais garantido pela Arábia Saudita.

swissinfo.ch: Mais do que o fim do dólar, a Senhora anuncia a queda da superpotência econômica dos EUA. Mas os Estados Unidos não são grandes demais para falir?

MZ: Todo mundo tem interesse que os Estados Unidos continuem se mantendo e a mentira deve continuar por um tempo. Mas, não indefinidamente. Ninguém poderá salvar os americanos em última instância. São eles quem terão que arcar com o custo da falência. Um período muito longo de austeridade se anuncia. Ele já começou. Quarenta e cinco milhões de americanos perderam suas casas, 20% da população sairam do circuito econômico e não consomem mais, sem contar que um terço dos estados dos EUA estão praticamente falidos. Ninguém mais investe capital no país. Tudo depende exclusivamente da dívida.

swissinfo.ch: A Senhora diz que o enfraquecimento da zona euro representa nada menos do que uma questão de segurança nacional para os Estados Unidos. Será que não estamos entrando numa espécie de paranoia antiamericana?

MZ: Todos nós amamos os Estados Unidos e preferimos ver o mundo cor-de-rosa. No entanto, após o fim da Guerra Fria e da criação do euro em 1999, uma guerra econômica foi declarada. A oferta de uma dívida pública sólida em uma moeda forte iria provavelmente diminuir a demanda pela dívida dos EUA. Mas os Estados Unidos não podem deixar de se endividar. Essa dívida lhes permitiu financiar as guerras no Iraque e no Afeganistão e garantir a sua hegemonia. Eles têm uma necessidade vital dela.

Em 2008, o euro era uma moeda levada muito a sério pela OPEP, os fundos soberanos e os bancos centrais. Ela estava prestes a destronar o dólar. E isso os EUA queriam impedir a todo custo. O mundo precisa de um lugar seguro para depositar seus excedentes, e a Europa está sendo totalmente impedida de aparecer como sendo esse lugar. É precisamente por isso que os fundos especulativos têm atacado a dívida soberana de alguns países europeus.

swissinfo.ch: O que vai acontecer depois da queda anunciada do dólar?

MZ: A Europa é hoje a maior potência econômica e tem uma moeda de referência sólida. Ao contrário dos Estados Unidos, é um bloco em expansão. Na Ásia, o yuan passará a ser a moeda de referência. A China é a melhor aliada na Europa. Ela tem interesse em apoiar um euro forte para diversificar seus investimentos. Por outro lado, ela precisa de um aliado como a Europa na OMC e no G20 para evitar de ter que reavaliar sua moeda em breve. Hoje, a Europa e a China atuam como duas forças gravitacionais que atraem em suas órbitas os antigos aliados dos Estados Unidos: o Japão e a Inglaterra.

swissinfo.ch: E o que vai acontecer com o franco suíço?

MZ: Seu papel de valor refúgio ainda vai crescer. No caso de uma crise da dívida soberana dos EUA, haverá uma grande procura pelo franco suíço. O franco suíço tem quase o mesmo status que o ouro e não está pronto a cair face ao dólar. Em uma revisão do sistema monetário, a Suíça terá que escolher um lado. Porque eu não estou convencida de que o franco suíço poça continuar existindo sozinho, o seu papel como valor refúgio é muito prejudicial para a economia suíça.

Samuel Jaberg, swissinfo.ch
Adaptação: Fernando Hirschy

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Europa vira as costas para o dólar


EUGENIO BORTOLON | eugenio@correiodopovo.com.br

Para quem sempre olhou o dólar como referência de dinheiro forte, sempre teve admiração pelo seu poder de aceitação em qualquer buraco deste mundo e pelo respeito com que ele era considerado até pelos inimigos dos Estados Unidos, é triste constatar hoje a sua situação de moeda chicoteada por todos os lados. Andando há poucas semanas por França, Suíça e Itália, foi estranho constatar e ver alguns comerciantes, hoteleiros e restaurantes dizerem que não aceitavam o dólar. "Aqui só euro", nos disse o dono de uma pizzaria em Bérgamo, Itália.

Em algumas vitrines de lojas, cartazes anunciam: "Aqui só cartões e euros". Caso mais delicado vem acontecendo na Suíça, país que não aderiu ao euro. Em quase todos os lugares, só francos e euros são aceitos. Em St. Moritz, a chiquérrima estação de inverno suíça, frequentada por reis, príncipes e gente de muita grana, o dólar não é visto com brilho nos olhos dos negociantes.

Na ferroviária de Zurique também alguém falou que o câmbio estava difícil e indicou um banco para trocar a moeda por francos e euros. "Depois vendemos o que o senhor deseja", disse uma atendente. O teste feito em estabelecimentos aleatoriamente, sem nenhuma metodologia, era só para constatar a situação do dólar. Deu para ver que está sendo desprezado.

Em Paris, aconselham o turista a trocá-lo em lojas de câmbio por euros. Na Champs Elysées, a mais cara avenida do mundo, alguém pergunta se aceitam dólar. "Pardon, monsieur..." foi a resposta. Em Dijon, em loja de vinhos, mostardas e suvenires, a mesma resposta: "Pas possible, monsieur...".

