Aquífero Guarani (área azul):
Marcia Carmo
De Buenos Aires para a BBC Brasil
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, rejeitou, nesta quinta-feira, a presença de cerca de 500 militares americanos no país em 2010, como parte do programa de cooperação conhecido como “Novos Horizontes”.
O programa, já realizado anteriormente em território paraguaio, prevê exercícios, assistência médica e perfuração de poços, entre outras iniciativas.
“Não é uma rejeição categórica. Mas simplesmente não acreditamos ser conveniente que o Comando Sul dos Estados Unidos esteja presente no Paraguai com 500 soldados para este tipo de exercícios”, afirmou o presidente durante uma entrevista coletiva na capital, Assunção.
Lugo afirmou ainda que a decisão está relacionada à postura da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) sobre os acordos regionais de defesa.
Segundo o presidente paraguaio, a Unasul “gerou um novo panorama nas áreas de defesa, segurança e soberania”.
“A integração regional está em primeiro lugar”, afirmou.
América do Sul
Nesta semana, os ministros das Relações Exteriores e da Defesa dos países que integram a Unasul se reuniram em Quito, no Equador, para discutir o acordo militar entre Colômbia e Estados Unidos que prevê o uso de bases colombianas por tropas americanas.
O acordo tem gerado polêmicas na Unasul, formada por doze países, e foi tema da recente reunião entre os presidentes, em Bariloche, na Patagônia argentina.
Após o encontro em Quito, o chanceler paraguaio Héctor Lacognata pediu o fim da “carreira armamentista” na região.
Recentemente, Brasil e Venezuela, entre outros países, anunciaram investimentos na área de defesa.
Reação
Depois do anúncio do presidente Lugo, a embaixadora dos Estados Unidos no país, Liliana Ayalde, afirmou que os americanos respeitam a decisão, mas considerou a iniciativa como “lamentável”.
Segundo ela, a operação “Novos Horizontes” é de “caráter humanitário”, realizada há anos em vários lugares do mundo.
“É uma missão com muitos benefícios”, disse.
A embaixadora destacou que o programa inclui aspectos médicos, de engenharia (com obras em escolas e para água potável), além de treinamento de militares paraguaios, e é realizado em áreas afastadas e rurais.
“Para nós, é uma oportunidade de chegar a áreas geralmente afastadas, onde não existe acesso a vários serviços”, declarou.
Ayalde afirmou ainda que a operação é realizada em forma conjunta com o Exército paraguaio.
Segundo a imprensa paraguaia, a embaixadora descartou que a operação tenha outros objetivos, como vigiar a reserva Aquífero Guarani - – uma das maiores reservas subterrâneas de água do mundo.
De acordo com uma matéria publicada no jornal Ultima Hora, de Assunção, uma das principais reclamações sobre o programa é a de que, além dos exercícios, assistência médica e perfuração de poços, as tropas americanas fazem um trabalho de inteligência e observam o Aquífero Guarani, no departamento de São Pedro.
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