É evidente que estas coisas não são gerais. Não se pode dizer que o dólar está sendo escorraçado por tudo que é lugar da Europa. Mas a experiência de ver tanta relutância em aceitá-lo em pequenas transações reflete a atual crise mundial. A supremacia de outras moedas, o dólar desvalorizado, prejudicando o comércio global, inclusive o do Brasil, vem refletindo seriamente nestas simples questões do cotidiano do turista na Europa.

Fonte: Correio do Povo

quinta-feira, 26 de março de 2009

El dólar quedó en el ojo del huracán


China abrió el debate tabú sobre la categoría de moneda de reserva internacional y generó la reacción de Estados Unidos para amortiguar sus efectos. El FMI salió a respaldar la idea. Se presentará un proyecto para aumentar el control sobre las entidades.

Mientras Estados Unidos inyecta billones de dólares al sistema financiero para reactivar la economía global, en el mundo se debate la fortaleza del billete verde como resguardo de valor. Ayer el director general del Fondo Monetario, Dominique Strauss-Kahn, consideró que la discusión generada en torno del reemplazo del dólar como reserva, a partir de los dichos de las autoridades monetarias chinas, es “legítimo”. Por su parte, el titular del Tesoro norteamericano, Timothy Geithner, intentó disuadir las especulaciones y se manifestó en defensa de la moneda. Geithner adelantó además que enviará en las próximas horas al Congreso un proyecto de ley para incrementar el control del gobierno sobre las firmas financieras. El Fondo estimó entonces que la recuperación aparecerá, sólo si hacen bien las cosas, a partir del primer semestre del próximo año. Sin embargo, la Bolsa neoyorquina cerró en positivo ante datos alentadores de la actividad inmobiliaria. Wall Street finalizó con un alza de 1,2 por ciento.

Los recurrentes salvavidas de la administración estadounidense lanzados al mercado financiero comenzaron a encender luces de alerta sobre la salud del dólar. El debate lo abrió el gobernador del Banco del Pueblo de China, Zhu Xiaochuan, quien propuso adoptar una nueva moneda en reemplazo del dólar como reserva internacional. Luego se sumaron otras voces y hasta el propio titular del FMI reconoció que existen interrogantes sobre la fragilidad de las cuentas públicas norteamericanas. De todos modos, Strauss-Kahn prefirió darle un tono más filosófico al asunto: “No es algo nuevo, pero, por supuesto, el hecho de que estemos en crisis renueva el interés por la cuestión”. Especuló también con que la discusión sobre una nueva moneda tenga lugar “probablemente en los meses que vienen”.

Desde la Casa Blanca, se manifestaron rápidamente varios funcionarios en defensa de la moneda, aunque las primeras declaraciones de Geithner sumaron al desconcierto. El titular del Departamento del Tesoro aseguró que estaba abierto a ampliar el uso de los Derechos Especiales de Giro del FMI. Esto fue interpretado por el mercado como un respaldo a la propuesta china para usar los DEG como reserva mundial. Los DEG representan una canasta de dólares, euros, libras esterlinas y yenes. Tras los dichos, la divisa estadounidense se ubicaba en sus mínimos frente al euro, a 1,365 dólares por moneda comunitaria. La jornada en Nueva York concluyó con un alza de 1,2 por ciento en su índice Dow Jones, impulsado por las buenas cifras que arrojó la actividad inmobiliaria estadounidense. En febrero, la venta de casas nuevas avanzó 4,7 por ciento.

Más tarde Geithner debió volver sobre sus palabras. “Pienso que el dólar debe seguir siendo la moneda dominante de cambio mundial y debe seguir en esa posición por algún tiempo”, precisó durante un discurso ante el Consejo de Relaciones Internacionales, en Nueva York. Consultado sobre ese argumento, Strauss-Kahn opinó que el dólar no cesó de ser una moneda de reserva internacional. “Pero los chinos no piensan eso”, dijo el director general del Fondo.

La administración Obama presentará, en tanto, al Congreso en el transcurso de la semana las bases de una nueva normativa para incrementar la regulación sobre las instituciones financieras extrabancarias. “Una de las lecciones más importantes de la actual crisis es que los peligros de desestabilización pueden venir de instituciones financieras que no sean bancos, pero nuestro sistema regulatorio actual tiene poco mecanismos para lidiar con estos riesgos”, indicó Geithner. Un ejemplo citado fue el de la aseguradora AIG. La compañía operó en uno de los campos legales “más desregulados, tomando riesgos extraordinarios para generar ganancias extraordinarias”, y cuyo derrumbe, en septiembre, “puso en riesgo a todo el sistema financiero”.

El presidente Obama buscará acordar las bases del nuevo marco financiero mundial en la reunión del G-20, la semana que viene en Londres, según afirmó el secretario del Tesoro. El funcionario reconoció que la nacionalización de la banca responde a una política de “tomar riesgos”. “Lo central es que el gobierno debe de estar preparado para tomar los riesgos que los mercados no toman, por cierto período de tiempo”, sostuvo Geithner.

A pesar de los esfuerzos que llevan adelante las principales autoridades monetarias del mundo, el despegue de la crisis se sigue retrasando. Para el titular del Fondo la recuperación de la economía mundial aparecerá para el primer semestre de 2010, pero alertó que sólo será posible si se aplican las “políticas correctas”. “Los procedimientos de saneamiento del sistema financiero son todavía algo lentos. En 2009 va a ser duro”, añadió Strauss-Kahn, y además pronosticó una posible contracción económica en América latina para este año.

Página/12